Alvo Potter E A Pedra Do Segundo Irmão escrita por Amanda Rocha


Capítulo 10
Um choque para os grifinórios


Notas iniciais do capítulo

Hello, Potterheads *---*
Bom, nesse capítulo teremos um choque para os grifinórios (avááh) e como sempre esses choques são causados pelo Tiago, nesse não vai ser diferente.
Lembram do último capítulo? Que o Tiago quase matou o Joshua (*--*), enfim, esse ato, apesar de ter sido mais que merecido, terá uma consequência, e essa consequência trará ainda outra consequência para os grifinórios... *O*
Divirtam-se!



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-O que aconteceu? –perguntou Harry à Tiago, que também estava um pouco ofegante. A varinha ainda erguida na direção de Joshua, o corpo trêmulo. –Filho, por que...?

Tiago sacudiu a cabeça negativamente e saiu correndo dali.

-Filho, espera! Tiago, volta aqui! –gritava ele, era visível que tinha um quê de brabeza em sua voz.

Todos os Aurores e Neville foram para perto de Joshua. Alvo correu até Matt.

-Por que ele fez aquilo? –perguntou.

Matt, que olhava fixamente para a direção em que Tiago saíra correndo, enfiou as mãos no bolso e respondeu:

-Tiago é muito esquentado. –e balançou a cabeça. –Claro, Joshua o provocou, mas... Bem, eu não sei, acho que talvez tivesse feito o mesmo se fosse comigo.

-Mas o que o Joshua falou? –perguntou Alvo.

-Bem, ele... –começou Matt, aparentemente incapaz de terminar. -Falou a baboseira de sempre sobre os Potter, Teddy, os Weasley e com um ênfase especial sobre o Fred.

-Eu pego ele... –murmurou Fred.

-Não, não pega. –disse uma voz. Eles se viraram e viram tio Rony parado às costas deles. –Seu pai mandou eu ficar de olho em você. Ele disse que não é pra você se meter com gente maior. Mesmo em companhia do Tiago. –acrescentou quando Fred abriu a boca para retorquir.

Depois que o pai de Alvo chegou, ele teve que jurar à Draco Malfoy (que aparecera logo que ouviu a notícia de que um aluno de sua Casa fora ferido) que Tiago nunca mais iria tornar a enforcar Joshua, o que Draco achou melhor dar uma detenção ao garoto para garantir. Rony pareceu um pouco contrariado, mas Harry, que parecia não querer mais confusão, aceitou.

Quando voltou do jantar e foi para a Sala Comunal da Grifinória, Alvo encontrou o irmão sentado à poltrona vermelha em frente à lareira, Matt, Daniella, Suzanna e Fred estavam mais adiante, observando ele de longe. Alvo se adiantou e sentou ao lado do irmão.

-Oi. –cumprimentou, para mostrar que estava ali, já que Tiago mirava tão concentradamente o chão que Alvo duvidava que fosse perceber sua presença.

-Hum... Oi. –murmurou o outro, um pouco seco.

-Você está bem? –perguntou ele.

-Estou. –respondeu Tiago com frieza, ainda sem encará-lo. Alvo teve um mau pressentimento, e perguntou:

-Tem certeza?

Dessa vez Tiago tirara os olhos do chão e olhou para o irmão. Seu rosto ainda estava torcido de raiva, Alvo não sabia bem o porquê, mas temia que seu palpite estivesse certo.

-Não, não estou! –disse ele rispidamente, a voz se elevando um pouco. –Escuta, quando cheguei, você já estava lá, apenas assistindo, como se estivesse vendo um filme. Por que não fez alguma coisa?

-Eles eram... Maiores! Eu não tinha chance! –tentou justificar Alvo.

-Então por que não chamou alguém? Por que não me chamou? Eu faria alguma coisa!

Alvo não respondeu. Era verdade. E como fora tão burro de não pensar nisso? Era óbvio que não tinha chances com eles, mas Tiago sim. Por que não correra até o irmão e lhe avisara? Teria sido mais útil do que ficar ali parado, esperando criar coragem.

