Alvo Potter E A Pedra Do Segundo Irmão escrita por Amanda Rocha


Capítulo 13
Planos para a Casa Nova


Notas iniciais do capítulo

Yeeeeeeeey, mas de cem reviews, aeeeeeeeeeeeeeeeee
Sério, e três recomendações!! TRÊS!! Esse capítulo será dedicado, obviamente, a Anna Malfoy que começou a ler essa temporada faz pouco tempo, mas já nos alcançou e até já recomendou (façam como ela :3), bjs Anna *--*
Então, paramos na parte em que eles acham a Sala Precisa fugindo do Guelch, agora eles estão indo para as férias de Natal rever suas famílias lindas e amadas *---*



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Que lugar é esse? –perguntou Alice, retirando imediatamente um par de espectrocs do bolso e colocando um no rosto. –Está infestado de zonzóbulos! Provavelmente não é muito visitado...

-E como você esperava que as pessoas visitassem um lugar que aparece do nada? –perguntou Tiago, examinando o buraco da fechadura. –Acho que ninguém conhece. Nunca vi essa porta e... Pode ser a sede dos Marotos!

-O quê? –exclamou Rosa. –Não, não, é claro que não pode. Nem conhecemos o lugar direito! Pode ter algo perigoso aqui!

Tiago andou um pouco pela sala e pegou uma caixinha, examinou-a e largou-a de volta para ver outro objeto.

-Ah, claro! –disse o garoto distraído com um bisbilhoscópios de bolso. -É bem provável que Bob Rondres esteja por aqui, ele deve ter passado pelos Aurores que ficam vinte e quatro horas nesse corredor e pedido licença para entrar na sala.

-Muito engraçado. –disse Rosa sarcástica. –Mas não havia Aurores nesse corredor hoje, havia?

Tiago olhou incrédulo para a prima.

-E por acaso você queria que tivesse? Sabe o que teria acontecido se houvesse Aurores por aqui? –perguntou o garoto, ainda observando o estranho objeto.

-Provavelmente nos pegariam. Mas não teriam por que nos pegar se você não tivesse afanado o tal espelho. –disse Alvo ríspido, estava bravo, irritado, talvez consigo mesmo, ou então com o fato de ser O Escolhido ou mesmo com Tiago tendo todas aquelas coisas de Tiago e Sirius enquanto ele não tinha nada, precisava extravasar. Porém, quando Tiago o olhou espantado, ele lembrou-se do que passara no ano anterior e murmurou rapidamente: - Desculpe...

Desejando que não tivesse dito aquilo, Alvo começou a olhar os objetos também, consciente de que todos trocavam olhares espantados às suas costas. Carlos e Rosa, fielmente, mudaram de assunto, ao que Alvo ficou muitíssimo grato.

Havia realmente muitos objetos naquele lugar. Eram pilhas e mais pilhas de coisas estranhas que ele nunca vira na vida, misturado com coisas comuns como livros, garrafas, quadros, produtos da Gemialidades Weasley, e, Alvo notou, objetos proibidos em grande número, todos queimados.

Somente depois de terem certeza que Guelch estava dormindo em sua sala – e depois de Tiago ter dado uma boa olhada na “Sala Incendiada” (como denominaram o local) e em alguns objetos – foi que retornaram à Sala Comunal da Grifinória onde, obviamente, não foram dormir. Ficaram sentados nas poltronas em frente à lareira, Tiago explicando como se usava o Espelho Mágico de Sirius. Alvo nem estava prestando muita atenção, pensava seriamente na sua situação... Era uma grande burrice, ele era apenas uma criança, não precisava se preocupar com o que poderia acontecer, queria ficar rindo como Rosa ou Carlos, mas algo o impedia... Algo do qual ele sempre tentava esquecer, mas era, por vezes, inevitável...

Aquele mês passou voando, e, para a grande alegria de Alvo, ele conseguira distrair-se com os treinos e jogos de quadribol e esquecer-se de Bob Rondres. E por falar nos treinos de quadribol, Pedro não parava de dizer o quanto queria ganhar o Campeonato, afinal este era seu penúltimo ano como capitão (“Ótimo!”, exclamou Tiago alegre quando ouviu. “Já vou me preparar, com certeza serei o próximo!”).

