Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 14
Capítulo 14: Motivos


Notas iniciais do capítulo

Aiii gente, quase no final da história :-)



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Will correu em direção a ela.

- Elizabeth! – Exclamou ele, tomando Elizabeth nos braços e acariciando-lhe os cabelos.

- Will... – Tornou Elizabeth. Ela então o abraçou. – Eu tive... Tanto medo...

- Eu também. – Disse Will, sentando-se na mesa para ficar completamente de frente para ela, ainda com as mãos tocando seu rosto. Elizabeth ainda estava pálida, mas ele podia ver que aos poucos, um vermelho rosado surgia em suas maçãs do rosto.

- Eu... Morri? – Perguntou Elizabeth. A compreensão voltava lentamente, embora ela mal se lembrasse do que ocorrera. Tudo o que percebia é que havia passado muito tempo desde que estivera com Will pela última vez.

- É... Acho que sim. – Will sorriu para ela. – Como é... o Outro lado?

- Não me lembro... – Respondeu ela sinceramente. Era como se houvesse um borrão, um lapso de memória que ela não conseguia resgatar. Como se tentasse ler um documento em branco. – Só me lembro de não conseguir respirar, e então eu... Acordei aqui.

Will abraçou-a novamente, como se jamais fosse soltá-la. Ele não suportaria vivenciar os últimos acontecimentos e perdas que se seguiram.

E então ele a beijou.

E Will gostava da sensação de beijá-la, depois de sofrer tanto quando pensara que Elizabeth morrera. Seus lábios se encaixaram perfeitamente, um beijo doce, ritmado e lento. Elizabeth afagou os cabelos de Will, também gostando da sensação de poder tocá-los novamente. Will e Elizabeth nunca tiveram simultaneamente tanta certeza de quererem estar perto um do outro, prontos para se ajudar e lutar contra tudo e contra todos para ficarem juntos.  

E embora Elizabeth não se lembrasse do Outro Lado, ela se lembrava de como morrera. Com uma lâmina afiada de Lewis Evans, que perfurara seu peito avidamente.

Depois de beijá-lo, Elizabeth encarou o chão daquela sala. Observou por um primeiro momento que naquela sala havia um forte cheiro de ervas e um prato com cinzas ao seu lado sobre a mesa. Depois disso, olhou para Will, buscando entender.

- Não foi fácil trazê-la de volta. – Disse Will, sorrindo de lado.

Elizabeth sorriu e arrumou sua roupa de modo a deixar o ferimento à vista. Ela se lembrava com detalhes do golpe mortal da espada, da dor e do sangue que jorrara do seu ferimento.

        E agora ali havia uma cicatriz.

        Elizabeth passou os dedos sob a pele cicatrizada onde a lâmina a atacara, era de um tom esbranquiçado e a pele estava amortecida sob seus dedos. A cicatriz tinha a dimensão exata da espessura da lâmina de Lewis. Will também passou os dedos por ela, fitando Elizabeth.

        - É... Possível? – Perguntou Elizabeth, a expressão confusa.

        - Depois que entramos nessa vida, - replicou Will, beijando a testa de Elizabeth. – Eu aprendi a não duvidar de mais nada. Tia Dalma fez um encantamento para que você voltasse de verdade.

        - Ela está aqui? – Perguntou Elizabeth sobressaltada.

        - Ela, Jack... Senhor Gibbs. Eles acharam melhor eu conversar com você primeiro, antes de você sair daqui. – Disse Will, temendo que chegassem ao mote principal.

        Elizabeth pegou as mãos de Will. Estavam mais gélidas que nunca. Ela colocou as mãos dele perto de seu coração, fazendo-o ouvir o baque surdo e sincrônico. 

        - Eu... Não vou poder atracar, não é mesmo? – Pressionou Elizabeth, fitando os olhos castanhos e cálidos de Will.

        Elizabeth não tinha certeza alguma. Entretanto, sabia que estava morrendo, ela sentira isso na pele. Mas se ela sobrevivera, de algum modo, sabia o porquê. Afinal, ela lembrava-se vagamente, como lembranças em meio de neblina cinzenta, que respondera à pergunta. E talvez, naquele momento, não importasse muito saber como ela tinha voltado em seus exímios detalhes. Bastava para ela saber o que aconteceria dali em diante, se ficaria com Will como deveria ficar.

        Enquanto isso, Will pensava na reação de Elizabeth. Como ela poderia lidar depois de saber que agora havia entrelaçado sua vida diretamente com o Holandês? E se ela tivesse optado por não fazê-lo antes, será que preferiria morrer a servir aquele Navio?

