A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 23
O Mundo Inferior não é tão bonitinho quanto nos filmes


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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O Mundo Inferior não é tão bonitinho quanto nos filmes

– Nico... – chamei, em uma falsa calma, até que resolvi que estava na hora de explodir na cara dele. – POR QUE RAIOS VIEMOS PARAR AQUI NESSE LUGAR HORRÍVEL?!

A única coisa que eu conseguia pensar era que o Mundo Inferior não era tão bonitinho quanto nos filmes. Cara, me arrependo profundamente de ter reclamado tanto quando via aquelas retratações malfeitas.

– Eu disse que iria falar com meu pai, não mandei você tentar me impedir e ainda por cima arrastar o Percy junto. – ele disse, apontando para meu irmão que estava atrás de nós.

Eu revirei os olhos. – Você não tem nada que falar com seu pai! Não enquanto devíamos estar indo para Los Angeles!

Ele arqueou a sobrancelha. – Já estamos aqui. – ele disse, sorrindo.

– E por que não nos trouxe antes?! – comecei a dar alguns tapas nele, mas Nico rapidamente segurou meus pulsos acima da minha cabeça. Minha mochila que estava em meu ombro quase caiu pelo braço.

– Porque eu não posso trazer muitas pessoas pela viagem de sombras e devíamos vir todos juntos. Agora tente se acalmar. Já estamos aqui e pronto! – ele disse, soltando meus pulsos levemente. – E eu vou falar com meu pai.

Ele saiu andando por em entre a grama cinzenta do que provavelmente era os Campos em direção ao castelo que obviamente era de Hades. Aquele lugar me dava arrepios e eu com certeza não queria ficar por ali, mas não queria ter que encarar Hades.

– Melhor irmos com ele, Ronnie, ficar aqui não é muito legal. – disse Percy.

Ele foi à frente e eu me agarrei ao seu braço. Ele se virou e pela cara que fazia eu podia jurar que ele faria algum tipo de brincadeirinha. Mas parece que alguma coisa na minha expressão o impediu de falar e ele apenas envolveu meus ombros de forma protetora. Andamos há apenas alguns poucos passos de Nico, mas mesmo assim a distância me fez tremer. Eu sabia que Percy poderia me proteger, mas talvez não ali. Ali não era seu domínio e se uma das Fúrias ou um cão infernal aparecesse, não era ele que conseguiria impedir de me machucar. E claro, não era o mesmo calor no peito que eu sentia quando estava com Nico.

Passamos por portões altos de ferro negro e por um imenso jardim que eu sabia ser de Perséfone. Eram flores diferentes e uma mais linda que a outra; e por mais que Perséfone gostasse de mim com Nico, tenho certeza que não permitiria que eu pegasse ao menos uma rosa preta para mim. Isso é triste, na verdade, porque elas eram lindas. Quando estávamos prestes a passar por um portão de madeira negra, esqueletos com uniformes de fuzileiros, soldados e marinheiros mortos colocaram-se à nossa frente, impedindo-nos de continuar.

– Estamos aqui para ver meu pai. – Nico disse, parecendo irritado e me perguntei se era comigo por eu ter cobrado dele.

Nos poucos segundos em que os esqueletos nos deixaram passar, eu fiquei remoendo isso na minha mente até o ponto em que eu já não aguentava mais. Então eu me soltei de Percy rapidamente e corri até Nico, segurando levemente seu braço.

– Não está com raiva de mim, está? – eu perguntei, obviamente receosa, e quando ele me olhou confuso, eu continuei rapidamente. – Olha, me desculpe se...

– Não, eu não estou com raiva. – ele disse rapidamente, abraçando-me pelos ombros como Percy fizera há poucos minutos e dando-me um leve beijo na testa, que me arrepiou de cima a baixo. – É que eu fico um pouco tenso toda vez que eu venho aqui.

– Esse lugar me dá arrepios. – eu sussurrei, aconchegando-me mais à ele, vendo vários esqueletos fuzileiros pelo grande hall.

– Não se preocupe, eu estou aqui. – ele sussurrou de volta, ao pé do meu ouvido.

