Jogo De Ideias escrita por Melo


Capítulo 12
Vino, Sangre, Tierra nuestra


Notas iniciais do capítulo

Este es mi pueblo, es mi gente, es la vida que yo llevo"



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Vino, sangre, tierra nuestra

A cor dos seus lábios levemente avermelhados contrastava com a cor do vinho embriagado. Era o leve toque carmesim diante do líquido embriagado, que levemente era agitado dentro da taça designada. E assim, tenuemente, esboçava-se a cor notória dos lábios avermelhados, ato consagrado pelo vinho adocicado.

Com esse líquido destilado, a cor das suas bochechas ficaram logo avermelhadas. Realçando a cor delicada, característica da biologia feminina. Tenuemente acentuado, pela bela cor dos seus lábios cotizados, que se misturavam com a cor do vinho carregado. O vinho embriagava sutilmente os teus sentidos. O álcool já corria nas veias nesse ato assimilado e se misturava com a cor dos teus lábios que já estavam embriagados. E eu percebia tudo isso no contemplo anonimato que era estar ao teu lado.

E ao teu lado, nessa tarde nada mais que acanhada, dentro do apartamento pequeno e bagunçado, percebi os teus olhos claros, ofuscados pelo vinho que embriagavam os teus sentidos. Contido sem argumentos ante o tempo recorrido, em que a tua mente se desvanecia ante os mais compridos devaneios. E percebi de imediato esse sentido inadvertido, contido no vinho antigo, igual que com os livros, que nos embriagam para um novo mundo abstraído. Um novo mundo reconstruído, fora deste mundo retorcido, em que o peso é compartido. E assim os livros nos embriagam igual que um bom vinho, para dentro do seu mundo contido. Não importa como nos embriagamos, seja com um bom vinho, com os livros ou com os amigos, é preciso estar sempre embriagado para não sentir o peso desta vida.

Não se trata de fugir da realidade, se trata de não sentir o peso das incumbências. Com um bom vinho ou com um bom livro, fugir do peso desta vida de modo distraído. E nos embriagamos desse modo, do mundo retorcido. Longe do mundo corrosivo que tem cada idiota em cada canto obstruído. E embriagar-nos da realidade inexpressiva mas existente. Sem ser- nos distraídos com cada incumbência incompetente. O mundo, afinal de contas, é um lugar complexo mas inexperiente.

É preciso estar sempre embriagado para não sentir o peso da vida contra a gente.

E assim nos embriagamos, levamos a vida com um sorriso nos dentes. Porque não nos importamos com as tantas das suas estupideces.

O mundo como o conhecemos é formado por tantas peculiaridades e singularidades e por tanto, por diversidades e mentalidades. Formado por pessoas com cada crença, hábito, rosto ou peculiar suposto. Com cada gosto e desgosto. Com cada ato e peculiar trato, em cada singular canto. Cada ato, cada destrato; cada mandato e desacato, fazem parte deste palco e deste mundo de tantos. E é por isso um caos de tantas ideologias e idolatrias.

Ideologias que separam o mundo, idolatrias que separam os povos. Entre rostos e idiomas, religiões e políticas; formamos cada intriga que não nos implica. É um mar de conceitos raquíticos, de preconceitos e egoísmos cada vez mais críticos, que usam sonhos mortos ou paralíticos. E desde então, não avançamos muito desde o Neolítico. Porque somos ignorantes acríticos, que não vemos, pensamos e muito menos sabemos: a ignorância que mantemos. Apenas justificamos cada ignorância com a qual convivemos. E do outro lado do extremo, não vemos o sofrimento que trazemos.

Entre cada ganancia que temos, não vemos a ignorância que mantemos. E muito menos percebemos os atos que fazemos. Entre a nossa negligencia e cada preconceito, não vemos a ignorância que trazemos no peito. E fazemos em desfeito este mundo de contrafeitos. Com a ignorância estampada no peito, não somos dignos de respeito. E assim não vemos as inúmeras lagrimas que devemos.