        Will não sabia o que esperar.

        Por fim, ele respondeu, mantendo a voz estável enquanto se concentrava no som do batimento do coração de Elizabeth, um som que ele perdera a oportunidade de ouvir há algum tempo.

        - Não, não pode mais atracar. Eu tive que fazer a pergunta... Você estava morrendo... E agora você é prisioneira do Holandês Voador.

        Will rastreou o olhar e a expressão de Elizabeth.

        Ela parecia conformada, quase como se já estivesse se acostumando com a ideia. Ela sorriu para Will, como quem se desculpa. Depois, mordeu o lábio, parecendo nervosa.

        - Desculpe, Elizabeth. – Disse Will abraçando-a. – Era o único jeito...

        - Eu sei... – Sussurrou ela em seu ouvido. – Sempre foi a única solução. Agora só tivemos um motivo para usá-la.

        - Você acabou de perder sua liberdade. Está vinculada a este Navio maldito!

        Elizabeth colocou os dedos nos lábios de Will, silenciando-o. Não havia motivos para ele se culpar daquela maneira.

        - Ganhei uma nova liberdade, acredite Will.

        E Elizabeth percebera, com aquele beijo apaixonado em resposta, que Will havia compreendido. Elizabeth estava praticamente morta, mas voltara à vida e Will foi essencial para isso acontecer. Independente do que viria a seguir, independente do que ela tivesse que fazer, ela tinha o direito de ficar com Will, por toda uma eternidade. Era essa liberdade que ela tanto queria.

        No convés principal, todos permaneceram estáticos.

        Jack perguntou para Tia Dalma exprimindo certeza, embora no fundo ainda tivesse suas dúvidas:

        - Ah, Elizabeth voltou não é mesmo?

        - Sim. Mas Will precisa situá-la no espaço e no tempo. Deixem que eles conversem... – Respondeu Tia Dalma, sentando no chão do convés com seu tabuleiro e suas conchas.

        Jack franziu o cenho ao olhar para aquilo.

        Depois, sentou-se ao lado dela, confuso por não saber como começar um assunto que muito lhe interessava: sua participação nisso.

        Se Elizabeth voltara, como podia depender de Jack, se ele não havia feito nada? Afinal, se ela e Will sobrevivessem, Jack também sobreviveria.

        Era essa profecia de Tia Dalma.

        Então porque em nenhum momento ele ajudou? Como podia ter sido previsto que ele era vital para salvar a vida de Elizabeth e Will?     

        - Sei o que está se perguntando, Jack... Sparrow... – Murmurou Tia Dalma, olhando-o fixamente, os lábios cerrados.

        Jack sorriu, encostando-se na murada, ainda sentado no chão.

        - Ótimo, pode me ajudar a descobrir a resposta.

        - Sua presença era a chave para o encantamento funcionar. – Disse Tia Dalma no seu tom de suspense e frieza. – Todos que se importavam com Elizabeth deviam estar aqui. E você, Sparrow.

        Ela apontou um dedo longo e fino para Jack.

        - Elizabeth Swann Turner o considera muito. Sem você, e mesmo com Willian, ela não teria sido invocada. Isso não envolve só amor, como foi vital a presença de Willian. O encantamento envolve amizade, carinho... Enfim, você cumpriu sua proposta. Estando aqui, salvou Elizabeth, Willian, e a si mesmo.

        - Amor, carinho, amizade... Não parece o tipo de feitiço que você faria... – Disse Jack, entre risos. Tia Dalma fechou a cara para ele.

        - Alguns sentimentos, mesmo frequentemente ignorados, continuam existindo, Jack Sparrow! E podem ser de grande valia! – Disse ela, extasiando-se. – Vamos! Vamos entrar na Cabine do Capitão.

        Eles se levantaram e se dirigiram até o local. Sem dúvida, Jack sentia-se orgulhoso e satisfeito consigo mesmo.

Jack e Tia Dalma espiaram sorrateiramente na Cabine. Tia Dalma tentou segurar Jack, mas ele se desvencilhou de suas mãos.

        - Elizabeth? – Perguntou Jack, entrando na cabine, semicerrando os olhos e franzindo a testa, chacoalhando as mãos e andando desajeitadamente até ela e Will.

        Elizabeth sentia-se surpresa e feliz por retornar. Parecia que ela havia feito uma longa viagem, ficado um tempo fora e depois voltado, com muitas falhas de memória da viagem em si.

