A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 4
Controlo meu poder sobre a água


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Controlo meu poder sobre a água

Passei a noite em claro, raciocinando todas as possibilidades que eu poderia desenvolver sendo filha de Poseidon. Fui aperfeiçoando o controle da água e, aparentemente, se desejasse fechar a minha mente, conseguiria. Em minha opinião, esse poder não me servia de nada. Para que eu iria querer esconder meus pensamentos quando os possíveis controladores de mentes são, também, filhos de Poseidon? É claro que me foi bem útil na noite passada, quando tranquei parte de minha mente para que Lannah não suspeitasse de meu plano de virar a noite tentando descobrir meus poderes. Mas além desse caso, não via grande necessidade de fechar minha mente durante uma batalha. Se caso eu pudesse inserir meus pensamentos na mente de outra pessoa, seria muito mais útil.

Quando senti leves brilhos no canto direito de minha visão, deixei o copo com água sobre a cômoda, fazendo o mínimo possível de barulho para não acordar Percy e Lannah, e fui em direção à fonte dessa luz. Ao chegar perto da fonte de água mais ao canto do dormitório, percebi que parte de sua água brilhava intensamente. Levantei mais um pouco o olhar e percebi que a luz não vinha do quarto e sim do lado de fora. Eram os primeiros raios solares pela manhã.

Esgueirei-me silenciosamente pela porta até o lado de fora a fim de não perder essa imensidão de luz coloridas que era proporcionada no nascer do sol. Pude ver Evanlyn e Annabeth conversando mais ao longe, perto do Pavilhão do Refeitório. Ao me verem, sorriram e deram um breve aceno, mas logo voltando a conversar avidamente sobre o que quer que seja. Havia também um grupinho de filhas de Afrodite ao centro do ômega que os Chalés formavam. Fofocavam e olhavam-se em pequenos espelhinhos que carregavam em mãos. Típico de qualquer patricinha que se encontra em qualquer escola.

Não havia muitos campistas acordados, provavelmente porque ainda era muito cedo para qualquer atividade no Acampamento. Ou até porque o Sr. D se recusava a levantar-se cedo para acompanhá-los. Não sabia e não fazia diferença, pois estava mais concentrada em seguir até o lago que havia ali e sentar-me próxima à margem, onde ali a vista era privilegiada. Já vi tanto o nascer do sol que poderia desenhá-lo em detalhes se quisesse, mas nunca havia visto-o de uma forma mais distorcida, como se estivesse vendo atrás de um copo de água.

Água.

Eu poderia voltar ao Chalé e pegar o copo com água que havia deixado em cima da cômoda para fazer a experiência, mas tinha quase certeza que não voltaria a tempo. E eu não estava muito disposta a acordar cedo na manhã seguinte apenas para isso. Minha falta de sono hoje foi apenas um treino necessário para conseguir me virar sozinha quando saísse daqui à procura dos instrumentos. E eu precisava treinar. Poderia simplesmente usar a água do lago para conseguir fazer minha experiência e ainda assim estaria treinando para meu objetivo.

Relaxei os ombros e levei a mão direita em frente à água. Aos poucos, um torpor foi passando por minhas veias e, diante de meus olhos, a água do lago moveu-se silenciosamente para cima. Primeiro, ela tornou-se uma torre, mas logo uma esfera maciça de água estava bem em frente aos meus olhos, flutuando. A imagem formada através da esfera era ainda mais bonita do que eu imaginava. Ela era opaca e irreal – maravilhosa. Até eu abaixar a mão rapidamente, perdendo o controle sobre a água e fazendo a esfera voltar quando ouvi uma voz doce, porém séria, atrás de mim que fez meu coração acelerar.

– Vejo que conseguiu controlar seus poderes.

Ao olhar para trás, vi Nico di Angelo vindo em minha direção e parando ao meu, de braços cruzados sobre a jaqueta preta. Seus olhos estavam mais sérios que na noite anterior e havia olheiras abaixo deles, como se não tivesse dormido mais do que eu essa noite.

– É... Um pouco difícil, mas consegui. – comentei, tentando não parecer tão surpresa com sua presença.

– Não me pareceu difícil.

Dei de ombros. – Tive que ficar a noite toda acordada para chegar a esse ponto.

Rezei silenciosamente para que ele não visse tremor sobre meu braço quando ele se aproximou mais.

– Não devia ter ficado a noite acordada.

Poderia reclamar também, como se ele não aparentasse ter ficado acordado a noite inteira também.

– Era necessário. Não queria ficar muito atrás. – não queria mentir a ele, que tinha sido tão legal comigo desde que chegara aqui, mas precisava, senão ele desconfiaria demais.

Nico encarou-me por meio segundo, com um olhar que não consegui identificar – mas foi por apenas por instante. Logo ele retornou com a mesma carranca séria de antes.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei, receosa de que poderia tocar em algum ponto fraco.

– Não, é que... – ele hesitou, como se estivesse prestes a revelar algo que não deveria, mas logo se recompôs e continuou, deixando-me confusa. – Só não dormi bem à noite.

Ele abaixou-se sobre o lago e levou a mão até a água. Pegou um pouco e deixou-a escorregar sobre seus dedos. E ficou assim, brincando com a água enquanto eu apenas o observava admirada.

Mas não sabia o que estava admirando. Talvez seus lindos fios negros balançando a cada rajada do mais leve e doce vento, fazendo-os dançar envolta de seu rosto e irritando-o o bastante para que levantasse a mão livre para tirar de seus olhos. Ou então os próprios olhos negros e duros – que claramente mostra um passado sombrio, do qual quero mais e mais desvendar – que observavam a água escorrer por entre seus dedos. A postura agachada estava levemente relaxada, mas a coluna arqueada mostrava uma tensão preocupada. Parecia sentir minha presença e saber do fato que eu o observava.

