Edward Pov.

Tudo estava acabado em minha vida. Eu, Edward Anthony Masen Cullen não queria mais trabalhar, menos ainda, sair.

–Edward, saia do quarto! – ordenou Esme.

–Ela beijou-o, mãe! Está feliz sem mim! – sussurrei tão baixo que ela não poderia ouvir.

–Abra a porta agora, Edward! – gritou Alice.

–Vá para o raio que te parta, Alice! Você não tem nada a ver comigo!

–Tenho sim! Ah, se tenho! – ela retrucou. – Sabe aquelas cartas para a Swan? Mandei para ela ontem à tarde!

Meu queixo despencou. Não. Alice não falava sério! Mexi em meu guarda-roupa, onde costumava guardar, e não achei. Talvez eu tivesse colocado em outro local e me esquecido. Procurei pelo quarto todo, jogando tudo o que encontrava na frente. Por fim, encontrei um envelope. Antes de virar para ver se era o certo, fechei os olhos e rezei para que fosse. Quando vi, abri a porta com tudo e prensei minha irmã contra a parede.

–O que fez? – rosnei.

–Ela precisava saber, Edward. Ela precisava... – Alice começou a chorar.

Soltei-a e desabei no chão.

–Imbecil! Ela não se importa! Está com outro agora mesmo, aposto que estão presos no quarto, se amando – cogitei enojado.

–Do que está falando? – ela se sentou ao meu lado, abraçando minhas costas.

Flash Back On

Eu estava sentado em um dos bancos quando a vi sozinha na grama, conversando pelo celular. Parecia aflita. Talvez eu pudesse ajudá-la. Ah, a quem eu estaria mentindo? Eu estava louco para vê-la novamente! Faziam três anos que eu não ouvia mais sua voz! Três terríveis e cruéis anos! Levantei-me e comecei a andar ao seu encontro.

O que vai dizer, Edward? Olá, lembra-se de mim? Argh, coisa mais idiota! Não, definitivamente. O que ela espera que eu faço? Se eu chegar como cheguei em Juh ou Elisa ou qualquer outra... ela me mata. Ela não é como nenhuma outra. E agora tinha 20 anos. Nunca que eu cantaria alguma garota na cara dura do jeito que eu fiz com 17. Ainda mais a Bella! Uma pequena e delicada flor que morria de vergonha. Será que ela ainda é assim?

Não, espera! Um bilhete. É, melhor. Papel, papel...

Procuro um papel nos bolsos até que encontro meu bloquinho de notas. Ótimo, sempre soube que precisaria dele um dia. Por sorte, ele vem com uma caneta miniatura. Escrevi rapidamente a primeira coisa que veio em minha cabeça, e voltei para a sua direção.

Meu coração estava pior do que o de um coelho. A pequena folha tremelicava presa em meus dedos. E eu não me sentia preparado para fazer um “primeiro contato”. Mas como assim, Ed? Eu não me acreditava nisso. Nunca fui assim. Ainda mais pela Bella!

Ela é minha amiga. Chegou a ser, eu acho. Nunca leria nada que não era devido. Eu queimaria aquelas cartas logo que chegasse à minha casa. Principalmente aquela primeira.

Eu estava perto dela agora. Podia ouvir o sussurrar de sua voz. Seus cabelos estavam lindos. Bem, ela não me vira ainda.

“Há bons três anos” entendi dela ao telefone. Ela parecia irritada. “Com a mesma patricinha mimada.”

De quem ela falava? Não era de mim. Não tive nenhuma patricinha mimada.

“Por que pensa assim? Acha que não?” ela agora estava... temerosa? Por que?

Vi alguém se aproximando. Um moreno alto. Sem exageros, ele parecia velho, mas tinha a minha altura, mais ou menos. Ele não estava vindo em minha direção, se aproximava pela lateral, direto para o lado de Bella.

“Jake chegou, vou tirar essa história a limpo. Obrigada, Ang!”

Jake?! Então o nome dele era Jake?! Parei pouco antes de chegar perto demais. O papel em meus dedos parou repentinamente. Vi quando ele perguntou se ela havia o trocado. Não. Ela não havia feito isso com ele, ela fizera comigo.

Minha Bella, minha adorada Isabella agora se inclinava e lhe beijava. A raiva me consumiu tão certa quanto fogo em casa de madeira molhada a álcool. Cerrei minhas mãos em punho, virei às costas e marchei – Sim, eu estava marchando de tanta raiva, tanto ódio de mim mesmo – até a saída do parque.