Apenas somos idiotas que não tememos a ignorância que zelamos. Idiotas devotos com a arrogância que temos. Não damos á mínima com o que fazemos. Apenas não vemos. Não percebemos. Não notamos o que fazemos. E como ignorantes devotos que somos, não vemos as consequências do que fazemos. Porque não nos importamos com este mundo em que vivemos. Não damos a mínima com o que temos. Não damos a mínima com o que vemos. E assim não percebemos os inúmeros sofrimentos que trazemos.

Trás este mundo torto, nos somos os seus grandes ignorantes devotos. E trás os ignorantes devotos, estão os seus pensamentos de desconforto. Pois dos seus conceitos mortos e princípios de esgoto, cavam o seu próprio aborto. E são os ignorantes devotos que fazem retorno dos pensamentos maldispostos. Cravados neste mundo dos sonhos já mortos. Pois são ignorantes devotos, que não tem voz, rostos ou dignos pressupostos mas fazem com conforto: um mundo de pessoas de esgoto. E em desconforto, eu vejo os ignorantes devotos. Que não tem rostos ou sonhos, mas fazem o palco ideal para o suicídio deste mundo tristonho. Ignorantes devotos: impondo a contragosto os seus pensamentos maldispostos. E com os seus conceitos tortos, fazem um mundo de pessoas de esgoto. Sem rostos ou dignos pressupostos, apenas tem pensamentos prontos de um traçado conto ou de um traçado ponto. Sepultam a contragosto um mundo já bem morto. E fazem em absorto, o nosso próprio moderno aborto. Mas não nos importamos, simplesmente não sabemos do suposto conto. E assim traçamos o nosso próprio moderno aborto.

Um aborto dos nossos sonhos, transformados em utopias sem gosto; com as religiões tontas e as politicas tortas que não fazem nada, além de causarem mais confrontos. Apenas ditam aos ignorantes devotos os seus vários contos, num trágico belo aborto próprio. Em que não é preciso pensar e assim não pensamos, igual que ignorantes devotos engolimos o dito conto, fazendo em conforto o aborto dos pensamentos próprios. Sem voz ou dignos pressupostos, sepultamos os nossos sonhos como os próprios mortos que somos.

Por isso é preciso estar embriagado. Embriagado para não sentir estas ideologias tortas. Embriagado, para não sentir estas idolatrias descompostas. E assim não sentir as palavras mortas das pessoas tontas, pessoas sem rostos. Porque são pessoas mortas, pessoas sem sonhos. E sem os sonhos apenas restam pessoas sem rostos. Pessoas sem rostos do mundo descomposto, em que em desgosto não veem o seu trágico aborto. O aborto dos seus sonhos, o aborto dos pensamentos próprios, que sem voz própria, apenas resta à carcaça morta.

São os muitos moribundos do mundo oriundo. Contando em cada gota de consumo, o seu abuso absurdo. No som desse grito nauseabundo, não vemos o silencio do mundo. Mudo, pelas palavras burras de muitos moribundos. Que fazem em cada segundo um mundo obtuso. Em cada segundo, em cada minuto, se criam rachaduras mais obscuras. Com cada grito absurdo, com cada intriga descomposta, as rachaduras ficam mais expostas. São as rachaduras dos sonhos, as rachaduras dos povos, descomposto pelas ideologias opostas em vez de estar juntos pelo uso dos mesmos sonhos.

Fazendo em desgosto a realidade deste mundo absurdo. É a realidade de um mundo tristonho. Um mundo sem rosto, encoberto pelas sombras dos sonhos mortos. Porque sem sonhos: somos pessoas sem rostos. Apenas a carcaça dos sonhos que não somos. Os vários corpos expostos moribundos. Devotos, da realidade e de seus desgostos. As carcaças do que não somos, dos sonhos que estão sem rostos. Somos as sombras dos nossos sonhos mortos, usando os vários rostos que não são nossos.

E assim expomos a contragosto o nosso tão requerido aborto. É o aborto dos pensamentos próprios. O aborto imposto dos pensamentos mortos. Porque não pensamos, não o fazemos; levamos a contragosto estes pensamentos prontos. De um mundo morto, pronto! Exposto de um conto. Temos os nossos pensamentos prontos, cavando o nosso moderno aborto.

