Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 12
Capítulo 12: Salvação


Notas iniciais do capítulo

Demorei a postar porque meu pc precisou ir pro conserto, gente. Mas agora vai dar tudo certo, rs :D



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Will pensou ter ouvido um vago e fraco “Sim.”

        Entretanto, as últimas palavras que pareceu de fato ter ouvido foram:

        - Eu te amo, Will.

        O suficiente para ele cair em cima do corpo de Elizabeth, abraçando-a e envolvendo-a. O corpo estava gélido, a exceção do peito, onde o sangue quente ainda parecia jorrar, sujando Will. Ele chorava. Não podia acreditar. Ele fizera a pergunta, e ouvira Elizabeth responder, não podia ter imaginado tudo. Elizabeth tinha que sobreviver. Will tentara, fizera o que podia para salvá-la. Ela não podia simplesmente morrer e deixá-lo.

        - Acabou Will. - A voz rouca de Bootstrap ecoou atrás dos ouvidos de Will. – Ela não respondeu a pergunta. Você não pode mais salvá-la. Ela não pode se tornar prisioneira do Holandês Voador. Elizabeth se foi.

        - Não! Não pode ser! – Respondeu Will, ainda segurando a cabeça de Elizabeth nas mãos, observando seus olhos vidrados e opacos. – Eu ouvi. Ela respondeu à pergunta! Eu ouvi!

        - Mas... Will. – Disse Bootstrap. – Ela precisava responder em alto e bom som. Não deu tempo.

        Enquanto isso, Jack observava um Will em prantos. Ele entendeu o que Will tentou fazer. Elizabeth estava morrendo, e Will queria transformá-la em prisioneira do Holandês Voador para que ela sobrevivesse. Entretanto, para isto acontecer, ela teria que responder à pergunta. E não respondeu como deveria ser.

 De fato, antes, Will sempre foi uma pessoa meio idiota e impulsiva, sempre fazendo tudo por Elizabeth. Mas ainda sim corajoso. E Jack pensava intimamente que vê-lo daquela maneira, debruçado sobre o corpo ensangüentado de Elizabeth era uma cena muito triste. Will não parecia corajoso, mas sem dúvida era. Porque tentou até o último momento salvar Elizabeth de seu destino terrível.  E Jack percebia que se Will pudesse fazer qualquer coisa para salvá-la, ele faria. Até morreria no lugar dela.

        E ele admirava isso em Willian Turner.

        - Eu o admiro, Willian. – Disse Jack. – Sinto muito nunca ter dito isso antes.

        Will assentiu. Seus olhos pareciam tão vidrados e sem vida quanto os de Elizabeth. Jack percebeu com um sobressalto que o olhar vago de Elizabeth, mesmo morta, era doce e suave, e na direção de Willian. Um sorriso torto e mínimo entre seus lábios brancos e pálidos também acompanhavam Will.

        - Vamos levá-la para a Sala do Capitão. E... Limpar o ferimento. – Disse Bootstrap.

        Ele não tentou desvencilhar Will do corpo de Elizabeth, apenas contou com a ajuda de Will para levantá-la. Jack recostou-se a murada do Holandês, observando que o Navio Inimigo se distanciava bem à frente, um pontinho mínimo na imensidão escura do mar e da noite. O Holandês ainda atracado no meio do mar, imóvel. E assim acabaria. O Comodoro Lewis fugia, depois de tirar a vida de uma donzela inocente.

        - Covardes. E ainda fogem. – Murmurou Jack, fincando uma faca na borda de madeira do Holandês.

        - Elizabeth é a coisa mais importante para Willian Turner. Foi sensato da parte dele não querer uma vingança sórdida. Ainda. – Replicou Tia Dalma, surgindo de repente, também recostada à murada do Navio.

        Uma atmosfera triste pairava sobre o Holandês. Como se o próprio Navio estivesse mobilizado com a morte de Elizabeth.

        - Will tentou salvá-la quando estava morrendo. Tentou fazê-la prisioneira do Holandês, uma serva para toda a eternidade. – Disse Jack, com a voz falha e rouca.

        Tia Dalma olhou para ele e falou sinistramente:

        - Ela não respondeu em alto e bom som. Um sussurro fraco. Um sussurro de alguém que a Morte queria levar.

