Alvo Potter E A Pedra Do Segundo Irmão escrita por Amanda Rocha


Capítulo 12
A Sala Incendiada


Notas iniciais do capítulo

Enfim, domingo, aeeeeeeeee! Seguinte, pessoinhas, para a felicidade de vocês, eu já comecei a escrever a terceira temporada (uhuuuuuuuu), então não se preocupe, vai continuar. A parte ruim é que já estamos no finalzinho dessa (buáááááá´T-T), mas ok, irei sobreviver...
Enfim, no último capítulo nosso grupo querido de Marotos aprontou no Dia das Bruxas e acabou com aquele final dramático da Daniella desmaiando, lembram? Então, nesse veremos a Sala Incendiada, obviamente, mas pensem um pouquinho que vocês já vão saber do que estou falando (ou nesse caso escrevendo, mas ok)
Let's Read!



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Fez-se silêncio por um instante, Draco e Joshua olharam apavorados para a garota desmaiada. Alvo, perplexo, encontrou o olhar do irmão, que não estava preocupado olhando para Daniella, mas sim sorrindo para Matt. Quando o viu, Tiago piscou e o garoto imediatamente entendeu que o desmaio era apenas um truque, que, provavelmente, Daniella executava quando a situação apertava.

-Pelas barbas de Merlin! –exclamou Alice. –Temos que leva-la a enfermaria!

-Não, ela está fingindo. –disse Draco sério, mais para si mesmo do que para os outros. –Eu lembro, ela usou a mesma desculpa três anos atrás!

Alice olhou perplexa para o professor.

-Como o senhor pode achar que ela está fingindo? –perguntou incrédula. –O senhor não vê que ela... Ela...

-Está fingindo! –repetiu Draco, dessa vez apontando o dedo freneticamente. –É tudo ideia de Potter! Ele e Stuck vivem tendo essas ideias idiotas, como se eu fosse acreditar!

Alice olhou séria para o professor desta vez.

-Às vezes eu acho que o senhor é um pouco mal-educado com Tiago, Matt e Daniella, professor, mas meu pai diz que é porque não gostava de Harry.

Alvo riu. Por mais que Alice fosse um pouco estranha quando falava de animais esquisitos e plantas exóticas, o garoto gostava muito dessa sua franqueza com as pessoas. Aparentemente, Tiago também, pois abriu um enorme sorriso por trás do professor, que, por sua vez, ainda parecia não acreditar na cena. Matt imediatamente notou isso, porque antes que o Malfoy pudesse argumentar, berrou com uma mão ao lado da boca e a outra segurando a amiga:

-ALUNA DESMAIDA! ALUNA DESMAIADA NO SAGUÃO DE ENTRADA!

Não demorou mais que um minuto para as portas do Salão Principal se escancararem e várias cabeças curiosas saírem para ver o que havia ocorrido. Logo atrás dos alunos, que iam se acumulando no Saguão de Entrada para ver Daniella, veio Neville, acompanhado dos professores, inclusive da enfermeira.

-Quem desmaiou? –perguntou Neville calmamente, porém alto para abafar os comentários dos alunos que tagarelavam.

-Minha irmã, professor. –respondeu Suzanna. –Acho que teve medo de que o Prof. Malfoy nos desse uma detenção, Daniella nunca foi muito forte para essas coisas.

Tiago deixou escapar uma risada pelo nariz que conseguiu abafar, fingindo que estava fungando. Neville olhou de Draco para Suzanna, e dessa para os garotos mais atrás.

-E por que, exatamente, o Prof. Malfoy queria lhes dar uma detenção? –perguntou meio receoso, como se tivesse medo da resposta. Mas antes que Suzanna abrisse a boca para falar, Draco já estava berrando ansioso:

-Alunos na nossa sala comunal! –disse, como se nada pudesse ser mais satisfatório. -Potter e Weasley! E tem mais! Eles explodiram bombas de bosta em toda a sala! E esses aí ficaram de vigia!

 Neville, exatamente como Alice fizera alguns instantes antes, olhara perplexo para Draco depois para Tiago e Fred.

-E como conseguiram? Somente os alunos da Casa sabem a senha. –disse o diretor. Os garotos se entreolharam rapidamente antes de responder.

-Hã... Nós, eh... Seguimos um aluno e... Ouvimos a senha, então, entramos... –disse Tiago com simplicidade.

Neville encarou-os incrédulos, Alvo pode jurar que, pelos olhares de Tiago com o diretor, o garoto estava tentando lhe explicar que estavam com a Capa da Invisibilidade.

-Vocês – ele indicou os garotos, Alvo temeu que isso acontecesse. -, sigam a Prof.ª Claepwack  até sua sala. Draco, cuide de seu aluno. Sr. Stuck, leve a Srta. Crater para a enfermaria.

-Sim, senhor. –respondeu Matt, e pegou Daniella no colo e, acompanhado de Madame Pomfrey, os dois rumaram para a ala hospitalar.

Alvo e os outros seguiram pelas escadas de mármore com o diretor. Daqui a cinco minutos estariam sentados naquela sala cheia de plantas e ele teria acabado de ganhar sua primeira detenção neste ano. Rosa devia estar pensando a mesma coisa que ele, pois deu um sorrisinho amarelo quando passou, um pouco mais apressada que os outros e seguiu ao lado da Prof.ª Claepwack.

