A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 1
Descubro que sou semideusa


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]

Nota (01 de novembro de 2015): Já tem bastante tempo que escrevi essa fanfic, e como decidi passar para o Wattpad, estou relendo e fazendo algumas mudanças. Queria diminuir o número de personagens, mas só farei isso se perceber que não alterará a história. De qualquer maneira, algumas coisas podem estar diferentes do original, para quem já leu. Ah, e para não haver confusões: o enredo É para ser parecido com o primeiro livro da série. É proposital, tem um porque por trás disso, então peço que não acusem de plágio antes de lerem até o final. Espero que gostem ♥

Ps: eram para ser dois capítulos separados, mas não consegui adicionar um, então coloquei o prólogo com o primeiro capítulo.



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Prólogo

Eu simplesmente odiava trovões.

Era uma coisa tão tosca e banal, mas eu realmente odiava. Ainda mais eu sendo filha de Poseidon. Trovões, com toda a certeza, não são coisas para filhos de Poseidon. Uma superonda, um maremoto, um naufrágio, não tenho medo de nenhum desastre marítimo, mas, por favor que você me faz, não me deixe perto de nenhum barulho de trovão. Cara, só para você ter ideia, eu tive menos medo quando fui parar no Mundo Inferior acidentalmente do que quando ouço um barulho de trovão. E sabe a pior parte?! Nico nem tem medo deles!

Ok, já chega! Cansei disso!

Levantei-me da cama de solteiro do meu quarto depois de segurar outro grito por causa do som alto do trovão que acabara de soar. Eu já sentia as lágrimas querendo escorrer por meus olhos. Era realmente uma espécie de trauma. Nem perdi meu tempo de colocar as pantufas da Noiva Cadáver e saí rápido do meu quarto. Posso muito bem dividir o apartamento com Nico depois de tudo o que aconteceu, mas ele sempre insistira em dormimos em quartos separados. Ele sempre me respeitou e isso foi uma das coisas que me deixou ainda mais apaixonada por ele.

Pela segunda vez.

Atravessei todo o corredor do apartamento até que encontrei a porta de cor preta apenas levemente encostada. Parei em frente a ela, lembrando-me bem da briga que tivemos quando fomos escolher as cores para as portas de cada um. Não uma briga feia, foi mais uma disputazinha para ver quem ganhava. E, como eu não sou o que se define por normal, a filha de Poseidon aqui quis disputar com o filho de Hades mais teimoso que tem pela cor da porta preta. Acontece que euzinha perdeu para ele no pedra, papel e tesoura e tive que me contentar com apenas o roxo.

Abri um pouquinho a porta, encontrando Nico dormindo fofamente de bruços na cama de casal, com uma bermudona cobrindo sua boxer preta. Sem camisa, com suas costas se levantando a cada respiração. Ele parecia um anjo dormindo. Mas só dormindo mesmo. Eu quase tive dó de acordá-lo e já estava prestes a dar meia-volta e me virar por mim mesma quando um clarão atravessou a janela sem cortina dele, com as gotas da chuva forte batendo no vidro. E, menos de sete segundos depois, o barulho medonho do trovão atravessou o quase silêncio, me assustando e amedrontando a ponto de soltar um grito fraco, abafado apenas pela minha mão que já estava preparada perto da boca.

Nico se remexeu na cama e eu fiquei rezando para que ele não acordasse, mas outro trovão e, consequentemente, um grito medroso meu não permitiram. Ele abriu os olhos meio alarmado e se espreguiçou. Não me movi, mas rezei para que ele voltasse a dormir como se nada tivesse acontecido. Dava muita dó de ter que acordá-lo. Mas hoje parecia meu dia de azar e Nico logo me encontrou parcialmente à sua porta.

– Ronnie, o que houve? - ele perguntou, preocupado.

Outro trovão.

E meio segundo depois eu já estava em cima de Nico, aninhada em seus braços e com o rosto enterrado na curva de seu pescoço. Soluços sem lágrimas irrompiam por mim.

– Ei, meu amor, o que foi? - Nico perguntou, realmente preocupado enquanto acariciava meus cachos desfeitos.

Se fosse qualquer outro momento, ele teria apanhado por ter me chamado de amor. Ele sabe o quanto eu acho ridículo quando namorados resolvem inventar apelidos carinhosos e faz isso apenas para me irritar, apesar de eu achar fofo. Ao menos nele. Mas não agora. Não quando a chuva ainda batia forte no vidro da janela e havia a iminência de outros trovões.

