Alvo Potter E A Pedra Do Segundo Irmão escrita por Amanda Rocha


Capítulo 4
No Expresso


Notas iniciais do capítulo

E aí, peoples? Quanto tempo, não? Eu já comecei a escrever a terceira temporada... Nesse capítulo reveremos o chato do Scorpius... Felizmente temos o Tiago para dar um jeito nele... Ah, esse capítulo é BEM grande, não estranhem, acho que foi o maior que já escrevi...



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A última semana que Matt e Carlos passaram na casa dos Potter, fora extremamente agradável. Eles ficavam quase o dia inteiro jogando quadribol, e quando dava, arrumavam um tempinho para ajudar Teddy com a procura do emprego. À noite, Tiago e Matt saíam escondidos e iam para o quarto de Alvo e Carlos para jogarem Snap Explosivo.

Nesta manhã, Alvo embarcaria no Expresso de Hogwarts pela segunda vez.

–Eu posso leva-los! –ofereceu-se Teddy, quando Harry disse que talvez não pudesse, no café da manhã. – Eu os levo! Só cobro cinco galeões!

Harry, que estava lendo uma carta de Neville, ergueu a cabeça por de trás da carta.

–Teddy, você quer cinco galeões? –perguntou.

–Não! –respondeu Teddy. –Quero um emprego!

Harry riu, mas depois de olhar novamente para a carta, disse:

–Pensando bem, Teddy, acho que te arrumei o emprego perfeito!

Eles terminaram o café da manhã e correram para o carro, com Lilí choramingando.

–Ah, papai... –disse ela. –O senhor é amigo do Neville... Fale com ele... Tenho certeza de que ele vai entender...

–Eu já te disse, Lilí... –respondeu Harry. –Você precisa ter onze anos...

–Mas eu já sei fazer mágica, olhe! –ela tirou a varinha do bolso e apontando para o volante, sacudiu-a.

O carro deu uma grande curva, e, quase batendo em um hidrante, parou.

–LILÍ! –disse Harry, aborrecido.

–Acho que isso elimina suas chances de o papai conversar com Neville... –disse Tiago, que achou aquela situação bem engraçada. –Não se preocupe... Tio Jorge disse que mamãe adorava receber tampas de vaso sanitário, se quiser posso te trazer uma...

Lilí sorriu.

–Ah, que ótimo que mamãe não veio! –disse Alvo. –Assim ela não vai poder ditar as regras e os Marotos vão poder fazer o que quiserem.

–Desde que isso não quebre nenhum regulamento. –disse Harry.

–Alvo, seu boca-grande... –resmungou Tiago.

O resto da viagem não foi das melhores. Quando o carro parou, Lilí tirou do bolso um frasquinho com uma poção.

–Toma, papai, veja como já sei preparar poções... Os professores de lá vão me amar!

–Ah, não, querida... –disse Harry, que já tinha uma boa experiência com as poções que a filha preparava.

Tiago, porém, estava a vá gargalhadas.

–Beba, papai! –disse ele. –Tenho certeza de que está uma delícia!

No fim, Harry teve que tomar, mas quando Lilí não estava olhando, cuspiu tudo fora e fez Tiago jurar que não ia contar nada à irmã.

–Ah, eu vou ficar longe da minha irmãzinha por tanto tempo... –disse Tiago, olhando Lilí sair correndo para pegar um carrinho. –Não custava nada fazê-la feliz e dizer que o senhor cuspiu a poção que ela fez com tanto carinho... Sabe, eu não devo mentir...

Harry lhe deu um olhar de censura, o que já foi suficiente para Tiago mudar de assunto. Quando Lilí, com muito esforço, trouxe os dois carrinhos e entregou a Tiago, ele pôs sua mala dentro e murmurou no ouvido da irmã:

–Conheço um feitiço que pode deixa-la pequena o suficiente para caber na minha mala...

Lilí sorriu de orelha a orelha e eles seguiram até a plataforma dez.

Tiago tomou à frente, mas parou de repente, olhou para Alvo e disse:

–Dessa vez você irá sozinho, espero...