-Eu... Não sei... –respondeu.

-Ah, não sabe? –perguntou Tiago irritado, levantando-se, a voz elevava-se a cada palavra. –Pois eu sei! É por que você é um tremendo covarde!

Alvo tentou não olhar para o irmão, mas não conseguiu. Ele estava certo. Alvo não o contrariava. Nem queria, estava cheio de brigar com Tiago, a experiência do ano anterior já lhe bastara.

Tiago fechou os olhos e passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os como sempre fazia quando estava nervoso.

-Desculpe... –murmurou, sentando-se novamente. –Eu fiquei meio que... Estressado com isso. Sou meio cabeça-quente, papai diz que eu sou invocado demais. Tenho que concordar com ele. Não sei o que deu em mim. Fiquei furioso com aquele idiota por estar batendo no Fred, mas não tinha intenção de... Você sabe, enforcá-lo daquele jeito. Mas depois ele começou a me provocar falando da nossa família, então eu perdi a cabeça e fiz aquela burrada. Não que eu me arrependa... –acrescentou sorrindo. –Só que arranjei uma grande confusão, mas creio que as pessoas já estão acostumadas com essas coisas quando estou por perto...

-Draco te deu uma detenção. –disse Alvo.

-Eu já esperava. –disse Tiago, encarando a lareira e estralando a boca. –Imagine se ele não iria fazer nada à respeito quando um amiguinho patético daquela lombriga pálida que ele chama de filho fora atacado. Ainda mais por mim, ele não perde a oportunidade. –Tiago suspirou. –O pior foi que papai me deu uma bronca.

-Como se isso fosse uma novidade para você. –retrucou Alvo.

-E não é, só que antes o meu castigo era ficar uma ou duas semanas sem jogar quadribol, sem visitar o Matt, longe dos produtos da Gemialidades... Agora, ele me proibiu de bater nas pessoas mesmo que elas estejam me aborrecendo!

-Mas você é o Tiago! –disse Alvo, defendendo-o. –Faz parte da sua natureza bater nas pessoas que te aborrecem!

-Exatamente! –disse Tiago. –E olhe que eu só bato em pessoas maiores que eu, a culpa não é minha se elas não têm capacidade de se defender... – ele afundou a cara nas mãos e deu um longo suspiro. –O que será da minha vida?

Alvo achou aquilo um pouco exagerado, mesmo para Tiago, mas achou que não seria muito bom falar isso no momento. Levantou-se e foi para o dormitório. Mesmo que o irmão tivesse lhe pedido desculpas, aquilo não saía da cabeça do garoto. Tiago era muito sincero e se falara aquilo, era verdade, Alvo sabia que era. Fora mesmo um covarde por não ter feito nada, admitia. Mas o pior fora ouvir aquilo de Tiago.

O garoto afundou-se na cama, numa tentativa de dormir e esquecer, mas sua cabeça extravasa pensamentos a cada segundo. Não foi uma atitude de grifinório, disse uma vozinha intrometida em sua cabeça, uma voz que lembrava muito a de Tiago. Talvez o Chapéu estivesse certo, você deveria mesmo ter ido para a Sonserina, lá eles não se arriscam pelos amigos... Alvo levantou-se subitamente sem perceber.

-Sou da Grifinória! –disse em voz alta, como se quisesse assim se convencer.

-Sério? Jurei que tinha te visto lá na mesa da Sonserina. –disse Carlos rindo, que acabara de entrar junto com Rosa.

-Está tudo bem, Al? –perguntou Rosa, mais preocupada que Carlos.

Alvo encarou-os. Sentia-se ridículo imaginando que contaria a eles que mais uma vez estava preocupado se fora posto na Casa certa, mas odiava ficar com coisas trancadas só pra ele. Sentou-se na cama e lhes contou tudo o que aconteceu. Disse como ouvira gritos de “briga” e se aproximou pata ver o que era. Contou que vira Fred apanhando para a turma de Joshua e que não fizera nada, e confessou-lhes que se sentia mal com isso. Quando terminou, Carlos e Rosa tinham caras preocupadas.

