A Marota escrita por Maria C Weasley


Capítulo 14
O melhor natal de todos


Notas iniciais do capítulo

Como o capítulo anterior era pequeno vou postar logo esse, espero que gostem.



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- Lembre-se de passarem uma boa primeira impressão porque isso vai convencer a minha mãe. – Eu os instrui pela milionésima vez durante o percurso até King Cross.

- Para que tudo isso? – Sirius perguntou entediado. – Sua mãe já nos conhecesse.

- Não quando vocês estão sozinhos, tem ideia de como ela vai ficar falando no meu ouvido se achar que vocês não são uma companhia adequada?

- Tudo bem já entendemos que a sua mãe quer uma boa companhia para o bebê dela.

- Diz isso de novo e vamos começar mal, porque você vai chegar com um olho roxo, Pontas.

- Tá estressadinha Ravezinha? – Sirius falou com aquela voz de bebê.

- Não provoca Sirius, depois vai ficar reclamando. – Remo falou calmamente.

- Não enche Remo.

- Depois não diga que eu não avisei.

- Você não me respondeu, Ravezinha.

Discretamente puxei minha varinha para fora do bolso da calça jeans e murmurei um feitiço que fez o cabelo do Sirius, seu motivo de maior orgulho, ficar preso em Maria chiquinhas com fitas cor de rosa e a roupa dele também ficou dessa cor.

- Ravena Ciaran Wikiman. – Sirius gritou se jogando em cima de mim enquanto James só faltava cair do banco de tanto rir. – Desfaz isso agora.

- Vai ter que me pegar primeiro. – Gritei enquanto pulava de um banco para o outro.

Continuamos nessa perseguição por um bom tempo, agora imaginem cinco pessoas de quatorze quase quinze anos em uma cabine minúscula, agora duas delas estão correndo por esse mesmo espaço. Na verdade tudo só terminou porque nós cinco acabamos parando no chão, mas tenho que admitir que foi bastante engraçado. Eu acabei desfazendo o feitiço e o Sirius não demorou para voltar a falar comigo, quando me dei conta o trem já parava na estação e eu voltava a ficar nervosa.

- Relaxa, vai dar tudo certo. – Remo falou colocando a mão em meu ombro.

- Espero que esteja certo.

Não demoramos para encontrar os meus pais e tenho que admitir que os meninos foram uns doces de pessoas até chegarmos lá em casa, depois disso voltaram ao normal, mas aí eu já estava tranqüila porque eles já haviam ganho a minha mãe.

- Rave, por que não mostra a casa para os meninos enquanto eu preparo o almoço? – Minha mãe falou da cozinha.

- Tudo bem. – Eu respondi e me virando para os meninos acrescentei. – Vamos.

Eu mostrei a sala de estar, jantar, jogos, biblioteca, jardim e subi para o segundo andar onde apontei o quarto dos meus pais e entrei no quarto de hospedes, sinceramente estava louca para ver o que mamãe tinha feito e ela não decepcionou, mas foi uma brincadeira do meu pai que nos fez rola de tanto rir. Sob cada cama , mamã havia colocado quatro, havia uma animal de pelúcia que representava o animal no qual nos transformávamos, só para matar a curiosidade o animal que representava o Remo era um lobo.

- E onde fica o seu quarto Rave? – Peter perguntou depois que paramos de rir.

- Vocês não vão querer vê-lo.

- Tá brincando eu vim aqui só por causa disso. – Sirius falou o que fez com que eu tacasse uma almofada nele.

- Está bem eu vou mostrar, mas só porque o Peter pediu.

Nós atravessamos o corredor e entramos no meu quarto, ele continuava o mesmo do que quando voltei das férias em meu primeiro ano, na verdade agora haviam mais fotos coladas na parede e uma fênix de pelúcia sobre a minha cama.

- Estamos em quase todas as fotografias. – Remo constatou depois de olhar a parede por alguns minutos.

- O que esperavam, são meus melhores amigos e, além disso, só tenho a vocês e a meus pais.

- E o resto da sua família? – James perguntou confuso.

- Meus avós maternos morreram antes de eu nascer e o resto da família, tanto do meu pai quanto da minha mãe, cortaram relação com os meus pais depois que eles me adotaram, porque, vocês sabem, são um bando de preconceituosos, sangue purista como os Malfoys, e eu sou apenas uma nascida trouxa abandonada pela família biológica.

- Não se esqueça de incluir minha família nessa lista. – Sirius falou deprimido, mas voltando ao seu humor habitual acrescentou. – Mas Nix, você tinha mesmo que torcer pelas Harpias?

- Qual é o problema, Sirius?

- Você tinha que torcer pelo Chude Cannios como eu.

- E você ainda tem a coragem de criticar o meu time? Fala sério Sirius pelo menos o meu time ganha os campeonatos que disputa.