A sala da diretora da Grifinória não devia ser um lugar em que os alunos já tivesse entrado, pois todos, como Alvo, estavam observando bem o local. Era uma sala pequenina, toda amarela com detalhes azuis, o que lembrava muito um quarto de bebê para Alvo. Havia também várias faixinhas, quadros e decorações. Era difícil imaginar a Prof.ª Claepwack, uma bruxa por vezes mal-humorada e atarracada (se bem que melhorara bastante desde que fora eleita diretora da Casa da Grifinória), numa salinha tão delicada como esta.

A professora atravessou a sala correndo e sentou-se em sua escrivaninha. Era tão pequena que seus pés não chegavam ao chão. Ela fez sinal para os alunos sentarem, enquanto arrumava-se mais reta na cadeira.

-E então? –perguntou.

-Já falei lá em baixo. –disse Tiago entediado, a cabeça apoiada na mão.

-Sim, eu já ouvi. –disse a professora, um pouco ríspida. –O que quero dizer, é, por que os senhores fizeram aquilo quando podiam estar aproveitando a nossa maravilhosa festa de Dia das Bruxas?

Todos se olharam, mas nenhum respondeu.

-Exatamente por isso. –disse Tiago impaciente. –Ah, qual é, professora, é Dia das Bruxas! Duvido que a senhora não tenha feito travessuras nesse dia quando era jovem.

-Você já tem catorze anos, Potter! –bradou ela, levantando-se alterada. –Não tem mais idade para essas imaturidades!

-Nossa, por que essa frase me é tão familiar? –perguntou o garoto debochado.

-Porque é verdade, e conversarei com o diretor para tomar medidas drásticas sobre suas atitudes, Potter... E quanto a invadir a sala comunal da Sonserina, vocês têm noção de como isso é grave? Vocês envergonharam toda a honra da Casa da Grifinória (Suzanna murmurou algo como “desde que Tiago veio para cá, a Casa não tem tido muito honra...”, mas a professora estava alterada demais para perceber)! E mais, isso merece expulsão!

Fez-se um silêncio em que somente Rosa deixou escapar um gemido, mas depois levou as mãos à boca.

Alvo nunca viu Tiago ficar preocupado quando falavam que iam expulsá-lo, e dessa vez não fora diferente. O garoto suspeitava que era porque o irmão já ouvira isso tantas vezes que nem acreditava mais.

Todos, porém, estavam muitíssimos pálidos, a ideia de expulsão não confortava Alvo. Até mesmo Matt e Fred, estavam com expressões apavoradas no rosto, mas Tiago apenas encarava a professora, um sorriso maroto brincando em seus lábios. Como ele podia ter tanta certeza de que não seriam realmente expulsos? Invadir uma sala comunal já havia ido longe demais, e todos sabiam disso.

-O senhor que, pelo que me parece, é o líder dessa operação...

-Deste grupo, para ser mais exato. –interrompeu Tiago calmamente, como se não houvesse nada mais importante acontecendo.

-Que seja. –retrucou Claepwack. –Mas você não tem nada a dizer?

Tiago olhou um á um dos amigos, depois, fazendo uma cara de pensativo, disse:

-Não, não tenho.

A Prof.ª  Claepwack levantou-se alterada, como sempre fazia, por vezes era por coisas bobas, mas agora Alvo dava razões para ela.

-Como o senhor...?

Tiago, obviamente deu-se por conta que dizer que “não, não tenho” não fora uma resposta muito sensata, pois logo a interrompeu:

-Quis dizer que não tenho nada que vá justificar o que fiz. –a professora parou observando atentamente, como se Tiago dizendo aquilo era tão estranho quanto Rosa ir mal em uma prova. - Eu não devia ter feito o que fiz. Eu só quis me vingar do que Joshua fez com meu primo, agora vejo que criancice minha fazer isso. Entendo a senhora, sei que quer nos expulsar e realmente tem motivos para isso, mas... –ele levantou a cabeça, piscou fortemente os olhos, Alvo tinha certeza que era para dar a impressão de que estava chorando. -Eu imploro, por favor, não puna os meus amigos! Fred e os outros só concordaram porque eu insisti, estavam relutantes a fazer isso. Se há alguém aqui que deve ser expulso, sou eu! Mas eu jamais me perdoaria se eles perdessem o grande privilégio de estudar nessa maravilhosa escola por minha causa...

E baixou a cabeça, para que a professora não visse que não havia lágrimas em seu rosto. Mas, as lágrimas que faltavam em Tiago, estavam de sobra em Claepwack, que admirava o menino com uma expressão de... Pena.

-Oh, meu garoto... –disse ela, limpando os olhos com as costas das mãos. –Não precisa se culpar, afinal, eles judiaram do seu primo, não é? Você agiu por impulso, é muito compreensível... Não creio que você tenha feito isso por... Bem, alguma desavença com a Casa.

-Não, jamais! –afirmou Tiago.

-Porque todas as Casas devem manter-se unidas, e você parece tão arrependido, não acho que... Bem, mereça realmente expulsão... Talvez uma detenção, é, uma semana de detenções para vocês.

Todos ficaram imensamente aliviados. Fred soltou um longo assovio e Rosa exclamou “ufa!”. Alvo sentiu um forte impulso de abraçar a professora para mostrar a gratidão que sentia por ela não tê-los expulsado. Tiago, porém, saiu resmungando “se ela estava tão comovida, porque ainda nos deu detenções?”, mas Alvo, e também os outros, acharam isso muito justo.