Em que os pensamentos prontos fazem pessoas sem sonhos. Ignorantes devotos com o seus princípios de esgoto. Criamos inúmeros preconceitos absortos: são os preconceitos de esgoto. Preconceitos que fazem um mundo bem morto. Porque não pensamos, não vivemos, não sonhamos. Somos os devotos com a realidade e os seus desgostos. Onde não é preciso pensar; onde tudo esta pronto porque então reclamar? E assim com os nossos pensamentos prontos, cavamos o nosso próprio aborto. Com a cultura pronta, temos as nossas mentes mortas. Com as nossas orações já prontas, as nossas palavras são mortas. A música pronta e a nossa criatividade é morta. Temos as religiões prontas assim como a humanidade bem morta. Temos a nossa comida já pronta assim como o câncer exposto. Temos politica prontas como a alienação imposta. Temos a educação pronta assim como as mentes tortas. Temos a nossa vida já pronta, tendo a nossa existência morta.

Porque não pensamos, não ouvimos, não sonhamos. Apenas temos os nossos preconceitos prontos. De um levado ponto, de um certo conto. E levamos a humanidade neste trágico contraponto. Absorto, da humanidade morta. Onde as nossas religiões tontas fazem apenas mais confrontos. Onde os nossos pensamentos de esgoto fazem apenas mais mortos. E as politicas interpostas apenas tem os seus interesses maldispostos. Onde a humanidade morta não tem mais gente disposta. Disposta a mudar o mundo, dispostos a mudar este absurdo. Dispostos a mudar a cada segundo: um coração humano.

Não há gente com sonhos, disposto a mudar o seu mundo. Não há gente com sonhos dispostos a mudar estes princípios moribundos. Dispostos a mudar o mundo sem que precisemos do uso do vinho ou embriagar- nos de modo profundo do mundo oriundo. Dispostos a mudar a realidade para que não precisemos esquecer-nos dela e andar fugindo sempre desta.

– Icaro.... – ela disse ao meu lado. Era um som oriundo desse pequeno espaço mudo. Em que os meus pensamentos absurdos não deixava-me escutar as tuas palavras mudas. Oriundo desse pequeno segundo em que fiquei perplexo com as tuas palavras confusas.

– O que você acha do mundo?

– Do mundo?- perguntei perplexo

– Sim. Do mundo. O que você acha?

– É um lugar complexo. – respondi

– Só isso?

– Sim. Só isso. Por quê?

– Porque eu acho do mundo um lugar interessante.

Interessante? Fique perplexo. Não, não é interessante Anne. O mundo é apenas um lugar complexo. Com cada preconceito e ignorância estampada no peito, é apenas um lugar sem nexo. É apenas um lugar com um monte de conteúdos e atos desconexos, que fazem este absurdo complexo, lugar em que vivemos.

– Não Anne. O mundo não é um lugar interessante. – respondi.

Ela me olho sobressaltada. A sua mirada expressava mais o seu assombro do que o estado tonto em que se encontrava o seu corpo embriagado. Esse olhar de: “Ignorante! Você não sabe o que diz”. Pois é, eu sou um ignorante, justamente porque eu não sei o que fiz. *

– O mundo é um lugar interessante Icaro. Justamente porque esta repleto de pessoas. Pessoas com cada historia, pessoas com cada memoria.

– É Anne. O mundo esta repleto de pessoas. – Repliquei. - De pessoas com cada complexo e peculiar desprezo. Admite: que tudo isto não passa de um diálogo obsoleto.

– Admite. – ela replicou. - “Que você é controverso”.

– Não. Não sou controverso. Apenas obeso de tanto retrocesso. Há vezes que temos que fechar os nossos olhos para não olhar este mundo sem nexo.

– Você esta fugindo da realidade.

– E você não esta vendo a realidade Anne.

A realidade é complexa, não importa de que ponto você olhe.

– Estou sim. - ela falou com a voz agoniada, contendo as inúmeras lágrimas caladas – Estou sim; olhando a realidade aclamada, Ícaro. –a sua voz parecia enfadonha com as lágrimas que não eram derramadas. Eram estas inúmeras lagrimas aclamadas pela humanidade fragmentada. Eram estas inúmeras lagrimas necessárias pela humanidade agoniada. Deixa as tuas lagrimas caírem e serem livres, porque elas são o único que te pertencem deste mundo acidentado. Deixa as tuas lagrimas caírem e serem livres: para recordar os sonhos que foram roubados; deixa elas caíram: talvez elas molhem as esperanças que foram secas .