Aproximei-me devagar, como que para mostrar-lhe o que fazia. Agachei-me a seu lado e encostei minha mão direita em seu ombro, causando-lhe um susto e uma sensação diferente em mim. Uma sensação quase boa.

– Desculpe, não queria assustá-lo. – falei rapidamente e sem pensar, tirando minha mão, que tremia, de seu ombro. Mas rapidamente ele a pegou de volta, mantendo-a ali entre sua mão grande, quente e macia ao toque de seus dedos gelados.

– Não assustou. – falou por fim.

Ele finalmente sentou-se no chão de areia à margem do lago, puxando-me para sentar ao seu lado; isso sem tirar minha mão de dentro da sua.

Eu já não sabia mais o que falar.

Se eu falasse da sensação de paz, segurança e confiança que seu toque proporcionou, eu com certeza seria rotulada como louca perseguidora e acabaria no manicômio dos deuses. Isso se os monstros não me matassem no caminho até lá. Se não pudesse falar sobre essa maravilhosa e inédita sensação, sobre o que falaria? Certamente não sobre o plano que formulara pela metade. Mas queria falar alguma coisa, apenas para preencher o silêncio e ouvir a tom rude de sua voz encher-me de satisfação. Mas de onde surgira toda essa satisfação de apenas estar ao lado dele e ouvir sua voz? Tinha quase cem por cento de que estava louca; conhecemo-nos apenas há um dia – hipoteticamente, já que ficara três dias inconsciente na enfermaria na Casa Grande.

– No que está pensando? – perguntou Nico de repente, olhando com um ar curioso.

– No tempo em que fiquei na enfermaria. – falei inconscientemente e, quando percebi que não poderia desfazer o já feito, levantei a mão em direção à água.

Uma quantidade considerável de água levantou-se da superfície do lago e eu comecei a moldá-la de diversas maneiras. Um carro, depois um cavalo, seguido de espada, arco, escudo. Depois disso, algo que reconheci apenas após já estarem prontos: a Quimera fugindo para o lado oposto onde Nico me segurara antes de perder a consciência. E após isso, no momento em que eu estava acordando na enfermaria, três dias depois, com Nico ao meu lado. Nico olhou a obra prima, maravilhado com o que via, mas com um toque de irritação. Porém, não falou nada, então continuei.

– Estava curiosa sobre quem cuidara de mim naqueles dias. – decidi falar por fim. – Isso, se alguém poderia querer cuidar de mim.

– Eu cuidei. – falou subitamente, e eu fiquei entorpecida com o peso das palavras.

– Mas por que cuidou de mim? – não resisti em perguntar.

Nico pareceu parar um pouco para refletir, mas logo falou rapidamente, tentando parecer indiferente.

– Não sei... Só... Cuidei.

Fiquei em silêncio a seguir, admirando a obra prima que havia feito, tentando mantê-las no ar o mais tempo possível. Por enquanto, dava certo.

– Como fez isso? – perguntou ele, apontando para as duas cenas à sua frente.

– Não sei. Estava só lembrando quando aconteceu – podia sentir o sangue voltando às bochechas, corando-as – e esse foi o resultado.

– Percy nem Lannah jamais fizeram isso... – sussurrou consigo mesmo.

– Isso o que?

– Recriar na água momentos de sua história e lembranças.

– Mas por que não se eu conseguia?

– E porque você conseguiu esse domínio todo em apenas uma noite?! – desafiou-me. – É a pratica, ou a falta dela.

– Então quer dizer que se eu continuar a praticar vou conseguir, por exemplo, utilizar a água apenas de uma garrafa, em uma batalha? – perguntei, como se o desafiasse também, mas com as intenções ocultas que envolviam a parte do plano já criado por ela.

– Isso... E muito mais. – falou.

– Nico, Sr. D tá chamando você e a Ronnie lá na Casa Grande. – diz alguém às nossas costas, assustando-me o suficiente para perder o controle sobre a imagem formada de água.

Ao virar-me dei de cara com Hailley Christine Black, Filha de Zeus; uma garota de cabelos loiros ondulados e longos até a metade das costas possui também belos olhos azuis assim como os do irmão, sua pele é clara e seu corpo é escultural. Lembrei-me de tê-la visto no dia anterior, lutando na Arena contra seu irmão, Bradley. Um garoto de cabelos loiros e lisos, pele clara e olhos azuis (bastante claros), e corpo definido. “É arrogante, frio, convencido, mas também é muito sedutor e corajoso, não tem muitos amigos, e não gosta nem um pouco de estudar.”, dissera Nico naquela tarde, “e, ao contrário do irmão, Hailley é extrovertida, engraçada, bondosa e sincera. É também muito corajosa e está sempre disposta a ajudar seus amigos”.

– Claro, já estamos indo. – respondeu Nico friamente.

Nico virou-se novamente para o lago, como se esperasse que as cenas que eu havia criado ainda estivessem lá. Com um suspiro forte, levantou-me e estendeu a mão para me ajudar. Ao aceitar a ajuda e nossas mãos se tocaram, e um formigamento subiu por meu braço, desde meus dedos. Soltei sua mão rapidamente, antes que percebesse que isso causou um rubor em minhas bochechas.

– Melhor irmos... – ele gaguejou ao tentar falar. Limpou a garganta antes de continuar. – Antes que o Sr. D fique mais estressado do que já é.

Andamos lado a lado e em silêncio. Tentei ao máximo não tocar nele, apesar de que a sensação ter sido muito boa. Ao chegarmos à Casa Grande, encontramos Sr. D e Quíron reunidos com Percy, Annabeth, Evanlyn, e Edward.


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