-Bom, Fred está bem... –disse Rosa. –Vimos ele lá embaixo, então...

-E também não acho que tenha sido sua culpa. –disse Carlos. Rosa o olhou rapidamente com uma cara de “como assim?”, mas disfarçou rapidamente. –Bem, foi meio que culpa do seu irmão. Ele vacilou com o Louis, não que eu não tenha gostado! – acrescentou depressa. –Mas, lembra o que o Joshua disse? Que o Tiago iria pagar? Bem, aquilo foi meio que uma vingança, não é? É óbvio que eles não podiam com o Tiago, mas tinham alguma chance com o Fred.

Alvo concordou.

-Eu achei que o Lotho estava junto, mas não. Ele estava do lado do Fred.

-Vai ver a Daniella está certa, Al. –disse Rosa. –E ele realmente é só um menino diferente.

Alvo sacudiu os ombros. Não queria pensar mais naquilo. Não fora culpa dele. Talvez em parte sim, mas não totalmente. Ele não podia fazer nada, a não ser chamar o irmão, mas agora não adiantava ficar se martirizando.

-E como foi a detenção? –perguntou, percebendo que não era o único que tinha problemas ali.

-Horrível! –respondeu Carlos, como se só estivesse esperando o momento em que ele perguntaria. –Draco nos fez limpar todas as gaiolas dos gnomos! Todas!

-Pelo menos agora você sabe qual é o tamanho de um gnomo. –disse Rosa, que por mais brava que estivesse, parecia ter achado a detenção razoável.

-Descobri isso a um custo! –disse Carlos mostrando o dedo polegar, que estava cortado. –Um gnomo me mordeu!

-Tudo bem! –disse Alice Longbottom que acabara de adentrar o dormitório. –Saliva de gnomo é muito benéfica para a saúde. Minha mãe...

-Publicou isso no Pasquim. –disse Rosa, quase imediatamente. Alvo sorriu, era engraçado ver como ela não resistia à responder uma pergunta.

Alvo olhou de Rosa para Alice, as duas meninas intrusas no dormitório dos meninos.

-Hum... Não é muito comum que as meninas venham, sabe... Aqui... –disse, tentando ser gentil.

-Ah, relaxa! –disse Alice fazendo um gesto com a mão. –Não se preocupe, só vim porque Tiago acha que você ainda está pilhado com ele.

Alvo teve vontade de murmurar um “sim”, mas achou que não fosse para tanto.

O silêncio continuou por ali por uns minutos, a única que não parecia incomodada com isso era Alice.

-Ah, e seu irmão está muito bravo, não está? Depois que atingiu a Amy... –disse Alice, como se não tivesse havido pausas.

-Hã... –fez Alvo. –Suponho que sim...

-Ah, deve estar. Ela estava realmente furiosa. –continuou Alice, um sorriso triunfante em seu rosto.

Na manhã seguinte, o Saguão de Entrada estava realmente barulhento, ainda mais do que normalmente estava. Alvo sentou-se na mesa da Grifinória ao lado de Carlos e Rosa quando um Pedro muito eufórico veio ao seu encontro, aos pulos, acompanhado de Patrícia:

-Já marcaram! O primeiro jogo da Temporada de Quadribol! Grifinória contra Sonserina! –disse Pedro.

-Ótimo! –disseram os três ao mesmo tempo.

-E, -continuou Pedro. –teremos treino dobrado, todos os dias da semana, portanto nem venha me arrumar detenção. Nem sei por que estou dizendo isso para você, essa mensagem era mais adequada pro Tiago... Bem, ainda tem mais uma coisa, você tem que... –e olhou para Patrícia.

-Dar o recado ao queridinho Malfoy. –completou a garota.

-Por que eu? –exclamou Alvo.

-Porque, bem... Eh, vocês são do mesmo ano, e eu... Estou, eh... Muito ocupado. –disse e saiu correndo aos pulos.

Alvo olhou para Carlos, que também estava com uma cara ruim.