Olhei para trás, procurando por Percy e encontrei-o logo atrás de nós, olhando ansiosamente para os lados. Imaginava que ele estava se sentindo tão angustiado e preso quanto eu. Entramos em um grande salão negro e, ao fundo, vi dois tronos. No maior, reconheci Hades em uma aparência um tanto mais medonha quanto a do sonho. No trono menor estava Persephone, que sorriu assim que nos viu. Ou sorriu assim que viu Nico me abraçando. Hades, entretanto, apenas fechou ainda mais a cara feia. Pelos deuses, que ele não saiba ler pensamentos!

– Ora, ora. Veja quem resolveu visitar o papai. – a voz de Hades saiu ainda mais morta pessoalmente, fazendo meu corpo se arrepiar por completo e Nico me abraçar mais.

Ele também não deve ter gostado nem um pouco do sarcasmo do pai.

– Vim exigir algumas explicações pendentes. – Nico disse firmemente e em uma voz tão fria que nesse momento eu não tive dúvidas de que ele era filho de Hades.

– Olha como fala comigo, menino! – Hades exclamou, sentando-se mais ereto no trono de ossos. Se eu já não estivesse quase me fundindo com Nico, teria me encolhido mais. – Não enquanto estiver com... Essa garotinha aí.

Epa! Agora apelou! Eu não sou qualquer uma não, meu filho!

Mas também só não digo nada porque não estava muito afim de virar cinzas ali mesmo.

– Deixe de ser ranzinza, Hades! Eles são tão lindos juntos! – eu corei e Persephone riu baixinho.

Ela se levantou de seu trono – claramente bem mais delicado que o do marido - e se aproximou de nós. Eu não fazia ideia do que ela faria, mas com certeza não imaginava que ela iria nos abraçar ali mesmo. Quando se separou, deu outro risinho baixo ao ver meu olhar confuso e envergonhado.

Hades bufou. – E parece que trouxe o outro cavalo-marinho também, não é Nico?!

Percy deu um passo à frente, mas não disse nada. Nico abaixou braço até que estivesse segurando minha mão e entrelaçasse nossos dedos. Teria corado se eu não estivesse ocupada demais em tentar não morrer.

– Pai, eu vim aqui para perguntar porque mandou Aracne até nós naquele bar. – ele disse firmemente.

– Seu pai o quê?! – Persephone se exaltou, olhando friamente para o marido.

– Aracne apareceu dizendo que Hades tinha um recado para mim e ela começou a nos atacar. – eu criei coragem para falar, mas recebi um olhar aterrorizador de volta. De Hades, claro.

– Você não tem direito nenhum de interferir nisso! – Nico se exaltou, dando outro passo à frente, mas ainda segurando minha mão. - Como se já não bastasse o que Poseidon fez!

– Meu pai? O que ele fez?! – eu perguntei, agora completamente confusa.

– Então a princesinha ainda não sabe. Ou melhor, não se lembra! – Hades disse, deixando-me ainda mais confusa.

– Hades, prometa! – exclamou Persephone. - Prometa que não irá mais interferir!

– Nem pensar! – ele disse, levantando-se e parecendo bem maior do que nós. Energia negra começou a circundá-lo e eu dei um passo para trás de Nico. Percy se postou ao lado dele e à minha frente, também procurando me proteger.

– Ou é isso, ou quebrarei o trato e irei voltar para a casa de minha mãe! – Persephone não se deixou abalar. – E prometa direito!

Hades bufou, irritado e derrotado. – Prometo pelo rio Estige que não irei mais interferir.

Prometer pelo Estige também afetava deuses. E eu sabia bem o suficiente para ter certeza que não era apenas só isso.

– Boa sorte para saírem daqui. Caronte não permitirá tão cedo. – ele disse, antes se sair por uma porta lateral.

Persephone se virou para nós com um sorriso gentil.

– Nico, querido, você está forte o suficiente para viajar pelas sombras? – ele assentiu e ela deu um beijinho na bochecha de cada um. – Ótimo. Ah, não se esqueçam que eu rezo para dar certo!

Percy bufou, Nico sorriu, Persephone riu e eu corei – claro.

Segundos depois, me senti engolida pelas sombras e sabia que estávamos viajando. Quando abri os olhos novamente, estávamos em frente ao Denver Art Museum. Nico me chamou e quando me virei, ele apontou para meus cabelos, sorrindo. Senti alguma coisa entre meus cachos e quando tirei dali, vi uma rosa negra em minha mão – a que não estava entrelaçada à do moreno.

Sorri. Com certeza a guardaria para sempre.


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