Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 38
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora e espero que gostem.



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Pov: Narradora.

Nos fechamos os olhos.

Respiramos fundo.

Deixamos passar. 

É sempre assim quando estamos vivendo em meio ao caos. Quando tudo ao seu redor parece, literalmente, uma transcrição perfeita dos mais perversos pesadelos, só nos resta para e fazer o que todos fazem quando se deparam com algo assim: Parar e se permitir sonhar.

Mas por que fazer isso?

Porque por mais terrível que tudo pareça no momento, nossa mente ainda é um refúgio confortável, momentaneamente é claro, onde nos escondemos e por um ou dois segundos nos permitimos sonhar um pouco e achar que tudo vai ficar bem. 

É mesmo que isso seja a mais completa besteira, e nós estamos cientes disso o tempo todo, continuamos a fazê-lo. Fechamos os olhos porque simplesmente não queremos ver o que nos rodeia, é triste demais. Respiramos fundo e durante aquele mínimo segundo nós nos permitimos acreditar em uma realidade falha que garante a mais total e garantida tranquilidade. Porque gostamos de crer que quando abrirmos os olhos novamente, nossos sonhos se tornarão realidade e todo o medo, frustração, caos e descrença que nos rodeia suma de vez.

Mas então abrimos os olhos, e a verdade se mostra ainda mais cruel, talvez porque a fantasia de tranquilidade foi tão forte que passamos a acreditar, apenas para que o choque seja maior e a dor ainda mais aguda.

Ela está cercada de cinzas, cinzas que reduziram a casa que ela chamava de lar em um monte de nada que facilmente é soprado e levado pelo vento. Ela esta sozinha, correndo aos tropeços por um caminho que não conhece direito (se ele estivesse com ela diria o quão estúpido fora sua decisão de adentrar no labirinto, mas ele não está lá, e isso é o que mais a desespera). Ela não sabe o que aconteceu com os outros, não sabe onde Percy está, o que não é surpresa visto que nem mesmo ela sabe onde está.

Ela sente a inevitável necessidade de pedir ajuda, mas quem poderia realmente ajudá-la? Todos que conhecem sua história deviam estar em apuros também.

Seu pior pesadelo estava se tornando realidade, ela estava sentindo na pele seu pior medo e dessa vez ela tem certeza que não vai acordar. Por mais que feche os olhos, por mais que tente visualizar algo bom, tudo o que consegue ver é que vai voltar ao seu terror particular e sentir-se ainda mais assustada.

Os gritos ecoavam por todo o lugar, ela sabia que as pessoas de sua cidade nunca foram as melhores do mundo (exceto, claro Silena e uma ou duas outras pessoas que além de aceitar o parentesco com os deuses sabe que a vida é mais do que bailes, casamentos forçados e dinheiro fácil). Eles estavam com forcados, pedras e tudo o que conseguiram usar como arma. Estavam atrás de Percy, seu marido! O homem que ama estava sendo taxado como monstro e sendo caçado por aqueles que me viram crescer e que ela confiava, de certa forma, que deixaria sua história morrer no imaginário deles.

-Annabeth Chase! -alguém gritou ao longe, provavelmente ainda na entrada do labirinto. -Está tudo bem? Pode me ouvir? -perguntou a mesma pessoa outra vez. Aquilo a deixava enjoada, aquela preocupação forçada e aquela vontade súbita de ajudar estava fazendo com que o sangue de Annabeth fervesse. Ninguém nunca se preocupara com ela e agora estavam fazendo toda aquela estúpida comoção.

Ela não respondeu, claro. Continuou correndo. Nem ao menos sabia onde chegaria, ou mesmo se havia um final no labirinto, mas seu único instinto dominante era correr para longe daquelas pessoas.

Obrigou-se a parar por um segundo e olhar para trás, se arrependeu logo em seguida.

Viu um grande rastro de fumaça e um clarão. A mansão estava em chamas e já se encontrava praticamente destruída. Onde estariam os outros agora? Grover? Júniper? Rachel? Nico? E... Percy? 

Deuses, ele estava cercado quando a empurrou para fora e implorou para que ela corresse para longe, lhe prometendo que encontraria-a mais tarde, quanto tudo aquilo acabasse. Ela sentia que não iria acabar tão cedo... e que havia uma séria chance de que ele não aparecesse.

Ainda podia se lembrar de como aquela manhã começou bem e tentou encontrar nessas lembranças a força necessária para continuar correndo para longe.

Ainda conseguia se lembrar do momento em que tudo estava bem...

Pov: Annabeth.

Acordei nos braços de Percy, aquela era uma ótima sensação que eu já havia experimentado antes, mas não como dessa vez. Talvez porque agora somente um tecido branco de cetim cobria nossos corpos, ou porque amanhecemos com um sorriso mais do que satisfeito, notável resultado na noite anterior. Eu não poderia me sentir mais feliz.

