A Marota escrita por Maria C Weasley


Capítulo 19
Mostro ao mundo o meu lado bom




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/316041/chapter/19

Durante o resto da tarde eu fiquei com os meninos e agimos como se nada tivesse acontecido, depois do por do sol eu fui encontra com Amos para namorarmos um pouco e agora eu estava voltando para a sala comunal da Grifinória. Mas eu quase tive um enfarte quando cheguei ao quadro da Mulher Gorda porque apesar do toque de recolher ser daqui a dez minutos Snape se encontrava sentando em frete a passagem.

- Você não deveria estar nas masmorras junto com os seus amiguinhos Comensais?

- Você é que não devia estar aqui. – Ele rebateu com a varinha já apontada na minha direção.

- Na verdade essa é a abertura para o meu salão comunal como você bem sabe logo eu tenho o direito de estar aqui e de te perguntar exatamente porque você está aqui.

- Vim falar com a Lily. – Ele me respondeu apesar de ter sido eu a perguntar.

- Depois do que a chamou hoje? Vai sonhando. – Respondi automaticamente uma vez que conhecia a teimosia de Lily Evans muito bem para saber que ela não o perdoaria facilmente.

- Eu vou falar com a Lily nem que tenha que passar a noite toda aqui fora.

- Boa sorte então. – Eu resmunguei e me virei para a Mulher Gorda. – Xadrez Bruxo.

Quando entrei na sala ela estava vazia, como eram épocas de prova a maioria das pessoas ia dormir cedo ou passava a noite em claro na biblioteca, eu subi as escadas para o meu dormitório tendo um debate mental com a minha consciência, pois por um lado eu deixaria o Snape apodrecer lá fora, mas eu já tive uma amiga que me magoou muito e nunca tentara se desculpar comigo apesar de eu ter desejado o contrario.

- Eu não acredito que vou fazer isso. – Eu murmurei para mim mesma enquanto cutucava a Lily para acordá-la. – Evans?

Ela não me respondeu apesar de agora eu perceber que ela não estava dormindo como eu pensara a principio.

- Não precisa falar só me escuta está bem? O Snape está lá fora ameaçando dormir em frente ao quadro da Mulher Gorda se você não for lá falar com ele.

- E desde quando você se importa? É por sua culpa e dos seus amiguinhos que isso tudo aconteceu para começo de conversa, se não agissem como se fossem os maiorais nada disso teria acontecido. – Ela explodiu, mas falou comigo o que já é um avanço na nossa relação e por sorte apenas nós duas estávamos no quarto. [A Marlene também estava, mas essa tem um sono tão pesado que nem se uma banda de rock entrasse no quarto ela acordava]

- Eu nunca falei que éramos perfeitos ou santos até porque sei muito bem que não somos, mas quanto a me importar? Bem levando em conta que passou quase cinco anos brigada comigo não imagino que possa me conhecer de verdade, mas acredite quando digo que a muito tempo já estive em seu lugar e gostaria que a pessoa em questão tivesse tentado se explicar ou se desculpa comigo. – Eu explodi também apesar de ter tentado me controlar a principio, mas como já devem ter percebido meu temperamento nunca foi muito estável. – Eu apenas achei que gostaria de saber que está tendo uma chance que poucas pessoas conseguem e por menos que eu goste do Snape ele ainda era seu amigo até hoje a tarde.

Eu me virei dando as costas para a Lily e indo na direção do banheiro, mas quando minha mão tocava a maçaneta ouvi a voz dela me chamando:

- Eu vou falar com ele Ravena, mas só se você for comigo.

- Sinceramente eu não acho que seja a pessoa mais indicada para isso, Evans.

- Me chame de Lily e eu preciso de alguém ao meu lado, mesmo que esse alguém seja você.

- Tudo bem. – Respondi me rendendo, afinal eu não iria desperdiçar a minha primeira chance em cinco anos de reatar minha amizade com a Lily.

Ela vestiu o seu robe e eu a segui para fora da passagem onde o Snape permanecia sentado.

- Me desculpe. – Ele implorou assim que a viu sem ao menos perceber a minha presença.

- Poupe seu fôlego. – Ela o cortou e eu me assustei sinceramente ainda havia pensado que ela lhe daria uma chance devido aos anos de amizade entre eles, mas foi nesse momento que ele percebeu que eu estava presente.