-Pedro não tem medo dele, tem? –perguntou ao amigo.

-Acho que é mais por medo do pai dele. –disse Rosa. -Ouvi dizer que Draco está usando qualquer coisa para arrancar pontos e dar detenções ao Pedro.

-Ele só quer atrapalhar a Grifinória! Já que os jogadores dele não podem ganhar o jogo... –disse Carlos amargurado.

Rosa tinha razão. Draco Malfoy estava tirando pontos e dando detenções a todos os alunos do time da Grifinória. Pedro ficara depois da aula por ter feito um centímetro a menos em um trabalho; o professor gritou tanto com Patrícia que a garota ficou nervosa e deixou cair o vidro de larvas que segurava, e Draco lhe tirou cinquenta pontos e lhe deu uma detenção; mas, de fato, quem estava perdendo mais pontos era Tiago, que não conseguia se controlar e vivia dando respostas malcriadas ao professor, que achava isso um ótimo pretexto para prejudicar a Casa.

Mas mesmo com Draco usando toda a sua força para impedir o treino do time, eles foram muitíssimo bem no único treino em que todos puderam estar presentes, o treino do dia que antecipava o jogo. Já era tarde, mas Pedro não os deixara sair de lá nenhum minuto até que achasse que já haviam chegado ao auge.

-Muito bem, pessoal! –disse ele aterrissando. –Acho que é isso. Fomos realmente bons, temos chance com a Sonserina o que prova que...

-Mesmo que aquele panaca tente nos prejudicar, somos os melhores. –completou Tiago.

-É, isso também. –concordou Pedro. –Mas eu ia dizer que isso prova que não há motivos para nervosismos, perdas, briguinhas, -seu olhar foi de Scorpius, que estava montado na vassoura olhando feio para Fred que retribuía do mesmo jeito, depois para Tiago e Alvo. –Então não vejo razão para não irmos bem. E precisamos, é claro, começar com o pé direito, já que não tivemos um bom ano de jogos no anterior...

-De novo esse papo de ano anterior? –perguntou Tiago entediado. –Cara, já é a quinta vez que você fala isso. Fomos horríveis ano passado, já sabemos, mas quem vive de passado é museu!

Pedro olhou feio para Tiago, mas quando ouviu os murmúrios de concordância, logo deu um sorriso que Tiago retribuiu de um jeito muito forçado e não fez questão de mudar.

Quando Pedro finalmente os liberou, todos voltaram ao castelo. Tiago e Fred vinham cochichando o tempo todo, Alvo não fazia ideia do que conversavam, mas teve uma ideia do que era quando os dois se separarem depressa ao verem Malfoy se aproximar.

Alvo demorou um pouco a dormir. As imagens do treino e de Pedro lhes dizendo sobre o ano horrível que tiveram no anterior giravam em sua mente. O garoto ainda sentia-se mal, como o artilheiro do time, tinha grande responsabilidade sobre o jogo. Não que estivessem mal, o treino fora realmente bom. Tiago não demorava mais de dez minutos para capturar o pomo; Patrícia, Pedro e ele estavam marcando gols com uma certa facilidade; Fred se dava muito bem com os balaços e até mesmo Scorpius estava indo bem. Claro que no dia do jogo seria realmente mais difícil, mas o menino sorriu ao imaginar-se sendo carregada pelos colegas de time, ao fim da partida em que ganharam de duzentos gols à frente, metade deles marcados por Alvo.

Ele ainda teve um sonho engraçado aquela noite: primeiro estava jogando quadribol e estava indo realmente muito mal, mas depois descobriu que o que estava o prejudicando era o Auror Clodeck, que não parava de segui-lo para ter certeza de que nada o faria mal. Então o Prof. Denóires saiu voando da arquibancada e veio brigar com o Auror, e Neville, que queria evitar mais brigas, encerrou o jogo rapidamente dando a vitória e a Taça do Campeonato para a Grifinória. Alvo admitia que o sonho era um pouco bobo, e que a probabilidade disso acontecer no jogo de amanhã era muito remota, mas ficou feliz e deu boas gargalhadas ao ver cara que Draco e os sonserinos ficaram ao perderem o Campeonato.

