With Me escrita por Factory Girl


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Então, novo cap pra vocês! Eu resolvi alguns probleminhas na organização dos capítulos que só percebi agora. Então, esse é o nono capítulo amorzinhos. Espero que gostem! E se quiserem ,deem uma olhada nos capítulos anteriores para ver se entenderam alguma coisa errado, com a confusão que eu fiz. Me desculpem...



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CPOV
 

A luz passava por minhas pálpebras, tornando-as vermelhas, e eu as abri, muito devagar, piscando algumas vezes, respirando fundo, focalizando a visão. Preguiçosamente, passei meus olhos pelo cômodo onde estava.

Era razoavelmente grande, e o papel de parede parecia ter sido branco algum dia, mas agora, tudo o que restava dele eram placas amareladas e rasgadas que se desprendiam e pendiam enroladas. Havia um lustre bonito no teto, bem no centro do quarto, com três pequenas cúpulas revestidas de um tecido bege esburacado e empoeirado, e uma calçadeira ao pé da cama, duas pequenas mesinhas de cabeceira, cada uma com um abajur no mesmo estado em que o lustre se encontrava, e uma cômoda ao lado da porta, com um espelho pendendo logo em cima, coberto por um lençol branco amarelado e sujo como todo o restante.

- Você acordou – ouvi uma voz calma, suave e conhecida dizer bem próxima à mim, e então eu finalmente me situei de onde realmente estava. – Bom dia – disse, e senti seus lábios pressionarem levemente meu cabelo, seguido por um suspiro.

Eu estava deitada confortavelmente no peito nu de Damon, seu braço, passado suavemente ao meu redor, me abraçava, sua mão descansando sobre minha barriga, sobre o lençol, e ao mesmo tempo, eu sentia como se ele me firmasse ali, me impedindo de sair. Não que eu quisesse sair, de qualquer modo. Eu nunca havia estado mais bem acomodada...

Passei meu braço por sobre o dele, juntando nossas mãos e entrelaçando nossos dedos, levantando nossas mãos enlaçadas e analisando-as por algum tempo antes de voltar a depositá-las suavemente onde a mão dele antes repousava sozinha.

Sorri, esticando o pescoço e forçando meus olhos para cima, me esforçando para vê-lo, sorrindo de volta para mim, sereno, tranquilo, em toda a sua glória matinal injusta, e relaxei, voltando à minha posição anterior e a encarar o teto, sem tirar o sorriso dos lábios.

- Há quanto tempo acordou? – perguntei, piscando preguiçosamente e respirando fundo.

- Não é como se eu tivesse dormido muito– respondeu, me apertando um pouco contra si, respirando fundo também. A declaração dele me perturbou um pouco, mas preferi não insistir nisso e apenas continuar.

- Fazia tempo que eu não vinha ao seu quarto... Desde que tínhamos...

-... 15 anos. E sua mãe entrou aqui, desesperada, para ver o que estávamos fazendo à portas fechadas há mais de uma hora – completou, e eu podia ouvir o sorriso em sua voz. Ri baixinho, revirando os olhos para a lembrança engraçada da imagem de minha mãe entrando correndo pelas portas duplas de madeira clara...

- Ela ficou completamente chocada quando me encontrou deitada no seu colo, ouvindo-o ler pra mim... Que livro era mesmo? Eu não me lembro... – perguntei, forçando a memória.

- Pois eu me lembro como se fosse ontem, Srtª Fell – disse, com a clara intenção de fazer com que eu me sentisse culpada por não me lembrar. Não era minha culpa se eu estava um pouco tonta e desnorteada. Na verdade, a culpa inteiramente dele... – Era Austen...

-... Emma, sim, lemos aquele livro o que? Umas cinquenta vezes? – chutei, rindo.

- No mínimo – concordou, rindo comigo. Um par de minutos se passou enquanto controlávamos nosso riso e acalmávamos nossas respirações, agora ritmadas e relaxadas, e depois de algum tempo em silêncio percebi que, por mais que eu quisesse, não podia ficar ali para sempre, e que o sol na janela era forte, de modo que já devia ser pra lá do meio dia.

- Está tarde – declarei, com um suspiro. Damon suspirou também. Nenhum de nós queria sair dali. Nenhum de nós queria voltar para a realidade, mas era preciso. Não tínhamos opção...

- Queria poder te manter aqui pra sempre – disse, afundando o rosto em meu cabelo mais uma vez. – Sem Kol e os Originais irritantes, ou Stefan e os grandes planos dele... Como vai ser a partir de agora Charlie? – perguntou, o medo visível em sua voz até para quem não quisesse ouvir, o que era o meu caso. Me machucava vê-lo assim e saber que não havia nada que eu pudesse fazer para aliviar sua aflição, mas eu precisava ser forte. Precisava me manter firme por que, se eu demonstrasse qualquer inclinação à voltar atrás, então ele insistiria nisso, e eu não sabia se minha força de vontade era o suficiente para me fazer recusar.