- Podia ter dormido sem essa, Almofadinhas. – James falou rindo.

Posso resumir essa semana em uma palavra, perfeita, nós jogamos quadribol quando meu pai estava em casa ou então fazíamos guerra de bolas de neve e passávamos o dia todo inventando coisas para fazer lá fora. À noite nos reuníamos na sala com a lareira acesa tomando chocolate quente, mamã não nos deixava tomar cerveja amanteigada, e jogávamos partidas de xadrez de bruxo, snap explosivo e alguns jogos trouxas que tentávamos ensinar ao Sirius e ao James. Depois quando todos já estavam dormindo eu buscava um jeito de colocarmos nosso plano em prática, eu até já tinha algumas ideias, mas iria esperar até voltarmos para Hogwarts onde eu estaria longe do olhar repressor da minha mãe.

Mas hoje é véspera de Natal, eu estava no meu quarto terminando de me arrumar para a ceia quando ouvi leves batidas na porta.

- Entra. – Eu gritei enquanto tentava inutilmente ganhar uma guerra contra o meu cabelo que resolveu não ficar nem cacheado e nem liso hoje.

- Sua mãe pediu para você não demorar a descer... – Remo falou da porta, mas parou quando me levantei da penteadeira, havia desistido da guerra e prendido o meu cabelo em um rabo de cavalo alto. – Você está linda.

- Jura? – Perguntei sentindo minhas bochechas corarem, eu estava usando um vestido azul marinho com saia em babados vindo até meu joelho, para completar uma sandália prateada com um pequeno salto e um pouco de maquiagem.

- Alguma vez eu já menti para você?

Neguei com a cabeça e nos encaminhamos para a sala onde os outros nos esperavam, logo vi os meninos que assim como o Remo usavam calça jeans e blusa social, sentado em umas poltronas estavam o senhor Potter [Convidamos os pais do James para a festa] e o meu pai, já mamãe e a senhora Potter estavam terminando de arrumar a mesa.

- Meu Merlin, não sabia que a Ravena tinha uma irmã gêmea. – Sirius falou quando chegamos perto deles. 

- Muito engraçado, você sabe que sou eu.

- A Nix jamais seria tão feminina. – Sirius falou com seu jeito debochado e os outros me encaravam esperando uma reação que foi dar um tapa na cara do meu querido amigo Almofadinhas. – Retiro o que eu disse essa com certeza é a Ravena.

- Você é um perfeito cavaleiro, Sirius. – Eu falei fingindo estar furiosa, e antes que me chamem de maluca, sim eu estava magoada, mas eu entendia a reação dos meninos, quero dizer, eu não andava por Hogwarts toda maquiada e eles me conheciam desde onze anos, para eles eu era simplesmente Nix, sarcástica, agressiva, um tanto quanto louco e completamente marota. Nenhum deles estava acostumada a me ver como uma boneca de porcelana frágil e delicada, e nem eu queria que eles me vissem dessa forma.

O clima voltou ao normal depois que eles perceberam que ainda era eu, só que mais arrumada do que de costume, para um pequena explicação, eu sempre me arrumo para as festas que vamos em Hogwarts, mas esses eventos são os únicos em que não ficamos colados então eu acho que eles nunca repararam no que eu vestia, mas voltando ao assunto, papai havia conseguido convencer mamãe a nos deixar beber cerveja amanteigada e nos prometeu que tentaria contrabandear um pouco de uísque de fogo para nós. Algumas horas depois nós comemos, mamãe e a senhora Potter são cozinheiras de mão cheia, e assim que terminamos os adultos se reuniram na sala para conversas chatas sobre o Ministério e, por causa disso, nós fomos para o jardim que permanecia coberto de neve.

- O que é aquilo? – James perguntou apontando para uma grande árvore que havia no fundo do jardim e todos olharam para a direção em que ele apontava, menos eu, que sabia muito bem o que se escondia ali.

- É uma casa na árvore.

- Uma o quê? – Sirius perguntou confuso.

- Os trouxas costumam criar lugares assim quando criança para brincarem. – Estranhamente quem respondeu isso foi o Peter.

- Mas você é bruxa. – Sirius rebateu.

- Quantas vezes vou ter que explicar que meus pais me criaram conhecendo o mundo trouxa e bruxo? – Respondi rindo o Sirius podia até ser a ovelha negra da família, mas ainda era um Black.

- Podemos ver? – James perguntou com aqueles olhos de cervo pidão.

- Tudo bem, mas se fizerem alguma piadinha jogo vocês lá de cima e sem vassoura. – Respondi os fazendo engolir em seco.