Acordou com os gritos dos colegas de dormitório, mas dessa vez não ficara bravo com eles, os jogos de quadribol sempre o deixavam disposto. Vestiu-se depressa e correu com Carlos e Rosa até o Saguão de Entrada. Grande parte do Salão era feita de vermelho e dourado, Alvo surpreendeu-se ao ver que até alguns alunos da Lufa-Lufa e Corvinal traziam grandes faixa com as cores da Grifinória. Somente os alunos da Sonserina estavam com faixas e cartazes verde e prata, mas Alvo pode ver alguns, como Kate Lêx, que usavam bandeiras verdes, apesar de serem praticamente os únicos de sua mesa a fazerem isso.

-Ela só está sendo caridosa com o irmão. –disse Rosa, quando Carlos soltou uma onda de xingamentos sobre Kate. –Mas no geral ela é bem legal.

Carlos fez um estalo com a boca, o que Alvo considerou como um “até parece”, e aparentemente Rosa também, pois imediatamente foi sentar-se com Holly Dovscoll e Annie Elóick.

Um pouco antes do café da manhã acabar, Harry veio até a mesa da Grifinória desejar-lhes boa-sorte, o que resultou em um monte de alunos pedindo para apertar sua mão e até mesmo um garotinho pedir-lhe um autógrafo.

-Ah, e eu também queria dar uma palavrinha com você. –disse sentando entre Tiago e Alvo, após cumprimentar o último aluno que saiu correndo de felicidade.

-Fala. –disse Tiago, com a boca cheia de mingau.

-Filho, lembra quando eu disse que você está proibido de bater nas pessoas? –Tiago abriu um grande sorriso.

-O senhor vai mudar de ideia? –perguntou esperançoso.

-Não. –disse Harry, Tiago murmurou algo como “bem que eu desconfiei”. –Não, eu só quero reforçar.

-Tudo bem, já entendi, nada de bater nas pessoas, por mais idiotas, nojentas, ignorantes e sonserinas que sejam, já sei. –disse Tiago com um ar entediado, engolindo uma generosa quantidade de mingau.

-E isso inclui os jogos de quadribol, o que quer dizer que você não vai poder esbarrar, empurrar, chutar, bater, ou arrancar o bastão do batedor e acertar o apanhador adversário, certo?

Tiago engasgou-se muito depressa ao ouvir isso, e começou a ficar roxo.

-Anapneo! –disse Harry prontamente. Já executara esse feitiço em Tiago um milhão de vezes. O garoto surpreendia-se muito fácil, e isso somado ao fato de que cada colherada sua fosse como a última que existisse no mundo, resultava em um afogo.

-Mas... Pai! –exclamou Tiago, massageando a garganta. –É quadribol! Eu preciso dar uma bastonada no apanhador adversário! –Harry encarou-o feio. –Tudo bem, esquece a bastonada, mas eu preciso dar nem que seja um chute!

-Não, não precisa. –retorquiu Harry. –Eu já joguei na mesma posição que você e não precisei dar bastonadas nem chutes em ninguém.

-E o seu pai? –perguntou Tiago. –O meu avô? Aposto que ele batia...

-Não duvido nada. –disse Harry com simplicidade. –Mas você não precisa.

-Bom, tecnicamente, - disse Pedro, que veio sentar-se com eles também. –ganhamos a maioria dos jogos porque as pessoas têm medo do Tiago.

-Está vendo? –disse Tiago. –O senhor vai conseguir dormir à noite sabendo que prejudicou não só o seu filho, que a propósito não fez nada de mais, mas também o time inteiro da Grifinória?

-Farei um esforço. –disse o pai. –Vocês são bons, não precisarão amedrontar os adversários.

Pedro murmurou algo como “agora estamos ferrados”.

Tiago, Alvo notou, parecia um pouco mais feliz por certa oriental da Corvinal estar usando um cachecol da Grifinória, mas rapidamente mudou a expressão ao virar o rosto para o lado da Sonserina e ver que Scorpius falava alguma coisa a Edgar Vultroth que sorria ao receber a notícia.

