With Me escrita por Factory Girl


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Assim, vou deixar bem claro que, esse é o mais próximo que vou chegar de um hot, ok? Apesar de ter lido, e adorado(sic.) 50 Shades of Grey, e ler várias fics ótimas com essa temática, esse não é o meu tipo de texto, e tenho quase certeza de que se ao menos tentasse escrever algo do tipo, ficaria simplesmente péssimo!
Então, o que que eu quis dizer basicamente foi: Se você está lendo essa estória na "esperança" de que venha a acontecer um capítulo, uma cena, ou alguma coisa mais erótica, desista, por que não vai acontecer.
Esclarecido isso, espero que gostem!!!



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CPOV


A floresta estava escura, iluminada apenas pela luz pálida da Lua, quase cheia, no céu.

Talvez eu estivesse errada, afinal. Talvez eu só pensasse que conhecia Damon Salvatore. A verdade é que, talvez, o Damon que eu cheguei a um dia conhecer, já tivesse desaparecido há muito tempo atrás...

Mas à medida que eu adentrava cada vez mais no que antes era o quintal dos Salvatore, me sentia cada vez mais nervosa e apreensiva, sem levar nada disso em consideração, e, finalmente, eu o avistei.

Ele estava sentado no chão, entre as folhas secas de carvalho, o blazer dobrado e largado ao seu lado. Damon tinha uma garrafa de uísque faltando um terço na mão, seus olhos estavam fechados, mas ainda assim, havia uma expressão triste, ferida e ressentida em seu rosto.

- Damon? – hesitei, meu celho franzido à medida que eu me aproximava dele.

- Ah, vá embora, seja lá quem for! – bradou, sua voz embargada e cansada.

- Sou eu, Charlotte... – Seus olhos se abriram, procurando por mim, confusos, e depois levemente hostis. – Você está com raiva de mim – declarei, abaixando o olhar e a cabeça, cruzando os braços em meu peito, dessa vez, tentado ao máximo não desabar.

Damon suspirou, passando nervosamente a mão direita pelos cabelos negos e bagunçados, limpando quaisquer traços de apatia de seus olhos antes de voltar a me encarar, restando apenas mágoa e desamparo, o que, para mim, conseguia ser infinitamente pior.

- O que foi agora? Veio até aqui só pra continuar gritando comigo? Ou só vai me insultar dessa vez? – questionou, me olhando de baixo, como se simplesmente não se importasse mais.

- Não, eu vim aqui para me desculpar – corrigi em um tom baixo, seguido por um suspiro. – E pra explicar por que fiz aquilo.

Ele não disse nada, e por um instante, nós ficamos ali, em silêncio, sob a luz azulada da lua, ele sentado, com as costas encostadas no caule largo de uma árvore grande, e eu em pé, no topo de meus saltos altos, não exatamente confortável, por assim dizer.

- Eu estou ouvindo – disse ele por fim, quebrando o silêncio mortal. Soltei o ar que não percebi que estava prendendo, aliviada por ele não simplesmente me mandar dar o fora dali. Talvez não seu amor, mas pelo menos sua estima eu ainda possuía, e isso era bom...

- Foi tudo ideia do Stefan... – comecei, avançando para me sentar ao seu lado.


- Por que não me contaram? Por que não me disse, Charlie? – perguntou, fitando, espantado, as árvores à sua frente.

- Eu não sei... Stefan disse para não contar, e eu achei que era o melhor a fazer. Eu queria que ficasse fora disso, mas se assim fosse, isso implicaria magoá-lo demais, e eu não podia suportar... Então decidi que você precisava saber.

- Deus Charlie... Eu pensei... Eu pensei... Pensei que você tivesse enlouquecido, ou pensado melhor sobre... sobre mim. – A vulnerabilidade em sua voz me surpreendeu, e eu suspirei enquanto, pela décima sétima vez nesse curto espaço de tempo, derramei um pouco do uísque na boca, direto da garrafa, passando-o em seguida para Damon, que fez o mesmo.

O gosto era péssimo, e queimava minha garganta, mas era tranquilizante, e me embriagava, o que era o principal objetivo do exercício.

- Então, nada do que você me disse nos últimos dias é verdade?

- Não, todo o primeiro dia foi real. Ou quase todo... Eu realmente acabei de acordar, e tudo aquilo que eu te disse antes de te deixar aqui também. Stefan só falou comigo quando eu voltei à pensão, e foi quando tudo começou... – murmurei, repetindo o procedimento que já começava à se tornar realmente familiar, de modo que eu já nem sentia mais o gosto amargo do Bourbon em minha língua.

- Isso quer dizer que, tudo o que você disse antes sobre... Ficar longe de mim, era mesmo sério? Quer dizer, continua valendo? – sondou, balançando a cabeça negativamente quase imperceptivelmente enquanto olhava para cima, para a lua branca acima das copas das árvores,  como se não quisesse saber a resposta e, por isso, tivesse se arrependido de perguntar.