        - E eu também falhei. O destino de Will e Elizabeth, como você mesmo previu, estava em minhas mãos. E eu não consegui fazer nada. Não consegui salvá-la. Will já está definhando com a morte dela. Não vai agüentar muito tempo.

        Só então que Jack percebeu que Gibbs havia se juntado a eles.

        - O que você trouxe consigo, Sparrow? – Perguntou ela olhando diretamente para Jack, ignorando o olhar assustado de Gibbs.

        - Deixe-me adivinhar. – Jack sorriu intencionalmente, virando-se para Tia Dalma. – Algum outro excelente truque?

        A Cabine do Capitão não era muito grande, mas era a parte mais aconchegante do Holandês. Era uma sala retangular com várias lamparinas e lampiões a querosene que iluminavam e esquentavam o local, que tinha uma grande mesa ao centro. Bootstrap retirou os mapas, bússolas e astrolábios da mesa e colocou dentro do armário do canto, enquanto Will ainda segurava Elizabeth.

Will não se sentia disposto. Na verdade, não sentia nada. Estava mergulhado num torpor que ele mal saberia dizer por quanto tempo duraria. Ali em sua cabine, com a chama das velas que quase não estremeciam, iluminando Elizabeth sinistramente. 

        Bootstrap pegou Elizabeth de Will e a colocou sobre a mesa central, que era comprida o suficiente.

        - Se não quiser fazer isso... – Disse Bootstrap, referindo-se ao fato de limpar o ferimento de Elizabeth.

        - Vamos fazer isso... Juntos. – Respondeu Will, a voz era fraca e sem emoção.

        E juntos, eles cuidaram de Elizabeth. O ferimento provocado pela espada de Lewis era bem mais profundo do que ambos podiam esperar. Era um milagre ter agüentado todo aquele tempo só pra se despedir de Will.

Jack deu três batidas na porta da Cabine do Capitão.

        - Sou eu, Jack. – Disse ele com a voz calorosa.

        Ninguém respondeu.

        Jack entrou assim mesmo, observando que somente Bootstrap e Will estavam lá dentro, cuidando de Elizabeth, que estava sobre a mesa.

        - Willian. Willian Turner. – Chamou Jack. Ele estava animado, o que contrastava com o clima pesado dentro da Cabine. – E se eu dissesse que há, sim, outro jeito?

Depois de ouvir as palavras de Tia Dalma e Jack, era impossível evitar que uma chama quente de esperança crescesse dentro dele. Então, Tia Dalma descobrira um jeito de trazer Elizabeth de volta.

Tia Dalma entrou, seguida por uns poucos tripulantes do Holandês, já que nem todos podiam deixar seus postos e suas respectivas funções, embora o Holandês seguisse seu curso lentamente.

- Willian Turner. – Chamou Tia Dalma com a voz cálida. – Eu posso sentir. Elizabeth não está morta.

Will estava tão taciturno que antes de falar, precisou formar um diálogo mentalmente.

- Como? – Perguntou ele, semicerrando os olhos para Tia Dalma.

- Ela respondeu à pergunta. Você a ouviu dizer “Sim”, não ouviu?

- Ouvi. – Will se aproximou de Tia Dalma, pensando que se não estivesse tão debilitado, poderia entender melhor o que ela queria lhe dizer.

- Mas ela não respondeu em alto e bom som. Ainda assim, respondeu. E com isso, está em transição: Condenada a vagar entre os Mundos. – Explicou ela em tom de condenação.

- Mas você pode trazê-la de volta? – Perguntou Will. Muitas informações demais para seu cérebro processar simultaneamente, por isso estava confuso, ainda segurando as mãos tenras de Elizabeth.

- Posso. Posso porque ela não está morta, mas também não está viva. – Disse Tia Dalma sinistramente, elevando seu tom de voz pausado. Porém, seguiu sua explicação:

- Ela de fato morreu, mas você conseguiu salvá-la a tempo. Ela ficou dividida, metade de si era morta pela lâmina de Lewis, e metade permaneceu intacta por sua causa. Willian... Turner.

Tia Dalma esticou-se, tocando uma parte de Will onde um dia havia um coração.

- E o que vamos fazer? – Perguntou Will, sentindo que poderia brevemente entender tudo aquilo, caso Elizabeth estivesse com ele novamente.

- Um feitiço. – Disse ela, tirando um prato de barro do armário do canto. – Um feitiço de Invocação.