-Miserável! –disse Tiago. –Aposto como ouviu tudo o que o papai falou e agora está indo dar a notícia àqueles ratos nojentos.

Alvo deu tapinhas solidários no ombro do irmão. Não estavam totalmente perdidos, não tinham ido tão mal ao treino, mas realmente a maioria dos jogadores da Sonserina mantinha uma pequena distância de Tiago.

O irmão do garoto parecia um pouco desanimado mesmo. Nem chegou a fazer piadinhas quando estavam no vestiário, ficou o tempo todo de cabeça baixa. Fred, fiel ao amigo, estava do mesmo jeito, nem estava implicando com Scorpius.

Alvo também não estava muito animado. Sempre ficava nervoso antes dos jogos.

-... E Tiago, por favor, não fique com essa cara ou eles saberão que você não pode... Bater neles.

-Como se já não soubessem, com esse bocudo aí... –disse Tiago indicando Scorpius que mal deu uma leve corada. –Mas não se preocupe, eles não vão perceber esse pequeno detalhe, Pedro. –e levantando-se, empurrou Scorpius contra a parede: -E você, sua lombriga anêmica Jr., trate de rebater os balaços, ouviu? Se eu souber que você deixou um balaço atingir meu irmão...

-V-Você não pode me bater, seu pai... –gaguejou Scorpius.

-O que não me impede de... –ameaçou Tiago, mas Pedro o cortou:

-Ah, Tiago, por favor, não faça nada que vá fazer seu pai te dar outro castigo que possa nos prejudicar...

Tiago revirou os olhos. Todos se enfileiraram prontos para sair, com as vassouras nos ombros. Alvo ouviu Tiago cochichando com Fred “se ele vacilar, meta-lhe o bastão na cara” e o garoto concordou. Alvo riu.

As portas se abriram e os jogadores montaram as vassouras e saíram voando. Os gritos da torcida logo invadiram o estádio. Alvo adorava essa sensação, podia dizer que era uma das partes em que mais gostava no jogo, pois só tinha que voar e ainda não precisava preocupar-se com balaços e nem com os gols que tinha de marcar.

Eles desceram e pararam de frente aos jogadores da Sonserina.

-Capitães, apertem as mãos. –disse a Prof.ª Filepów.

Pedro se adiantou e apertou a mão de Edgar Vultroth que deu uma boa olhada em Tiago e deu um sorrisinho. O capitão da Sonserina crescera no mínimo quinze centímetros no verão, e ainda assim era apenas uma cabeça maior que Tiago.

-Quando eu contar três.  Um... Dois... Três!

-E a goles é lançada! –ecoou a voz de Guto Rendrow. –E Alvo Potter já tem a posse dela! Mas que garoto... Eu bem que soube que ele seria assim, ah, mas é claro, filho de Harry Potter com Gina Weasley, não preciso lembrar que todos os tios desse garoto foram ótimos jogadores, ele tem uma ótima genética e...

-Com licença, Sr. Rendrow, - interferiu a vice-diretora, Prof.ª Margarete. - mas, creio que o seu dever como irradiador de jogos de quadribol é irradiar os jogos, não ficar fazendo comentários pessoais sobre seus jogadores favoritos...

-Ah, claro, sim, sim... –continuou Guto fazendo uma careta. –E então a goles está com o Lepos, que faz uma jogada dinâmica com a Kentill, que também é uma ótima jogadora, e ela passa para o Potter que vai e... Ponto para Grifinória! Dez à zero para os leões! E enquanto isso o outro Potter está em uma batalha cerrada com Guilherme Weich em busca do pomo!

Alvo, que havia estado tão feliz com o gol que acabara de fazer quase caíra da vassoura, desviou o olhar para o irmão. Guilherme não parava de lhe dar encontrões, o que nunca acontecera, pois Guilherme geralmente tentava manter distância de Tiago desde que o garoto lhe dera um soco no primeiro ano após capturar o pomo.

