A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 15
Nosso caminho até Washigton DC


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Nosso caminho até Washington DC

– Podemos pelo menos trocar de roupa? – perguntou Lannah, antes de entrar na van.

– Para que, Lannah? – perguntou Edward.

– Ora, se vocês não sabem, Washington é bem quente nessa época do ano! – exclamou a menina.

– Mas que roupas?! – perguntei.

– Lindinha... – disse Lannah, pegando sua mochila e a exibindo. – Sempre venho preparada!

– Tem certeza que é filha de Poseidon? – perguntou Evanlyn, tomando a mochila da mão dela e entrando na van.

Lannah riu e entrou na van também.

– Vem logo, Hailley. – disse Annabeth, puxando-a pela mão para dentro da van.

– Você não vai, não? – perguntou Nico ao meu lado.

– Não, obrigada. – respondi. – Gosto muito da boa e velha calça jeans.

– Sabe que em Washington você vai sentir falta de um short, não é?! – ironizou James, vindo para nosso lado.

Pude perceber que Nico não gostou muito de James passando o braço por cima de meus ombros.

– Está falando sério?! – perguntei.

– Ah Ronnie, vai logo trocar de roupas! – disse Guilherme. Por incrível que pareça, ele não parecia tão sonolento como antes.

Bufei e abri a porta da van o mínimo possível para passar, pois as meninas já trocavam de roupas.

– Não tenho nada para vestir. – eu disse para Lannah. – Só trouxe roupas de frio.

– E é por isso que eu trouxe uma muda extra! – disse Evanlyn.

– Até você, Evanlyn? – brinquei, indo até a menina que estava no fim da van.

A van era grande e larga, mas sem bancos. Apenas os três da frente. Quem ficasse atrás teria que se sentar no chão dela, coberto de carpete cinza.

– Não sou filha de Afrodite, mas Perséfone não gosta muito de coisas desarrumadas. – ela respondeu.

Entregou-me uma muda de roupas escuras. Um short azul claro e curto, meio rasgadinho e uma caveira na perna direita; um top cinza que tinha uma blusa preta soltinha por cima, escrito “I Believe in Love”. O look ficou perfeitinho com meu all star preto. Terminei de me arrumar e ajeitei meu cabelo, que estava totalmente indomável. As meninas já estavam prontas, então Annabeth abriu a porta da van e gritou para os meninos, que estavam um pouco afastados.

– Estamos prontos, meninos!

Saímos da van e eles já estavam ali novamente, olhando-nos de cima abaixo. Como não havia jeito de esconder minhas pernas, cruzei os tornozelos e abracei meus braços, tentando ao máximo parecer menor. Nico olhou para mim e sorriu, com olhos arregalados e pupilas dilatadas; e eu não sabia se isso era bom ou ruim. Senti meu rosto queimar e tentei esconder as bochechas coradas olhando para os lados.

– Ótimo, agora temos que decidir quem vai dirigir. – disse Percy, claramente tentando não olhar para as pernas de Annabeth, que ria timidamente.

– Está brincando, né Percy?! – disse Hailley.

– O que?! – ele perguntou.

– Você mesmo disse que tinha idade o suficiente para dirigir. – respondi.

– Mas eu não sei! – ele disse.

Annabeth levantou os braços para cima, como se tivesse pedindo ajuda aos céus.

– Mas você é o único que pode pegar num volante! – ela disse.

Nico veio para o meu lado e passou o braço por minha cintura. Senti minhas bochechas queimarem ainda mais.

– Só sei de uma coisa... – disse Edward. – Eu quero ir na frente!

Ele andou até a van e sentou-se ali na frente, à janela.

– E então, Percy? – perguntou Annabeth, cruzando os braços. – Vai ou não dirigir?

– Não! – ele disse teimoso. Eu revirei os olhos.

– Enquanto vocês se decidam... – disse Guilherme, indo até a parte de trás da van. – Vou tirar um cochilo. – e sumiu atrás das portas, provavelmente em um canto no final.

– Eu e Lannah estamos subindo enquanto se decidem! – disse Evanlyn, puxando Lannah pelo pulso.

Eu bufei e subi também, logo sendo seguido por Nico. Ele se sentou ao meu lado, mas não me tocou. Logo James e Hailley entraram rindo e se sentaram no chão. Annabeth entrou triunfante no banco da frente e sentou ao lado de Edward. Percy entrou bufando no volante e, segundo as instruções que Annabeth lhe dava, deu a partida.

Ouvi Nico rindo.

– Pelo visto Percy nunca consegue vencer uma discussão com Annabeth.

– Nunca? – perguntei, mas sem querer realmente saber a resposta.

Queria apenas puxar assunto com ele, pensando que isso podia tirar meus pensamentos dos braços e pernas arrepiados pelo frio de Nova York.

– Não que eu saiba. – ele disse, olhando para o teto da van, que se movimentava a partir do movimento da estrada.

Olhei para o outro lado de Nico, em direção aos três nos assentos. Percy me olhava com os olhos semicerrados pelo retrovisor. Revirei os olhos e senti a van dar um solavanco quando Percy passou direto por um quebra-molas. Tentei me segurar, mas acabei caindo em cima de Nico, que me amparou. Ele esfregou a mão em meu braço arrepiado e franziu o cenho.

– Ronnie, você está congelando! –ele exclamou, mas graças aos deuses não foi alto o suficiente para que os outros ouvissem.

– Não, eu estou bem. – disse, me afastando.

