A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 2
Minha chegada no Acampamento Meio-Sangue


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Minha chegada no Acampamento Meio-Sangue

Quando acordei, estava em um lugar totalmente diferente. Parecia mais uma enfermaria numa casa antiga. As paredes eram de madeira e havia muitas camas no cômodo. Um leve cheiro de remédios no ar fez meu estômago revirar. Tentei me levantar da cama em que estava deitada, mas uma mão forte e um pouco rude empurrou meus ombros para trás, fazendo-me deitar novamente. Olhei para minha direita e vi o mesmo garoto que me salvou ao meu lado, segurando um copo com alguma substância verde dentro.

– Pode ficar quietinha aí. – ele disse. – Precisa descansar.

Ignorando a ordem dele, tentei levantar-me mais uma vez. Dessa vez ninguém me impediu porque eu mesma caí novamente. Meu corpo estava todo dolorido.

– Precisa ouvir meus conselhos. – ele disse, abrindo um sorrisinho torto lindo.

Tentei sorrir também, mas não foi um gesto muito autêntico porque tive certa dificuldade. Ao perceber isso, seu sorriso se apagou e ele se aproximou mais de mim.

– Ronnie, beba isso. – disse estendendo o copo que estava em sua mão.

Fiquei surpresa por ele ter lembrado meu nome, mas para felicidade de muitos, consegui beber o líquido. Apesar de não ter gosto de vômito e sim de biscoitos de chocolate. O que era bem estranho, mas só o fato de eu ser semideusa já é estranho.

– Nossa... Isso é bom. – comentei, sentindo que minha expressão era de encantamento.

Ele riu da minha cara. Não acredito que ele riu da minha cara.

– Sim, é muito bom sim. Agora me diga... Você realmente é filha de Poseidon? – perguntou ele e, pelo tom de voz que havia usado para fazer a pergunta, percebi que tentava ser cuidadoso com as palavras.

– Sim, eu sou filha de Poseidon. – respondi.

Ele me olhou torto, parecendo duvidar.

– Você se parece mesmo com ele, mas também me lembra muito Ártemis.

– Você conheceu meu pai? – meus olhos começaram a brilhar. Ele assentiu e ficou sério. – Mas como assim eu pareço com Ártemis?

Seus olhos começaram a brilhar. Isso me deixou inquieta, mas tentei parecer indiferente.

– Sei lá... Você me parece muito durona. E é linda. Igual a Deusa da Caça. – corei e agradeci por não estar perto de um espelho.

O que confirmou meu último pensamento foi o fato dele começar a rir de mim de novo. Não daquele risinho sem graça que ele dera antes. Ele riu de verdade, como se nunca tivesse achado graça em nada antes.

– Você é engraçada. – corei ainda mais e ele riu da minha cara ainda mais.

– Quanto tempo fiquei aqui? – tentei desesperadamente mudar de assunto. Odiava corar, por qualquer motivo que fosse.

– Por três dias inteiros.

– Isso tudo? – assustei-me. E como não se você passa 3 dias em quase coma e acorda toda dolorida?

– Isso tudo. – ele abre um pequeno sorriso. – E eu acho pouco contando que você lutou com uma criatura mitológica que cospe fogo pela boca.

– É... Bem pensado. – ri baixinho.

Ele começou a rir de novo. Não que eu estivesse realmente irritada com isso.

– Por que você não para de rir de mim? – apelei. Fiz a melhor carinha de “cachorro perdido” que consegui, mas ele riu ainda mais.

– Porque você é engraçada. – ele disse, como se fosse a coisa mais comum de se dizer.

– Posso perguntar uma coisa? Uma coisa importante? – quando disse a última frase, ele ficou sério novamente.

– Você sabe alguma sobre o Tridente ou o Elmo que sumiram?

Ele pareceu espantado. Em dois segundos ele já estava a apenas alguns centímetros do meu rosto tapando a minha boca.

– Não devemos falar disso em um lugar muito público. Depois do jantar você me encontre na arena para conversarmos. – sussurrou. Logo em seguida, afastou-se como se nada tivesse acontecido. – Mas agora vou lhe mostrar o Acampamento.

– Mas como se ainda estou indisposta?