Tiago! –exclamou Harry, mas Tiago simplesmente piscou o olho e atravessou a barreira.

Alvo pegou seu carrinho.

–Ah, filho, não precisa ir sozinho... Se quiser...

–Não, tudo bem! –disse Alvo. Ele não sentia mais medo. Tomou velocidade, fechou os olhos e... Atravessou!

Por um momento, Alvo achou que todas as pessoas que estavam na plataforma nove e meia iriam ataca-lo, mas quando ele apareceu do outro lado, eles correram e se postaram à sua frente.

–Alvo Severo Potter!

–O Escolhido pela Profecia!

–O filho de Harry Potter!

–E do lado dele, é Tiago Sirius!

E assim, as pessoas não paravam de gritar e apontar para a cicatriz de Alvo, até a chegada de Harry. Nesse momento, a atenção das pessoas passou para o patriarca da família.

Demorou muito para eles voltarem a fazer o que estavam fazendo e o tumulto diminuir.

–Ah, ninguém conhece o meu nome! –disse Lilí brava.

–Eu sei, Lilí... –disse Tiago. - Venha, sente-se no meu carrinho, eu carrego. Não vamos nos misturar com O Escolhido...

Tiago! –guinchou Alvo, mas o irmão sorriu e picou o olho.

Alvo seguiu o caminho para a locomotiva vermelha.

–Ah, olhe lá! –apontou Harry. –Lá estão eles!

No fim do expresso, guardando as malas, estavam tio Rony e Rosa. Hugo estava a um canto com a cara emburrada.

–Também não te deixaram ir? –perguntou ele à Lilí, a garota negou. –Que vantagens têm ser amigo do diretor se você não pode ao menos entrar um ano antes? –ele baixou os olhos, mas logo os levantou. –Tiago!

–Que foi? –perguntou Tiago.

–Você é o líder dos Marotos! –exclamou Hugo, sorrindo de orelha a orelha.

–Pelo menos alguém que reconhece isso... –comentou Tiago.

–Você é o único que pode nos ajudar! –disse Hugo, se abaixando. Ele e Lilí ficaram de joelhos aos pés de Tiago, e juntaram as mãos ao peito, como se rezassem. –Tiago, por favor! Ajude a gente a ir para Hogwarts este ano!

Tiago deixou escapar uma risada pelo nariz, mas imediatamente se recompôs:

–Como é que se fala?

Hugo pigarreou, ajeitou a camiseta e depois voltou a juntar as mãos.

–Oh, Tiago Sirius Potter, Rei da Brincadeira... Por favor, ajude a gente, meros bruxinhos em aprendizado...

–E o que eu ganharei em troca? –perguntou Tiago.

Hugo e Lilí se olharam.

–Qualquer coisa!

Tiago olhou para os lados pensando em uma solução. Alvo achou aquilo ridículo. Tiago não poderia fazer aquilo, ou se pudesse, Alvo também poderia. Então por que eles foram pedir a Tiago? Mas antes que o garoto pudesse lhes dar uma resposta, Harry viu aquela cena.

–O que está acontecendo? –perguntou.

–Meus súditos estão me fazendo um pedido. –respondeu Tiago com simplicidade.

–Súditos? –repetiu Harry, levantando Hugo e Lilí. –Ah, eu mereço... Levantem!

Tiago sacudiu os ombros.

–Aí, Marotos! –chamou ele, indicando Alvo e Rosa. –Vão indo arranjar uma cabine para a gente.

–E por que a gente? –perguntou Rosa.

–Porque o presidente pediu. –respondeu Tiago.

–E por que...

–Não discuta... –disse Alvo, puxando Rosa. Doze anos com o irmão lhe ensinara que nunca se deve contrariar Tiago Sirius Potter.

Eles se despediram dos pais, de Hugo e de Lilí, e depois entraram no trem à procura de uma cabine.

Enquanto passavam, as pessoas na cabine botavam as cabeças para fora para ter certeza do que acabaram de ver.

–Uau! –exclamou um menininho de cabelos negros de dentro de uma cabine. –Ele tem mesmo a cicatriz!

