A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 3
Encontro meu meio-irmão famoso


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Encontro com meu meio-irmão famoso

Depois de muita caminhada, finalmente chegamos ao Pavilhão do Refeitório. Estava tudo lotado, exceto, é claro, algumas mesas que estavam quase vazias, como as dos Três Grandes. Nico levou-me até a mesa de Poseidon, enquanto todos me encaravam. Havia apenas um menino – alto, moreno, mas não muito, olhos verdes e bonitos, parecia ter 19 anos – e uma menina. Loira, dos olhos castanhos claros e corpo definido – parecia ser o tipo de menina de 15 anos que conquistava a todos.

– Ronnie, esses são Percy Jackson e Lannah Castellammare. Percy, Lannah... essa é Ronnie. – apresentou-nos Nico.

Bem, então esse é o famoso Percy, que todos vieram falando na minha orelha o dia todo, pensei.

– Sim, eu mesmo. – disse ele, dando uma risadinha.

– Opa, acho que pensei um pouquinho alto demais. – respondi, envergonhada.

Olhei para Nico, querendo ajuda, mas acho que não rolou. Ele olhava para mim dando um sorrisinho tímido, obviamente tentando segurar uma risada. Fechei a cara e ele não aguentou segurar, rindo com vontade. Virei-me irritada para meus irmãos e vi surpresa nos olhos deles. Eles se entreolharam e deram um sorrisinho malicioso, mas foi tão rápido que poderia ter sido imaginação minha.

– Bom, vou indo para minha Mesa, até mais tarde, Ronnie. – despediu-se Nico.

Sentei-me de frente para Percy e fiquei calada olhando ao redor. Percebi que ninguém mais me encarava e achei isso um pouco estranho.

– Não era você que encaravam, era o di Angelo. – disse Lannah, inclinando-se sobre a mesa para não falar tão alto. – Ele nunca fez questão de fazer nada para os novatos. Muito menos riu do jeito que dizer hoje. Ele na verdade nunca fez nada disso com ninguém, e todos percebem que você está fazendo a cabeça dele.

Ela disse aquilo como se tivesse lido meus pensamentos.

– E li. É um dos meus poderes. – ela disse com um sorriso de lado.

– E quais são? – perguntei após me recuperar da surpresa, curiosa.

– Controlar mentes e a água, além de ver o futuro. A propósito, felicidades aos dois. – disse, dando um sorrisinho malicioso.

Virei-me para Percy, desejando com todas as minhas forças poder fechar a minha mente.

– Como fez isso?! – exclamou Lannah, olhando espantada para mim.

– Isso o que? – perguntei, franzindo o cenho.

– Não consigo ler a sua mente.

Foi tão fácil assim?!

– E-eu não sei. – respondi-lhe. – Só desejei que você não pudesse ler minha mente.

– Achamos seu poder. – disse Percy calmamente, sorrindo. – Um deles pelo menos. Escudo mental. Tão comum em filhos de Poseidon quanto ler mentes dos irmãos. Provavelmente não é seu único. Todo filho do Mar sabe controlar a água.

A conversa também não pôde se estender. Apareceu um prato de comida em minha frente de todos. A vontade de já devorar era grande, mas Lannah me impediu.

– Deve-se jogar parte da comida na lareira, em honra aos deuses. – explicou-se Lannah, levando seu prato até a lareira que ficava no canto mais extremo do Pavilhão.

Fiz o mesmo.

Ao lado da lareira havia uma bela garotinha ruiva que reconheci do livro do Sr. Blakelee me deu como Héstia, deusa da casa e da família.

– Olá, deusa Héstia. – cumprimentei-a antes de jogar mais da metade da minha comida na lareira.

– Olá, Ronnie. – devolveu o sorriso. – Sabe que não precisa ser tudo isso, não sabe? – disse referindo à comida.

– Sei sim, mas eu insisto. Estou muito honrada em estar em um lugar como esse. – respondi, sorrindo levemente para ela antes de afastar-me.

Virei-me e vi Nico, de sua mesa, olhando para mim com um olhar que não reconheci. Ninguém nunca me olhou assim então não sei como explicar.

~*~

Depois da refeição, todos se dirigiram para a fogueira.

– Venha, Ronnie. – chamou Percy.

– Já vou, pode ir na frente.

Fui o mais devagar possível, tentando encontrar Nico no meio de da centena de campistas. Infelizmente não consegui encontrá-lo, mas ainda não esqueci que ele me deve explicação. Fui seguindo a multidão em direção à famosa Fogueira. Ela era imensa, envolta de muitos bancos, todos sendo ocupados aos montes. O primeiro estavam os monitores. Havia também um centauro e um carinha baixinho e gordinho segurando cachos de uva. Deduzi ser Quíron e Dionísio, diretor do Acampamento Meio-Sangue.