– Respira fundo, Ronnie, e me diz o que houve. - ele pediu em uma voz carinhosa e atenciosa.

– Trovões, Nico, eu tenho medo de trovões. - eu disse manhosa, esperando que ele não caçoasse de mim como qualquer outra pessoa faria.

Mas ele não faria isso, pois sabe bem o que eu passo. Do mesmo modo que uma filha de Athena teria medo de aranhas, um filho de Hades teria medo do mar e de aviões, um filho de Zeus teria medo de túneis fechado e uma filha de Poseidon teria medo de trovões. Não é um dos medos mais comuns, mas ainda assim eu preferiria encarar o Mundo Inferior novamente a ficar toda uma noite ouvindo barulhos de trovões.

– Ah, Ronnie, odeio te ver assim! - ele disse, me puxando mais contra seu peito descoberto. - O que eu posso fazer para melhorar?

Outro trovão e eu me encolhi mais contra ele, que intensificou o carinho em meu cabelo.

– E-eu acho que uma história iria me distrair um pouquinho.

– Tudo bem então, eu conto, mas vamos só nos ajeitar aqui.

Depois de alguns segundos se ajeitando em sua cama, Nico ficou meio deitado e meio esparramado pela cama de casal, enquanto eu estava sentada entre suas pernas, com as costas deitadas sobre seu peitoral. Nico envolveu minha cintura, segurando minhas mãos entre as suas. Eu fiquei com minha cabeça deitada sobre seu ombro e ele com o queixo apoiado no meu.

– Que tipo de história você quer ouvir? - ele perguntou sussurrando ao meu ouvido. Provavelmente preocupado se eu iria me assustar.

– Como assim? - perguntei, confusa.

– Mortal ou história semideusa?

Eu sorri. - Você decide.

Ele me ajeitou mais contra e si e eu sabia que ele estava sorrindo.

E eu sabia bem que história ele escolheria.

.

Descubro que sou semideusa

Eu não queria ser uma semideusa. Às vezes ser filha de um deus, ser poderoso é bem legal quando se trata de destruir um monstro. Mas quando se trata de ter dislexia, hiperatividade e décift de atenção pode ser um tanto irritante ser expulsa de cada escola que você entra.

Se você está lendo essa fanfic por que acha que é um de nós pode agora mesmo fechar a janela. Quando se sabe sua verdadeira identidade é uma questão de tempo até que os monstros comecem a atacá-lo.

Mas se está lendo por que acha que é pura ficção pode continuar. Eu o invejo por achar que nada disso aconteceu.

E se está lendo e se reconhecer nos capítulos meu único conselho é: fechar a fanfic e acreditar em qualquer mentira que seu pai ou sua mãe lhe contar. Não vale a pena viver tudo isso.

Bem, era o que eu achava até encontrar Nico di Angelo.

Mas não adianta iniciar uma história pela metade. Para começar meu nome Verônica Miller, mas prefiro que me chame de Ronnie. Cabelos negros, cacheados e curtos com uma mecha roxa e olhos verdes, bem parecidos com a cor do mar, mas eu os odiava por chamar tanta atenção.

Aos meus 16 anos e vivendo na grande Manhattan, eu tinha acabado de ser expulsa da escola. De mais uma.

Grover me acompanhava até em casa, alegando não ser seguro. Desde que descobrira a verdade sobre os semideuses e sabendo que era filha de um dos três mais poderosos, eu não mais reclamaria caso ele quisesse me acompanhar. O cordão em forma de Tridente que tenho desde que me entendo por gente parecia cada vez mais pesado em meu pescoço e o anel, também de Tridente, brilhava em meu dedo indicador da mais direita. Isso não parecia bom. De acordo com Grover, minha reação ao descobrir não havia sido das piores – na verdade, eu havia levado de um jeito bem positivo para a maioria.

.

Estava indo em direção à sala do Sr. Blakelee, meu professor de latim. Eu era péssima em todas as matérias, menos nesta, o que parecia ser um milagre. Queria entender por que eu tirava A em latim e E nas outras matérias. Estava óbvio que não era simples coincidência. Sentia que havia alguma coisa a mais nisso e era o que eu pretendia entender. Estava quase chegando quando percebi que havia uma leve claridade saindo pela porta do Sr. Blakelee, que estava entreaberta. De lá eu podia ouvir alguns sussurros.