–É clarro que tem! –retrucou outro menino. Este era mais baixo e tinha cabelos castanhos. Alvo o reconheceu imediatamente, era Lotho Vonibah. –Olá, Alfo! Rossa!

–É Rosa. –corrigiu Rosa, irritada. –Com um “s” apenas.

–Rosa. –disse ele com dificuldade. –Eu posso ficarr com focês?

–Não terá espaço. –disse Rosa. –Já tem um monte de gente na nossa cabine.

E após Rosa finalmente conseguir se livrar de Lotho, eles seguiram procurando uma cabine.

–Eu não gosto desse garoto. –disse Rosa. –Tem um jeito esquisito.

A única cabine vazia que eles encontraram, foi uma no final do trem. Entraram.

–... Não sei por que esse alvoroço todo só por causa do Potter. –disse uma voz arrastada e fria vinda do corredor.

–Ah, não... –disse Rosa, quando a voz foi se aproximando.

–... Sinceramente, não vejo nada de legal naquela cicatriz idiota. –comentou Scorpius Malfoy. –Papai disse que o Rondres... Ah, Potter!

Scorpius finalmente chegara à cabine deles. Estava ladeado pelos irmãos Jofrey e Dominique.

–Tiveram um péssimo verão, espero. –disse ele, abrindo um Sapo de Chocolate.

–Na verdade estava ótimo até agora. –respondeu Rosa.

Scorpius a encarou. Seus olhos cinza se estreitaram e ele olhou novamente para o Sapo de Chocolate.

–Tome isso, Potter! –disse ele, atirando a figurinha em Alvo. –E não se esqueça, jogue o lixo no lixo. Agora, onde está o Bobão Connó, preciso ter uma boa conversa com ele...

E os quatro saíram. Alvo pegou a figurinha e viu seu pai sorrir para ele. Uma raiva tremenda se apoderou dele. Ele correu até o corredor e berrou:

–PELO MENOS O MEU PAI ESTÁ NOS SAPOS DE CHOCOLATE!

–O que foi isso? –perguntou Carlos que vinha chegando. Atrás dele estavam Alice, Fred, Matt, Suzanna e Daniella. E por último, vinha um Tiago que sorria ao dar um autógrafo a uma menininha caloura.

–Scorpius. –respondeu Alvo.

Todos entraram na cabine, que agora parecia bem menor do que antes.

–Por que é que todos nós temos que ficar aqui? –perguntou Alice.

–Porque somos os um grupo unido. –respondeu Tiago. –Ai, Al, chega pra lá!

Alvo foi empurrado para cima de Rosa.

–Assim está melhor! –disse Tiago, que ficara com um grande espaço no banco.

–Só se for para você! –resmungou Alvo, sentando-se do outro lado do banco.

–Você deveria se sentir honrado de dar seu lugar ao presidente, pequeno Maroto. –disse Tiago. –Bem... Queridos Marotos, hoje...

–E Marotas. –interrompeu Alice.

–OK, queridos Marotos e queridas Marotas. –continuou Tiago. –Hoje, iniciaremos uma missão. Contra os nossos queridinhos sonserinos... Alguém sugere um aluno?

–Scorpius. –disseram Alvo, Carlos e Rosa em coro.

–Scorpius é da Grifinória, não é? –disse Fred.

–Isso é um caso à parte. –disse Tiago. –Ótimo, eu iria sugerir o Joshua, mas acho que ele pode esperar. Bem, Matt, Fred e eu vamos dar uma passadinha no vagão deles. Se ele e os outros vierem, vocês precisam provoca-lo, mas não ataca-los, entenderam?

–Assim nós vamos perder mais pontos para a Grifinória. –disse Rosa.

–O ano ainda não começou, então não podem nos tirar pontos. –disse Tiago, sabiamente. –Acredite, já fiz muita coisa sem perder pontos, só no dia do embarque...

–Mas... –começou Alvo inseguro. –E se pegarmos... Detenções?

–Eu achei que a Rosa ou a Suzanna iriam perguntar isso. –disse Tiago. –Puxa, você é um Maroto, ou não é? Confiem em mim, e não os ataquem...

E ele, Matt e Fred desapareceram no corredor.