Will encarou Elizabeth, que estava imóvel na mesa central. Estava com uma roupa de pirata parecida com a que usara na Corte da Irmandade e com os ferimentos já limpos, porém, o rosto sempre vívido e intenso agora estava branco e pálido, os olhos fechados e o lábio cerrado numa linha fina.

Aquele prato de barro que Tia Dalma retirara do armário era semelhante ao prato que a Corte da Irmandade usara para subjugar Calipso há um tempo. Tia Dalma colocou nele algumas ervas como hortelã, cidreira, alecrim e algo que Will pensou ser Artemísia. Ela depositou levemente o prato sob o ferimento de Elizabeth.

- Preciso de algo valioso para você, Will. – Pediu Tia Dalma.   

         

        Will depositou um fio de cabelo de Elizabeth naquele prato de barro sob ela. E o fio de cabelo de Elizabeth era o que ele julgava mais importante em sua vida, seu tesouro mais valioso.

        - Como eu esperava. – Sussurrou Tia Dalma, semicerrando os olhos para o fio de cabelo louro.

        - Porque tudo isso? – Perguntou Jack, se aproximando da mesa central.

        A verdade era que ele se sentia curioso. Ele tinha que salvar Elizabeth e Will. Porque até aquele momento não desempenhou nada significativo?

        E então, Tia Dalma colocou fogo nos pertences sob o prato, uma fumaça que cheirava a ervas, dos mais diferentes tipos, foi exalada, tomando conta de toda a Cabine.

        - Quarenta e seis, quarenta e seis corações batendo.

        Era Tia Dalma que falava, embora seu olho parecesse vago e distante, e uma voz mais aguda e sinistra se sobrepusesse à sua voz normal, como se duas vozes falassem ao mesmo tempo.

        - Não. – Replicou Will. – São quarenta e cinco corações. Elizabeth... Ela está...

        - NÃO! – Gritou Tia Dalma, revirando os olhos e com a voz anormalmente grave. – Não! Não!

        Os outros marinheiros foram amparar Tia Dalma, que caíra no chão e começara a se mexer e tremer violentamente. Quando ela voltou a si, Will indagou confuso para ninguém em particular:

        - Não entendo. Não há quarenta e seis corações batendo aqui. Devia ser quarenta e cinco.

        - Então, meu caro Willian. – Respondeu Jack. – Como já foi dito antes, Elizabeth está viva. Porém, inconsciente.

        Enquanto isso, o prato que queimava os pertences dos marinheiros continuava em combustão em cima da mesa. O cheiro de ervas infestava a cabine.

        Depois de fazer aquela espécie de profecia, Tia Dalma voltou a si, aparentemente sem ter consciência do que acabara de fazer. Ela estava explicando alguns detalhes do feitiço que ainda prosseguiria.

        - E porque Will deve colocar o que é mais precioso para ele? – Perguntou Bootstrap.

        - Ela precisa reconhecer quem a quer de volta. Isso faz parte do feitiço. – Disse Tia Dalma. - Mas agora vem o mais importante, Willian Turner: você deve repetir tudo que eu disser.

        - Por quê?

        - Sua missão é levar a alma daqueles que morrem no mar para o Outro Lado. Se você ainda não levou Elizabeth, é porque ela não morreu. E você, incumbido dessa missão, deve produzir a parte mais importante do encantamento.

        - Claro. – Disse Will, sentindo-se incomodado pelo cheiro de ervas e temperos do prato, franzindo o nariz.

        Tia Dalma fechou os olhos, colocando as mãos suavemente sobre o ferimento de Elizabeth. Will  fez o mesmo. Mas não pôde deixar de notar que a fumaça da combustão no prato cobria tudo como uma névoa espessa, como uma neblina densa e cinza.

        Will repetia tudo que Tia Dalma disse, embora fosse incompreensível para ele, pois eram palavras de outra língua, ditas rápidas demais. Tinha uma sonoridade que misturava muitas consoantes como “s”, “l” ou “r”.

        Por ora Will pensou ter ouvido aquela voz sinistra da profecia de Tia Dalma se sobrepondo novamente. Um tremor percorreu sua base da coluna.

        Quando o encantamento acabou, Will pegou as mãos gélidas de Elizabeth. Ainda havia muita fumaça na cabine: a névoa tomara conta de tudo.

        - Não se preocupe, Willian. – Disse Jack de algum ponto da névoa à esquerda. – Elizabeth vai voltar


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