– ... claro que está preocupada: ainda acredita que realmente houve uma Sra. Jones. – ouvi a voz que no mesmo instante reconheci sendo de Grover, meu único amigo naquele internato.

Quando ouvi o nome da Sra. Jones lembrei-me do incidente do mês passado, quando ela de repente havia se transformado em uma criatura parecida com uma cobra. Ela havia me obrigado a dizer onde estavam o tridente e o elmo – coisas que eu não fazia ideia do que eram... até agora.

– Sei disso, mas não podemos contar tudo a ela, pelo menos não hoje. – respondeu o sr. Blakelee, e eu mordi meu lábio inferior, repentinamente ciente de que falavam sobre mim. – Vamos esperar até amanhã. Ela não é tão burra. Já deve saber quem é. E eles também já devem saber, senão a dracaena não estaria aqui.

– É, você tem razão, mas devemos contar a ela o mais rápido possível. Amanhã pode ser? A vida de Ronnie pode estar correndo perigo.

Ouve uma pausa rápida, mas que para mim foi agonizante. Quando o Sr. Blakelee finalmente respondeu, que eu percebi que estava prendendo o ar.

– Amanhã você irá contar tudo. Ou até mesmo hoje, caso ela esteja acordada.

Foi nesse exato momento que percebi que teria de entrar. Não sei o porquê e nem como, mas sabia que teria de ser agora, pois amanhã talvez seria tarde demais. Tomei coragem e abri a porta, deixando os dois assustados. Eles ficaram me encarando. Grover estava surpreso por eu estar ouvindo sua conversa e o Sr. Blakelee encarava-me como se já esperasse por isso.

– Podem começar a falar. – olhei os dois com raiva.

Eles estavam escondendo algo de mim. Algo sobre mim. E eu precisava descobrir.

Grover começou a... Balir?

– Béééé.

Já havia escutado isso antes; quando ele ria, era esse som que emitia – pelo menos eu achava que era uma risada. Mas antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, o Sr. Blakelee começou a falar.

– Verônica, sente-se, por favor. – disse ele, usando meu nome verdadeiro, gesticulando para uma cadeira vazia à sua frente.

Sentei-me e esperei.

– Bem... Lembra-se de quando estudamos sobre a mitologia grega? – assenti e ele continuou: - E que havia Deuses que tinham casos com mortais e dessa união nasciam os semideuses? – assenti novamente. A esse ponto da história eu já desconfiava sobre o que era. Ou o que eu era. Ele foi bem específico e foi direto ao assunto. Eu sempre soube que não era normal, mas jamais pensei que meu professor de latim viesse e dissesse que eu era filha de deuses.

– Sim, eu me lembro. Sei que sou semideusa. – falei calmamente, olhando atentamente para eles.

– Exatamente. – só então ele reparou no que eu realmente disse. – O que?! Como sabe?!

– Não sou burra. Quando você explicava sobre os deuses, sempre olhava para mim. Sempre. E também quando aquela... coisa... apareceu aqui, percebi que havia algo errado. Então pesquisei em alguns livros antigos e juntei as peças: minha hiperatividade está relacionada com meus reflexos no campo de batalha; minha dislexia é por que minha mente está ligada ao grego antigo, como percebi quando você me presenteou com aquele livro.

O Sr. Blakelee ficou pensativo. Isso não acontecia muito, pelo menos não que eu veja. Ele geralmente já tem sua resposta na ponta da língua. Isso me intrigou.

– Sim, você está totalmente certa. – ele respondeu por fim, suspirando. – Pensei que você poderia ser filha de Atena, por ser tão inteligente. Todos os filhos de Atena já sabiam quem eram antes mesmo de chegar à hora.

– Minha mãe é mortal, se não se lembra. Além de que ela dizia que meu pai... – fiquei estática. Olhei para os dois à minha frente. Havia certeza em seus olhos. – Poseidon... Meu pai é Poseidon, não é? Minha mãe disse que meu pai adora o mar e que teve que morreu trabalhando para a marinha.

– Poseidon? Poseidon é o Deus do Mar e dos Terremotos. Criador dos Cavalos. O cordão e a pulseira de Tridente mostram isso. – ele apontou para o cordão em meu pescoço. – Foi ele que os deixou a você.

Por mais que eu tivesse deduzido aquilo tudo, tudo ainda parecia irreal para mim.