–Eles ainda vão nos meter numa baita encrenca... Eu não gosto muito das atitudes do Tiago. Ele é muito egoísta. –resmungou Alice. Ela puxou da mochila um livrão intitulado Animais interessantes – de Acromântulas à zonzóbulos.

–Hum... O que são Acromântulas e zonzóbulos? –perguntou Carlos.

Alice ergueu a cabeça e depois, encarando Carlos, lhe lançou um olhar não-me-admira-que-você-saiba. Carlos olhou para Rosa.

–Acromântula é uma aranha, gigante e carnívora. –esclareceu ela. –E zonzóbulos são seres...

–Criaturas invisíveis. –disse Alice. -Que entram pelos ouvidos e embaralham a mente.

–Eu ia dizer isso. –disse Rosa, amarrando a cara. Alvo sabia que a prima não gostava nada que a corrigissem.

A porta da cabine se abriu novamente, mas não foi Scorpius quem entrou, foi Lotho.

–Alfo! –disse ele, entrando na cabine com mais dois meninos. Um era Louis, o outro era o menino que Lotho dividia a cabine. –O que está fazendo?

–Nada. –respondeu Alvo.

–E quem é esse? –perguntou Daniella.

–Ninguém. –disse Alvo depressa, mas Lotho já se apresentara.

Ninguém estava gostando do Lotho, principalmente Alice, que tentava ler seu livro. Daniella, porém, gostou bastante do novo amigo.

–E você veio de onde? –perguntou Daniella.

–Frrança. –respondeu Lotho. –Foi lá que conheci Louis.

A porta da cabine se abriu novamente, e dessa vez foi Scorpius quem apareceu, ladeado pelos irmãos Jofrey e Dominique.

–Ah, novos parentes, Potter? –perguntou Scorpius. –E que cabelo é esse? –disse apontando para os longos cabelos louros de Louis. –Cara, você é um menino ou uma menina?

Louis olhou-o constrangido

–Eu sou... Veela...disse, sem graça.

Scorpius deu uma grande gargalhada. Alvo achou graça daquilo, queria ver a cara de Malfoy quando descobrisse que Louis era o irmão de Dominique.

–Veela, é? E quem é esse, Potter? –perguntou ele. –Seu irmão?

–Ele é... É meu irmão. –disse Dominique, baixinho.

Scorpius olhou Louis de cima a baixo.

–Junte-se a nós. –disse.

–Eu queria entrar para o grupo deles, na verdade... –disse Louis.

–Grupo? –perguntou Scorpius. –Que grupo?

Daniella balançou a mão como se espantasse uma mosca.

–E o que esse francês faz aqui? –perguntou Scorpius.

Lotho olhou bravo para Scorpius.

–Sou amigo de Alfo. –disse ele.

Alfo? –riu Scorpius. –Amigo novo, é Potter? Bom, cai fora, francês.

Lotho olhou suplicante para Alvo, mas ele não poderia fazer nada. Se fizesse alguma coisa, iria acabar em uma briga com Malfoy, o que Tiago impedira ele de fazer, por uma razão que ele também não sabia.

–Hum... Lotho, é melhor você ir. –disse Alvo.

Lotho olhou desapontado para Alvo, depois foi embora. Scorpius gritou:

–Isso mesmo, francês! Ouça seu amigo Potter, ele já tem bastante experiência...

Alvo sentiu um forte impulso de levantar-se dali e dar um murro na cara de Scorpius, mas lembrou-se do que o irmão lhe falara e continuou quieto.

–Sabe, Rosa... –disse Scorpius lentamente, entrando na cabine e sentando-se no lugar onde Lotho estava. –Eu vim até aqui para pegar um pouco de dinheiro de você, mas me esqueci quem é seu pai...

Rosa se levantou, mas Alvo e Carlos a seguraram. Ela respirou fundo.

–Se o seu pai é tão riquinho, por que é que você precisou vir pegar dinheiro, hein? –perguntou ela. Scorpius não encontrou resposta, então ocupou-se em criticar outra coisa:

–E como está o Traidor do Sangue do seu irmão, hein Cattér? –perguntou.