Fora só o medo de serem expulsos passar que Tiago, Matt, Daniella e Fred já voltaram a aprontar. Os três primeiros conseguiram escapar da detenção, Fred, porém, que fora pego tentando usar Detonadores-Chamariz no meio do Saguão de Entrada, ganhara mais uma semana de detenção na Floresta Proibida, o que seria bem menos, se visto por um professor normal, mas, infelizmente, o garoto fora apanhado por Draco Malfoy...

Até mesmo Rosa admitira que os trabalhos estavam sendo meio puxados, embora ela continuasse dando conta de todos, ao contrário de Alvo e Carlos, que mesmo passando várias noites acordados, tiravam notas baixas.

Porém, todos estavam muito felizes naquela noite, afinal, era a véspera das férias de Natal, que esse ano seriam mais extensas. Alvo era o mais alegre, sem dúvida. Estar com a família lhe passava uma grande segurança, era quase como se ele jamais tivesse sido O Escolhido. Este ano, comemorariam o Natal n’A Toca, o que a Sra. Weasley achou muitíssimo justo, já que fazia tempo que não passavam a data ali.

-Estou realmente animada para o Natal. –comentou Rosa, que servia mais uma generosa porção de pudim de carne em seu prato. –Sabe, além do principal, teremos muita comida boa e reuniremos a família novamente, não é ótimo?

-Ah, sim. –concordou Carlos, assombrado com o tanto de comida no prato da amiga.

-É. –afirmou Alvo, que sentia-se mais animado também. – Principalmente a parte da comida boa, não é?

Ninguém foi dormir tarde, pois acordariam muito cedo no outro dia, para embarcar. Alvo deixou tudo pronto, e dando um alegre “boa-noite” a Carlos e aos colegas de dormitório, atirou-se na cama. O Natal era a oportunidade perfeita para ocupar-se em algo que não fosse Bob Rondres ou a Profecia, era a época em que ele era apenas Alvo Potter, o menino franzino que compete com o irmão para ver quem impressiona mais o pai, embora de um jeito bem diferente agora...

A viagem do outro dia foi muito animada, como ele esperava. Um bando de alunos do segundo ano dentro de uma só cabine resultou em uma alegre tarde. Eles riram; brincaram de Feitiços; jogaram Snap Explosivo; trocaram figurinhas dos Sapos de Chocolate; divertiram-se debochando de Lotho, que aparecia e desaparecia a cada hora, fazendo perguntas e insinuações sobre Alvo, Bob Rondres, a Profecia, Harry Potter e coisas do tipo; passearam entre outras cabines; riram novamente, e, enfim, sentiram o trem ir parando.

Alvo olhou para a janela e sentiu uma alegria invadir seu peito. Olhou para Rosa e, pelo simples olhar, sabia que ela sentia o mesmo. Carlos também parecia feliz, embora estivesse um pouco receoso de que seu pai lhe desse uma geringonça de trouxa de presente.

Quando o trem finalmente parou e os garotos desceram, o ar que Alvo respirou parecia diferente. Era exatamente o ar que ele sentia quando estava extremamente feliz. E agora, ele não podia negar, estava realmente muito feliz. Juntou-se com Carlos e Rosa, e os três atravessaram a passagem de volta à plataforma.

-Então... Até o fim das férias, não? –disse Carlos, e sorrindo o garoto correu para um ponto onde deviam se encontrar os pais dele.

Rosa seguiu com Alvo até Harry (que voltara para casa um dia antes para ajudar Gina e a Sra. Weasley), que os aguardava junto com Tiago e Lilí.

-E então, filho? Rosinha? Vamos, indo? Rosa, seu pai deve demorar, está cuidando de umas coisinhas...

Os três acenaram e foram direto ao carro. Tiago sentou-se no banco ao lado do motorista, Alvo foi com Rosa e Lilí atrás.

-... E seus cabelos estão mesmo mais ruivos! Você até tem novas sardas! Ah, e eu consegui preparar uma Poção da Felicidade aceitável, sabia? –tagarelava a ruivinha para Rosa, que apenas concordava.