Eu observava seu rosto atentamente ao falar, meus olhos tentando fisgar os seus de um modo que fora tão natural para nós no passado, mas ele continuava a encarar o céu. Continuava a encarar a lua...

- Eu não quero ficar longe de você Damon. Nunca quis. – Finalmente, ele se virou para olhar para mim, a confusão tomando conta de seu rosto como vinha fazendo com mais frequência do que deveria durante as ultimas horas. – Você era... A única pessoa que eu amava mais do que tudo. Mais do que minha própria vida, e o suficiente para deixar tudo pra trás... O suficiente para fugir de George quando sabia que ele me pegaria... E eu teria tentado, de novo e de novo, se não tivesse acontecido o que aconteceu... E quando aconteceu, quando eu morri, abracei isso, por que assim o manteria a salvo...

- Mas...? – disse, já prevendo o que vinha pela frente, olhando fundo em meus olhos enquanto eu respirava fundo e continuava.

- Mas, por mais que eu queira acreditar que sim, você não se sente da mesma forma. 150 anos de experiências, paixões e traumas nos separam agora, e... Elena. Você a ama também Damon, e sabe disso, não tente negar...

- Charlie, o que eu sinto por Elena é novo, e diferente do que sentia... Sinto por você. Eu não sei se isso é bom, ruim, nem se é mais forte ou mais fraco, mas é diferente. E eu adoraria votar a ter o que costumávamos ter por que, honestamente? Desde que perdi você, eu nunca senti a mesma coisa por ninguém. – Seus olhos brilharam nos meus, e era quase impossível respirar. Eu tinha que admitir que gostava de ficar assim: sem muros, sem máscaras ou fingimentos. Éramos só nós, Damon e Charlotte. Duas pessoas confusas, assustadas, e inegavelmente bêbadas.

- Eu te amo, Damon. Sempre amei, e você sabe disso. Na verdade, chegamos a um ponto em que quase todos sabiam disso – falei, sorrindo um pouco ao me lembrar dos velhos tempos, provavelmente há muito esquecidos por ele, mas que ainda queimavam e minha memória como sendo as únicas lembranças que eu tinha.

- É, eu me lembro... Mas você já estava casada, não havia mais nada a fazer, por mais que eu quisesse... Sabia que eu considerei seriamente sequestrar você? – disse, não completamente ridicularizando a ideia.

- O que?! Como assim “me sequestrar”? – questionei-o, percebendo o modo como minha voz se arrastava preguiçosamente.

- É, bom... Stefan e eu chagamos a bolar um plano, e era até muito bom sabe, mas meu pai descobriu tudo um dia antes de o colocarmos em ação e tudo foi por água abaixo! – explicou, atirando as mãos para o alto e depois deixando-as cair no colo teatralmente. – Eu te amava, Charlie. Mais do que minha própria vida – falou, a voz mais baixa, mais suave e doce, e até um pouco desolada. – Mais do que... Mais do que qualquer outra coisa que eu possa já ter vindo a amar... – Eu me sentia aquecida por dentro. Pela primeira vez, naquela noite fria de fim de outono, eu podia alegar que me sentia verdadeiramente aquecida. E isso não tinha nada a ver com a bebida, ou com o fato de que vampiros não sentiam frio... Meu calor interno repentino era devido às palavras que saiam da boca do homem ao meu lado, assim como o pequeno sorriso que permiti que se espalhasse por meus lábios, mais autêntico do que todas as gargalhadas que eu dera durante o baile. – A questão sempre foi se você me amava do mesmo modo... – completou, e senti o sorriso deslizar para fora de meu rosto no mesmo instante. Ele tinha mesmo dúvidas do quanto eu o amava?

- Mas é claro que sim – falei rapidamente, me desencostando para poder olhar em seus olhos. – É claro que amava... – disse ternamente, levando uma das mãos até seu rosto, acariciando seu maxilar com o polegar. – Sempre amei, e vai continuar assim, talvez para sempre, talvez pelo resto da minha vida... Você sabe, o que vier primeiro. – Sorri, tentando expulsar a todo o custo as lágrimas que se acumulavam em meus olhos, recolhendo a mão. – A questão agora é se você ainda se sente assim.

- Meu Deus, Charlotte, onde você estava nos últimos minutos para não ter ouvido uma palavra de tudo que eu acabei de dizer?! – inquiriu, e eu ri. – Eu te amo, ouviu bem? Sempre vou amar, e não ouse me contradizer! – disse, segurando meu queixo suavemente, seus dedos fazendo o mesmo tipo de carícia que os meus poucos segundos atrás e, junto à doçura com que essas foram ditas, anulando completamente qualquer efeito negativo que suas palavras pudessem ter, e eu sorri ao passar meus braços por seu pescoço, apesar de ainda manter um pequeno espaço entre nós, mesmo que este fosse pequeno, bem pequeno...