Ele não respondeu nada, apenas pegou um pedaço de comida de uma caixa com uma enorme inscrição “AMBROSIA” e entregou-me. Comi normalmente. Não era ruim, mas também não era a melhor coisa que comi na vida. No mesmo instante senti-me cheia de energia.

Tentei levantar-me da cama, mas Nico impediu-me novamente.

– Eu estou melhor e... – tentei dizer, mas ele não me deixou terminar a frase.

– Vou pedir para que Evanlyn traga suas roupas.

Roupas? Foi nesse instante que percebi que estava com muito frio. ELES ME DEIXARAM APENAS DE SUTIÃ E CALCINHA. Procurei por meu cordão e minha pulseira; achei-os onde deveriam estar.

Uma garota de altura mediana, cabelos negros até a cintura e pele pálida entrou na enfermaria carregando minhas roupas. Aparentava ter uns 15 anos e tinha uma aparência frágil. Inicialmente, não consegui distinguir a cor de seus olhos, mas quando ela se aproximou não assustei quando percebi que o olho esquerdo era sem íris, totalmente branco e o direito, negro por inteiro.

– Aqui estão suas vestimentas, senhorita Miller. – sua voz era baixa e suave. Consegui perceber por seu jeito que era quieta e tímida.

– Obrigada. Mas pode me chamar de Ronnie. – agradeci sorrindo.

– Ronnie, filha de Poseidon.

– Nossa, parece que todos já sabem que sou filha dele. – comentei.

– É meio raro aparecer algum filho dos Três Grandes, então as notícias se espalharam fácil. – ela disse, dando de ombros. – Evanlyn, filha de Persephone.

– Há quanto tempo está no Acampamento?

Ela pareceu meio pensativa, como se estivesse pensando em como responderia a minha pergunta.

– Nunca saí daqui desde que nasci. – arrependi-me da pergunta feita assim que ouvi suas palavras melancólicas.

De repente ela ficou bastante pálida e o brilho em seu olhar esvaiu-se, como se seus pensamentos estivessem em um tempo longe do presente, em transe. Para que ela não caísse, Nico correu e a segurou no colo. Quando voltou a si, olhou para nós dois com um sorriso misterioso nos lábios.

– Vi dois futuros diferentes. – quando ela disse isso fiquei confusa e olhei para Nico. Ele apenas acenou com a cabeça prometendo me explicar tudo depois. – Não é apenas Ronnie nossa única novata.

Ela parece ter pensado melhor e resolvido não ter falado mais, mas eu sou tão curiosa que perguntei do mesmo jeito.

– E qual a segunda?

Ela olhou com um sorriso travesso, mas ainda tímido, para Nico e eu.

– Felicidades aos dois! – depois que falou isso, saiu correndo porta afora.

Entreolhamo-nos, desconfortáveis com a situação que Evanlyn nos deixou, mesmo sem saber o porquê, mas foi por apenas alguns minutos, pois logo Nico resolveu quebrar o silêncio.

– Vamos, tenho que mostrar o Acampamento Meio-Sangue a você. – apressou-me.

Levantei-me devagar e coloquei minha roupa, ciente que ele me encarava. Quando terminei de colocar meus calçados saímos da enfermaria lado a lado, ele tentando ficar o mais perto possível de mim sem manter contato físico. Fiquei maravilhada com tudo: o Arsenal, a Arena, o Pavilhão do Refeitório, a Área dos Chalés, a Casa Grande, onde ficava a enfermaria e todos os outros lugares. Eu havia gostado de tudo mesmo. Enquanto Nico ia explicando tudo, fui pensando em como iria ser a fogueira. Aos poucos fui conhecendo a galera, esbarrando um a um durante o tour.

Topamos com uma menina alta, e tez láctea. Seus cabelos eram compridos e ondulados, com fios de um marrom acinzentado. Sua estatura era frágil, com semblante angelical, porém expressivo. Olhos azuis acinzentados e traços delineados. Aparentava ter 19 anos. Estava lutando na Arena com uma menina de pele amarelada, cabelos negros com mechas azuis e era alta. Olhos castanhos quase negros e estava vestida de preto. Com certeza era filha de Hades, assim como o Nico.

– Estas são Nickoli Olsen, filha de Athena e minha irmã, Diana Nightshade.