Após quarenta minutos de jogo, ficou muito evidente que Scorpius realmente andara falando para todos os amigos que Tiago não podia bater em ninguém. O jogo estava cerrado, porém a Sonserina estava com sessenta pontos à frente. Pedro estava com um mau-humor do cão, não parava de gritar com as pessoas:

-MALFOY, VÊ SE PRESTA ATENÇÃO NO QUE ESTÁ FAZENDO! MARCOS, VOCÊ NÃO VIU QUE ELE ESTAVA INDO PARA A DIREITA? POR QUE VOCÊ FOI PARA A ESQUERDA?

Alvo não o culpava. Ele mesmo não estava nada feliz, parecia que o grande talento dos sonserinos se revelara. Bom, Edgar Vultroth sempre fora um bom jogador, mas sempre as técnicas que Pedro usava davam certo.

Desta vez, porém, o goleiro, Roberto Dangers, parecia mais confiante. Os artilheiros desviavam-se dos balaços com mais agilidade do que costumavam ter, Alvo presumiu que normalmente eles eram ruins por ter que cuidar não só dos balaços, mas também de Tiago que poderia surgir do nada  dar-lhes um soco quando achava que era necessário.

Fred e Scorpius também pareciam estar com dificuldade para rebater os balaços. Fora a primeira vez que Alvo vira os dois discutindo táticas de rebatidas em meio ao jogo, mas este momento não durou muito, pois Fred saiu correndo ao ver Luke Chockie arremessar um balaço na direção de Tiago. E falando no apanhador da Grifinória, ele parecia que estava tendo um sério problema com controlar sua raiva. Alvo olhou para os lados, Patrícia e Pedro acharam melhor barrar os jogadores quando chegassem perto das balizas, com essa desculpa, Alvo foi se aproximando mais do local em que Tiago tentava desviar-se do balaço.

-Dificuldades aí, Potter? –perguntou Weich, que parara de perseguir o pomo só para observar o adversário fazendo tentativas de se safar da bola que o perseguia.

-Vai se ferrar, Weich! –berrou Tiago, enquanto dava um loop no ar, e assim despistou o balaço.

-O POMO, SEU IDIOTA! –gritou Patrick Galdevicson, que vinha vindo com a goles na mão. Guilherme Weich imediatamente desatou a voar em uma direção em que provavelmente estaria o pomo. Tiago o seguiu.

-ALVO, OLHO NO GALDEVICSON! NO GALDEVICSON! –berrou Pedro.

Foi só então que Alvo voltou a si. Estava tão concentrado no irmão e em Weich, que sequer dera-se por conta de que devia ter segurado Patrick, que a esta altura já estava a metros de distância. O garoto deu um forte impulso na vassoura, que para sua sorte era muitíssimo rápida, e um segundo depois estava ao lado de Patrick, que já estava alcançando as balizas.

Galdevicson tinha a goles muito protegida sob o braço direito. Alvo deu-lhe um empurrão. O adversário olhou-o e o empurrou ainda mais forte, o garoto se desequilibrou e acabou virando o rumo da vassoura e indo parar em cima de Edgar Vultroth, que o ultrapassou tão rapidamente que Alvo nem sabia para onde tinha ido. Decidiu voar diretamente às balizas junto com Pedro e Patrícia, onde um Marcos nervoso aguardava apreensivo por Patrick.

Os três artilheiros da Grifinória cercaram os da Sonserina, mas antes que Patrick pudesse lançar a goles, uma onda de vaias e aplausos ecoou da arquibancada e pode-se ouvir a voz de Guto:

-E o pomo é capturado! Sonserina ganha de duzentos e oitenta a setenta!

Alvo olhou. Na outra extremidade do campo, Guilherme Weich segurava o pomo e o mostrava aos sonserinos da arquibancada que agora vibravam. Mais abaixo, Alvo pode ver seu irmão aterrissando com a cara muito zangada. O garoto o seguiu.

-Tiago... –chamou, mas o irmão sequer o olhou. Pôs a vassoura no ombro e seguiu em direção ao vestiário.