– Eu sei da realidade Ícaro. – a suas palavras eram ditadas, não permitiam que as suas lagrimas fossem escutadas. – Eu sei da realidade Ícaro, com cada coração que bate e com cada sonho que foge deste lugar acrítico. Eu sei da realidade com cada nome que usa e com cada sorriso que repulsa. Eu sei da realidade com cada um dos sonhos e de seus prantos. Eu conheço a realidade, com cada um dos seus desencantos. E, entre tanto, eu também sei dos seus encantos.

– Eu quais são estes encantos? – perguntei a ela.

Ela, apoiada ao meu lado, contentou um pequeno sorriso. Era um sorriso tremulo, quieto e pouco suspeito, mas era um sorriso sincero. Perdido ante os mais burros dos erros. O erro de não poder compreendê-lo.

– O encanto de conhecer as pessoas Ícaro. De realmente conhece-las. De conhecer as suas lágrimas e os seus gritos. De conhecer os seus sonhos e os seus sorrisos. E assim surpreender-nos com o fato delas existirem, assim como com o fato de nós existirmos também.

– Você fala do ser humano como se fosse o ser mais encantador que existe. Mas te lembro que é o mesmo ser humano que deixa que a vida desista da criança com fome na África. Você quer salvar o mundo, mas desista. Como você pode salvar o mundo, se são as pessoas elas mesmas que resistam?

– Se eu desisto, isso significa que eu desisto de cada criança, que desisto de cada esperança.

– O mundo em que você sonha não é o mesmo em que você vive. Pare de criar mais utopias Anne. O mundo não precisa de mais hipocrisias.

– O mundo precisa de pessoas boas Ícaro.

– Te lembro que são as mesmas pessoas que fazem a hipocrisia.

– A humanidade é como um presente. É como um presente que somente pode ser dado e uma fez dado, tem que ser presenteado novamente. E somente assim a humanidade pode ir de mão a mão, de coração a irmão, como o presente que é. Mas é um presente que somente pode ser esperado, não pode ser aclamado; por isso é um presente raro, porque somente pode ser dado. Mas ao ser dado, o presente é outorgado. É a humanidade é um presente que tem que ser outorgado. Não podemos ficar com ela, apenas podemos passa-la. E ao dá-la, estamos entregando mais humanidade. Porque não se trata de dar somente aquilo que você recebeu, mas de dar também um pouquinho de você. É isso que é a humanidade.

– Mas nesta humanidade, há desigualdade Anne.

– Porque as pessoas não olham o seu semelhante com igualdade.

– Eu engoli a civilização. Ela esta contaminada. E dela eu vi, a minha própria perversidade.*

– Não. Não Ícaro. A sociedade pode corromper o homem*, mas a sociedade esta formada pelos pensamentos do mesmo homem.

– Então o que é que o corrompe? A ganancia? O dinheiro? O ódio? A carência? A negligencia dos nossos atos sem consequência!? .......Que droga Anne! A sociedade não tem escrúpulos! – gritei, levando comigo a taça para o chão abatido. Esse som aturdido do cristal sendo quebrado. Apenas restaram os pedaços da taça fragmentada. Só então percebi o quão delicado são as coisas que estão ao nosso redor, e o como é fácil desmancha-los.

Percebi que a sociedade é como esta taça, única obra prima, cotizada, mas facilmente desmanchada. Desmanchada por inúmeras religiões, desmanchada por politicas cínicas. Em que facilmente é critica deste mundo cívico. E vejo que a vida se esfarela, se esfarela em muitas vidas. Como cada de vidros, arruinados no chão, nos fragmentamos a cada dia com os sonhos que não estão. Porque continuamos a cada dia nos desmanchando, em inúmeras lágrimas, em inúmeros sonhos que não são, gritando sem descanso os nossos berros escassos, fragmentando-nos ainda mais, em pequenos pedacinhos neste descompasso. São as vidas desmanchadas dos sonhos fragmentados. Com cada grito sem descanso, vamos um passo ao nosso fracasso. Em que com cada berro sem descanso, criamos rachaduras com cada traço. São estas rachaduras profundas, oriundas de vários berros absurdos. São estas rachaduras obscuras, expostas, póstumas do teu consumo. São estas rachaduras do mundo. Neste trágico mundo, onde a saúde foi transformado em um comercio de muitos moribundos e o conhecimento um produto de uso para teu consumo. A cada segundo, a cada silencio, não vemos os nossos absurdos. E neste silencio do teu consumo, não tem remédio que cure este velho mundo vagabundo.