Alvo já estava sentindo saudades das Poções que a irmã preparava, tudo bem que uma vez quase morrera quando ela fez um experimento perigoso e ele quase provou, mas ultimamente suas Poções estavam ficando realmente boas.

Em meio a conversas com o pai, os dois irmãos e a prima, Alvo só se deu conta de que já haviam chegado quando avistou A Toca. Aquela casa com muitos andares tortos que davam a impressão de cair a qualquer momento ainda mais quando destacada pelo pôr-do-sol, fora onde ele passara a vida inteira. Saiu o mais apressado que pode, Lilí saiu cantarolando mais a frente, Rosa, Alvo e Tiago mais atrás, mas com passos bem acelerados, embora o garoto pudesse jurar que vira o irmão lançar olhares furtivos ao galpão onde estava guardada a moto de Sirius.

O cheiro inconfundível de comida boa significava que sua avó estava preparando o jantar. Deu para ouvir o barulho de conversas, e Alvo sentiu-se ainda mais feliz ao atravessar a porta e dar de cara com uma Sra. Weasley que vinha levitando uma panela cheia de pudim de carne pela cozinha.

-Tiago! Alvo, Rosa! Vocês chegaram! –disse a avó correndo para um abraço muitíssimo apertado, esquecendo-se completamente da panela, que Harry segurou antes que caísse no chão.

-Obrigado pela parte que me toca. –disse Lilí, e atravessou a cozinha, mas a avó a puxou para um abraço também.

-Ah, Tiago, você está tão grande! Deve ter crescido no mínimo uns dez centímetros desde o verão! Ah, veja isso! A minha Rosinha está ruiva! E está maior também! E Alvo você... Eh... Hum...

-Continuo do mesmo jeito. Eu sei. –disse o garoto, poupando a avó de lhe dizer. A Sra. Weasley pôs as mãos em seu rosto e lhe deu um sorriso, seus olhos percorreram rapidamente a cicatriz do neto e ela fez uma breve careta.

Alvo ficou grato que sua mãe, tia Hermione e Hugo aparecessem correndo na cozinha, desviando a atenção da avó.

-Ah, meus meninos! –disse Gina, e correu para um abraço que não durou mais que uns segundos. Quando seus olhos se desviaram para Tiago, ela imediatamente começou a ralhar. –E o que diabos você pensa que estava fazendo quando fez aquilo com o tal do Joshua Mocker, garoto? Usando o Hammas Fuodellios! Podia tê-lo matado! Você sabe a gravidade deste feitiço, Tiago Sirius Potter?

Tiago olhou rapidamente para o irmão e para o pai, depois, dando um sorrisinho, perguntou:

-Se eu disser que não sei, aliviaria a bronca?

Por um instante, Alvo jurou que a mãe iria dar um bom tapa em Tiago, mas a mão dela foi direto para a própria testa. Ela fechou os olhos, abriu-os depois disse, com a voz muito aguda:

-Não, é claro que não alivia! E que história foi aquela de invadir a sala comunal da Sonserina?

Tiago olhou para os lados, a procura de uma boa resposta, abriu a boca e, mesmo não saindo som algum, pareceu pronunciar alguma coisa quando apontou para Alvo e Rosa.

-É verdade, Rosa. –concordou tia Hermione, olhando séria para a filha. –Vocês tiveram muita sorte de não serem expulsos! Neville teve que discutir com toda a Suprema Corte, e no fim, Claepwack conseguiu apenas uma semana de detenções. Estou realmente decepcionada, Rosa, não esperava uma coisa dessas de você...

Rosa olhou apavorada para Tiago, e este, ao pousar os olhos no pai, pareceu encontrar uma resposta:

-Ah, o papai também invadiu! –disse, e até mesmo Harry encarou ele. –Foi sim! Com a Poção Polissuco! No segundo ano, lembram? Você disse que foi...

-Investigar sobre a Câmara Secreta. –completou tia Hermione franzindo a testa para ele. –Tínhamos um motivo justo para isso.

-E nós também! Foi vin... Foi uma lição que eles estavam precisando! Ah, pai, você sabe o tipo de gente que tem lá! O Mocker, a Parkinson, o Malfoy. Você estudou com os pais deles, sabe como eles são.