Ao me virar para encarar o rosto de Percy, descobri que o mesmo já acordara e agora fitava-me profundamente com os olhos verdes brincalhões.

-Bom dia. -ele disse com a voz levemente preguiçosa.

-Bom dia. -respondi sorrindo para ele. Percy depositou um beijo em minha testa.

-Dormiu bem? -perguntou, mesmo que achasse nem um pouco necessário responder aquela pergunta.

-Acho que você sabe a resposta. -arrisquei. Soltei um longo suspiro antes de dizer: -Eu tive a melhor noite da minha vida, sabia? -confessei e ele sorriu.

-Eu já fazia uma ideia. -ele disse brincando e arrumando os cabelos pretos rebeldes. 

-Convencido. -eu disse batendo em seu peito com pouca força. Ele riu mais uma vez, antes de tocar meu rosto e beijar-me calmamente.

-Eu até chamaria você para descer e tomar café, mas não estou nem um pouco de vontade de sair da cama hoje. -ele disse e eu concordei, nem poderia imaginar levantar e encarar o resto da realidade que me cercava.

-Acho que podíamos passar o dia aqui, só hoje. -eu disse com um sorriso malicioso.

-Não é que a filha de Atena está se mostrando atrevida. -ele disse animado. Revirei os olhos e não pude deixar de sorrir e internamente concordar com a afirmação dele, quando que antes de conhecê-lo, poderia imaginar-me dizendo algo como isso? Porém não me senti nem um pouco culpada, eu estava com meu marido, casada, perante tudo e todos, não havia o que temer ou o que me envergonhar.
-Quem sabe... Acho que você seria esperto o bastante para não questionar minhas novas ações. Acho que você deveria, na verdade, se aproveitar disso. -eu o encarei por um segundo enquanto ele ainda processava a informação. Demorou um pouco, mas logo ele finalmente entendeu.

-Você não precisa lembrar-me mais uma vez. -ele disse roubando-me um beijo estalado nos lábios.

-Você é um pouco lento pela manhã, Percy Jackson. -observei sorrindo, ele se forçou a concordar.

Brincamos mais um pouco um com o outro, conversamos e fizemos planos, sem notarmos a passagem de tempo. Toda a vez que eu olhava pela janela, apenas via escuridão matinal, como se o sol simplesmente não quisesse dar o ar de sua graça, nos fazendo crer que ainda era noite. Estranhei o fato, mas imaginei que Apolo apenas estivesse de mal humor hoje.

Foi quando tudo mudou.

Ao longe, ouvimos gritos e de repente a mansão parecia estar acordada e exaltada. Ouvi Rachel gritar e Grover trotar rápido pela a sala, parecia estar se aproximando de nosso quarto.

-Percy! -ele gritou enquanto batia desesperado na porta. -Temos problemas, sérios problemas! -ele dizia enquanto não conseguia parar de bater na porta.

Percy vestiu uma calça imediatamente e pediu que eu também me cobrisse quanto corria na direção da porta.

-O que aconteceu? -perguntou nervoso a Grover.

-Tem uma multidão vindo em direção a mansão, parece um ataque. Eles estão armados e furiosos.

-Monstros? Como? -ele perguntou, mas o rosto de Grover mostrava que era algo bem pior. Eu não imaginava o que poderia ser pior do que monstros invadindo o local.

-Não. Acho que são as pessoas da cidade. Pude ver o pai de Annabeth liderando o grupo, tenho certeza que eles vieram buscá-la. -ele disse e meu coração parou de bater. Eu estava vestida precariamente com minha roupa de dormir e mesmo assim apareci diante dos dois.

-Meu pai? Não pode ser. Ele nunca viria atrás de mim... Ele me deu em casamento! -eu disse e Percy concordou.

-Não temos tempo para discutir. Tenho certeza que eles querem Percy morto, temos que nos retirar, imediatamente. -ele anunciou.

-Por quê? Não podemos conversar com eles? Provar que estou bem ou mesmo combatê-los?

-Não, eles nunca acreditariam nisso. Esse é o pior defeito dos mortais, eles acreditam no que querem e ninguém pode mudar seus pensamentos. Se eles acham que você está em perigo, vou manter isso em mente até que você esteja "salva" em casa. E sobre combatê-los... Nossas armas não ferem mortais, podemos fazer muita coisa, menos ferir quem não faz ideia do que os rodeia. -ele disse, aquela era, provavelmente, a coisa mais sábia que Percy já dissera.

-O que faremos agora?

-Bateremos em retirada. -ele disse sombrio, deu um olhar significativo para Grover e ele pareceu entender. -Tire todos da mansão e certifique-se de que eles corram para longe dessas pessoas e você também, pegue Júniper e corra para a floresta, ficarão bem por lá. -ele disse e Grover saiu trotando de volta, nos deixando sozinhos.

