Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 39
Destemida.


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capítulo à Letícia Valdez Potter Jackson que me enviou uma linda recomendação, obrigada linda! ♥
Espero que gostem e ainda não me matem (sério, guardem as facas)
Beijos
até lá embaixo.



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Pov: Annabeth.

Não sei dizer ao certo o que aconteceu. Minha última lembrança envolvia um grande tumulto que resultara em minha "captura". Lembro de estar em um carruagem confortável sendo levada para longe do lugar que costumava chamar de lar e que agora fora reduzido em uma porção de cinzas e o que sobrou de madeira chamuscada. Acho que desmaiei de cansaço ou foi dopada, não sei dizer. Apenas sei que acordei em um lugar tipicamente familiar, mas não tão acolhedor quanto deveria ou quanto era a mansão e a cama de Percy.

Eu estava em meu antigo quarto, na casa de meu pai. Talvez eu devesse ficar feliz em ao menos saber, agora, onde estava e com quem estava, mas mesmo essas constatações não me fizeram esquecer que meu marido poderia estar ferido, perdido, capturado ou até mesmo... Até mesmo algo muito pior que eu não gostaria nem mesmo de pensar, mas simplesmente ainda não poderia descartar a possibilidade: morto.

Levantei-me rapidamente, arrependendo-me logo em seguida. Minha cabeça estava um pouco pesada e minhas pernas doíam um pouco, notei que os vários arranhões feitos pelos espinhos das rosas do jardim de Percy ainda ardiam um pouco sobre minha pele, agora eles estavam mais rosados e sensíveis.

Meu quarto continuava igual eu o havia deixado antes de me casar. A cama pequena estava coberta por um colcha branca com detalhes em flores azuis simples. As janelas de uma madeira clara e fina estavam enfeitadas por cortinas amareladas e as paredes pintadas em tons variados de pérola e cinza. Neutro e geralmente acolhedor, menos para mim agora. Os móveis pareciam trazer certa camada de poeira, o que mostrava que o cômodo não fora bem cuidado durante minha ausência.

Notei que havia certa agitação lá fora, parecia até mesmo algumas comemorações ou algo do tipo, por mais que minha curiosidade estivesse aguçada, decidi que não deveria olhar pela janela -parecia ser meu modo de proteção. A casa também parecia estar agitada, pude ouvir algumas conversas vindas da sala, mas também não tinha ânimo nenhum para descer. Quem quer que estivesse lá embaixo agora fora responsável pela destruição do meu lar e afastamento de meus amigos. Meu marido estava longe de mim e eu nem ao menos sabia dizer se ele estava ou não bem. Minha raiva misturava-se com impotência e certa mágoa.

O que eu poderia fazer agora além de chorar? Por mais que a vontade fosse grande eu não poderia dar esse prazer a ninguém, mesmo se não soubesse ao certo se fora real intenção daquelas pessoas me ferir desse jeito, não podia deixá-las me verem chorar agora. Era esse o momento de ser mais forte, destemida.

Eu só precisava descobrir como.

Ouço batidas na porta, uma voz conhecida e amável chama por mim:

-Annabeth... você está aí? -ela pergunta de forma carinhosa, tenho quase certeza de que ela é a única que consegue imaginar o que estou sentindo agora. Abro a porta e deixo Silena entrar e me abraçar com força. -Deuses, eu rezei tanto para que você estivesse bem.

-Silena, diga-me que sabe o que aconteceu. Diga-me que sabe o que levou a tudo isso e, por todos os deuses, diga-me que sabe o paradeiro de Percy. -eu disse enquanto controlava-me para não chorar.

-Annabeth. -ela me olhou calmamente, mas eu sabia que ela estava nervosa e tentava mostrar-se tão forte quanto eu. Minhas mãos tremiam e eu estava desesperada, mas as lágrimas não iriam descer por meu rosto. -Eu posso responder a quase todas as suas questões, mas creio que a mais importante para você ainda é desconhecida para mim. -ela disse e eu entendi perfeitamente.

-Apenas diga-me se ele está morto... -pedi, por um momento ou dois temi violentamente a resposta dela.

-Não sei dizer. Ninguém quer comentar o que aconteceu, todos na cidade acham que foram bem-sucedidos por você estar de volta em casa, em segurança. A maioria acha que ele morreu no incêndio. Ninguém o viu sair, mas ninguém quis procurar o corpo. É tudo que sei. -ela disse, enquanto tentava sentar-me na cama.

-Isso pode dizer que ele está bem. -pensei esperançosa, mas o olhar cauteloso de Silena mostrava que ela não pensava da mesma forma, ou que a versão dela fosse um pouco mais trágica. -Não me obrigue a cogitar a outra possibilidade, não agora. -eu disse suspirando.