– Agora que sabe quem seu pai é, deve se preparar, pois os deuses estão em guerra. – o sr. Blakelee voltou a falar. – O Tridente de Poseidon e o Elmo das Trevas de Hades estão desaparecidos e estão acusando um ao outro e poderão acusar você do roubo do Elmo, ainda mais que Zeus e Hades já não gostam muito de Poseidon pelo passado. Seu único lugar seguro é o Acampamento.

– Acampamento? – perguntei. Não sabia por que, mas meu coração deu um leve pulo quando escutei a palavra. Ela deve ter muita importância para os semideuses.

– Sim – foi Grover que respondeu, mesmo estando tremendo um pouco ao comer uma lata de refrigerante. Por incrível que pareça isso não me incomodou –, o Acampamento Meio-Sangue. Onde os semideuses podem treinar para batalhas contra monstros. O único lugar seguro para eles, onde nem monstros nem mortais têm permissão para entrar. Fica aqui mesmo em Manhattan, especificamente em Long Island.

– Então é para lá que eu vou. – disse já me levantando e me dirigindo até a porta.

– Amanhã Grover irá falar com sua mãe. E vocês irão até o Acampamento.

Assim que ele havia dito essas palavras, retirei-me e fui até meu dormitório.

.

Foi bastante estranho tudo aquilo, e depois de um longo tempo refletindo antes de dormir, cheguei à conclusão de que, por mais idiotice que parecia, ao menos agora eu sabia a verdade. De alguma forma, eu sentia que tudo aquilo me era familiar.

Entramos no apartamento de minha mãe. Era normal, simples, com apenas dois quartos: um pra mim, e um pra ela. Minha mãe era solteira; nunca se casou. Sempre disse que amava demais meu pai para isso, mas nem sempre eu via firmeza em suas palavras.

– Mãe, chegamos... – anunciei, passando pelo portal e deixando minha mochila ao lado do sofá.

Kim Miller entrou na sala e largou a mochila que estava carregando e veio me correndo me abraçar. Não sei onde conseguiu essa força toda. E morrer asfixiada pela própria mãe não estava nos meus planos.

– Mãe, está me enforcando. – mal consegui acabar a frase, mas logo ela percebeu que estava me enforcando e me soltou.

– Como está filha? Voltou cedo pra casa. – calou-se assim que notou Grover do meu lado. Olhou pra ele e a compreensão atravessou seu rosto. – Já sabe? Ela já sabe?

Virei-me a tempo de ver Grover assentindo. Minha mãe nada disse, apenas voltou pelo corredor que havia vindo. Fomos atrás e vi-a pegar uma grande mala no meu quarto e jogar todas as minhas roupas que coubessem aí sem nem mesmo ajeitar direito. Tudo isso em menos de cinco minutos. Estava com pressa e eu sabia o porquê. Estava finalmente na hora de eu ir para o Acampamento Meio-Sangue.

Depois que minha mala estava pronta, voltamos para a sala e fomos para a garagem do prédio. Entramos no Volvo prata da minha mãe e saímos para a Upper East Side – por incrível que pareça Nova York estava deserta. Alguma coisa anormal estava acontecendo e eu estava hesitante. Continuamos a trafegar pela cidade deserta e finalmente chegamos à autoestrada. Seguíamos para Long Island em alta velocidade, mas mesmo assim eu sentia que não era o suficiente.

– Podemos ir mais rápido?! – perguntei, sentindo-me inquieta.

– Estou tentando, filha, calma! – exclamou minha mãe, pisando um pouco mais fundo no acelerador.

– Ali. – gritou Grover assim que viu, a uns 500 metros, uma pequena colina com um grande pinheiro. – A Colina Meio-Sangue. E a árvore de Thalia.

Um ruído atravessou o ar do lado de fora e um arrepio atravessou minha espinha. Minha mãe imediatamente parou o carro, cantando pneu. Meu corpo foi lançado à frente, mas consegui segurar-me no banco da frente.

– Saiam do carro, AGORA! – gritei e os dois obedeceram.

Saímos do carro e eu e Grover pegamos as duas mochilas com minhas roupas. Apressamo-nos em direção à colina. Ouvindo os rugidos atrás de mim, nem ousei desviar o olhar do pinheiro no alto dela.

– Continuem correndo! – Grover gritou de algum lugar à minha esquerda.