-Tiago, eu aposto que se fosse Draco ele nos expulsaria sem pensar duas vezes! –disse Rosa, uma hora depois na sala comunal da Grifinória, quando Tiago recomeçou a reclamar. Estava cheia, e todos comentavam o que havia acontecido, alguns alunos até deram os parabéns a Tiago e Fred.

-Draco tentaria nos expulsar até se respirarmos alto demais na aula dele. –retrucou o garoto. –Eu perco cinco minutos do meu precioso tempo, finjo que estou chorando, só falto lamber os pés dela, e a Claepwack ainda nos dá uma semana de detenção!

-Mas Tiago, você invadiu a sala comunal de outra Casa! –retorquiu Rosa.

-Sério? –perguntou Tiago, sarcástico. –Olha, se você não tivesse me falado eu juro que não saberia.

Fred riu.

-Ah, só viemos te dar os parabéns! Eles realmente mereceram! –disse um menininho do primeiro ano, um pouco envergonhado.

-Que isso, só fiz o meu dever. –disse Tiago gentilmente, mas o garoto continuou parado, com a boca aberta, aparentemente sem coragem de falar. –Você quer um autógrafo?

O garoto sorriu radiante enquanto Tiago correu para pegar pergaminho e pena. Depois que assinou, passou a folha para todos os Marotos autografarem também. Quando chegou a vez de Rosa, ela parecia estar sofrendo um conflito interior, mas optou por assinar. Alvo sentiu-se um pouco constrangido quando terminou de assinar e o garotinho começou a mostrar a seus colegas:

-Veja! Eu tenho um autógrafo de Alvo Potter! –dizia ele excitado. Alvo sentiu muita raiva do garoto por isso, pois quando ele terminou, um bando de primeiranistas veio pedir também.

-Ah, por favor!

-Assina aqui para a gente!

-Só um autógrafo!

-Eu não estou dando autógrafos! –irritou-se Alvo, fazendo os calouros desistirem.

Todos riram, Tiago por outro lado, manteve o rosto sério. Levantou-se calmamente, Fred e Matt atrás dele. Ele respirou fundo e disse, numa voz quase tão suplicante como a que usara para tentar convencer a Prof.ª Claepwack.

-Ah, por favor! Me dê um autógrafo, Al! Eu não sei o que irei fazer se não conseguir um autógrafo seu! Ah, o seu pai foi tão incrível salvando o mundo bruxo, espera... O meu também salvou... Al, somos almas gêmeas!

Novamente todos riram. Nem Alvo nem Rosa mexeram a boca. Alvo porque não gostava nada, nada dessa fama que tinha, e sempre quando estavam esquecendo-se de que ele era filho de Harry Potter, Tiago fazia o grande favor de lembrar.

Rosa também não parecia muito contente com isso. Franzindo a testa para Tiago que discutia com os amigos se deveria ou não dar fotos aos fãs, ela começou dar muxoxos.

-... Talvez não, acho que as fotos do Grande Tiago são especiais demais para ficarem rolando nas mãos de qualquer um, talvez eu dê... Tem algum problema, Rosa? –perguntou ele irritado, quando a prima deu o terceiro muxoxo.

-Eu não acredito que você deu autógrafo ao garoto! –disse ela brava.

-Você também deu! –retrucou Tiago.

-Mas é diferente! –retorquiu a garota. –Eles querem o seu autógrafo só porque você desrespeitou o regulamente invadindo a sala comunal da Sonserina. Está incentivando eles a fazerem o mesmo!

-E por que você acha que ele pediu para você assinar? Com certeza não é porque você é a melhor da turma, é?

Rosa abriu a boca para argumentar, mas, aparentemente não encontrando resposta, fechou-a novamente e começou a ler seu livro. Alvo sentou-se ao lado dela também. Às vezes gostaria de voltar ao tempo em que ele era só mais um menino comum, no tempo em que Harry era só um bom Auror, Gina era apenas uma jogadora de quadribol e ele, Alvo, nunca havia sabido que fora escolhido pela Profecia para ser o menino que mataria Bob Rondres, e que, também, nunca tinha o visto ou sequer ouvido falar do assassino.

Distraidamente, ele levou a mão na cicatriz enquanto pensava no paradeiro de Bob Rondres. Para onde fora? Como conseguira fugir? Tudo bem que o pai de Alvo já lhe contara que o próprio padrinho já fugira de Azkaban, e que também houvera várias outras fugas, mas os dementadores mudaram. Estavam mais leais ao Ministério agora. E com todos em cima de Rondres, como é que ele conseguira simplesmente sair e esconder-se? Seria visto, era impossível, o Profeta Diário publicara uma foto grande dele, que a essa altura já devia ter sido vista por toda a comunidade bruxa. Todos, absolutamente todos, estavam em cima dele... Talvez o pai de Harry estivesse certo e Rondres realmente estava tendo ajuda de seguidores, como fizera Voldemort, era a única ideia mais provável, mas, ainda assim, parecia extremamente impossível, havia aurores altamente qualificados espalhados por todos os cantos do mundo. Simplesmente não havia como ele ter fugido, não havia...

Seu pai lhe falara que tinha uma ligação com a mente de Voldemort, que às vezes poderia ver onde ele estava. Alvo gostaria de ter essa mesma ligação para poderem capturar o foragido e ele não ter que “destronar” o novo Lord das Trevas... Desde que ficara sabendo desse seu destino, Alvo tentara o máximo possível não pensar nisso. Por que Trelawney fizera aquela maldita Profecia sobre ele? E por que ele? Por que não Tiago, que muitas vezes já admitiu querer esta tarefa? Mas quanto mais ele pensava, mais ele achava que não havia resposta.