Porque consumimos a vida. Consumimos a própria verdade. A vida foi feita um produto de venta.

E assim andamos consumindo a vida, consumimos a gente. Nestes atos sem igualdade degradamos a própria humanidade. Onde mendigamos por um pouco de liberdade. Por um pouco de respeito e valores consequentes; vindimos a nossa liberdade à troca de migalhas da nossa dignidade. E assim mendigamos por um pouco de igualdade. Mendigamos por um pouco de integridade e moralidade. Neste mundo sem oportunidades; eu vejo humanos mas não há humanidade.

Não é a sociedade que corrompe o homem, mas sim os próprios atos do homem. Que não vê o que faz; que não se importa no que se contradiz. São os seus atos de negligencia que sepultam a sua própria degradência. São os seus atos de carência que não tem prudência, que sepultam este mundo de aparências. Porque o ser humano não vê, não ouve, não pensa; e continua com a vida com a mesma ofensa. Porque não vê os inúmeros sofrimentos que traz a sua indulgencia. Não vê as consequências da sua indiferença. Não se importa com o vizinho de ao lado e muito menos em ver o velho agoniado. Ele corre nessa, não para pra uma conversa. E não vê as diferenças que fazem as suas inúteis crenças.

Se é a sociedade o mal desta doença? Não, eu diria que é a sua própria negligencia, que não se importa com a decência ou com o menino que esta na praça. E pensar, pra ver quem se safa desta carência.

Nesta peça já bem ensaiada, os nossos atos já estão adestrados neste palco aclamado. Com cada cena gerada, os nossos passos inadvertidos fazem uma boa piada. Pois nós somos os atores desta cena e desta peça não prevista, onde o palco debutado é o mundo admirado. Nesta peça já bem ensaiada as cenas já estão traçadas com os nossos atos programados. Com os diálogos já escritos e os pensamentos previstos; nestas cenas não há nada a ser visto. Mas o que não notamos é que nós somos os atores desta peça mal vista. E o que não notamos é que a peça é a mesma para todos, em cada canto carregado deste mundo misto.

E pensar que o céu é o mesmo para todos; que o mundo é único para todos. O ser humano apenas faz parte desta peça medonha. É pensar que o mundo é o único lugar em que todos podemos estar. E pensar que o céu é o mesmo para os africanos, asiáticos e americanos. As pessoas que vivem debaixo do céu são semelhante; tem os mesmos sonhos e as mesmas mágoas. Em toda parte, no mundo inteiro, centenas de milhares de milhões de pessoas existem no mesmo planeta. Pessoas isoladas, pessoas preocupadas; pessoas que nascem com um fator e uma condição social, e que ignoram a existência de umas das outras, isoladas por muros de ideologias e idolatrias idiotas, por muros de mentiras e repulsa fraca ...e todavia, ainda assim somos praticamente iguais. São pessoas que apenas existem, mas não vivem. Pessoas que não aprenderam a pensar por si próprias e muito menos aprendem sobre o mundo. Pessoas tão sozinhas, mas que, de uma fora cômica, dependem tanto de uns e outros na formação de uma sociedade. São estes ventres, corações e músculos; a força que molda e mantem o mundo.

– O mundo esta cheio de gente interessante, Ícaro. - as suas palavras, escutadas no som de um longe eco, tirou-me dos meus pensamentos secos. - Por que cada um tem diferentes historias, diferentes memorias de uma vida, da sua vida. Cada vida com um curso, cada historia com um peculiar percurso. São as historias de muitas vidas, é o transcurso da humanidade. E mesmo assim, cada um de nós tem diferentes vidas, diferentes historias a contar; mas compartilhamos as mesmas mágoas e os mesmos sonhos risonhos.... São as historias destas vidas que fazem a vida entretida. A vida e os seus sonhos, as pessoas e as suas feridas; possuir todas estar promessas e fazer algo que valga a pena. Por isso o mundo é um lugar interessante.