- Bom, eu vou continuar com o plano. Stefan quer saber o que eles ainda fazem aqui, e o que Klaus pretende com os híbridos, agora que Elena... – vacilei ao mencionar o nome de Elena, sabendo que não devia ter feito aquilo e receosa de que Damon... Eu não sei bem o por que, mas parecia que apenas citar Elena a fazia presente ali, e eu não queria isso. Apesar de todos os nossos avanços, eu a queria o mais longe possível de mim e Damon. Só assim eu me sentiria segura, na medida do possível. – E eu quero ajudar como puder – continuei, tentando disfarçar meu pequeno tropeço e torcendo para que Damon não o tivesse percebido.

- Não podemos ir até eles e perguntar, como fizemos das outras vezes? – perguntou, mas algo em seu tom de voz o fazia parecer uma criança manhosa, que insistia em algo só por insistir, já sabendo que não conseguiria o que queria no final.

- Não, Stefan disse que dessa vez é diferente. Que agora Klaus está mais furioso do que das outras vezes, e que é perigoso pra qualquer um de vocês lidar com qualquer um deles agora – expliquei, usando as mesmas palavras que Stefan havia usado para me explicar a situação quando eu fizera a mesma pergunta que Damon acabara de fazer. – Ele disse que como sou um rosto novo por aqui, sou algo como “perfeita” para ganhar a confiança deles... O que é ridículo, por que eu sou péssima no quesito confiança, mas enfim...

Dei de ombros de leve, e Damon me envolveu com o outro braço também, me abraçando completamente, pegando minha mão ainda entrelaçada à dele de modo que ela ficasse entre as duas palmas.

- Queria poder deixá-la de fora disso tudo... Eu devia protegê-la dos leões, não atirá-la a eles! Parece tão errado... – devaneou, aumentando gradativamente o tom de voz, e só agora eu percebia o quão baixo estávamos falando até então.

- Você não está me atirando aos leões, Damon! Stefan está... – falei, rindo, e ele riu também, apesar de não ter parecido achar graça alguma. – você sempre foi muito superprotetor comigo... Precisa começar a me deixar agir por conta própria, eu posso me cuidar – falei de modo doce, torcendo para que ele não me levasse a mal ou se sentisse ofendido.

Depois de alguns instantes preenchidos apenas pelo som de nossas respirações e um suspirar derrotado de Damon, continuei a falar, decidida a mudar de assunto e escolhendo um em particular que andava me incomodando mais do que o normal nas ultimas 24 horas.

- Stefan me disse que você tem agido... Diferente ultimamente. E, bom, por ultimamente eu quero dizer os últimos 150 anos, desde... Você sabe... – expliquei, sem saber muito bem como colocar pra fora tudo o que queria dizer. – Ele me disse que a primeira “paixão” à que você realmente se entregou depois daquilo foi Katherine, mas que você não era o mesmo... Mas não foi isso que me chamou a atenção, o que me fez pensar foi que... Depois que Katherine foi embora, você dedicou sua vida a procurá-la. Por que, Damon? Por que era tão importante pra você encontrá-la? – questionei-o por fim, encolhendo um pouco os ombros, sem saber se queria ouvir a resposta. Até então eu só havia me preocupado com Elena, mas eu nunca cogitara que podia haver mais alguém até Stefan me falar sobre Katherine.

A verdade era que, o sentimento predominante em questão a ela, diferente de Elena, não era ciúmes. O que eu sentia de verdade por essa desconhecida era mais uma espécie de gratidão distorcida do que ciúme, ou mesmo ódio, como eu talvez devesse. Ela tinha magoado Damon, afinal, e Stefan, e toda a confusão na qual os dois se encontravam hoje era culpa dela. Mas, querendo ou não, ela não só tinha tornado o “hoje” possível, como também, de um jeito ou de outro, tinha limpado minha bagunça. Katherine havia tirado Damon de sua “depressão” e o trazido de volta à vida, e, mesmo o tendo destruído ainda mais depois e eu nunca a perdoando por isso, eu ainda seria eternamente grata a ela por isso. Damon suspirou mais uma vez antes de falar, e quando finamente o fez, sua voz era baixa novamente.