A semana começara nada bem. As aulas estavam extremamente difíceis, Tiago disse que ficaria pior no terceiro ano, mas Alvo nem queria imaginar o quão piores ficariam. Draco parecia muito contrariado que eles não tivessem sido expulsos, e determinado a fazê-los pisar na bola, portanto não parava de os irritar nas aulas:

-Sr. Potter, será que o senhor nãos sabe exatamente quais sãos os sintomas de alguém que foi mordido por uma fada Mordente?

-Não, senhor. –respondeu Alvo, o mais calmamente que pôde. Draco levantou-se de sua escrivaninha e foi até sua classe, a turma inteira agora olhava para ele.

-E por que você não sabe, Sr. Potter? –perguntou ele.

-Porque nunca fui mordido, professor. Não tenho como saber, não é? –respondeu ele, evitando sequer olhar aqueles olhos cinzas, pois lhe dava  a impressão de que estava olhando para Scorpius.

Draco deu uma risada de desdém.

-Ah, claro, e só porque nunca foi mordido, devo entender que isso o deixa incapacitado de abrir o livro de Defesa Contra as Artes das Trevas, não? Você deve achar o fato de seu pai ter derrotado o Lord das Trevas te faz especial, não é Potter? Pois vou lhe dizer uma coisa, você é tão especial quanto qualquer outro garoto desta sala e é...

Mas, para a sorte de Alvo, o sinal bateu e ele não ficou sabendo o que mais era, pois pegou suas coisas e saiu o mais depressa possível da sala junto com Rosa e Carlos.

-Ele só quer algum motivo para... –começou Rosa.

-Me expulsar, eu sei. –completou Alvo, que passara o dia ouvindo a prima dizer isso.

Eles, diferente dos outros alunos, não rumaram para os jardins, foram direto para a sala de Guelch, onde teriam a primeira detenção da semana. Tiago e os outros já esperavam lá, Fred vinha chegando acompanhado de Lotho Vonibah, que parecia muito animado com alguma coisa.

-E eu ache que focê é um grrande brruxo, assim como seu prrime, que derrotou o Lorrd das Trrevas. Focê não sabe como foi que isso acontecerr, sabe?

Fred, que estava mais interessado em verificar alguma coisa na mochila, apenas respondeu monotonamente:

-Não, não sei. Não faço ideia. Dizem que é aquela cicatriz, mas eu não entendo.

-Ah, clarro, porr que focê se interressarria porr alguma coise como esta?  Afinal, focê serr um grande brruxo brrincalhão, como já disse, só se imporrte  com suas brrincadeires.

-Ah, é verdade. –disse Fred rindo convencido com o elogio. –Sim, eu serr um grrande brruxo!

Tiago olhou com ar desaprovador para Lotho, que imediatamente notou e começou a bajulá-lo.

-Focê foi realmente muite bem ao se escaparr da expulson. –disse.

-Você é da Sonserina. Devia estar bravo comigo, não? –perguntou Tiago.

-Eu adimirrar muite focê e seus pais. De mode algum estarria brrave com focê. –garantiu Lotho, mas acrescentou ao ver a cara de descrença de Tiago. –É clarre que eu acharr que focê foi longe demais, mas foi realmente incrrível que não tenham sido expulsos!

Tiago, que parecia estar sofrendo um conflito entre aceitar o elogio ou continuar pegando no pé do garoto, optou pela primeira opção e disse, convencido:

-É, foi realmente um truque de mestre. –disse ele, alisando os cabelos, embora estivessem ficando mais rebeldes do que lisos.

-Com cerrteze! –adulou Lotho.

Depois que os elogios de Lotho acabaram, Tiago pareceu não achar uma razão para o menino estar ali.

-Escuta, francês, estamos indo para uma detenção e embora eu saiba que deve ser realmente muito incrível para você nos observar fazendo essa tarefa tão emocionante, eu tenho que dizer que você não pode entrar aqui.

-Ah, cerrto, eu já estave indo, tenho que terminarr um... Trrabalhe de Trrato das Criaturres Mágicas.

Enquanto o garoto ia saindo, Tiago abriu a porta da sala para que eles pudessem entrar. Na última vez que estivera ali antes, o garoto encontrara três Caixas Mágicas, de onde tivera a grande sorte de retirar sua Capa da Invisibilidade e o livro Quadribol Através dos Dez Maiores Jogadores. A imundície continuava a mesma, havia vários objetos espalhados pelo chão da sala, as paredes cheias de teias de aranha continham prateleiras com inúmeros objetos que o zelador devia ter confiscado de alunos e que agora encontravam-se debaixo de uma grossa camada de poeira.

Guelch estava sentado em sua escrivaninha lendo algo tão concentradamente, que foi preciso que Tiago pigarreasse para que ele os visse:

-Ah, o quê? Mas como vocês vão entrando assim na minha sala? Não sabem bater? Eu deveria retê-los aqui até mais tarde por isso, sabiam? Mas não se preocupem, vocês não sairão daqui até terminarem tudo! –disse ele, com o sorriso maníaco que ficava sempre que detinha algum aluno.

-Ótimo! –exclamou Tiago, com mau-humor.