Percebi quando eles vieram passando do meu lado. Ela quase se encostou a mim. Por reflexo, me inclinei para não esbarrar, mas o papel caiu de minhas mãos. Pisei em cima, também. Pensando ser o coração de Bella. Já que o meu fora pisoteado por manadas de elefante há pouco mais de um minuto.

Flash Back Off

Eu apenas lembrei da cena, não falei nada à Alice e à Esme. Senti lágrimas rolarem pelo meu rosto e as mãos carinhosas de minha irmã tentar limpá-las. Levantei-me e fui para a cozinha. Eu precisava comer algo, pois hoje eu não iria ficar em casa.

Alice Pov.

Edward saiu assim que comeu metade do bolo inglês que eu havia comprado para o café da tarde. Temi pelo meu irmão. Ele não saíra de carro, apenas andando. Hoje era domingo, o trânsito não facilita no fim da tarde. E ele estava chorando.

Chorando! A última vez que vi Edward chorar fora há dois anos atrás, por causa da Juh. Nem por causa de Elisa, e tampouco por causa da outra metida que não lembro o nome – tão insignificante era a garota.

Se ele chorara alguma outra vez, com certeza, fora dentro de seu quarto, em silêncio. Ou muito, muito escondido em algum canto por aí. Edward não era de chorar. O que acontecera à ele?!

–Mãe, preciso ver a Bella de novo! – decidi.

Esme assentiu, já indo pegar as chaves do carro.

Edward Pov.

Comecei a andar sem rumo específico, querendo veemente, saber onde Bella morava, ou o tal Jake. Eu iria arrancá-la à força dos braços daquele nojento! Quem ele pensava que era para encostar os lábios imundos nos dela? No entanto, eu não sabia sequer se eles estavam aqui apenas de visita. E se ela estivesse hospedada na casa da mãe, eu estaria completamente fora do rumo. Não me importei. Continuei andando. Talvez isso me acalmasse um pouco.

Nunca me senti mais estúpido do que hoje! E pensar que eu tinha escrito que ainda pensava nela?! Pensar que eu coloquei para fora tudo o que eu sentia em cada linha de cada carta?! Aquela primeira carta havia sido rude. Mas as outras não!

20/06/2013

O que fez comigo, pequena bruxinha? É meu aniversário e nem sequer para me dar os parabéns? É desse jeito que você ama, posso ver. De longe. Percebo que nunca terá alguém se continuar assim.

Ah, desculpe-me, é seu intuito, não é? Isolar-se do mundo. Mas o mundo gira, você sabe. E não é bom ficar perdendo a vida desse jeito.

Espero seu telefonema, ou mesmo um recado no facebook, seu, me desejando os parabéns. E espero que sejam sinceros, heim?

Beijos, pequenina

Edward

E ela não me mandou os meus tão desejados parabéns. Nem por mensagem, nem por recado. Nem pela Alice! Nada. Ela tinha se desligado de mim, já. Eu lembrei-me de seu aniversário. Não consegui dormir até que escrevesse o que desejava de coração.

E depois? Quando fez um ano que eu sabia que ela me amava... amou. Odeio esse verbo em qualquer parte do pretérito que possa ser conjugado! E eu não sabia de nada. Voltara a ser um garotinho de onze anos e respondi a carta novamente. Como se ela tivesse recebido a primeira. Como fui tolo!

13/01/2014

Hoje fez um ano que você me confessou o quanto me queria bem. Eu ainda tenho guardada aquela carta lá.

Realmente, é a última? Você não parece ser das que acaba uma linhagem de cartas com uma daquelas. Mas se for, é um pouco de pena. Eu bem que queria saber o que mais você se lembra daquela época.

Mas, realmente, eu queria saber o que fez comigo. Porque Juh encontrou esse envelope, mesmo que não tenha lido, pediu para que eu escrevesse uma carta a ela também. Eu não consegui escrever nada de relevante. A carta inteira era um monte de bobagens e ela adorou.

O que há com essas meninas que gostam de cartas de amor? É tão clichê!

Bem, as minhas cartas estão cada vez mais curtas, o que significa que não são de amor. Não são nem cartas! São um bando de bilhetes dentro de um envelope.

Acho que a intenção era essa mesmo.

Abraços, cuide-se,

Edward

Mas, depois... argh, ela deve ter lido a última carta! A pior de todas! Foi por isso que ela beijou o tal Jake! Edward, se joga na frente de um carro e não sai vivo, por favor, dói menos. Bella leu, com certeza leu! Por que raios eu não queimei tudo antes?