Alvo sentiu Carlos se afundar no banco. Ele não disse nada, apenas cerrou os punhos.

–Aposto que está doido para dar uma palavrinha com você. –disse Daniella.

Scorpius olhou para o corredor, depois disse:

–É verdade que estão formando um grupo? Ah, imagine só... O Potter maior como presidente. O menor com sua cicatriz idiota, aposto que para atrair membros idiotas para o grupo. A prima, uma irritante sabe-tudo que não tem nem onde cair morta. As irmãs Crater, que andam com o Potter maior para ganhar popularidade. Os Traidores do Sangue, sem comentários... E ainda a patética da Longbottom, que só fala em plantas e animais esquisitos...

Alvo já estava no cúmulo da paciência. Era bom Tiago aparecer, ou ele não ia conseguir se controlar.

–Hum, Scorpius... –disse Dominique num sussurro. –Alice é a filha do diretor...

–E eu com isso? –perguntou Scorpius. –Não ligo a mínima para o que essa aí fala... Aliás, eles acham que só porque são amiguinhos do diretor, podem fazer qualquer coisa. Alice é uma esquisita, igual os pais dela. Ouvi dizer que este ano a lunática da sua mãe vai parar de dar aulas, é verdade? Deviam ter avisado antes, gostaria de poder dar uma festa para comemorar. Pena que não tenha sido o bobão do Longbottom...

Ele riu alto, porém, Alice continuou lendo seu livro, distraidamente. Scorpius se adiantou até ela e derrubou o livro.

–Gosto que as pessoas olhem para mim quando estou falando, Longbottom... –disse rispidamente.

–MALFOY! –alguém gritou.

Alvo se virou. Na porta da cabine estava um garoto, de cabelos louros e era bem alto. Devia estar no quinto ano. Tinha um distintivo de monitor reluzindo no peito.

Atrás dele, estavam Tiago, Fred e Matt, todos sorrindo de orelha a orelha.

–VOCÊ NÃO DEVE INSULTAR PROFESSORES E ALUNOS! –vociferou o monitor. –ME ACOMPANHE!

Malfoy saiu bufando da cabine, acompanhado por Dominique e os irmãos Jofrey.

Após o monitor e os outros saírem, Tiago, Fred e Matt entraram dando vivas. Tiago ainda gritou pelo corredor:

–Valeu, Wood! E da próxima vez não se meta com os Marotos, Malfoy!

Mas ninguém demonstrou animação.

–Qual é, pessoal? –disse Tiago. –Vamos lá, conseguimos! Por que essas caras feias?

Alice soltou um soluço. Tiago olhou para os outros, procurando respostas, mas ninguém parecia querer falar no assunto. Tiago foi calmamente até Alice e sentou-se no banco à sua frente.

–O que foi? –perguntou ele numa voz calma. Uma voz que ele raramente usava, a não ser que queria se desculpar com alguém.

Mas ela sacudiu a cabeça, e várias lágrimas caíram.

–O Malfoy disse... Disse alguma coisa sobre você? –perguntou Tiago bondosamente.

–Falou dos meus p-pais... –disse Alice entre soluços. –Ele... N-Não é o p-primeiro... Todos riem de m-mim, desde a primeira s-série, você sab-be...

Tiago enxugou as lágrimas da garota.

–Não se preocupe... Aquele idiota não tem espelho em casa... Vou dar um jeito nele, Alice... E você deve se orgulhar dos pais que tem, são bem melhores que os dele.

–Eu me orgulho... Só que às vezes...

Ele entregou o livro que fora jogado no chão a menina. Alice se endireitou e voltou a ler.

–Falou de mais algum de vocês? –perguntou Tiago.

–Falou de todo mundo. –respondeu Rosa irritada. –E acho muito bom esse plano acabar, porque estou a fim de dar uns bons tapas naquele moleque.

Tiago sorriu radiante.

–Rosa, é uma honra ter você na família. –disse. –E não se preocupem, logo vamos poder nos vingar. Eu prometo que aquele garoto vai se arrepender de ter falado essas coisas.