Eles sentaram-se nas cadeiras, igualmente imundas, enquanto esperavam Guelch preencher a ficha de detenções.

-Nome... Rosa Weasley... Crime... –murmurava Guelch enquanto escrevia, mas foi interrompido pela garota.

-Crime? –repetiu ela. –Mas não foi nada realmente... Bem, sabe, não tivemos intenção e... Eu só fiquei de vigia, não quis realmente... Não pretendi...

Mas o zelador apenas sorriu e continuou.

-Crime... Participação na invasão da sala comunal de outra Casa...

-Mas eu não participei! –guinchou a garota muito rapidamente. –Eu não invadi! Apenas fiquei de vigia e...

-Silêncio! –cortou-a Guelch, aparentemente se divertindo com o sofrimento de Rosa.

Após ele terminar de preencher a ficha de todos (e após Fred tentar dar uma Vomitilha ao zelador, que Rosa percebeu e impediu na hora), Guelch lhes levou para uma sala de aula no quarto andar. Era extremamente bagunçada, e chegava a ser mais suja que a do zelador. Dava a impressão de ter sido abandonada há anos.

-Esta sala deve ocupa-los por hoje. Estarei aqui ao lado limpando, e se cruzarem esta porta, eu saberei! E que limpem tudo sem usar magia.

-Uma pergunta. –disse Tiago, fazendo Guelch, que já ia saindo, virar-se com uma cara irritada. –Essa sala de aula vai ser usada?

-Não. –respondeu Guelch.

-Então porque temos que limpá-la? Eu limpo o meu quarto uma vez a cada cinco meses, isso que eu vivo lá!

Mas o zelador não respondeu e foi embora. Tiago, bufando, começou a passar um pano nas classes. Não era nada divertido, era uma típica detenção de Guelch Filch. Alvo sentiu-se um pouco mais conformado ao lembrar-se que o irmão do seu zelador, Filch, tinha o sonho de pendurar os alunos pelos calcanhares por correntes, segundo dissera seu pai, porém, Alvo suspeitava que o zelador também tinha esse sonho secreto.

Depois de limparem quarenta classes, quarenta cadeiras, um quadro negro cinza de poeira, um piso que um dia já fora cor de pedra e que quando chegaram parecia ter sido feito de terra, e, finalmente, com a ajudinha da varinha de Tiago, consertarem a porta, eles foram liberados.

Os braços de Alvo latejavam enquanto ele vestia o pijama para dormir, cada músculo parecia gritar em protesto ao esforço que o garoto os fizera passar. Deitou-se na cama após Carlos murmurar algo estranho que Alvo supôs ser um boa-noite, e ficou pensando em Bob Rondres... Estaria muito longe dali? Em Londres? Em outro país? Ou até mesmo em Hogwarts... Não, disse com firmeza a voz de seu pai em sua cabeça, seria impossível ele estar aqui, veja quantos aurores estão montando guarda! Não fique pensando nisso... Mas então onde o foragido estaria? No exterior? É, seria mais provável... Talvez tenha fugido para um lugar em que não fosse conhecido, se bem que até os franceses, segundo Lotho, sabiam de sua existência... Mas onde ele estaria? Estaria esperando um momento em que todos estivessem se esquecido para atacar? E quando atacasse, atacaria diretamente Alvo? Teria ele abandonado o plano de ferir Harry com o que mais lhe faria sofrer? E que arma usaria? Não havia mais o Medalhão de Prata, fora destruído, assim como todas as outras peças que Dôndo Dulboh criara além do Medalhão, que era a mais poderosa... Mas, quando chegaria o momento que Alvo teria que lutar com todas as suas forças para derrotar o bruxo? E se não derrotasse? Quase morrera na última vez que tentara salvar o irmão, quem dirá todo o mundo bruxo... Por que ele, um garotinho franzino, pouco dotado de habilidades em duelos, de apenas doze anos e não um bruxo mais experiente? Por que ele? Mas essas dúvidas não foram respondidas, não que ele esperasse que fosse, pois nem mesmo tia Hermione soube lhe dar uma resposta concreta que não fosse “você não está sozinho” e “tudo vai dar certo na hora, você vai ver”. Completamente absorto em seus pensamentos, Alvo só desejou ter a mesma sabedoria que Alvo Dumbledore, para poder pelo menos achar uma resposta para todas essas perguntas...

-O que houve? Você está com uma cara estranha... –disse Rosa, atracada em uma panqueca na hora do café da manhã.

-Só estou cansado por ontem. –resmungou Alvo.

Não era nenhuma novidade que ele não estivesse com uma cara ruim, ele mesmo não esperava que fosse diferente. Fora dormir tarde da noite, e quando conseguiu se livrar de seus pensamentos, fora atormentado por mais pesadelos sobre Bob Rondres. Acordara com sua cicatriz formigando, e rezara para que fosse apenas impressão sua, pois ele não queria acabar tendo se tornado uma Horcrux como o pai, afinal, Bob Rondres não ressurgira usando o seu sangue, e se tivesse que se entregar ao assassino para que o pedaço de alma que supostamente haveria dentro dele se destruísse, ele não sobreviveria.  