Isso, porém, não podia durar muito, a tão logo vi o brilho e a excitação nos olhos de Damon, senti seus lábios nos meus. Fechei meus olhos, instintivamente, me entregando calmamente ao beijo, retribuindo-o. Sua língua traçava padrões em meus lábios, e pressionava-os, muito suavemente.

Não havia sentido em resistir muito mais, e abri-os, deixando sua língua entrar e encontrar a minha, causando uma reação explosiva da qual eu havia sentido mais falta do que teria imaginado.

Tinha o gosto forte de uísque envelhecido, hortelã, pimenta, e o gosto mais característico de todos, mil vezes mais inebriante, embriagante e viciante do que qualquer bebida já inventada pelo homem: O gosto de Damon.

- Oh, Charlotte – suspirou, passando suas mãos por meus cabelos, ainda trançados, puxando-me para si do mesmo modo que eu me agarrava à ele, meus dedos emaranhados em seu cabelo.

Meus dedos passaram de seu cabelo para os botões de sua camisa antes mesmo que eu tomasse a decisão consciente de fazer isso, e começaram a tirá-los das pequenas casas com uma habilidade e calma que me eram completamente estranhas e desconhecidas.

Seu peso caiu contra mim quando, abruptamente, nos deitamos no chão, mas Damon rapidamente colocou os antebraços ao lado de minha cabeça, sustentando-se enquanto seus lábios deixavam os meus e passavam ao meu queixo, pescoço, e ombros nus.

- Tem certeza que quer fazer isso? – perguntou ofegante, se afastando por um instante, seus olhos encontrando os meus mais uma vez.

- Quero – respondi, puxando, decidida, sua boca de volta para a minha, e então, sem mais uma palavra sequer, ele se fora.

Sentei-me, confusa, olhando em volta para encontrá-lo em pé à minha frente, a mão estendida em um convite claro, que aceitei, apoiando-me nela para me levantar, encarando-o enquanto minha respiração saia ruidosamente por entre meus lábios.

- Acho que precisamos ao menos de uma cama de verdade, não acha? – perguntou, recusando-se a soltar minha mão ao me puxar para si, passando o outro braço pela minha cintura de modo que nossos rostos voltassem a ficar a pouquíssimos centímetros de distância, debochando da situação quando eu sabia que, na verdade, ele estava tão nervoso quanto eu.

- Sinceramente, senhor Salvatore? Eu não me importo com mais nada – sussurrei apaixonadamente para ele, colocando meus lábios sobre os seus brevemente mais uma vez, enlaçando meus braços em seu pescoço.

- Sabe, o antigo lar dos Salvatore não pode estar tão ruim assim, não é mesmo? – disse, soltando minha cintura para me arrastar pela mão em direção à casa, que não se distanciava mais de dez ou vinte metros dali.

Eu mal podia acreditar em como as coisas estavam girando nesse exato momento. Em como tudo estava mudando rápido, e principalmente, eu mal podia acreditar no que estava prestes a fazer.

Já havia acontecido com George, é claro, muitos anos atrás, mas sem dúvidas, aquilo era diferente. Era tão novo e assustador para mim, que fazia com que eu me questionasse se realmente queria aquilo. Talvez ceder aos meus impulsos fizesse com que eu me arrependesse depois, e arrependimento e culpa era coisas com as quais que dificilmente convivia. Mas por mais que eu estivesse temerosa, por mais que estivesse assustada, e por mais que tivesse medo, nada daquilo faria diferença.

Minha decisão já estava tomada, e a seguiria até o fim.

Não que eu que temesse sua reação caso desse para trás. Tinha certeza que se demonstrasse qualquer sinal de insegurança, ele faria de tudo para fazer com que eu ficasse confortável, e se por fim não fosse bem sucedido, me abraçaria, e ficaríamos assim, a noite toda, se fosse o que me agradaria.

Muito menos que eu não quisesse fazer amor com Damon. Pelo contrário, eu não só queria como precisava daquilo, como quem precisa de uma confirmação.

O que me fazia relutar era o medo de que Damon mudasse de ideia.

Não essa noite, não amanhã de manhã, mas com o passar do tempo...

Mas todas as palavras que trocamos durante a noite, todas as declarações, toas as cartas que haviam sido postas na mesa, não podia ser em vão, e repassei, cada uma delas, em minha cabeça, me tranquilizando, cada vez mais, e, lentamente, um sorriso bobo tomou conta de meus lábios inchados, enquanto nos aproximávamos, cada vez mais, da construção antiga e frágil, bem à nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Então, eles estão bem de novo... Agora tudo volta a ser como antes, Elena e Charlotte são amigas... Eu podia deixar tudo assim, mas então que graça teria?...



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