O resto da viagem foi um tanto que tranquila. Malfoy não se atreveu a passar de novo pela cabine deles, e Tiago ficou a viagem toda tendo várias ideias para expulsar Scorpius. Quando o trem parou, Hagrid veio levar os alunos novos:

–Fred! –disse ele ao pequeno ruivinho. –Você está tão parecido com Jorge...

–E com o meu tio Fred! –acrescentou o menino.

–Agora, você terá de me seguir. –disse Hagrid.

Fred concordou.

–Ah, e Fred... –chamou Tiago. –Não se esqueça de pôr medo nos outros alunos falando da lula gigante.

–Pode deixar! –disse o menino. –E também acho que vou dar umas Vomitilhas...

Os outros alunos seguiram para os coches. Tiago, Matt, Daniella, Suzanna e Alice ficaram no primeiro. Alvo, Carlos, Rosa, Dennis Finnigan, Jordan Telfis e Clívon Ridflan ficaram no segundo.

–Não gosto dessas coisas... –disse Alvo, encarando o coche. –Tiago disse que os testrálios são horríveis.

–Tiago nunca viu nenhum testrálio. –disse Rosa, subindo na carruagem.

–Como você sabe?

Rosa encarou Carlos com impaciência.

–É por que só podem ser vistos por quem já viu a morte. –disse sombriamente.

Por um instante fez-se silêncio onde todos olharam uma segunda vez para o local onde o testrálio devia estar, mas logo Dennis o quebrou:

–Eu tirei o seu pai, Al! –disse ele, pegando uma figurinha de Sapo de Chocolate do bolso e entregando a Alvo. –E o seu também, Rosa. E... Seria muito incômodo se você me mostrasse sua cicatriz?

Alvo sorriu. Era engraçado como as pessoas olhavam para sua testa. Ele afastou a franja e, como ele esperava, todos soltaram exclamações, inclusive Rosa e Carlos, que já haviam visto sua cicatriz milhares de vezes.

–Uau! –exclamou Dennis. –Papai me falou que estudou com o seu, Al... E agora eu estudo com você! Imagine, só... Dennis Finnigan e Alvo Potter, os melhores amigos mais famosos de Hogwarts!

–Ei! Ei! Ei! –exclamou Carlos. –O cargo de melhor amigo é meu!

Eles chegaram até o castelo. Carlos teve um acesso de riso ao se deparar com Tiago segurando Scorpius pelo cangote, na frente da escola:

–Que foi que você disse sobre os pais da Alice, hein? –perguntou Tiago.

–Nada! –disse Scorpius. –Marcel, Valeria! Me ajudem!

Os irmãos Jofrey se aproximaram de Tiago, mas tiveram o caminho barrado por Matt e Daniella, que tinham as varinhas apontadas para o peito dos irmãos.

–Escuta aqui, Malfoy, está na hora de você aprender a não mexer com os amigos de Tiago Sirius Potter, e nem chegar perto de um Maroto! –disse Tiago, balançando o garoto, que tinha as pernas soltas no ar. –Você está entendendo?

–Estou!

–E eu não quero você zombando mais da Alice, ouviu? Nem de nenhum Maroto! E se eu souber que você...

–TIAGO! –gritou uma voz. Era Neville. Ele vinha correndo. Tiago imediatamente soltou Scorpius, que correu para trás dos irmãos Jofrey. –O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

–Nada. –disse Tiago, disfarçando. –Que bela noite, não professor? Sabe, eu acho que é a noite perfeita para...

–Tiago você estava... Batendo no Malfoy? –perguntou Neville, aborrecido.

–Na verdade, eu ainda não estava batendo, só quis botar medo, sabe... Na verdade eu ia deixar para bater hoje à noite, na sala comunal da Grifinória...

–Chega de brigas, - disse Neville, embora houvesse certo tom de riso em sua voz. -já para dentro, todos você.

Alvo olhou para trás. Havia uma porção de alunos que acabaram de desembarcar dos coches e estavam observando a briga entre Malfoy e Tiago, que continuou emburrado:

–E olhe que eu estava defendendo ele... –murmurou, aborrecido.