Ele queria apenas que as pessoas parassem de perguntar “está tudo bem?” e fazer comentários do tipo “você está com uma cara horrível, sabia?”. Se as pessoas sabiam que ele derrotara Bob Rondres, que salvara o irmão, e que era filho de Harry Potter, por que então ficavam perguntando essas coisas? Era de se esperar que soubessem também da tal Profecia e do pesado fardo que Alvo tinha que suportar todas as manhãs quando acordava e descobria que tudo aquilo não era apenas mais um de seus pesadelos. Sentia-se um pouco egoísta ao ficar com raiva das pessoas que andavam alegres pelos corredores e perguntavam se estava tudo bem ou então ficavam chateadas por coisas bobas e insignificantes, quando ele próprio estava enfrentando um destino inevitável terrível. Será que não entendiam que havia um assassino a solta? Será que não entendiam que não tinham que fazer um escândalo por terem que enfrentar uma semana horrivelmente chata com as aulas entediantes, quando Alvo Potter tinha que suportar isso e mais o fato de ser O Escolhido?

Tentando pensar em outra coisa que não fosse a Profecia, Alvo pegou-se elogiando a si mesmo em pensamento por ser um bom Vidente, pois as aulas daquela semana foram realmente chatas. Aliás, as aulas daquele ano estavam sendo exaustivas, fosse porque Alvo não conseguia prestar atenção, fosse porque nos momentos livres que tinham Rosa ficava comentando coisas sobre aulas.

A única coisa interessante naquela semana fora a outra briga do Prof. Denóires com o Auror Clodeck, Alvo sentiu-se um pouco culpado, pois deixara escapar para o professor que o Auror o impedira de ir ao banheiro desacompanhado, o que resultara nos dois tendo outra discussão sobre os direitos dos alunos, e, mais uma vez, Denóires teve de ser separado para evitar uma confusão maior.

Para melhorar a semana de Alvo, depois das aulas ele ainda estava tendo detenções. Guelch os fazia limpar uma sala de aula diferente a cada dia, obrigando os garotos a voltarem para a cama lá pelas duas da manhã. Era tão tedioso quanto uma aula de História da Magia. 

-Ah, finalmente terminamos! E olha isso! Ainda é meia-noite e meia! –exclamou Tiago apontando para o próprio relógio.

-Acho que estamos ficando melhores nesse negócio de limpeza, eh? –comentou Carlos, que estava sentado em cima de uma classe.

-Eu só quero ver a cara do Guelch quando descobrir que já terminamos! –disse Tiago, dando um enorme bocejo. Todos os Marotos, felizes pela última noite de detenção, seguiram para o escritório do zelador. Ele estava roncando em cima da escrivaninha. Fred abriu um largo sorriso quando viu a cena, Tiago já ia tirar uns Fogos Filibusteiros do bolso quando Rosa o intimidou com um olhar severo. Revirando os olhos, o garoto simplesmente bateu na porta.

-PIRRAÇA, EU TE PEGO! EU TE PEGO! –gritou o zelador, acordando de supetão. -Ah, são vocês... O que estão fazendo aqui?

-Já terminamos. –respondeu Tiago, inocente. Guelch apertou os olhos o máximo que pode, depois disse:

-Não podem! Usaram magia!

-E arriscar sermos expulsos? –indagou Fred. –Nem pensar... Já terminamos nossa cota de travessuras, vamos esperar vocês esquecerem para depois re...

-NUNCA! –exclamou o zelador, alterado. –Nunca na história de Hogwarts alguém invadiu uma sala comunal! Nunca!

-Nem mesmo o primeiro Tiago Potter? –perguntou Tiago, esperançoso. -E o Sirius Black? Duvido que eles não tenham...

Fez-se um minuto de silêncio em que Guelch encarou Tiago como se o garoto fosse explodir a qualquer momento. Alvo não pode deixar de rir ao observar as inúteis tentativas de Tiago de fazer uma cara inocente, mesmo quando não tinha culpa.

-Então, vocês vão... Vão limpar meu escritório! E não saiam daqui até limparem tudo! Está muito cedo para vocês irem se deitar em um dia de detenção, eu estarei lá embaixo, dando uma olhada no Pirraça.

E foi embora. Todos com caras bravas, menos Fred. Tiago até deixou escapar um sonoro palavrão, que foi visivelmente reprovado por Rosa.

-Ah, ótimo! –exclamou Alvo, mal-humorado.

-Mais duas horas perdidas, isso se não levar a noite toda com essa bagunça... –resmungou Carlos.

-Calma, meninos! –disse Fred tranquilo, sentando-se com os pés em cima da escrivaninha do zelador. –Ele não mencionou “não usem magia!”, mencionou?

Um brilho maroto perpassou o rosto de Tiago, mas nem mesmo isso deixou Alvo mais animado.

-Sentem, sentem, Marotos! –ordenou Tiago. –Vamos, acomodem-se! Deixem que o seu Presidente tome conta dessa bagunça, cortesia do Grande Tiago Sirius, mas não se acostumem, aproveitem que eu estou de bom-humor!

E, fazendo um gesto esquisito com a mão, o garoto foi limpando magicamente a sala. Em questão de poucos segundos, as únicas coisas fora do lugar eram os objetos na prateleira que Matt, Fred, Daniella e Tiago ainda observavam a procura de alguns pertences.

-Nossa, os alunos estão ficando espertos! Já não deixam ser confiscados objetos legais... Uma pena! –lamentou-se Tiago, observando um bisbilhoscópio.

-Ai, ai... Lembro do tempo em que achávamos... Pelas barbas de Merlin! Tiago, são eles!