Rosa abriu a boca, provavelmente para lembrar a Tiago que Malfoy não era da Sonserina, mas o garoto a silenciou com um gesto da mão.

-É, tudo bem, tudo bem, mas é só eu ficar sabendo de mais uma gracinha sua, rapazinho e...

-Eu bem que avisei para o papai não contar, mas este homem não me escuta... –resmungou Tiago.

A comida da Sra. Weasley estava realmente deliciosa, tio Rony chegara um pouco antes do jantar e Alvo pode jurar que viu um sorriso quando ele comentou da invasão dos garotos na sala comunal da Sonserina.

-Não faço ideia de como vocês conseguiram, mas tenho que admitir, foi brilhante! –disse ele, entre um sorriso e uma cara séria.

-Sinceramente, Ronald, você não deve incentivá-los a isso. –cortou-o tia Hermione. –Eles poderiam ter sido expulsos...

-Foi o que eu disse a eles! –disse Rosa rapidamente, olhando para os pais. Desde que chegara, estava tentando demonstrar que estava realmente arrependida de ter participado. –Tiago foi longe demais, não sei por que topei participar. Fomos muito insensatos, muito mesmo.

-Insensato foi esse garoto, aqui. –disse Gina, dando um tapinha na cabeça do filho. -Têm sorte de terem o Neville como diretor... Na minha época, eu com certeza...

-Como se o Dumbledore fosse expulsar você. –disse Tiago. –Ah, qual é? O Velho Barbudo é gente fina, e ainda o papai era o preferido dele, duvido que iria fazer alguma coisa.

-Eu falei com Severo Snape. –disse Alvo, abruptamente. Todos o olharam surpresos. –Bem, o quadro dele. –esclareceu o garoto.

-E como ele é? –perguntou Lilí.

-Ele falou alguma coisa sobre a morte de Alvo Dumbledore? –perguntou Hugo.

-Hugo! –exclamou tia Hermione, Rony porém, riu.

-Eu só acho meio estranho que ele tenha o matado na cara-de-pau... –disse o ruivinho, encolhendo os ombros. –Mas o que ele disse?

 -Ele... Bem, não é muito... Falante sabe, é mais na dele e... Não sei, foi um pouco estranho...

-E chato. –retrucou Tiago. –Prefiro muito mais o Velho... O Dumbledore. –acrescentou depressa, ao ver o olhar do pai.  

-No fundo ele é legal. –disse Harry sorrindo.

-Igual você, Al. Bem, bem, bem lá no fundo você é legal e normal. –sorriu Tiago. Sua mãe e a Sra. Weasley lhe lançaram olhares zangados e idênticos. –Força do hábito...

Todos riram. Alvo estava rindo por qualquer coisa, era bom demais estar de volta.

Eles comeram, comeram, conversaram e depois comeram novamente. O Sr. Weasley insistiu que Alvo e Rosa convidassem Carlos e seus pais para jantarem n’A Toca. Disse que gostava de discutir artefatos de trouxas com mais alguém. Jogaram uma rodada de Feitiços em que Lilí acabou fazendo o cabelo do pai sumir, o que Tiago achou muito engraçado, e não fez questão de disfarçar.

-Ai, desculpa, papai! –lamentava a ruivinha. –Eu sinto muito! Sinto muito! Eu posso concertar é só...

-NÃO! –exclamou Harry. Lilí olhou para ele como se tivesse lhe dito uma ofensa. –Eu quis dizer que... Você é pequena demais para... Para essa magia, sabe, com dez anos não se espera que... Você, hum...

-Não sei, mas quando eu tinha essa idade eu já conseguia Estuporar o Alvo perfeitamente...

-Não coloca lenha na fogueira, Tiago! –disse Gina, que tentava dar um jeito nos cabelos do marido.

Tiago deu uma piscada para o irmão. Era verdade, Alvo lembrava bem disso. Tiago sempre fora especialista em Feitiços Estuporantes, desde pequeno... Ele sempre ficava assustado quando via a pessoa desmaiada, por vezes achava que o irmão havia matado o adversário, como acontecera no Duelo-Duplo do ano anterior. Já fora estuporado pelo irmão quando era menor, o que resultava sempre em uma ou duas semanas de Tiago sem a varinha. No fim, o irmão mais velho sempre conseguia convencer Alvo a explicar a mãe que fora um acidente e que ele também provocara, mas depois de um tempo Gina parou de acreditar nessa desculpa.