Eles entraram no castelo e atravessaram o Saguão de Entrada, direto para o Salão Principal. No momento em que Alvo cruzou as grandes portas, o salão explodiu em vivas e palmas.

–Alvo Potter! –gritou uma menina da Corvinal.

Alvo corou, e tentou desviar sua atenção para as velas que flutuavam sem nada que as segurasse, logo acima das quatro longas mesas. Tiago tomou à frente do grupo e berrou:

–Abram caminho, abram caminho! Alvo Potter, O Escolhido, está passando! Abram caminho!

Cala a boca, Tiago! –sibilou Alvo. Aquilo só ajudara a aumentar a zoeira. Um grupo de meninos da Lufa-lufa até se curvara para ele, quando passaram. Depois de uns quinze minutos, muito vergonhosos na opinião de Alvo, as pessoas começaram a se acalmar e voltar sua atenção para Tiago, que ainda não se cansara de dar autógrafos para os que pediam e contava para todos as aventuras que seu pai passara em Hogwarts.

–... E no quarto ano, participou do Torneio Tribruxo! –contou ele com gosto, mas foi interrompido pela Prof.ª Chollobull, uma senhora extremamente gorda que no ano anterior, dera luz um menino em Hogwarts mesmo.

–Já estamos prontos, diretor? –perguntou ela a Neville, que confirmou com a cabeça, depois ela foi-se embora.

–Peço a consideração de vocês para com os alunos novos. Quando a Cerimônia de Seleção começar, por favor, façam silêncio. –por um instante ele parou seu olhar em Tiago, que contava aos sussurros como seu pai abrira a Câmara Secreta a Annie e Clarissa.

As portas se abriram e duas filas de alunos novos entraram. Todos com caras de espanto e nervosismo, que Alvo bem conhecia. Lembrava bem que há um ano ele entrara por aquelas portas, rezando para que não fosse para a Sonserina.

Os alunos foram andando – alguns tremendo, outros surpresos com o teto e com as velas flutuantes - e se postaram bem em frente à Neville. A Prof.ª Chollobull trouxe um banquinho de três pernas e o colocou ali. Em cima do banquinho, velho, surrado e remendado, achava-se o Chapéu Seletor.

Neville deu um grande sorriso e disse:

–Sejam bem-vindos, alunos novos!

E ficou contemplando os rostos nervosos dos alunos. Entre os alunos, Alvo pode ver, Fred era o único que não estava nervoso. Pelo contrário, não parava de dar gargalhadas, especialmente de uma menina que estava branca com uma folha e volte e meia, não parava de botar a mão na boca, como se fosse vomitar. Alvo teve uma forte suspeita de que Fred lhe dera uma Vomitilha.

De repente, abriu-se um rasgo no chapéu, como uma boca, e ele começou a cantar:

Hogwarts, Hogwarts, ó querida Hogwarts,
Venha nos ensinar
Quer sejamos velhos e calvos
Quer moços de pernas raladas,
Temos as cabeças precisadas
De ideias interessantes
Pois estão ocas e cheias de ar,
Moscas mortas e fios de cordão.
Nos ensine o que vale a pena
Faça lembrar o que já esquecemos
Faça o melhor, faremos o resto,
Estudaremos até o cérebro desmanchar!


E todos aplaudiram.

–Ah, - disse Tiago infeliz –eu esperava que ele cantasse uma música nova!

Quando os aplausos cessaram, Alvo viu muitos dos alunos novos suspirarem.

–Agora, quando eu chamar o seu nome, venham até aqui e experimentem o Chapéu Seletor. –disse a Prof.ª Chollobull, desenrolando um grande pergaminho. –Abruck, Joe!

Sonserina!

A mesa da Sonserina prorrompeu em aplausos. Tiago, Matt e Daniella foram os únicos que vaiaram o menino.

–Sai pra lá, sonserino! –gritou Tiago.

–Pelo menos nós temos um aluno novo! –berrou Joshua Mocker.

–E nós temos Tiago Sirius e Alvo Potter! Filhos de Harry Potter! –berrou Guto Rendrow, o irradiador de jogos de quadribol, em resposta. –E Rosa Weasley, a filha do Ronald Weasley e da Hermione Granger!