Sentei-me no banco mais distante de todos enquanto os filhos de Apolo começavam um lindo, mas cansativo, recital em latim. E, por incrível que pareça, entendi cada palavra que disseram. Era alguma coisa sobre a Grande Profecia que tornou realidade e um filho do Mar salvar o Olimpo de Cronos.

– Esperando por alguém? – falou uma voz doce ao meu ouvido. Mas doce ou não, fez com que eu desse um pulo. Olhei para trás e vi Nico, dando um sorrisinho tímido.

– Ei, você me assustou! – virei pra frente fingindo estar emburrada. Para minha surpresa, ele sentou-se ao meu lado, rindo.

– Por que ao invés de ficar rindo demais você não vai se sentar com suas irmãs? – falei, irritada e fingindo procurar elas. Não que estivesse realmente irritada, mas não gostava que me fizessem de palhaça.

– Se você quiser eu saio. – quando ele começou a levantar, porém, eu o puxei de volta. – Na verdade, elas me expulsaram de lá, me mandando te procurar. Anne disse que minha alegria está irritando-a e depois colocou o fone de ouvido.

– Por que elas fizeram isso?

Ao invés de responder, ele ficou me olhando como se nunca tivesse me visto antes. Foi um pouco constrangedor. Pelo menos não tive oportunidade de responder, pois logo os filhos de Apolo terminaram de cantar sua feliz melodia e o Sr. D. levantou-se e foi à frente do grande grupo.

– Agora é a hora mais chata de todas: a apresentação dos novatos. – disse, entediado. – Ronnie, Filha de Poseidon – levantei-me quando disse meu nome e voltei a sentar-me. – Heidi Harrington, Filha de Apolo – foi a vez de ela levantar. Pele morena escura, olhos cor de âmbar, cabelos castanho escuro com várias mechas azuis, estatura mediada e corpo atlético. Devia ter em torno de uns 18 anos.

– Eita, imitona. – falei baixinho, para que só Nico, que ainda estava ao meu lado, ouvir.

Percebendo que eu falava do cabelo de Heidi, ele riu baixinho. O Sr. D. percebeu e olhou furioso para ele. Nico fez uma careta, revoltado, mas ficou calado. Mandei um sorriso para ele, que foi devolvido.

– Sepyroth Houston, Filho de Tânatos; e Guilherme Lirium, Filho de Hipnos. – continuou o diretor.

Foi a vez de eles se levantarem. Sepyroth devia ter uns 15 anos. Corpo um pouco definido, nem gordo, nem magro. Olhos e cabelos castanhos. Tinha um olhar sério e era meio baixinho, mas tenho certeza que é bem forte. Guilherme já era meio diferente. Um rapaz magro, com olhos azuis e cabelos pretos. E estava com cara de quem não dormia há dias, mas deve ser normal para Filhos de Hipnos. Todos aplaudiram e o Sr. D. fez um movimento quase imperceptível com a mão direita, fazendo-os se calaram no mesmo instante.

– Tá, já chega. Podem ir pro Chalé agora. Já deu o toque de recolher. Quem ficar perambulando por aí, vou mandar a harpias caçarem-nos e engoli-los.

Arregalei os olhos, assustada, e virei-me para Nico, que percebeu a indagação em meus olhos.

– Ele não está mentindo. Agora vamos, vou te levar até seu Chalé.

– Mas... E aquela conversa...?

Ele tapou minha boca, outra vez. Estava nítido pela forma como se aproximou de mim que isso não acontecia sempre. Assunto Tabu pelo visto.

– Conversaremos lá no seu Chalé. – sussurrou.

– Percy e Lannah... – comecei, mas ele me cortou imediatamente.

– Eles sabem.

Então ele me conduziu ao meu Chalé enquanto os outros campistas enrolavam em volta da Fogueira apesar do aviso. E o Sr. D. parecia furioso com isso. Finalmente chegamos ao Chalé 3, o Chalé de Poseidon. Nico olhou em volta discretamente, procurando algum olhar curioso em cima de nós. Abriu a porta e conduziu-me para dentro. Haviam três camas de solteiro e três beliches. Provavelmente muito menos cama que deveria haver nos outros Chalés. As de solteiro estavam ocupadas e reconheci minhas coisas na cama mais afastada da porta.

Percy e Lannah chegaram antes de nós, provavelmente quando eu ainda estava discutindo com Nico. Estavam conversando quando entramos e não devem ter-nos vistos.

–... Ela deve saber de tudo! – gritava Lannah. – Eles podem querer acusá-la também.

– Não posso colocar uma irmã que acabo de conhecer em uma situação como essa. – rebateu Percy. E estava óbvio que o assunto dessa polêmica toda sou eu.

