A Última Carta escrita por Camí Sander


Capítulo 7
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Notas iniciais do capítulo

Bem, passou-se um tempo. O que a Bella está fazendo? Será que ela está feliz? Edward lhe mandou a carta? Ele ficou com Juh?



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Bella Pov.

Três longos anos se passaram. E eu ainda estava sozinha. Tinha acabado meus cursos de moda, embora não fosse muito chegada a isso, mas tinha um bom emprego em uma facção renomada em todo o país de roupas em geral.

–Estamos pensando que esse não é seu lugar, benzinho! – Angela, minha colega e chefe, me disse mordendo os lábios, sorrindo um pouco.

Claro que não era meu lugar! Mas eu nunca faria esse comentário, pois eu precisava de dinheiro para me sustentar e ajudar a pagar os gastos de minhas irmãs.

–Como assim? Estão me despedindo? – senti-me totalmente rejeitada, como se fizesse tudo errado novamente. – Mas, o que eu fiz, realmente, de errado?

–Não, Bella! – ela suspirou e colocou a mão no meu ombro. – Mandamos seu currículo, e uma recomendação, para uma das maiores grifes do país. E eles aceitaram. Você vai trabalhar em outra cidade, provavelmente em outro país. Sentirei sua falta aqui, com essa sua tranquilidade toda.

Eu ri um pouco. Tranquilidade! Eu tinha era distração demais para fazer tudo ao automático. Meu mundo girava em torno do resto da minha família. Os problemas dos outros eram simples e dispensáveis para a minha preocupação.

–Sentirei sua falta também, Ang! Mas, para qual grife eu trabalharei?

–Colcci.

–Comprada pela família Cullen no último binário? – apavorei-me.

–Exato – ela sorriu. – Dizem que a estilista é melhor do que eu!

–Nunca vi os desenhos dela. Mas ela é uma boa pessoa, sem sombra de dúvidas. Um pouco maluca e não deveria ser estilista tão nova, mas fazer o que? É a vida dela!

–Conhece-a?

–Toda a família. Alice foi minha amiga quando na escola. Uma verdadeira pestinha – eu ri.

Alice me chamava de cunhada sempre e vinha me receber com um dos mais apertados abraços todos os dias. Quando ela não ia ao colégio, eu ficava preocupada. Ela era como uma das minhas irmãs. Mesmo que o idiota do irmão dela não me achasse digna. Bem, Edward era o grande modelo/engenheiro da Colcci. Ou seja, ninguém importante.

–Então vai se dar bem lá – ela me abraçou forte e me desejou um bom recomeço. – Faça contato logo! – ordenou lançando um daqueles olhares que não me permitiam discutir.

–Prometo, chefe! – eu sorri erguendo a mão direita. – Quando vou?

–Segunda-feira você vai estar lá. Ou seja, vai arrumar suas réguas e desenhos técnicos que você vai sair mais cedo para comemorar. É sexta. Divirta-se.

–Em casa.

Depois daquilo tudo, eu, com meus 20 anos completos, saía do meu primeiro trabalho para uma vida nova. Saí da empresa com um aperto no coração e uma promessa de que tudo, dali para frente, melhoraria. Eu não gostava de mudanças repentinas, mas essa até que estava me deixando feliz!

Eu fazia contato com Jacob. Como ele vivia em outro estado, era fácil falar tudo. Ele era um dos melhores garotos com quem eu já me relacionei. Vamos voltar aos fatos; um dos únicos no qual permiti acessar ao meu coração. Ele ainda estava noivo da Bianca, mas vivia dizendo que não tinha certeza de amá-la. Vivia me enchendo de esperanças falsas, nas quais eu não caia mais tanto. A última vez que falei com ele, no domingo passado, ele pediu meu endereço e, como eu tinha certeza de que ele não viria, passei meio por alto. Não falei o número da casa e ele nunca que subiria o morro inteiro até ela.

Já Edward e Alice, eu só tinha notícias pelo facebook. Isso até Edward me tirar da lista de amigos dele e da irmã. Bem, não me importava tanto. Se ele queria ser feliz sem manter contato, poderia, embora eu estava cumprindo a promessa de que eu estava tentado amar com a alma, já que meu coração continuava com ele.

Aquela fora minha última carta. Era outra promessa cumprida. Mas Edward ainda tinha o sorriso mais bonito que eu já vira na face terrestre.

–Menos pelo meu! – falou Benjamín ao meu lado, de repente.

–Que susto, idiota! – bati em seu ombro. – Nunca mais faça isso, babaca de marca maior! Você me paga, Ben!

Ele riu. Cara de pau! Benjamín nunca se afastou de mim. Ele era meu irmãozinho mais querido desde que eu nunca tive um irmão homem. Mas depois que Pedro nasceu e eu comecei a ter um irmão homem, Ben estragava a criança, quase, de tanta idiotice que fazia. Ele vivia aparecendo sem ser chamado e quando eu o chamava, ele nunca atendia.

–Vou pagar como? – ele me fez cócegas. – Se você não consegue me pegar! – e sumiu.

–Rafael Benjamín Sander, volte aqui, seu filho da mãe! – gritei, correndo pela casa.

Mas não deu, ele saiu ileso novamente, me deixando sozinha para comemorar minha “promoção” à Colcci. Quando liguei para minha mãe, contando a novidade, ela só faltou me abraçar pelo telefone. Acalmei-a rapidamente e desliguei.

Agi normalmente, como se eu estivesse apenas numa sexta-feira comum. Mas logo começou a ventar e cair uma chuva tremenda. Então, peguei um cobertor e fui assistir televisão, coisas que eu só fazia quando não podia usar o computador, no escuro mesmo. Eu não tinha paciência para ficar apagando as luzes, então, mal as acendia.