Elas pararam de se enfrentar e olharam para nós. Nickoli estava sorrindo abertamente. Diana nos encarava descaradamente, como se eu fosse um animal, mas também sorria. Parece não saber se está feliz ou furiosa com a situação.

– Seja bem-vinda, Ronnie, filha de Poseidon. – disse Nickoli, ainda sorrindo.

– As notícias chegam rápido, pelo visto. – comentei, divertida.

Com esse comentário, fiz com que eles rissem de mim, mas como passei as últimas horas ouvindo o senhorzinho convencido di Angelo rir da minha cara, mal me importei com isso.

– Nunca vi meu irmãozinho rir tão abertamente. – observou Diana, se divertindo da situação. Acho que decidiu-se que não sou uma aberração. – É... Essa menininha está fazendo mesmo a cabeça dele. – comentou com Nickoli, alto o suficiente para que eu escutasse.

– Como assim? – perguntei um pouco confusa.

– Ele nunca fez questão de ficar acompanhando o tratamento de algum campista novo. Você é a única exceção.

Acho que era melhor eu não ter perguntado. Eu realmente não deveria ter perguntado. Olhei pra Nico e ele ficou vermelho de vergonha e de raiva. Ele começou a avançar, sem pensar, para cima de Diana. Postei-me entre os dois. Mesmo que fosse mentira o que ela dizia, eu não poderia deixá-lo machucar a irmã por minha causa. Quando ele percebeu que eu não deixaria que avançasse, ele se afastou um pouco e seu rosto se suavizou. Ele virou-se e continuou andando, para me mostrar o resto do Acampamento.

– Venha, Ronnie. – falou, com um tom frio que não havia visto ainda, mas que as meninas pareciam estar acostumadas.

Olhei para as meninas. Elas pareciam estar assustadas.

– Ele nunca parou uma briga, por qualquer motivo que fosse. E quem entrasse na briga, apanhava também... – balbuciou Nickoli, surpresa.

– Tchau, meninas. Até mais tarde. – despedi-me delas, fingindo não ter escutado o que elas cochichavam.

– Tchau, Ronnie.

Depois de algumas passadas consegui apanhar Nico, que tentava andar um pouco depressa, tentando distanciar das meninas. Fomos direto para a Plantação de Morangos, onde havia alguns sátiros e alguns campistas cuidando dos morangos.

– Esses são Edward, filho de Apolo...

Era um garoto um pouco alto, músculos um pouco definidos, olhos negros, pele um pouco pálida, cabelos longos lisos até os ombros de uma cor de um dourado-escuro. Aparentava ter 20 anos. Muito bonito por sinal.

–... Angeline Christoper, filha de Kratos...

Uma menina baixinha e delicada, de cabelos negros, olhos verdes, pele branca e corpo definido. Típica garota de 17 anos. Havia mais uma garota com eles: pela estatura e aparência devia ter uns 15 anos. Era pálida, mas bonita. Olhos e boca vermelhos sangue, cabelos e unhas negras. Usava calça preta rasgada no joelho, coturno, regata e sobretudo preto – apesar do calor – e braceletes.

–... e minha outra irmãzinha, só que essa é mais rebelde, Anne Cristine.

– Pr- prazer. – gaguejei. E como não se já conheci duas irmãs de Nico. E a pior parte de tudo isso: por quê exatamente estou me importando com isso?!

Todos cumprimentaram-me educadamente e perguntaram o que achei do Acampamento até agora.

– Estou adorando – respondi, fascinada.

– Vamos, vou te mostrar o restante do Acampamento. – disse apressado, mas gentilmente. Puxou meu braço e só tive tempo de virar para trás e gritar um tchau.

– Para quê isso? Nem pude conversar com eles direito. – reclamei, enquanto ele me arrastava para os Chalés.

– Desculpe, era melhor te tirar de lá antes que comecem a falar igual Nickoli e Diana. – respondeu e soltou minha mão. Sua voz foi tão delicada que fez meu coração acelerar e o local que sua mão encostou em mim queimar.

Continuamos por todo o perímetro do Acampamento e conheci todos que lá viviam. Peguei afinidade com alguns, mas todos sendo únicos e diferentes um dos outros. Se ignorar as filhinhas de Afrodite, eu podia muito bem me adaptar ali naquele lugar.


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