Ao entrar e perceber que Nico fechara a porta, pigarreei para chamar a atenção dos dois. Percy pareceu-me um pouco envergonhado por pegá-lo falando de mim, mas fingi que não sabia, pois não queria deixá-lo mais sem graça.

Envergonhado que nada, falou uma voz em minha mente, ainda acho que você deveria saber de tudo.

Ao olhar ao redor, percebi que apenas eu escutara a voz. Ao olhar para Lannah, ela sorria para mim. “Controlar mentes”, dissera. Então controlar mentes não era apenas ler pensamentos, mas implantar os seus próprios na mente de outra pessoa. Isso seria bem útil em batalhas.

Você nem imagina o quanto, respondeu-me mentalmente.

Como posso trabalhar em meu escudo?, perguntei-lhe.

Depois te ensino.

– Ahn... Ronnie, pensei que estivesse na Fogueira ainda. – falou Percy, ainda envergonhado.

– Sr. D expulsou todo mundo. – explicou Nico, em meu lugar.

– Ah, como sempre! – resmungou Lannah. – Percy, sobre o que dizíamos mesmo?

– Não dizíamos nada! – apressou-se a dizer, mas um pouco rápido demais para parecer ser a verdade.

Nico, que estava ao meu lado, ainda sem fazer muito contato físico, arqueou a sobrancelha.

– Ah é?! – retrucou. – Pois eu acho que discutiam se Ronnie deveria saber ou não.

– Não, nada a ver! – Percy falou, olhando-me como se desejasse que eu não tivesse entrado naquela hora e pedisse ajuda.

– Desculpa, Percy! – falei. – Se tem a ver comigo eu acho que tenho o direito de saber.

– Está bem! – bufou, cruzando os braços e sentando-se em uma das camas.

– Sobre o que você já sabe, Ronnie? – perguntou-me Lannah, sentando-se ao lado de Percy.

Sentei-me em outra cama e fiquei de frente para os dois. Segundos depois pude ver que Nico me seguira e sentara-se ao meu lado. Olhei receosa para ele, mas ele apenas assentiu, encorajando-me a falar.

– Sei que o Tridente de Poseidon e o Elmo das Trevas de Hades foram roubados e que podem colocar a culpa em mim. – disse, suspirando.

– Já passei por isso. – falou Percy. – Há sete anos, o raio-mestre de Zeus foi roubado e os deuses pensaram que poderia ser eu. O Minotauro levara minha mãe até o Mundo Inferior e fui salvá-la, mas como eu estava com o raio para entregar a Hades, eu quase não saí vivo.

– Então se eu mostrar minha inocência aos deuses, eles não me culpariam? – perguntei.

– Mas você precisaria de provas bem convincentes. – falou Nico. Com sua afirmativa, desmoronei. O que faria se os deuses realmente passassem que eu poderia estar com os instrumentos?

– Mas porque eu roubaria até mesmo meu pai?

– É essa a pergunta que os impede de culpá-la. Não faria sentido. – comentou Lannah. – Hades está fazendo de tudo para arranjar argumentos de que você realmente os roubou, e como já havia acontecido quase o mesmo com Percy, Zeus está convencido de que dessa vez realmente foi Poseidon, mesmo o Tridente também desaparecido.

– Mas não os roubei! – exaltei-me. – Como poderei mostrar a eles que não os roubei?!

Eles ficaram em silêncio. Sem resposta ou sem vontade de me dar um motivo para fazer alguma besteira. Talvez estivessem certos e eu realmente faria besteira, mas não podia suportar a ideia de que eles poderiam me culpar por algo que eu não fiz. Principalmente quando nem me conheceram.

Fiz um pedido silencioso para que Lannah me falasse e, depois muita relutância, ela falou.

Encontrando os instrumentos roubados e entregando-os. Mas, por favor, não faça nada.

Meu choque foi tanto que fiquei ereta de repente na cama e Nico sentiu.

– O que foi? – perguntou, com tom de preocupação na voz.

– Nada, só estou cansada. – menti.

Fiz de tudo para não pensar muito no plano que bolava com um canto isolado da minha mente, onde protegi com o escudo que Percy dissera que eu tinha mais cedo.

– Melhor eu ir para deixá-los descansar. – disse Nico.

Ele encaminhou-se para a parede oposta e atravessou-a. Não sei se literalmente, mas sei que ele sumiu na escuridão.

– Boa noite. – disse, deitando-me e tapando completamente minha mente com o escudo.

Rapidamente Percy e Lannah estavam dormindo. Levantei-me vagarosamente para não fazer barulho para não os acordar e peguei um copo em minha cômoda. Aproximei-me da fonte de água que havia no Chalé e enchi-o. Passei toda a noite treinando como controlar a água, mesmo que tenha demorado um pouco para conseguir já que só tinha a fonte à minha disposição.


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