Até mesmo Alvo ficou alarmado. Ele levantou-se tão rapidamente, com a mesma rapidez que os outros. Tiago, Matt e Daniella estavam rodeados com os olhos brilhando, sorrindo para um paninho velho e sujo. Alvo já ia se sentar novamente quando ouviu o irmão exclamar:

-É o espelho do Sirius! –disse, sorridente, e tirou do paninho sujo um vidro quebrado e um inteiro. Alvo olhou espantado para o irmão, e este olhou diretamente para ele quando falou: -Era do Sirius! Estava lá naquela caixa que o papai guarda coisas velhas, digo, raras... Eu roubei junto com o Mapa do Maroto, mas o Guelch confiscou no primeiro ano! Usávamos isso para nos comunicar!

-E por que ninguém nunca me falou do espelho? E por que eu nunca fico sabendo das coisas? –perguntou Alice irritada.

-Vai ver é porque sua cabeça tá cheia de zonzóbulos, eles atraem azar, não é? –riu Tiago.

-Não, não, os que atraem azar são os...

-Briolins. –completou Rosa rapidamente, incapaz de se conter. 

Alice concordou, e ficou olhando fixamente para um ponto até começar a dar uns tapinhas na cabeça, aparentemente acreditara no que Tiago falara, e este, por outro lado, tentava não rir.

-Não sei por que meu pai não me dá tudo que pertenceu a Tiago e a Sirius, pelo meu ponto de vista eu mereço tudo, não? É por isso que eu peguei o Mapa e o Espelho Mágico, mas ainda acho que ele devia me dar o Largo Grimmald 12 e a moto do Sirius, tento pegar aquela belezinha desde os cinco anos...

Fez-se um breve silêncio onde Tiago só faltava lamber o espelhinho. O silêncio só foi quebrado por passos apressados que vinham do andar abaixo.

-Guelch. –sussurrou Tiago. –Temos que sair daqui!

-O quê? –exclamaram todos, Fred até levantou-se da cadeira.

-Tiago está certo, - concordou o ruivinho. - se vamos pegar de volta, porque isso não é roubar, -acrescentou diretamente para Rosa, que parecia preocupada. –não podemos fazer isso perto do velhote, não é?

Houve um murmúrio de concordância em que Alvo espantou-se ao ver até a prima, visivelmente indecisa, consentir. Ainda um pouco irritado, pois ele próprio não tinha nada de Alvo Dumbledore, nem de Severo Snape, já Tiago conseguira “ganhar” algumas coisas do avô e do padrinho do pai, não havia razão para querer mais...

-ESPERE AÍ, PIRRAÇA, EU IREI VER O QUE AQUELES PIRRALHOS ESTÃO FAZENDO LÁ EM CIMA! –ouviram a voz de Guelch um andar a baixo. Aparentemente, Tiago associou a palavra “pirralhos” a eles, pois imediatamente falou:

-É agora! Salve-se quem puder! –e, embrulhando o espelho com todo o cuidado, saiu desembestado pelo corredor afora. Houve um grande tumulto na sala onde todos seguiram o exemplo do líder do grupo, e correram do escritório do zelador também, deixando apenas Alvo, Rosa e Carlos. Este último, parou ao ver que os dois amigos não estavam correndo, pelo contrário, estavam paralisados com cara de quem ficou perdido no meio da conversa. Talvez por não estar acostumado, mas Alvo achou que “salve-se quem puder!” não era um bom aviso para correr do zelador, e pela cara de Rosa, ela devia estar pensando a mesma coisa. A questão era que a voz do zelador irrompera do nada dentro de sua mente, atrapalhando seus pensamentos, por isso ele ainda estava num estado de choque, não que estivesse com medo...

-Estão esperando o quê? –perguntou Carlos, Alvo e a prima se entreolharam pouco antes de serem puxados por Carlos.

Alvo só começou a correr pra valer quando ouviu o barulho dos passos de Guelch se aproximando. Após uns dois minutos, eles quase bateram de frente com Tiago e os outros, que esperavam ofegantes em frente ao banheiro masculino.

-Ele está... Saindo da sala! –avisou Tiago, verificando o Mapa do Maroto. –Está vindo para cá!

-E para onde vamos? Não tem como voltarmos ao dormitório sem passar por ele! Não tem! –esganiçou-se Rosa, as bochechas com novas sardas (as novas características que estava ganhando do pai) muito vermelhas pela corrida.

-Calma, Rosinha! –disse Fred.

-Calma? Nós acabamos de terminar as detenções! Agora seremos expulsos de vez! –disse a menina, os olhos marejados de lágrimas. –E eu nem pude terminar os estudos! E as minhas chances no Profeta Diário? Eu ia falar com tia Gina para ver se conseguia um trampo por lá, mas... Agora, eu...

-Fica na boa, Rosinha do meu coração! –tranquilizou-a Tiago, que apesar da situação, ainda parecia muito irônico. –Não precisamos voltar para o dormitório agora. Só precisamos...

-O que focês estã fazendo? –perguntou Lotho Vonibah, que vinha saindo do banheiro.

-O que você está fazendo? perguntou Tiago se pondo a frente de todos do grupo, como se temesse que o garoto fosse fazer algo a eles. Alvo achou aquilo muito desnecessário naquele momento, afinal Lotho já provara que era amigo de Fred ao tentar defende-lo quando Alvo mesmo ficou com medo, e também Guelch estava a poucos corredores de distância.

-Fui ao banheirro. –respondeu Lotho.

-Nesse daqui? –questionou Tiago, os olhos muito apertados. –E por que não o perto da sua sala comunal?

