A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 16
Meu mais novo (e assustador) talento


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Meu mais novo (e assustador) talento

Acordei um pouco bamba e dolorida. Dormir em uma van não é minha primeira opção, mas não podia fazer nada.

Sentei-me e me espreguicei. Não queria ter que acordar, mas o dever nos chama e eu realmente pretendo acabar com essa idiotice de culparem-me por algo que não fiz o mais rápido possível. Olhei ao redor e percebi que todos já estavam acordados – com exceção de Guilherme, claro, e de Nico, que por alguma razão estava deitado no meu colo. Olhei para a parte da frente da van e vi que Percy havia assumido novamente o volante e Annabeth cochilava em seu ombro.

E se eu não estivesse tão preocupada com um sentimento de prisão que surgia no meu peito, teria achado essa cena fofa. Algo dentro de mim se remexia tão furiosamente que fiquei estática por um segundo, tentando entender tudo isso. Por alguns minutos fiquei assim, tentando entender o que era aquilo que me sufocava, até que uma voz conhecida falou em minha mente.

Monstros. Você pode pressentir a aproximação de monstros.

Minha primeira reação?

PAI, gritei em minha mente, esperando uma resposta que nunca veio.

Ah, claro, houve também minha segunda reação. Apertei fortemente o ombro de Nico, fazendo-o acordar assustado e alerta, chamando a atenção de todos.

– Ronnie, o que houve? – perguntou-se, preocupado.

Não respondi, apenas levantei-me apressadamente e segurando-me nos bancos da frente para não cair enquanto a van balançava e todos esperavam minha resposta. Olhei pelo para-brisa dianteiro e vi que estávamos entrando em Washington DC. Estávamos indo a mais de duzentos e vinte por hora, mas ainda assim o sentimento persistia. Precisava fazer alguma coisa para nos afastarmos do mau pressentimento, mas não tinha a menor ideia de como fazê-lo. Acabo de descobrir meu terceiro talento.

E da pior maneira possível.

– Vá para o Pentágono, Percy! – ordenei, tentando deixar minha voz o mais autoritária possível.

– Por quê? – perguntou-me, parecendo despreocupado. Não pareceu perceber o nervosismo que emanava de mim, como os outros perceberam.

– Só vá, Percy! – gritei.

– Pra que esse nervosismo todo? – perguntou Edward, parecendo tão despreocupado quanto meu irmão.

Meu humor já estava caindo e uma raiva começou a lutar contra o mau pressentimento dentro do meu peito. Ser mais nova era foda, ninguém se dignava a lhe escutar. Olhei pra Annabeth, suplicando. Ela pareceu entender que o problema era sério, pois se virou para Percy com uma expressão ainda mais autoritária que a minha.

– Perceu Jackson, acho bom você ir para o Pentágono, do jeitinho que sua irmã falou.

Ronnie, o que houve?, perguntou a voz de Lannah em minha mente.

Acredite, não é algo bom, respondi, sem querer dar detalhes que eu ainda não tinha.

– Ronnie. – chamou a voz de Evanlyn atrás de mim.

Virei-me e deparei com seus olhos bicolores me encarando preocupados.

– O que está acontecendo?

Engoli em seco, evitando ao máximo dizer algo que fosse alertá-los atoa, mas não poderia simplesmente mentir para aqueles olhos penetrantes. Respirei fundo, e enquanto ia para os fundos da van, respondi.

– Eu ainda não sei, mas não me parece ser algo bom.

Verifiquei o céu de Washington pelo para-brisa traseiro e nada me parecia fora do normal, a não ser nuvens negras denunciando o estado de espírito nervoso de Zeus.

– Está acontecendo alguma coisa, não é? – perguntou James, se aproximando mais de Hailley, como se fosse para protegê-la.

E se a situação não fosse tão crítica eu teria soltado alguma coisa para envergonhá-lo.

– Ronnie... É melhor nos dizer logo o que está acontecendo. – perguntou Guilherme, que eu ainda não havia reparado que tinha acordado.

– Estou com um pressentimento ruim. – respondi, enquanto observava-os arqueando as sobrancelhas como se estivessem duvidando. – E eu ouvi a voz do meu pai dizendo que posso pressentir a aproximação de monstros.

Arfaram, surpresos.

~*~

Minutos depois, Nico estava andando de um lado para o outro, parecendo perturbado com alguma coisa; Edward, Guilherme e James conversavam seriamente sobre como derrotar o provável monstro que encontraríamos em minutos, planejando modos de derrotá-lo; Evanlyn, Hailley e Lannah sentaram-se em um canto conversando nervosamente sobre o mesmo assunto; Annabeth dava coordenada de como chegar ao Pentágono e eu sentei-me num canto no chão, observando as nuvens ficarem cada vez mais escuras.

– Por que o Pentágono, Ronnie? – perguntou-me Edward, deixando os meninos falando sozinhos. E então todos viraram sua atenção para mim novamente.

– Annie, eu sei que você sabe explicar melhor que eu. – disse, virando-me novamente para o para-brisa novamente, enquanto ouvia sua explicação.

– Foi construído em 1943 e ainda é um dos prédios mais famosos do mundo. – ela começou a explicar. – Sempre foi parte das forças armadas dos Estados Unidos desde sua construção durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente serve de abrigo para marinha, exército, aeronáutica, fuzileiros navais e guarda costeira. É um dos prédios mais vigiados dos Estados Unidos, e se conseguirmos entrar lá, estaremos seguros até pensarmos em algo melhor.

Eu sentia que tinha algo a mais, senão não seria o primeiro lugar que eu pensaria.

– E pode me explicar como faremos isso? – perguntou Percy, sem tirar os olhos da estrada.

Pensei em lançar-lhe um olhar do tipo “dã, não está obvio?”, mas lembrei que além de que ele não poderia ver, poxa, ele era o Percy! Não entenderia do mesmo jeito. Então simplesmente respirei fundo e dei a mais simples resposta.

– Guilherme.

– O que tem o Gui? – perguntou meu irmão.

– Eu posso assumir qualquer forma humana. – ele disse com a voz baixa. – Posso assumir a forma do chefe do batalhão responsável pela segurança do Pentágono e dar permissão de abrirem para vocês.

Todos se entreolharam surpresos, mas sempre havia um estraga-prazeres para acabar com a minha diversão.

– Acham mesmo que o exército, mesmo sendo o exército, pode segurar um monstro da mitologia grega? – perguntou Edward arrogantemente. – Eles não vêm através da Névoa.

Ah, isso eu e Lannah resolveremos, propaguei minha voz na mente de todos, enquanto me esforçava para colocar em suas mentes uma imagem de Long Island à noite, mostrando-lhe que temos poder suficiente para colocar na mente dos soldados que eles podem, sim, ver através da Névoa.

– Plano perfeito. – disse Hailley, sorrindo.

– Falta apenas chegarmos lá em segurança. – comentou Nico, estranhamente distante, olhando pelo para-brisa da frente, enquanto adentrávamos ainda mais a cidade de Washington.


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Notas finais do capítulo

*http://1.bp.blogspot.com/-thEHrgS4jVI/TlPtm2kF43I/AAAAAAAAF0k/DKVEelt-s64/s1600/pentagono.jpg**http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pent%C3%A1gono