Com cuidado nós subimos os pequenos degraus de madeira pregados à árvore e logo chegamos na casinha que de inha não tinha nada já que era bem grande. Tudo continuava da mesma maneira da qual eu me lembrava, as paredes brancas com replica das minhas constelações preferidas, um caixote com meus bichinhos de pelúcia, uma pequena estante com as coisas que eu colecionava como pedras e conchas, um mapa estelar, o grande e felpudo tapete azul que recobria todo o chão de madeira e jogado em um canto um caderno preto com um R dourado desenhado na capa.

- Que legal, parece que é mesmo um pedaço do céu. – Remo falou analisando as paredes.

- Olha o que eu achei, o diário da Rave. – Sirius falou levantando o caderno preto.

- Não vão querer ler isso.

Os quatro me encararam com olhares descrentes e eu fui obrigada a revirar os meus porque é claro que eles iriam querer ler, na verdade eu nem sei por que eu ainda tento convencê-los do contrario.

- Está bem, podem ler.

Não acredito que chegamos a isso, mas estamos sentados no chão acarpetado e empoeirado enquanto o Sirius abre o meu velho diário em uma página aleatória.

- “Querido diário” Por que sempre se começa a escrever com isso? – Sirius me perguntou interrompendo a leitura.

- Não faço à menor ideia, é apenas uma convenção. – Falei dando de ombros e Sirius retomou a leitura.

“Hoje Justine tentou bater em Marieta outra vez e eu fui defendê-la, mas Marieta estava furiosa e me chamou de aberração. Eu sei que já deveria estar acostumada, mas é completamente diferente quando e a sua melhor e única amiga que lhe diz isso, parece muito pior principalmente quando mesmo depois de calma ela não se desculpa com você. Não me entenda a mal, eu adoro ser quem eu sou, uma filha da lua, uma bruxa, mas na maioria das vezes me sinto tão sozinha que chego a pensar que você é meu único amigo, claro que eu sei que mamãe e papai me amam, só que sinto tanta falta de ter alguém com quem conversar, nunca consegui manter nenhum amigo até hoje e sinto que talvez não tenha nascido para alguém me querer por perto. Nenhuma criança quer brincar comigo, o resto da família abandonou meus pais por minha causa e nem mesmo os meus pais biológicos me quiseram.

Tudo o que quero é ser aceita, será isso tão difícil? Mas a esperança é a última que morre por que sem ela o que temos para esperar?

Ravena Ciaran Wikiman”

- Eu disse que não iam querer ler. – Eu falei para quebrar o silêncio.

- Por que não escreveu mais? – Sirius perguntou ao folhear o caderno.

- Como assim?

- Você parou de escrever depois de primeiro de setembro.

- Use o cérebro Sirius, o que aconteceu no dia primeiro de setembro?

- Fomos para Hogwarts. – Peter concluiu.

- Foi mais do que apenas ir para Hogwarts, foi quando conheci vocês, foi o dia em que Merlin finalmente ouviu as minhas preces e encontrei um lugar onde me senti aceita.

Os quatro se jogaram em cima de mim me abraçando. Aqueles meninos completamente insensíveis foram as primeiras pessoas a me estenderem a mão depois de meus pais. Naquele dia Merlin me deu o maior presente que eu poderia querer, ele me deu verdadeiros amigos.

......................

Eu estava dormindo calmamente quando senti alguma coisa colidir contra a minha barriga e levantei assustada.

- Parabéns. – Sirius gritou, ele é que estava sentado em cima de mim enquanto os outros riam.

Como já devem ter percebido hoje é 27 de dezembro, meu aniversário e os meninos ainda estão aqui em casa devido ao feriado de natal.

- Podia ter simplesmente me chamado. – Disse o empurrando para o lado para que os outros pudessem se sentar na cama.

- Não teria tido a mesma graça.

- Espera que ainda vai ter volta.

Enquanto praticávamos nossa atividade favorita, implicar um com os outros, meus pais, ainda de pijama assim como nós, entraram no quarto.

- Que bom que já estão acordados. – Mamãe falou me entregando um embrulho prateado que logo abri revelando diversos livros de defesa contra as artes das trevas.

- Obrigada. – Agradeci, eles seriam realmente muito úteis.

- Esse ano nós resolvemos variar e compramos um único presente para você. – James falou me entregando um caixinha.

- Só lembre-se de não fazerem isso no meu aniversário.

- Não se preocupe, Almofadinhas, não vamos dar nenhum no seu aniversário. – Remo falou brincando enquanto eu abria a caixa.

Com cuidado retirei o conteúdo da caixa e quase cai da cama de tanto rir, em minhas mãos havia uma pulseira prateada com cinco pingentes: um cervo, um cachorro, um rato, um lobo e uma fênix. Papai também ria abertamente enquanto mamãe encarava a todos nós com aquela cara de “Qual é a piada?”.

- É um dos melhores presentes que eu já ganhei rapazes.

Daquele dia em diante eu passei a usar aquela pulseira o tempo todo porque me lembrava que sempre teríamos uns aos outros.


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