Era o fim da noite de vinte e três de dezembro, no outro dia a esta hora, estariam com certeza ouvindo histórias de infância contadas pelos adultos, esse ano, finalmente, contadas completa e verdadeiramente.

Todos estavam reunidos na sala d’A Toca, discutindo como fora o ano. Tia Hermione e Gina não paravam de criticá-los por qualquer coisa:

-Não pense que eu não fiquei sabendo da sua nota baixa no trabalho de Poções, mocinho! –ralhou Gina com Tiago, que apenas revirava os olhos.

-E que como foi que você conseguiu pegar uma detenção junto com o Carlos, filha? –perguntou tia Hermione. Hugo olhou assustado para a irmã.

–Não ficou dando ouvidos àquele garoto Malfoy, ficou?

Rosa tentava justificar cada pergunta com tanta cautela e formalidade, que era como se achasse que se dissesse uma palavra errada, seria expulsa. Mas parecia meio confusa se deveria ou não ajudar Tiago ou ficar do lado da tia e da mãe:

-Ah, tia Gina, eu concordo! Talvez Tiago tenha que parar de ficar fazendo brincadeirinhas e começar a estudar mais, embora nunca tenha se prejudicado tanto assim... –acrescentou rapidamente, ao ver o olhar do primo. –E mamãe, eu juro que não tive a intenção de ofender o Malfoy ou...

-Pois devia. –interrompeu tio Rony.

-Não tem graça, Ronald. –cortou-o tia Hermione, olhando-o séria. –Sua filha poderia ter sido expulsa, você conhece o Draco...

-Eu gostaria de poder dar uma lição naquele Scorpius. –disse Hugo. Rony riu, embora fechasse a cara no mesmo instante em que Hermione lhe lançou um olhar “Está-vendo-o-que-você-fez?!”.

-Você não vai bater em ninguém. Além disso, ele é muito maior que você. –disse tia Hermione séria para o filho.

-A senhora está insinuando que eu sou fraco? –perguntou Hugo, incrédulo. –Eu posso acabar com ele de olhos fechados! Ele está merecendo uma liçãozinha!

-Hugo, você está passando tempo demais com o Tiago... –comentou Gina.

Era incrível, mas só aquele pouco tempo que Alvo passara com a família, já lhe fizera esquecer completamente de Bob Rondres. Era como se fosse um garoto normal novamente, como se nunca tivesse entrado naquela floresta há menos de um ano atrás...

Ele se divertia com as piadas e brincadeirinhas que Tiago fazia; com tia Hermione brigando com Rony por estar incentivando as crianças a fazerem algo errado; com sua mãe tentando impedir Lilí de usar magia sem ser muito mal-educada; com Rosa concordando com cada crítica que falavam até mesmo a respeito dela; não havia preocupações, nem Bob Rondres, nesses momentos eles simplesmente esqueciam que tinham um foragido a solta e que tinham compromissos a cumprir, esqueciam-se de qualquer coisa...

Os Weasley dormiram n’A Toca, enquanto os Potter atravessaram o jardim para a sua casa. Foram todos dormir. Alvo, sentindo-se imensamente feliz, fechou os olhos e ficou pensando em por que andava mal-humorado nos últimos dias. Não havia razão... Ele não tinha com que se preocupar...

-Alvo! Alvo, acorda! Ei, Alvo!

O garoto abriu os olhos. Era Tiago quem estava o chamando.

-O que você quer? –perguntou, meio sonolento.

-O que eu quero? –exclamou ele, num sussurro. –O que fazemos sempre quando eu te acordo no meio da noite?

-Eles não estão conversando sobre nada importante. –resmungou Alvo, tentando cobrir-se novamente, mas o irmão o descobriu como sempre fazia.

-Como você sabe? –indagou Tiago. –Anda, vem! Ah, e só pra lembrar... Se um for pego, não entrega o outro, ok? É um juramento, Al! Nada de ficar nervoso se a mamãe te pegar! Ela já está furiosa comigo, se souber que eu ando te convencendo a fazer as “coisas do Tiago” é bem capaz de ela me proibir de visitar o Matt para o resto da vida...