-Eu sei que está sentindo-se péssima e que não há nada que eu possa fazer que vá aliviar sua dor agora, mas quero que saiba que estou aqui, com você, para o que precisar. -ela garantiu abraçando-me com força. -Eu sinto muito.

-Por que eles vieram atrás de mim? Por que trouxeram-me de volta? -perguntei um pouco alterada.

-Seu pai achou que cometeu um erro ao dar você em casamento para Percy e decidiu que precisava trazer você de volta. -ela disse, senti meu sangue ferver de raiva. Meu pai nunca fizera nada realmente pensando em mim e do nada resolvera simplesmente reparar os erros. Impossível.

-Repentinamente assim? Não faz sentindo algum. -eu disse.

-Talvez eles apenas quisesse ter você por perto outra vez. -ela disse, mas eu continuava sem acreditar.

-Ele nunca me quis por perto, sempre deixou claro que sou fardo pesado demais para carregar. É impossível que tenha mudado de ideia tão rápido e decidido que precisava reparar 20 anos de erros paternos, me recuso a acreditar que ele possa ser tão... -não consegui terminar a frase. Sempre aguentei meu pai dizendo as coisas mais terríveis, em parte por influência de minha madrasta, sobre minha existência e permanência na casa e, acredite, sempre aceitei julgando o quanto deveria ser complicado ter uma filha que sempre atraí monstros para dentro de casa. Mas agora ele fora longe demais ao me tirar de perto da única coisa que realmente me fez feliz e realmente pude chamar de "meu" -Percy.

-Eu entendo, Annabeth, entendo sua revolta, mas você não pode simplesmente descontar em seu pai toda sua a sua raiva reprimida durante todos esses anos. Ele ainda é seu pai e, querendo ou não, ele fez isso pensando ser para o seu bem.

-Ele nunca pensa só em mim. Tenho quase certeza que alguém o influenciou.

-Está suspeitando de sua madrasta? -perguntou ela e eu assenti.

-Quem mais poderia?

-Não acho que você deve ser precipitar assim, é melhor ouvir as explicações dele e esperar. -ela disse, parecia ser algo sábio, mas isso pouco me importava agora.

-Esperar pelo quê? Meu marido pode estar morto, meus amigos estão desaparecidos e eu devo esperar? Não. você não pode esperar que eu consiga fazer isso.

-O que pretende fazer, então, Annabeth? Por favor, apenas não faça algo que se arrependa depois ou que seja perigoso. -ela disse preocupada comigo, tocando meu braço com cuidado.

-Eu não sei o que vou fazer ainda, mas sentar e esperar está fora de cogitação. Por ora, não posso fazer nada, mas vou atrás de Percy e dos outros. Esse é o momento de ser destemida, Silena. E é isso que vou fazer agora, não importa o que me custe. -eu disse e ela me olhou assustada.

-Annabeth.

-Obrigada pela ajuda, Silena, mas nada que possa me dizer agora vai me fazer mudar de ideia. Eu ainda não sei o que vou fazer, mas vou reencontrar Percy.

-E o que vai fazer sobre seu pai?

-Confrontá-lo, eu acho. Ele só pode estar fora de s ou mesmo possuído.

-Eu temo por você, temo por sua atitudes... -ela começou a dizer, mas eu a interrompi.

-Tenha um pouco de fé em mim Silena, tudo o que faço é porque meu amor foi tirado de mim, mas eu o terei de volta.

-Devo apenas aconselhar você a não fazer nada hoje. Está tarde e você precisa descansar um pouco mais, pelo menos mais essa noite. Amanhã você faz o que  acha que deve fazer.

-Você está certa, não há nada que possa mudar hoje. Mas amanhã é um novo dia.

-Vou indo agora, cara amiga. Pedi a meu pai para estar com você essa noite, mas irei dizer que apenas vi você dormindo, para que  ninguém a incomode. -ela disse e eu sorri.

-Obrigada.

-Não agradeça, ainda. Preciso de uma promessa sua de que irá ficar contida hoje. -o olhar dela parecia penetrante e os olhos que mudavam de cor severos.

-Eu prometo. -Eu disse confiante.

-Nunca vi você tão determinada -ela disse me observando atentamente. Até sua postura mudou um pouco, não parece mais aquela garota que eu vi morrendo de medo de estar casando com um homem que não conhecia.

-Naquela época eu poderia ser indefesa, mas como eu disse. É meu momento de ser destemida.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews.
Recomendem!
Até mais *-*
Digam o famoso, "oi", okay?