- O que ela está fazendo aqui?

- Se não fosse por ela me contando que você ameaçava dormir aqui e me convencendo a vir eu jamais teria saído.

- Mas ela assim como todos os outros marotos me odeia. – Ele disse com raiva, mas um olhar gélido de Lily fez com que ele se esquecesse temporariamente de mim. – Eu realmente teria ficado. Nunca quis chamar você de sangue ruim, simplesmente me...

- Escapou? – Lily completou a frase e não havia o menor traço de piedade em sua voz. – É tarde de mais para isso. Há anos eu dou desculpas para o que você faz, nenhum dos meus amigos consegue entender sequer porque ainda ando com você. Você e seus preciosos amiguinhos comensais da morte: está vendo você nem nega que é isso que pretende ser! Você mal pode esperar para se reunir a você-sabe-quem, não é?

Snape abriu e fechou a boca sem emitir som e eu estava em um estado parecido, nunca vira Lily tão furiosa e ao mesmo tempo triste como agora.

- Não posso mais fingir você escolheu o seu caminho e eu o meu. – Ela constatou.

- Não... escute, eu não quis...

- Me chamar de sangue ruim? Mas você chama de sangue ruim todos que nasceram como eu, Severo? – Lily falou e percebi que ela teve dificuldade para falar sangue ruim. – Por que comigo seria diferente?

Snape estava prestes a responder, mas parecia que ele não tinha coragem para fazer tal coisa e eu entendi porque Lily era diferente, porque ele a amava, mas Lily com um olhar de desprezo, não sei se havia percebido o mesmo que eu e sinceramente preferia não descobri essa resposta, deu as costas para ele e entrou pelo buraco do retrato me arrastando junto com ela.

Assim que a passagem se fechou ela se apoiou em mim e começou a chorar, com cuidado a levei até um dos sofás e ficamos sentadas enquanto suas lágrimas molhavam o meu uniforme.

- Eu sinto muito mesmo Lily, a culpa é toda nossa. – Eu falei depois de um tempo.

- Um pouco, mas Severo também teve culpa, mais dia menos dia isso acabaria acontecendo.

- Lily eu sei que nos odeia, mas lhe peço apenas que entenda que normalmente temos nossos motivos para fazer aquilo que fazemos, salvo algumas exceções como hoje.

- Eu não estou com raiva de você, não mais, depois do que você fez hoje acredito que começo a perceber que as coisas não são tão pretas no branco como eu pensava, mas não espere que eu seja capaz de perdoar o Potter e o Black.

- Realmente seria pedir muito e eu conheço os limites.

Novamente ficamos em silêncio até que Lily criou coragem para perguntar:

- Não dói mais?

- O que não dói, Lily? – Perguntei confusa.

- Quando te chamam de... você sabe o que, você nunca fica chateada e sempre tem um resposta pronta.

- Não seja tola Lily, é claro que dói eu só tenho uma habilidade maior de esconder isso, meu passado me ensinou lições como essa, as coisas que hoje você julga tiradas brilhantes na verdade não passam de armas de defesa que eu demorei anos para aprender a usar.

- Eu não compreendo, você às vezes parece duas pessoas completamente diferentes.

- Talvez você esteja certa. – Eu respondi depois de um suspiro. – Uma vez você me perguntou por que eu andava com os meninos, apesar de não parecer cada um deles assim como eu possui uma alma escondida, uma alma que é boa, leal, corajosa, e amiga, mas a vida os endureceu, assim como fez comigo, por trás do que mostramos existe muito mais do que as pessoas desconfiam; as brincadeiras que tanto lhe irritam são uma forma de auto-proteção criadas por pessoas que tiveram ou tem muitos mais problemas do que demonstram.  – Eu falei calmamente enquanto os olhos verdes de Lily continuavam pregados em mim. – Se conhecesse ao menos metade dos garotos, dos verdadeiros garotos, saberia porque eu ando com eles e porque a as pessoas não conseguem ver o que existe por trás da mascara.

- Eu espero que um dia eu consiga ver as coisas da mesma maneira que você, Ravena.

- Eu sei que vai, Lily.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu adorei escrever esse capítulo porque mostra um lado menos conhecido da Ravena, então realmente espero que tenham gostado dele tanto quanto eu.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Marota" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.