-Eu vim aqui parra despistarr o Aurror que querria me acompanharr, não goste muito de irr acompanhade, me sinte desconforrtável...

Tiago examinou o garoto muito atentamente por uns minutos, Lotho desviou o olhar para Alvo, que já adivinhou o que vinha pela frente.

-Focê não tem medo de serr expulse? Querro dizerr, focê acabe de sairr de uma semana de detenção, mas... Acho que focê deve estarr mais segurro agorra que derrrotou o Lord das Trrevas, um fate muite grrande, mesmo sabendo que ele ainda está vive. –concluiu Lotho encarando Alvo, provavelmente esperando uma reação ou uma resposta, mas Alvo ficou calado.

-Ah, eh... Temos que ir, Tiago. –disse Carlos, apontando para o fim do corredor, onde era possível ouvir o barulho do zelador correndo.

-Certo, vamos! – concordou o líder, e saiu correndo novamente, dessa vez subindo pelas escadas.

Os Marotos o seguiram, Alvo ainda pode ouvir um “adeuss, Alfo Potterr, nos vemos porr aí!”. Correram, correram e correram. Dava para ouvir a respiração ofegante de cada um, porém, não podiam parar, não com Guelch podendo aparecer a qualquer momento por ali. E provavelmente estava, pois Tiago olhava no Mapa do Maroto e dava espiadas por cima do ombro. Subiram mais alguns andares, deram voltas por montes de corredores e pararam para descansar em frente a uma armadura, onde Tiago verificou bem para ver se Pirraça não estava dentro.

-Ele parou em um canto, provavelmente para dar uma respirada como a gente, mas não está muito longe. –avisou Tiago, apontando para o Mapa.

Ficaram em silêncio por uns minutinhos, o líder do grupo observava novamente o tal Espelho Mágico junto com Matt e Daniella. O silêncio, porém, não durou muito:

-Onde estamos? Sétimo andar? –perguntou Rosa.

-Ah, vejam só! Os bobões liderados pelo Potter vão ser expulsos sem dó! –ouviram a voz de Pirraça, e logo o poltergeist apareceu, flutuando de cabeça para baixo.

-Droga! –exclamou Carlos, Tiago escondeu rapidamente o espelho.

-Cai fora, Pirraça. –ordenou, mas o poltergeist não saiu do lugar.

-Ouviu ele, Pirraça, sai daqui. –disse Fred calmamente.

Pirraça sacudiu a cabeça e, emburrado, saiu voando. Tiago olhou perplexo para o primo:

-Como fez isso? O Pirraça nunca ouve nenhum aluno!

-Ele simplesmente me respeita, acho que tem alguma coisa a ver com o meu pai e o tio Fred, sabe.

-É, ou talvez, não! Veja isso!

Tiago ergueu o Mapa e eles puderam ver claramente o pontinho de Pirraça ao lado do de Guelch, provavelmente avisando onde eles estavam. O pânico que a pouco havia sumido reaparecera em Alvo. Agora, com certeza, seriam expulsos.

-Ai, certo! –disse Tiago nervoso. –Só preciso esconder o Espelho. Guelch não pode nos fazer nada, limpamos a sala dele, desde que ele não descubra o que pegamos, está tudo bem...

Ele embrulhou novamente o espelho no pano e foi até uma tapeçaria enorme de um bruxo que, aparentemente, tentava ensinar balé a trasgos.  Tiago parecia tão nervoso quanto os demais, provavelmente estava realmente preocupado de que dessa vez fosse expulso. Começou a andar de um lado para o outro, os olhos fechados, repetindo para si mesmo com a voz um pouco assustada “preciso de um lugar para esconder os espelhos!”.

Já era possível ouvir os passos rápidos de Guelch pelas escadas quando finalmente algo inacreditável aconteceu: ali, exatamente à frente da tapeçaria, havia brotado uma grande porta. Tiago estava tão confuso quanto os outros, mas quando ouviram a musiquinha de Pirraça aumentar, ele simplesmente abriu a porta e fez sinal para todos entrarem. Não foi preciso chamar duas vezes, Alvo correu para lá. Era melhor entrar em uma sala desconhecida do que enfrentar o zelador.

Quando todos entraram e Tiago fechou a porta, só então prestaram atenção no que havia dentro da sala. Estava completamente cheia de objetos, estantes repletas de coisas variadas como quadros, garrafas, livros, estátuas, globos, armários, bisbilhoscópios de bolso, artigos da Gemialidades Weasley e todo o tipo de coisa que Alvo podia imaginar.

Depois de desviar a atenção dos muitos objetos, foi que o garoto reparou nas paredes, estavam com a pintura queimada, ele olhou mais atentamente para os objetos e viu que tudo ali parecia ter passado por um incêndio, como se alguém tivesse posto fogo há muito tempo. Não era uma sala comum, era uma sala incendiada.


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Notas finais do capítulo

Gente, tenho a impressão de que eu já tinha postado esse capítulo aqui, não sei porque, mas também, eu já li umas setenta e sete vezes... Enfim, sabem que Sala é, né peoples? E O ESPELHO! O ESPELHO DO SIRIUS *-----* Own, Tiago está herdando tudo (na verdade ele está afanando tudo, mas eu considero, ok?), ele ainda não desistirá da moto e do Largo Grimmauld, hehehehehehe
Eu acho que vocês deviam recomendar a fic, só acho...