Ele se afastou da parede da van e tirou o casaco que vestia, colocando-o sobre meus ombros. Fiz menção em retirá-lo, mas Nico apenas me abraçou contra seu peito, impedindo-me.

– Eu disse que prefiro muito mais uma calça jeans. – eu disse, fechando os olhos.

– É, eu me lembro bem disso. – ele disse. – Faz... Quanto tempo mesmo?! Dez minutos?!

Rimos. Ficamos calados, enquanto os outros discutiam o que quer que fosse. Fiquei pensando na profecia e no que Poseidon sussurrou para mim sobre ela. A primeira parte eu entendia. Teríamos que nos tornar muitos nesse grupo e ir para as portas da vida eterna para recuperar os instrumentos. Mas algo sobre o que meu pai dissera não fazia muito sentido, mas eu queria acreditar que estávamos indo na direção certa. Sabia que não tínhamos muito tempo de errar e voltar para concertar os erros. Não deram um tempo limite para o término da missão, mas eu sabia que quanto mais demorássemos, mais as coisas complicariam no Olimpo.

Percy me dissera que quando o raio-mestre foi roubado a primeira vez, anos atrás, Zeus culpou Poseidon, dizendo que este usara Percy para roubá-lo. Mas desta vez ninguém foi culpado realmente, pois foram roubados instrumentos de Poseidon e Hades. E isso não fazia sentido, pois não tinham alguém para culpar. Nem um motivo para os roubos. E isso apenas complicava minha situação e a de Nico, pois dava mais tempo para os deuses pensarem em nós dois. Pensarem sobre o suposto amor e o suposto plano de juntarmos nossas forças e derrubar Zeus do poder.

Senti o peitoral de Nico ir para cima e para baixo uniformemente. Sua respiração regular balançando levemente meus cabelos. Levantei-me e vi que ele dormia. Franzi o cenho, perguntando-me por que ele dormia sendo que não tinha muitas horas que acordamos. Olhei ao redor e vi que a maioria dos semideuses ali estava cochilando. Hailley estava deitado sobre o ombro de James, que também dormia com a cabeça apoiada na parede da van. Guilherme dormia pesadamente, encolhido em um canto. Isso já seria meio óbvio. Lannah e Evanlyn ainda conversavam, mas percebia-se que estavam cansadas. Annabeth estava com a cabeça apoiada no encosto.

Olhei pelo para brisas e vi o sol se ponto à nossa frente. Descia preguiçosamente pelo horizonte, próximo de alguns picos. Vi Percy bocejando do volante e esforçando-se para se manter acordado. Levantei-me cuidadosamente para não acordar Nico e, por mais que eu queria ficar ali, observando-o dormir, eu sabia que nossa segurança era mais importante. Eu não sabia o que mais dava medo: monstros tentando de tudo para me matar, ou Percy dirigindo uma van cheia de semideuses que atraiam os monstros. O que era quase a mesma coisa, já que esta van carregava seis filhos dos Três Grandes. E pior: de todos os Três Grandes.

– Percy, não é melhor você parar para descansar? – perguntei, apoiando-me no encosto do assento único.

Ele bocejou outra vez.

– Não, eu estou bem.

– Não, não está! – eu disse, balançando Annie levemente para que acordasse.

– Sim, Ronnie. – ela disse, já totalmente desperta.

– Percy está quase dormindo ao volante. – eu respondi.

– Não, não estou! – ele insistiu.

Annabeth levou dois segundos para analisar o namorado e ver que ele estava prestes a cair dormindo em cima do volante.

– Deixa de ser teimoso, Cabeça de Alga! – ela disse. – Encoste que eu passo para o volante.

– Não, estou bem, Sabidinha. Eu aguento.

– Percy... – eu disse.

– Troca logo com a Annie, Percy! – disse Edward, que eu nem tinha percebido que estava acordado.

Ele olhou-nos pelo canto dos olhos. Eu e Annabeth olhávamos friamente para ele e de braços cruzados, teimando em tirá-lo dali. Ele suspirou e parou a van no acostamento. Ele rapidamente trocou com Annabeth, que logo deu partida na van, acelerando a duzentos quilômetros por hora. Segurei firme no encosto para não cair e olhei para trás. Os outros não tinham se movido nem um centímetro e isso me fez arregalar os olhos.

Segurei-me no encosto de Edward.

– Ronnie, me responde uma coisa?

Olhei-o desconfiada, tentando descobrir se a expressão dele me daria alguma informação.

– Anh... Pode.

– Gosta do Nico, não é?!

Sobressaltei-me um pouco, mas desviei o olhar rapidamente para Nico, que dormia profundamente como um anjo, e para Percy, que graças aos deuses também dormia.

– Sim, eu acho que gosto. – eu respondi.

– Então não deixe que os deuses impeçam isso.

Arregalei os olhos, pensando em como ele sabia disso. Pensei em perguntar, mas ele rapidamente desviou o olhar para janela.

– Sente falta de Angeline? – perguntei, ao ver que ele estava um pouco melancólico.

– Sim, muita. – ele respondeu, olhando pela janela.

– Não fique assim. – tentei consolá-lo, mas eu sempre fui péssima nisso.

– Como não se eu sinto que não vou vê-la novamente?!

Hesitei um pouco após isso, mas eu tentaria fazê-lo se animar de um jeito ou de outro.

– Não fique assim. – repeti. – Tenho certeza de que se encontrarão outra vez. Pode acreditar nisso.

Como sempre, eu não tinha ideia de como estava errada.


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