Passava um pouco das seis da manhã, a chuva ainda era tremenda, e eu fazia um café, já puxando o cobertor para a sala novamente, quando ouvi o portão ser aberto. Era a casa do meu pai, então, como ele colocara o portão todo fechado com altos muros quando ainda éramos crianças, ele deixara uma fresta para quando esquecêssemos da chave para abrir ao pequeno – traduzindo, nunca abríamos o pequeno.

Voltei para o quarto e, como estava escuro o suficiente, fiquei o mais quieta possível, para fingir que não tinha ninguém em casa. Mas esqueci o CD rodando baixinho. They Don’t Know About Us. Era uma das minhas músicas favoritas, embora estivesse um pouco velha.

–Isabella! – chamou alguém na porta da sala, batendo freneticamente. Não reconheci a voz. – Bella! Bella, por favor! Abre a porta! Bella, eu estou com frio!

Não fiz som algum. Esperava que ele fosse embora. Eu não o conhecia, caramba. Então, os passos saíram da chuva, chapinhando pela garagem até a porta da cozinha. E ele voltou a bater com força, fazendo um tremendo eco pela casa.

–Bella! Sou eu, Jacob! Sei que essa é sua casa! Sinto que é. – ele gritava do lado de fora. Jacob? O que ele fazia aqui? – Estou escutando a nossa música! Ei, eu vou morrer de frio aqui! They Don’t Know About Us! Você cantou para mim enquanto eu deitava em seu colo! Bella, por favor! Eu estou com muito frio! Aqui é frio demais!

Ah, não! Era mesmo Jacob! Ele viera! E ele sabia. Tinha que ser ele. Corri para a porta da cozinha, destrancando e abrindo rapidamente.

–Jake? – perguntei antes de abrir o suficiente para ele passar.

Ele empurrou a porta, me pegando nos braços e dando-me um beijo daqueles de cinema. Enquanto me beijava, ele adentrava na casa e me conduzia para o balcão. Ele estava encharcado e frio. Separei-me de seus lábios, empurrando ele aos poucos para longe.

–Deus, Jake! O que faz aqui?

–Senti saudades suas. Você não entrou ontem, como combinamos.

–Eu não falo de estar na minha casa, mas aqui nessa cidade, nesse estado, com essas roupas todas molhadas! Você está todo gelado! Nem parece ser você!

Jake me apertou um pouco mais contra si, sussurrando no meu ouvido:

–Por que? Alguém mais vem aqui e te arranca um beijo assim, além de mim?

–Garoto grudento! – Benjamín fez careta, encostado na porta.

–Cala essa boca, seu idiota, você não tem nada a ver com isso – rosnei baixinho, quase que só mexendo os lábios.

–O que disse? – Jake me olhou, confuso.

–Nada não – sorri. – E então, você vai adoecer se ficar com essa roupa molhada.

–Verdade – ele começou a se despir.

–Ei, o que está fazendo?

–Me livrando da roupa molhada – ele deu de ombros, já sem camisa.

–Certo, vá para o chuveiro. É melhor.

–Vem comigo?

–Depois – sorri dando uma piscadela. Não, nem morta. Pensei.

Ele foi para o banheiro, deixando a porta encostada. Ouvi o box ser fechado e suspirei de alívio. Pelo menos isso ele tinha decência. Procurei pelos armários umas roupas masculinas que eu tinha, por causa da empresa. Eu revendia algumas peças de segunda mão. Bem, acho que mandaria o dinheiro para Ang na segunda mesmo.

Quando achei peças que talvez servissem, peguei uma toalha e coloquei para ele no banheiro. Fui ver televisão e terminar o café, tirando o CD e fechando a porta. Quando estava com uma xícara de café fumegante nas mãos, Jacob apareceu na sala, parecendo bem melhor nas roupas secas.

–Oi, bebê – ele me deu um beijo na bochecha. – Obrigado pelas roupas. Mas fiquei esperando você e você não apareceu – ele fingiu mágoa.

–Quis te dar um pouco de privacidade – dei de ombros, sorrindo e dando espaço para ele se sentar. – Afinal, você ainda está noivo. E não é meu.

Ele bufou, chegando mais perto, pegando a xícara da minha mão e colocando no chão.

–Ela é uma patricinha, amor. Cansei dela e de todo aquele gloss.

–Avisado foi. – fiz cara de convencimento.

–Você tinha razão, bebê – ele se aproximou para me dar um selinho, mas eu me afastei. – O que foi, bebê? Você não me quer?

–Por acaso você já terminou com ela?

–Com ela? Quem?

–Bianca – revirei os olhos.

–Ainda não. Mas prometo terminar assim que voltar para lá.

–Então façamos assim: até que você tenha coragem de terminar com aquela de lá, você não pode beijar essa daqui. Ok?

Ele resmungou algo, cruzou os braços e se ajeitou, fazendo um beicinho. Eu ri da careta dele e, só para que ele ficasse um pouquinho mais feliz – eu não gostava de deixá-lo triste, de jeito nenhum –, dei um beijinho na sua bochecha.

–Quero café, então, já que não posso ganhar beijo.

Ri de seu fingimento. Era bem provável que eu acabaria cedendo àqueles olhinhos pidões, mas não tão cedo. Levantei rapidamente, pegando a minha xícara, entornando todo o café e indo buscar mais para mim e para ele.

–Bem atrás de você – sussurrou Benjamín antes de duas mãos segurarem minha cintura possessivamente.


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Notas finais do capítulo

E então, será que isso vai dar certo? Jake morava longe, eles nunca tinham se visto, mas ele já chegou querendo mais do que amizade. Ela vai resistir à pegada de Jake? À persistência do menino?



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