Corremos em direção a Colina, que agora estava a uns cinquenta metros ainda. De repente apareceu uma luz branca à minha direita que quase me cegou – só não aconteceu porque estava de dia. Assim que ela sumiu, olhei para a direita pelo canto do olho e a criatura mais estranha que já vi na vida surgiu não muito ao longe. Ela tinha cabeça de leão, torso de cabra e cauda de serpente. Para meu completo horror, o bicho soltava fogo pela boca, parrando rente a nós.

– O que é isso?

– É a Quimera, filha de Equidna. – respondeu Grover.

Tínhamos que dar o fora. Imediatamente. Mas eu já estava cansada e meu corpo todo doía. Não sabia nem como conseguia continuar andando, mas precisávamos chegar a salvo no pinheiro. Nunca a frase “questão de vida ou morte” coube tão perfeitamente numa situação, pensei.

– Não posso passar. – berrou minha mãe, parada no meio caminho.

– Mãe, não vou deixar você aqui! - tentei puxar seu braço para vir conosco, mas ela parecia paralisada, como se houvesse uma barreira invisível a impedindo.

– Você tem que ir! – ela se soltou de meu aperto, lágrimas escorrendo por seu rosto. – Eu vou ficar bem!

Outro rugido e eu virei-me para minha mãe, desesperada.

– Vá, meu anjo, ela não quer a mim. – ela disse, enxugando as lágrimas e abrindo um sorriso triste. – Adeus, Ronnie. Eu te amo.

Minha mãe correu pela lateral da Colina, sem olhar para a fera. Continuou a correr até que eu a perdesse de vista. Ela ficaria bem, diferentemente de mim, que estava prestes a morrer. Tentei ser positiva, mas parecia impossível com a cena em minha frente: estava quase desmaiando em frente a um monstro horrendo que cospe fogo em cima de nós.

– Ronnie, o cordão! – gritou Grover, não muito longe mim. – Puxe-o!

Sem perguntar, arranquei o cordão de meu pescoço, que estava mais pesado que nunca. Assim que saiu do contato da minha pele, transformou-se rapidamente em uma espada. Parecia bem equilibrada em minha mão, como se tivesse tido forjada especialmente para eu manuseá-la.

O único problema era que eu não sabia como usá-la.

– O que eu faço, Grover?! – perguntei, desesperada.

A fera lançou um jato de fogo para cima de mim, mas, para minha surpresa, consegui desviar. Quando ele lançou outro jato, dei um pulo no ar antes que me atingisse e cai nas costas da criatura. Enfiei a espada em sua carne, mas não surtiu muito efeito. Apenas deixou-a raivosa o suficiente para que eu caísse na grama da colina. A Quimera mandou outro jato de fogo, mas rolei no chão, afastando-me. O gramado verde virou cinzas a alguns poucos centímetros de mim e eu agradeci mentalmente por não estar algumas polegadas de distância. Levantei-me, ainda bamba e mal conseguindo parar sobre minhas pernas, com uma dor latejante por toda a extensão de meu corpo. Quando a fera abriu a boca novamente para lançar mais um jato, consegui ser rápida o suficiente para dar um salto de lado e mandar a espada em sua direção, arrancando a língua bifurcada.

Caí de costas, dolorida demais para me levantar.

Estava quase cedendo à inconsciência quando vi um garoto disparando e indo lutar contra a Quimera. Continuei no mesmo lugar. Não estava aguentando mais nada e já podia estar sentindo minha consciência se esvaindo. O garoto conseguiu fazer com que o monstro fugisse e veio andando em minha direção. Ele era lindo, com seus cabelos negros e olhos sérios e profundos como sombras na noite e usava tudo preto. Parou à minha frente e segurou-me para não cair.

– Tente não desmaiar, vamos te levar até a enfermaria. – disse-me, sua voz baixa e rouca fazendo algo em minha memória se remexer.

– Qual seu nome? – perguntei, minha voz mal saindo por meus lábios secos.

– Nico di Angelo, filho de Hades. – disse-me, parecendo meio ressentido, mas logo se recuperou e direcionou seu olhar para meu rosto. – E você?

– Ronnie Miller. – respondi, já à beira da inconsciência. Por fim, consegui falar completar. – Filha de Poseidon.

– Po-Poseidon?! Impossível...

A última coisa que pude perceber foi que ele fez uma expressão de espanto. Pegou-me no colo e caminhou até uma grande casa azul de fazenda.

Fui pega pela escuridão logo após isso.


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