Alvo, de muitíssima má vontade, levantou-se, porém lembrou-se do que acontecera da última vez que foram espiar os pais, e pôs um sorriso no rosto. Pelo menos desta vez ele não quebraria o juramento, o choque do ano anterior servira para lhe deixar um pouco mais corajoso, afinal, o que era um castigo da mãe para quem já escapou da morte?

Já estavam descendo as escadas quando uma voz os chamou:

-Aonde vocês vão?

Eles se viraram e viram a irmã parada em frente à porta do quarto, de pijama e cara de sono. Ela olhou para os dois e depois para o andar debaixo.

-Ah, Lilí... –disse Tiago num sussurro, olhando para baixo um pouco receoso. –Estamos só... Eh, vamos...

-Ótimo, eu vou com vocês! –disse a ruivinha, e correu ao encontro deles. Alvo e Tiago se encararam.

-Bom, pelo menos o papai não vai dar nenhum castigo a ela se formos pegos... –disse o mais velho, encolhendo os ombros.

Eles desceram a escada o mais silenciosamente que puderam. Lilí um pouco animada, afinal, nunca conseguia participar das “aventuras” do irmão. Alvo suspeitava que desde a grande aventura deles no ano anterior, a garotinha estava atenta a qualquer coisa que eles fizessem.

Atravessaram a sala e correram para a brecha atrás da porta da cozinha, onde sempre conseguiam se esconder. Os pais estavam sentados um de frente para o outro na mesa, os dois com xícaras de chá nas mãos.

-... Eles vão gostar, tenho certeza. –disse Harry. –Vai ser bom, quer dizer, não terão mais o campo de quadribol, mas podemos voltar à Toca de vez em quando.

-É claro que eles vão gostar. –concordou Gina. –E também é seu sonho morar lá, agora que Lilí vai para Hogwarts não precisamos mais ficar aqui, só não fomos antes por causa daquela escola de trouxas, o que foi ideia sua, eu poderia muito bem dar aulas em casa aos três...

-Você tinha o seu trabalho. –disse Harry com firmeza. –Não valia a pena, não é todo mundo que consegue uma vaga em um time de quadribol...

Tiago e Alvo se entreolharam.

-Estão falando da casa de Godric’s Hollow! –exclamou o irmão maior, sorrindo de orelha a orelha.

-Eba! Vamos morar em... –exclamou a ruivinha em voz alta, mas Tiago tampou sua boca o mais rápido que pode.

Os três se encolheram rapidamente atrás de uma planta que havia na sala quando Harry foi até a porta verificar o que havia acontecendo. Deu uma boa olhada na sala e no andar de cima e depois, convencido de que fora sua imaginação, voltou para a mesa.

-Não foi nada. –disse a Gina.

Os olhos de Alvo estavam nos pais, porém, seus pensamentos já voavam longe. Ele podia imaginar-se na Casa de Godric’s Hollow... O pai só os levara lá uma vez, para visitar o túmulo de seus avós. A casa estava em ruínas... A grama era alta... Mas era cercada de casas antigas, que davam um ar mais agradável ao local. Era incrível pisar naquela casa... Na casa onde o pai de Alvo sobrevivera, a única pessoa a sobreviver à Maldição da Morte, além dele próprio, é claro... Fora lá que seus avós morreram... E se não tivessem morrido? Ele estaria n’ A Toca agora... As duas avós estariam animadas preparando tudo para o outro dia... Seu avô estaria contando histórias sobre Lupin a Teddy... E se Lupin também nunca tivesse morrido? E se todas as pessoas mortas por Voldemort nunca tivessem morrido? E se o próprio Voldemort nunca tivesse existido? Também não haveria Bob Rondres... E seriam uma família maior do que já eram, se é que isso era possível...  E Neville teria seus pais lúcidos, Alice seus avós... Sirius estaria vivo e, provavelmente, estaria muitíssimo animado com o novo grupo de Tiago, os Marotos... Tudo poderia ser diferente, mas, graças às escolhas erradas de um menino chamado Tom Riddle, não fora...