-E nós? -perguntei assustada. Os gritos estavam mais altos e eu já os podia sentir perto.

-Corra até seu quarto, troque de roupa e pegue o que conseguir. Saia pelos fundos da casa e se proteja, entendeu?

-Mas e você?

-Eu sou o alvo. -ele disse. -Temos de ficar separados para que eles não a machuquem sem querer. Parece que eles querem resgatá-la, por isso sem mim, você estará a salvo.

-Não sair sem você!

-Vai sim, Annabeth. Não temos tempo para discutir isso! Faça isso, agora.

-Prometa que vai me encontrar depois... -eu disse, mas ele parecia acabado, não conseguia nem mesmo me olhar. -Prometa, Percy!

-Eu não...

-Apenas diga que correrá para longe e que tentaremos ficar juntos de novo.

-Eu prometo. -ele disse, mas sua voz não passou de sussurro. -Agora vá. -ele disse e eu assenti.

-Eu te amo. -eu disse beijando seus lábios rapidamente e correr em direção a porta;

-Eu também te amo. -ele disse, a última coisa que vi antes de me preparar para a fuga foi vê-lo colocar sua típica máscara branca e se preparar para uma guerra.

Os fatos seguintes não passaram de um borrão para mim. Trocar de roupa e arrumar algumas coisas em um pequena trouxa e fazer exatamente o que ele me pedira. Pude ver Rachel e Nico se preparando para sair também, pensei em me juntar a eles, mas no exato momento em que descia as escadas, a porta foi arrombada e uma multidão entrou na mansão. Corri aos tropeços pelos últimos degraus e me lancei em direção a cozinha, onde muitas pessoas que eu facilmente reconhecia iam atrás de mim, chamando meu nome e me pedindo para ficar calma.

Não vi mais Rachel e nem Nico, mas antes de sair da casa, pude ver que eles estavam cercados e que Rachel corria pela outra saída lateral, que dava para a floresta e mais à esquerda o lugar onde deixávamos as carruagens.

Talvez ela estivesse bem agora e Nico conseguisse alcançá-la. Era uma boa possibilidade.

Eu corri para longe, infelizmente, por onde saí estava cercado de pessoas armadas com forcados, tochas e pedras. Pensaram em me atacar, mas alguém pareceu alertá-los de que eu era apenas uma vítima e que devia estar assustada com toda a ação.

De fato, eu era vítima.

Só que era uma vítima da ignorância deles, eu sabia muito bem que não poderia convencê-los a ir embora, podia ver a adrenalina correndo por sua s veias, fazendo com que se sentissem destemidos e se achassem donos do mundo. Tinha certeza que eles se achavam capazes de fazer qualquer coisa. Por isso fugi na direção em que eles não se encontravam, meu único caminho livre levava direto para o labirinto -logo este traiçoeiro.

Sem me importar com o fato de poder ou não sair de lá mais tarde, me lancei em direção as curvas, entradas e becos sem saída do jardim dele. Os espinhos das rosas rasgavam meu vestido e as raízes altas das árvores de vez em quando me faziam cair, levando em conta que estava sendo perseguida pelos mesmos homens que antes me impediram de correr para o lado certo.

Eles chamavam meu nome e diziam que tudo ficaria bem, mas era mentira, pois eles estavam contra Percy e poderiam matá-lo.

Tudo o que fiz foi correr, o mais rápido que podia e para onde conseguisse.

De repente... cheiro de queimado e um grande clarão...

Cinzas...

Olhei para trás...

Meu lar agora estava em chamas e eu não sabia se quem eu mais amava estava em segurança.

-Não! -gritei. Parei de correr e observei a cena horrorizada. Um das janelas voou longe. Estava pegando fogo rápido demais, eles deviam ter acelerado o processo! -Percy! -gritei, mas sabia que ele não podia me ouvir. Logo mais explosões aconteciam dentro da mansão, me fazendo crer que nada mais restava lá dentro do que minhas lembranças.

Esqueci o que estava fazendo e esqueci também o que devia fazer.

Eu estava sozinha, com medo, assustada e toda machucada por causa do caminho repleto de obstáculos. Minhas lágrimas impediam minha visão e logo eu me vi dominada por aqueles que me perseguiam antes. Eles tentavam me arrastar, mas eu me debatia. Eles me carregavam para longe, enquanto eu chorava e gritava por Percy. 

Eles me julgaram louca. E logo eu estava dominada e atirada em uma carruagem qualquer, sendo levada para longe.


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Notas finais do capítulo

Vocês sabem o que fazer, não é mesmo?
Então, façam... aceito recomendações.
Beijos
Até mais!