Alvo, junto com o resto do time da Grifinória, o seguiram. Cinco minutos depois, todos estavam sentados nos bancos do vestiário do time, onde sempre se reuniam antes e depois dos jogos. Geralmente os jogadores ficavam muito felizes ou ansiosos neste local, mas hoje, todos estavam desapontados e estressados. Tiago era o mais desanimado deles, estava sentado no último banco e tinha a cara tampada pelas mãos.

Pedro levantou-se abruptamente. Começou a andar de um lado para o outro, depois parou, com os olhos fechados, mordeu os lábios e disse:

-Acho que uma palavra que define bem o jogo de hoje é...

-Fiasco. –completou Patrícia.

Pedro a encarou um pouco zangado, mas depois respirou fundo e disse:

-Não, não foi um fiasco. –todos o olharam, inclusive Tiago. –Apenas não treinamos o suficiente.

-Treinamos o mesmo que sempre treinamos! –disse Marcos.

-Exato! –disse o capitão apontando um dedo na direção do goleiro. –Nós sempre treinamos pouco porque tínhamos uma arma secreta! Tiago! Nenhum jogador se atrevia a... Bem, eles tinham que tomar cuidado, não é? Tiago podia dar-lhes uma bronca no meio do jogo se quisesse, isso fazia com que eles fossem menos, eh, bons.

Fez-se uma pausa em que todos os jogadores miravam Tiago.

-Talvez tivéssemos ganhado se Potter tivesse apanhado o pomo, duas vezes ele passou por você! –disse Marcos quebrando o silêncio.

-Também teríamos ganho se você agarrasse a goles em vez de ficar viajando por aí, porque ela passou mais de dez vezes debaixo da sua fuça! –berrou Tiago indo em direção a Marcos, que imediatamente levantou-se.

-Ei, meninos! –disse Pedro, interpondo-se entre eles. –Chega! Não foi só o Tiago, ou o Marcos que erraram! Todos nós erramos! Mas todos nós acertamos!

-O quê? –exclamou Scorpius. –Fomos horríveis!

-É, mas é exatamente por isso! –disse Pedro. Era visível que ele estava improvisando, e todos estavam espantados, geralmente o capitão não era muito delicado com eles após irem mal a um jogo. –Olha, não é para ninguém aqui ficar se culpando. Nunca perdemos um jogo em quatro anos, eu sei, mas tem uma primeira vez para tudo. Uma primeira vez para artilheiros não acertarem as balizas; uma primeira vez para os batedores terem que soar a camisa para conseguir dar conta dos balaços; uma primeira vez para goleiros ficarem distraídos e nervosos e não agarrarem a goles; e uma primeira vez para perder o pomo para o adversário, Tiago. Hoje foi a primeira vez, mas temos muito que te agradecer. Você nunca nos deixou na mão, mas sempre há uma primeira vez.

Tiago pensou em discordar, mas contentou-se em sentar-se no banco novamente. Pedro deu outro longo suspiro, depois disse:

-Estão liberados. E o próximo treino fica para a quinta da semana que vem. Vamos dar o nosso melhor para que no próximo jogo Grifinória-Sonserina, saiamos de lá vitoriosos!

Todos aplaudiram, Tiago e Marcos de má vontade. Alvo, por outro lado, concordava inteiramente com o capitão. Havia uma primeira vez para tudo, e não fora culpa de Tiago que ele perdesse. Não fora culpa de ninguém, para dizer a verdade, eles foram apenas pegos de surpresa, o que Alvo não podia negar, resultou em um choque para os grifinórios.


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Notas finais do capítulo

Esperavam isso? Acho que nem eu esperava fazer os grifinórios perderem, acreditem, foi um choque para mim também... Enfim, semana que vem teremos Dia das Bruxas, e é claro que não vai faltar as travessuras providenciadas por Tiago acompanhado pelos Marotos, então vocês já podem imaginar o que vem...
Recomendação, please?
Good bye, peoples, e até semana que vem *--*