Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 13
Capítulo 13: Retorno




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Elizabeth apenas tentava convencer a si mesma que tudo ficaria bem.

        Levou um tempo até ela reconhecer onde estava. Estava submersa, num mar azul, escuro e muito profundo. A corrente suave se incumbia da função de transportá-la. De repente, percebeu que ela tinha escolha. Ela podia relaxar, deixar que a corrente marítima a levasse para onde ela tinha de ir. Ou podia voltar e refazer tudo que fizera de errado.

 Mas por que fazê-lo? Porque voltar e retornar para os sofrimentos, para as dores terrenas? Com certeza ela se lembrava, sim.

        A resposta era Willian Turner.

        Elizabeth lembrou-se que não respirava, pois estava sendo esmagada com a pressão oceânica sob ela. Não tinha tato, não era capaz de mexer sozinha. Sua própria ciência, conhecimentos e pensamentos do que estava acontecendo eram vagos e limitados.

        Ainda assim, sentia que precisavam dela em algum lugar. Talvez essa fosse a tal escolha que ela tinha. Era como se alguém a chamasse. Chamasse insistentemente, clamando seu nome fervorosamente em seu ouvido, forçando-a a cair em si.

        Nisso, sua mente voltava a trabalhar melhor.

        E seu corpo ia aos poucos recuperando o sentido e a mobilidade. A voz insistente ainda suplicava-lhe que voltasse, gritando por ela. E aquilo a incomodava intensamente. Podia sentir que agora seus pés mexiam involuntariamente, seus ossos doíam.

        E também sentia que agora precisava de ar.

        Conforme seu corpo, antes inerte e entorpecido, voltava ao normal, reclamando suas necessidades básicas, Elizabeth sentia sua mente também voltando ao normal, recuperando lembranças, memórias, desejos e medos.

        Era estranho admitir pra si mesma que ela estava morta, embora não se sentisse assim. Até onde se lembrava, o Capitão do Holandês Voador deveria buscá-la e levá-la para o outro mundo, pois ela morrera no mar. Entretanto, o Capitão não vinha buscá-la.

        Isso significaria que ela, de fato, não estava morta?

        E se não estava, o que deveria ela fazer?

        Depois de pensar, Elizabeth chegou a uma conclusão: Ela deveria voltar. Não estava morta, e alguém agora a invocava, a chamava para que voltasse. Não era somente Willian, pensou ela, havia mais gente, muita gente. Como se todas as vozes que ela conhecia se reunissem em uníssono e gritassem seu nome.

        Conforme sua mente clareava, iluminando seus pensamentos e ideias, Elizabeth sentia mais uma vez seu corpo trabalhando e recuperando cada vez mais os sentidos.

        E ela não conseguia respirar.

        Faltava ar. Ela estava submersa em um mar obscuro e profundo. Antes, seus pulmões não sentiam falta desse ar, mas agora ela podia sentir seu peito doer e os pulmões trabalhando no máximo, e ela arfava em vão, sabendo que naquelas condições não conseguiria respirar e morreria novamente sem conseguir sequer uma lufada renovadora de ar.

        Com um estalo de surpresa, ela percebeu que agora recuperara os movimentos, pois mexeu os braços e conseguiu fazer algo parecido com nadar naquela profundeza azul. Elizabeth sentia o sangue correr em suas veias, renovando cada parte de seu corpo, que ela conseguia mexer com mais prática a cada movimento.

        Conseguiu até mesmo gritar, ainda dentro d’água.

        Ela bateu os braços com mais freqüência, conseguindo elevar-se um pouco. Ela agora se lembrava de quem era. Não era só mais um espírito dentre tantos, uma pessoa sem memória e apagada. Ela era Elizabeth Swann Turner.

        E Elizabeth sabia o que precisava fazer.

        Ela mexeu os braços, nadando em direção à superfície. Seu peito doía com a falta de ar. Ela sentia seu pulmão arder dentro dela, sucumbindo à falta de ar. E ela nadaria. Nadaria até a superfície, pois precisava respirar. Os segundos que ainda lhe restavam se esvaiam, e ela agitava os braços cada vez mais, agitando também as pernas.

        Faltava muito pouco. Elizabeth continuou nadando. Não iria falhar dessa vez, como falhara antes. Essa luta pela sobrevivência não pertencia somente a ela, também pertencia a Will. Ah, Will... Seu grande amor. Ela lhe fizera uma promessa há muito tempo, e teria que cumpri-la.

        Ela não o deixaria jamais.

        E agarrando-se a esse e a todos demais pensamentos, Elizabeth emergiu daquelas águas escuras, sentindo o ar externo lhe tocar como se jamais o tivesse sentido em vida.  

        E então ela inspirou.

        Sentiu seu pulmão se encher daquele ar puro e vigoroso. Sentiu seu corpo renovar-se e revestir-se daquele ar, criando mais força e coragem dentro de si, eliminando a dor e a imobilidade. Agora ela tinha energia, pois seu corpo pareceu emergir também daquele torpor e das sombras escuras dentro daquele mar. Só então ela percebeu que desde que criara consciência, não abrira o olho sequer uma única vez.

        E quando o abriu, resolveu aproveitar o fôlego recente que há pouco recuperara, gritando como se o Mundo pudesse ouvi-la:

        - Will!

        Will hesitou.

        Ele não podia estar se iludindo, criando maneiras de justificar a nova dor em seu peito. Não podia estar imaginando coisas, coisas que ele gostaria desesperadamente que acontecessem.

        Pois ainda era uma dor recente demais, e que doía como se tivesse anos de existência. Sim, Elizabeth se fora. Mas Tia Dalma sugeriu um encantamento, que eles realizaram. Entretanto, não era algo imediato. Elizabeth ainda não acordara, e provavelmente, já era tarde demais para trazê-la de volta. O encantamento podia ter falhado...

Will recordava-se minuciosamente, afinal, a cena tinha acontecido há minutos.

        - Venham, vamos dar um tempo. – Dissera Bootstrap.

        Em seguida, todos deixaram a Cabine, com Elizabeth ainda sobre a mesa e o prato de barro sob ela, exalando fumaça.

        - Falhou, não é mesmo? – Indagara o próprio Will.

        - Não, amigo. – Respondeu Jack. – Acredite. Ela iria gostar que você continuasse acreditando.

        E era verdade. Elizabeth não teria desistido, logo, Will também não desistiria.

        Jack indicou o corpo em cima da mesa e fechou a porta da Cabine. Will se dirigira até o timão, onde agora jazia parado atonitamente depois do que pensou ser a voz de Elizabeth chamando por ele.

        E agora, ele podia ouvir novamente aquela voz. Aquela voz.

        “Não”, repetiu ele a si mesmo enquanto dava meia volta em direção à Cabine, “Não estou sonhando”.

        Não era somente Will. Todos os marinheiros também ouviram uma voz vinda da Cabine chamar por Willian. Em seguida, todos pararam o que estavam fazendo, acompanhando Will.

        Ele correu em direção à porta da Cabine, seguido de perto por Jack, Tia Dalma, Bootstrap, e Gibbs. Os outros marinheiros ficavam à espreita, perto da Cabine no convés.

        Will abriu a porta e o que viu fez com que sua mente esvaziasse, concentrando-se mortalmente em fitar os olhos de Elizabeth, redondos, brilhantes e com o sopro de vida que ele se lembrava. 


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