- Eu não sei bem... Acho que... Katherine foi o mais próximo de um amor de verdade que eu cheguei em muito tempo... Eu queria me agarrar aquilo o máximo que pudesse... – disse, parecendo pensar muito na resposta, tentando ser completamente sincero. Decidi, porém, que eu podia dispensar sua sinceridade, e que no fundo não queria ouvir aquilo, por mais que eu pensasse que sim, e mudei, quase desesperadamente, de assunto.

- Ah sim, por que você nunca amou mais ninguém não é? Não de verdade... Só eu – ri, me virando na cama de modo que ficasse de frente para ele, meus braços me sustentando, os cotovelos dobrados e os antebraços apoiados em seu peito, suas mãos, agora, depositadas suavemente na base das minhas costas, ainda sobre os lençóis, e nossos rostos a poucos centímetros de distância, ambos com sorrisos estampados nos lábios, o assunto “Katherine” completamente esquecido, para meu alívio.

- Não... Nunca – murmurou, e meu sorriso se tornou ainda mais pronunciado, assim como o seu. – Eu te amo, Srtª Fell – continuou, brincando com meu sobrenome, mas parecendo falar realmente sério.

- Ama é? – murmurei em resposta, apensar de não sentir nenhuma necessidade de confirmação, encurtando a distância entre nossos rostos a cada palavra.

- Amo... – afirmou, sorrindo e fazendo o mesmo.

- Ama?

- Amo – sussurrou uma ultima vez antes de juntar seus lábios sorridentes aos meus em um beijo suave e calmo que não ganhou intensidade, como era de se esperar, mantendo-se tranquilo pelo tempo que durou.

- Isso é bom, sabe? Por que, eu também te amo, e não esperaria nada menos em troca – murmurei, me separando dele contra a vontade de ambos, recolocando meus lábios sobre os seus uma vez antes de me colocar de pé em um salto, puxando o lençol comigo, envolvendo-me nele.

- Mas você tem que ir... – suspirou, deixando os braços caírem ao lado do corpo no colchão.

- Não, nós temos que ir – corrigi, olhando ao redor em busca de meu vestido. Soltei o lençol quando finalmente o encontrei, caído em baixo da calçadeira, deslizando-o pelas pernas e depois pelo tronco. – Me ajuda com o zíper? – pedi, segurando o busto na frente enquanto Damon se levantava e o fechava para mim.

- Pronto – disse ele, passando as mãos suavemente pela pele nua de minhas costas e depois meus ombros, me abraçando por trás, repousando sua cabeça sobre a minha. – Então, não vamos mais poder vistos juntos em público?

- Não, No, Niet, Nope, em hipótese alguma – respondi, meu animo para sair dali, já bem próximo de nulo, diminuindo a cada palavra. – Mas, ainda vamos morar na mesma casa... O que nos dá algum tempo juntos – falei, tentando recobrar o foco, me soltando de seu abraço para alcançar sua camisa, perto da porta, atirando-a para que ele a vestisse e me abaixando novamente para calçar meus sapatos, apoiando a mão na parede desgastada ao meu lado.

- Eu não faria isso se fosse você – alertou com um sorriso zombeteiro enquanto passava os braços pela camisa branca, começando a abotoá-la de baixo pra cima. – Se a casa cair estamos ferrados... Muita madeira na estrutura – explicou, e eu ri, retirando a mão imediatamente.

Arrumei meu cabelo em um coque feio e muito frouxo com o que sobrara dos prendedores e grampos do penteado simples da noite anterior, e Damon terminou de abotoas a camisa, deixando dois botões abertos e a gravata apenas passada, solta, pelo colarinho, o blazer dobrado no braço.

Tremi quando passamos pela porta da frente. O vento frio da manhã de outono me incomodava, mas eu não estava realmente com frio quando Damon passou seu paletó por meus ombros, sua própria camisa dobrada até os cotovelos, e não disse nada, e muito menos recusei seu cavalheirismo forçado, mantendo o blazer fechado no pescoço com uma das mãos.

Andamos em silêncio pela floresta. Às vezes ele me abraçava, às vezes tomava minha mão, mas agora eu soltara sua mão para tirar os sapatos em uma tentativa estúpida de fazer silêncio enquanto subíamos as escadas da porta dos fundos da pensão e ele tomava a frente, abrindo a porta para que eu entrasse.

Tão rápido eu senti o calor da lareira, acesa, me envolvendo, porém, uma voz estridente e exageradamente alta soou, me assustando e arruinando nossos planos de passar despercebidos.

Ótimo, lá se ia minha manhã perfeita...


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Notas finais do capítulo

Sooo, me desculpem mais uma vez pela confusão com os capítulos (haviam dois capítulos 6, e nenhum 7 postado). Digam o que acharam, ok?
Bjss



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