        - Olá, Jack. – Disse ela, abraçando-o e se levantando da mesa central, acompanhada por Will.

        - Vamos até lá fora comemorar! Todos estão ansiosos por vê-la. – Disse ele, enlaçando os braços em Elizabeth. Will encarou Jack com uma expressão um pouco mais séria que de costume.

        - Não sabia que se importava tanto! – Disse Elizabeth entre risos.

        - Sei como é morrer. – Disse ele animado. – Talvez ainda seja uma experiência pior, pois já estive no Baú de Davy Jones.

        - Eu não me lembro de muita coisa. – Disse Elizabeth sinceramente.

        Jack andou um pouco até Will e perguntou-lhe ao pé do ouvido, para evitar que Elizabeth ouvisse. Ela percebeu isso claramente.

        - Ela é... Uma prisioneira do Holandês agora?

        - É, Jack. Isso a salvou da morte. – Respondeu Will no mesmo tom.

        - Nesse caso, também tomaremos um drinque daqui uns dez anos, em Tortuga, combinado? – Sugeriu Jack, esfregando as mãos num gesto de animação e ansiedade.

        - Tudo bem. – Disse Will, sorrindo.

        - Ah, e... Provavelmente é você quem vai pagar. – Disse Jack, afastando-se de lado.

        Depois que saíram para o convés principal, Jack levantou as mãos e acenou para todos, gritando fervorosamente:

        - Ela voltou! Vamos comemorar! Senhor Gibbs...

        - Sim, Jack! – Senhor Gibbs falou e fez uma continência.

        - Vá até o porão e traga rum! Todo rum que tiver. – Jack também abraçou Will, encaminhando-se até o meio do convés e tornou a dizer:

        - Bebei amigos, Yo Ho

        Depois disso, os piratas gritavam em uníssono por onde Elizabeth passava. Todos, mesmo sem conhecê-la, ao perceber sua importância para Will, o Capitão do Holandês Voador, também passaram a se importar com ela. Muitos deles a cumprimentavam e elogiavam.

        Jack apareceu de prontidão, entregando duas garrafas de rum, uma para Elizabeth e outra para Will.

        - Agora suponho que vai soltar alguma besta fera ou criatura marinha para acabar com Evans? Algum primo distante do Cracken, talvez? – Sugeriu Jack, rindo da própria piada.

        Will nem sequer havia pensado em Evans, e só de pensar no nome, ele cerrou os punhos firmemente. Ele realmente deveria pensar no que fazer em relação à Evans, e faria isso em breve. Entretanto, agora era momento de comemorar.

        - Para a mulher que ressuscitou dos Sete Mares! – Gritou Jack erguendo a garrafa. Provavelmente, ele já deveria estar na terceira.

        - Saúde! – Gritaram eles em uma só voz.

        - Nós somos perversos do tipo pior... – Disse Jack, olhando significativamente para Elizabeth e Willian.

        - Yo ho, yo ho! – Disse Will, cantarolando no ritmo dessa canção tão conhecida.

        Para Elizabeth finalizar:

        - Eu sou pirata sim!

        Mas nem tudo poderia durar para sempre.

        Jack, Tia Dalma, Gibbs... Todos que provieram do Navio Tesouro tinham que partir, pois não poderiam permanecer mais tempo no Holandês Voador sem fazer parte da tripulação. Assim, depois que a comemoração pela volta de Elizabeth cessou, eles transpassaram para o Tesouro, que estava alinhado com o Holandês, esperando seus marinheiros.

        - Aproveite essa nova chance, Elizabeth. Eu sempre soube que havia um Toque do Destino em vocês dois. – Disse Tia Dalma, abraçando Will e depois Elizabeth. – E posso perceber que vocês dois realmente nasceram para ficar juntos. Nem a morte foi capaz de separá-los. O amor de vocês é algo que vai além disso.

        Will e Elizabeth se olharam ternamente.

        - Elizabeth, - murmurou Senhor Gibbs. – Eu vi você crescer, e é muito bom tê-la de volta. Saiba que gosto muito de vocês dois.

        Se era impressão, Elizabeth não sabia, mas Senhor Gibbs parecia estar prestes a chorar. Depois, seguido de Tia Dalma, transpassou o Navio, entrando no Tesouro.

        Por fim, Jack veio falar com eles.

        - Adeus, Jack. – Disse Elizabeth, arrumando a casaco marrom de Jack.

        - Porque adeus? – Indagou ele, franzindo a testa e olhando-a com a expressão curiosa. – Isso é apenas um “Até logo”. Pode ter certeza disso, querida. 


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