Um nome o chamara de volta à realidade:

-Alvo não corre perigo lá. –tranquilizou-a Harry, porém, seus olhos mostravam insegurança ao dizer isso. –Estamos todos lá, tem mais de cinquenta Aurores em Hogwarts, seria praticamente impossível...

-Eu sei. –disse Gina. Ela não era muito de chorar, mas era visível que estava realmente preocupada com o filho. –Mas ele é tão novo... Acho que tudo está se repetindo, não é? Ele é o novo Menino-Que-Sobreviveu, e, no fim, ele terá que matar Bob Rondres... Aquele bruxo pode ser jovem, mas é forte, isso é óbvio... E meu pequeno Alvo não tem chances com ele... E, Harry, e se ele... E se ele... For realmente uma Horcrux... Harry, isso...

Harry segurou as mãos dela, levantou seu queixo e falou:

-Ele não é. Foi diferente.

Alvo sentiu-se novamente estranho. Parecia que alguém jogara um tijolo e suas entranhas afundaram. Só sentira sensação semelhante a esta, quando ficou sabendo que Bob Rondres estava querendo o matar. Mas era melhor, disse ele mentalmente, pelo menos você não sabia que tinha que matar ele também.

Olhou para o lado e viu os irmãos trocando olhares apreensivos e apavorados. Lilí parecia aterrorizada, ela nunca entendera realmente o significado da Profecia.

-Você vai ter que morrer, irmãozinho? –perguntou ela num sussurro, os olhos arregalados e a voz rouca.

-É claro que não. –apressou-se Tiago a dizer. Ele passou o braço por cima do ombro do irmão e os três subiram as escadas. –Ele não é uma Horcrux.

Alvo despediu-se dos irmãos quando chegou à porta do quarto. Lilí lhe deu um longo abraço, Tiago ficou o fitando por muito tempo, seus olhos apertados pareciam estar prestes a chorar, mas ele não daria o braço a torcer. Por fim, lhe deu um soco de leve no braço e foi para o quarto. Alvo entrou para o seu e atirou-se na cama, de cara para o travesseiro. Já pensara nisso antes, mas ouvir aquilo dos pais fora diferente. Pareceu se confirmar, afinal, eles já passaram por aquilo, saberiam que estava mesmo se repetindo. Não seja burro! Disse ele a si mesmo. Você não é uma Horcrux, saberia se fosse uma. No entanto, continua o mesmo garoto magricela e sem jeito de sempre, apenas com um raio na testa. E, mesmo que fosse, seu pai foi uma e sobreviveu, mas não, você não é uma...

Por mais que continuasse a tentar se convencer de que era um menino tão comum quanto os irmãos, ainda ficava um quê de insegurança a cada vez que repetia a mesma frase “você não é uma Horcrux, não é!”. Mas ele estaria tendo vislumbres da mente de Bob Rondres se fosse uma Horcrux, estaria falando com ser...

Ele levantou-se rapidamente e sentou-se na cama, olhando para o escuro. Havia um jeito de saber se era ou não uma Horcrux! Ele abriu a boca e emitiu uma espécie de grunhido misturado com o que ele esperava que fosse um silvo, e, quando já estava inundado pela felicidade de não ser um ofidioglota, lembrou que ele só poderia ter obtido esse dom se o próprio Rondres fosse um, mas, a ausência dessa nova língua, não significava que ele não era uma Horcrux.

Afundou-se novamente de cara no travesseiro e fechou os olhos. Teve os sonhos atormentados por várias cobras que pediam para ele falar a língua delas, e ele, desesperadamente, tentava explicar que Rondres não era um ofidioglota...


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Notas finais do capítulo

E então vemos novamente o drama e a dúvida cruel "Alvo é ou não é uma Horcrux??", o que vocês acham?? Confesso que essa dúvida ainda vai se arrastar bastante até o fim, mas é a vida né... Pelo menos sabemos que o Alvo não é um ofidioglota, já é alguma coisa hehehehe
Hugo bem brabão "Eu posso acabar com ele de olhos fechados!" sahsuahsuahsuahushash, só quero ver esse ruivinho em Hogwarts, Malfoy vai sofrer nas mãos dele... Então é isso, minha gente, goodbye pra vocês e até domingo que vem *---*