Neville pigarreou alto e a seleção continuou. Alvo não prestou atenção em ninguém, exceto em Lotho que fora para a Sonserina, até que só sobraram os Weasley ali.

–Weasley, Fred! –chamou Chollobull. Louis deu um grande suspiro de alívio, provavelmente achou que fosse ele.

–Mas você é o próximo, primo! –Alvo, que estava em um banco bem à frente, ouviu Fred sussurrar para Louis.

Fred se adiantou até o banquinho. A Prof.ª Chollobull deu uma boa olhada nele, depois parou o olhar no bolso do menino, que estava deixando a mostra várias Vomitilhas.

–Foi ela quem pediu! –disse Fred depressa, encolhendo os ombros.

A professora colocou o Chapéu Seletor em sua cabeça, e ele ficou quieto por um momento.

–Ele não vai falar? –perguntou Alvo a Tiago.

–Primeiro ele bate um papinho com o Fred. –respondeu Tiago, que tinha os dedos cruzados. - Depois anuncia.

–Mas... A gente não ouve? –perguntou Alvo. Tiago sorriu e sacudiu a cabeça.

Grifinória! –anunciou o Chapéu Seletor.

Fred deu um pulo do banquinho, correu até a mesa da Grifinória e se atirou nos braços de Tiago. A mesa da Grifinória, e também da Corvinal e Lufa-lufa, explodiram em palmas.

–Viram? –berrou Guto Rendrow. –Nós ganhamos o Fred Weasley, filho do Jorge Weasley! MEU PAI É AMIGO DO PAI DELE!

–Quem é seu pai, Guto? –perguntou Alvo.

–Lino Jordan. –respondeu Guto. –Todos dizem que eu sou a cara da minha mãe, e que só puxei do meu pai o jeito de narrar quadribol. Também porque não gosto muito de Jordan, peço a todos que me chamem de Rendrow.

Alvo riu. Seu pai já lhe falara muitas vezes que o menino que irradiava os jogos se quadribol em seu tempo, vivia dando opiniões pessoais no meio da partida. Fazia sentido agora, Guto era igualzinho.

–Weasley, Louis!

Louis dessa vez deu um soluço.

–O bobão está chorando! –riu Fred. –E o pior é que ele já ia aceitar uma Vomitilha. Eu disse que uma balinha iria acalmar...

A Prof.ª Chollobull olhou Louis com mais interesse do que olhou Fred. Não resistiu a tentação de passar a mão nos longos cabelos esvoaçantes louro-prateados do menino.

–Ela está encantada. –cochichou Rosa. –Louis é um veela, pode encantar as pessoas, hipnotizá-las.

Tiago e Fred deram uma boa gargalhada que não fizeram questão de abafar.

–Oh, Tiago, você reparou como nosso primo é lindo? –perguntou Fred, afinando a voz.

–Sim, Fred, eu estou encantado com sua beleza! –respondeu Tiago, também com a voz fina.

Rosa deu um cutucão neles na hora em que Louis experimentou o chapéu. Fred e Tiago cruzaram os dedos:

–Grifinória não, Grifinória não! –diziam.

Corvinal!

As quatro mesas aplaudiram. Fred e Tiago subiram em cima dos bancos e davam assobios de tanta felicidade.

–Ótimo, não vou precisar ter mais um parente na Grifinória!

Quando a Cerimônia acabou, eles iniciaram o banquete. Rosa, pela primeira vez, se atracou na comida.

–Você está com fome, hein? –disse Carlos, sorrindo.

–É. –disse Rosa, engolindo a comida que estava em sua boca. –Mamãe disse que estou puxando o lado comilão do meu pai, não sei o que está dando em mim, ultimamente tenho tido uma fome... E meus cabelos até estão ficando um pouco mais ruivos, olha! Teddy suspeita que eu seja uma metamorfomago...

Quando terminaram de comer, eles subiram para a Torre da Grifinória e foram se deitar, pois teriam aula cedo no outro dia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Tiago brigando com o Scorpius... Eu nunca me canso disso... Cedo demais para pedir recomendações??