É interessante por que esta repleto de gente diferente Ícaro. É interessante porque sempre há algo a ser descoberto. Sempre há algo a ser descoberto com o outro, a través do outro. Aprender com o outro. Sempre há algo a ser descoberto a partir de outra religião, a partir de outra cultura, a partir de outro idioma. Há algo interessante a descobrir, justamente pelo fato que há diversidade. Justamente pelo fato que somos diferentes é por isso peculiares Ícaro. Por isso há sempre algo a ser descoberto. A sempre algo a viver devido a certo, peculiar ou engenhoso motivo. E quando a gente pensa que sabe tudo: olha de novo! Você se surpreendera ao descobrir algo de novo. E verá que o teu mundo é apenas uma abertura de um grande todo.

As nossas vidas apenas fazem parte deste emaranhado. Apenas fazemos parte deste mundo engendrado, não somos donos dele. Compartimos este mundo com inúmeros seres vivos; a raça humana é apenas uma gota neste motivo. E a vida humana se agrupa em varias gotas, de tamanhos e cores diferentes, de sonhos e pensamentos independentes, de historias e pessoas decorrentes. Apenas fazemos parte deste mundo consequente, deste peculiar curso recorrente. O mundo é apenas um único sistema, onde os seres vivos e os seus atos fazem parte dele. Eu e você somos apenas pequenos pedacinhos da corrente da vida, somos parte dela. E o universo é formado por estes pedacinhos, agrupados, que o constituem, que o modificam; Assim, fazemos parte deste todo, mas comparados com o Universo, apenas somos gotas deste todo. Somos vários rostos, gotas de um mesmo povo. E cuidar deste povo significa cuidar deste mundo. Porque todos nos vivemos no mesmo mundo. Todos nos vivemos no mesmo segundo e somos parte deste chamado de VIDA.

A vida que é feita por tantos acasos e raros aplausos. A vida que é feita por cada coração que bate, por cada pensamento que reage. A vida, que portanto, transborda por todos os cantos. Entre cada coração e sonho humano. Entre cada ato e peculiar traço criado. A vida feita por cada ato. E compreendíamos isso à medida que anoitecia, à medida que a vida sucedia. Enquanto os vizinhos conversavam ao lado e a vida continuava com a T.V. ligada. Tudo sucedia. Tudo acontecia. Nestes atos de entre tanto, a vida que segue nesse traço, com o ser humano no seu encalço. Enquanto anoitecia e os vizinhos conversavam, eu me perguntava donde nos levaria este peculiar compasso. Da vida que acontecia, com os seus peculiares traços e com as coisas que eu faço; onde nos levariam os seus singulares passos? Passo a passo a vida que segue, no som desta melodia que nos persegue. E continua, sucinta e astuta, no transcurso do cotidiano. Embriagados vamos, com a vida que segue o seu próprio passo. Enquanto você lê, a medida de cada linha e tenta compreendê-la; enquanto a vida sucede e nos estamos ao lado dela. No seu estranho compasso, seguidos firmes no seu encalço. Sem soltar dela, mas reclamando em cada pedaço. Não vemos os seus estranhos passos, mas a seguimos em cada traço. Tentando tê-la, tentado compreendê-la, mas não vemos que a vida é como um passo e não um frasco a ser guardado.

Compreendia tudo isso, no contemplo que estar ao teu lado.


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Notas finais do capítulo

Ok ok, vamos lá: As frases que tem estrelinhas são citações que incorporei no texto.1) - "Eu engoli a socidade, ela estava contaminada e dela eu vi a minha prórpia perversidade". É a fala de Jonh, personagem do livro Admirável Mundo Novo.2) "A sociedade corrompe a alma do homem" é um pensamento do filósofo frances (é frances não?) Jean Jaques Rossou, do Contrato Social (lembre disso, porque fiz um trabalho na escola sobre o tema)3) E o título esta em espanhol porque eu quero! Ponto. Diversidade, gente, diversidade.....