Hoje é o último dia de descanso, a partir de amanhã, tenho que planejar táticas e estratégias para conseguir sobreviver. Já estava de tardezinha e tinha que arrumar minha mala para ir para o acampamento. Comecei a pegar as roupas e arrumar nas duas malas que tinha levado quando ouvi uma batida na porta. Abri-a e me dou de cara com Damon.

- Já está pronta?

- Não. Estou arrumando as malas.

- Entendi.

- Entra ai. - Falei dando espaço para ele entrar.

- Obrigado. - Ele falou e se sentou na minha cama.

- O que mais você quer?

- Tenho que te confessar uma coisa.

- Que coisa?

- Estou com medo.

- De que?

- Do acampamento.

- Relaxa, lá é bem legal. Até você ser levado para a arena.

- Entendi. - Ele falou e vi que ele estava realmente nervoso.

- Relaxa, vamos ganhar.

- Talvez você nem seja minha dupla.

- Vou sim. As pessoas sempre trazem acompanhantes.

- Mas você ia vir sem ninguém.

- Ia ficar com alguém que estava sem também. - Sorri para ele e fechei minha primeira mala.

Fui arrumando à outra enquanto explicava para Damon que não era tão difícil assim, se chegássemos primeiro.

Quando era 20h já tinha terminado de arrumar as malas e fomos chamados para comparecer na parte da piscina do navio.

- Olá guerreiros. - Falou a Mulher de Rosa. - Espero que tenham gostado da estadia no navio, mas agora sua vida vai mudar completamente. Chegaremos na ilha em 5 minutos e quero que vocês prestem bem atenção. Terá para vocês um quarto onde você e suas duplas ficarão até 23h aonde vamos escolher as mochilas para começarmos os jogos. Amanhã iremos acordá-los 8h da manhã para fazermos todos os reparos que sempre fazemos. De tarde, vocês serão mandados para um lugar aonde aprenderão como sobreviver ao calor, frio e fome. No dia seguinte, iniciaremos os jogos. Espero que a sorte esteja com vocês. - A Mulher sorriu e nos mandou para nossos quartos pegarem as malas.

Quando voltamos, várias pessoas já estavam saindo do navio indo para a ilha, porém, quando pisamos lá, eles nos injetam um dispositivo no nosso braço para que eles possam nos rastrear. Ao chegar minha vez, pulei até a areia e Damon fez o mesmo, em determinado ponto que pisamos algo nos segurou e fomos obrigados a ficar quietos até colocarem o dispositivo nos nossos braços.

Procuramos nosso quarto e logo que achei, deitei na minha cama e cochilei. Damon me acordou algumas vezes falando para eu não perder o horário da mochila, mas disse que estava tudo bem e que saberia quando acordar.

Quando já não estava mais com sono, me levantei e olhei para o relógio. Era 24h da noite, levei um susto e saí correndo até a fogueira. Sentei-me na arquibancada e Bonnie, uma amiga da outra temporada, estava comprando sua mochila.

- Está sobrando muita? - Perguntei para Damon.

- Tem algumas. Já comprei a minha e percebi que você está atrasada.

- Dormi demais.

- Percebi. - Ele falou e fui chamada para comprar minha mochila.

- Qual seu nome querida? - Falou a Mulher de Rosa.

- Elena.

- Então Elena, qual você quer comprar? - Observei as mochilas que faltavam e havia apenas mochilas de mil reais para cima. Olhei para a de Damon e vi que a dele era de 300 reais.

- Quero a de mil.

- Ótima escolha. - Ela falou e peguei minha mochila sentando do lado de Damon novamente.

- Mil? - Damon perguntou.

- A sua não vai ter muita coisa.

- Como sabe?

- Peguei a de 300 ano passado.

- As coisas mudam.

- Menos o pensamento deles. - Falei e prestei atenção neles.

- Espero todos vocês 8h prontos aqui na fogueira. De tarde, como a Mulher de Rosa disse, já temos a primeira arena pronta para as 16 horas. Suas roupas serão selecionadas e colocadas em vocês para que nada entre junto com vocês. - O homem das mochilas disse. - Boa noite, vocês estão liberados.

Saí com Damon levando as mochilas até o quarto e ele puxou assunto:

- Amanhã teremos que acordar cedo demais. - Ele falou jogando a mochila em um canto do quarto.

- Sim, e não vai ser fácil ter que depilar, cortar cabelo, fazer as unhas.

- Para uma patricinha, será bem fácil.

- Já falei que não sou patricinha. - Disse furiosa.

- Eu sei, mas adoro te irritar.

- Ha ha ha, engraçadinho.

Deitei na minha cama e abri minha mala que estava no chão. Peguei meu paninho e Damon começou a rir.

- O que é? - Perguntei.

- Você ainda tem paninho?

- Tenho problemas?

- Você tem 18 anos Elena. - Ele gargalhou.

- Esse paninho era da minha mãe.

- E onde está sua mãe?

- No céu. - Falei fria e ele fechou a cara.

- Sinto muito.

- Ok. - Falei e virei as costas.

- É sério, desculpa.

- Ta bom Damon. - Falei e cheirei o pano.

- Eu sei o que é ficar longe da mãe.

- Mas não perdê-la.

- É bem parecido. - Ele falou e cruzou os braços.

- Tá bem. - Falei por vencida e fechei os olhos me lembrando da última vez que vi minha mãe.

Nós estávamos em casa e tinha acabado de chegar de uma festa badalada e ela veio toda carinhosa comigo, querendo que eu dormisse com ela. Eu a ignorei e fui deitar no meu quarto. De manhã quando desci para tomar café da manhã, tive a notícia que ela tinha morrido de noite. Nunca chorei tanto na minha vida, senti que metade da minha vida tinha ido embora junto com ela e tive uma dor no coração sabendo que eu a ignorei quando ela precisou do meu carinho.

Uma lágrima caiu dos meus olhos e a enxuguei na hora. Lembrar-se da minha mãe não era nada fácil e saber que a última vez que você falou com ela, estava a ignorando me corroía por dentro e me machucava. Tem um ano que ela morreu e ainda me sinto abalada e sem metade de mim.

Tirei isso da minha cabeça e dormi rapidamente. Fui acordada 7h30 da manhã por Damon para me arrumar. Coloquei a primeira roupa que vi e fui para a fogueira.

- Bom dia guerreiros. - Falou a Mulher de Rosa. - Hoje faremos de tudo para que vocês fiquem os mais bonitos possíveis. Boa sorte para vocês. - Ela falou e nos viramos para trás ao ouvir o barulho de um avião. Quando voltamos o olhar, ela já não estava mais lá.

Fomos levados até o avião e chegamos em 20min para uma casa enorme de metal, aonde não havia janelas, nem nada. Entramos pelos fundos e cada um foi levado para uma cabine.

Deram-me um banho e depois me levaram para uma maca aonde esperei as pessoas chegarem. Um homem chegou e me deu bom dia, o respondi e ele começou a mexer na cera e colocar na minha perna nua. Fui completamente depilada, as pernas, axila, virilhas e o buço. Em seguida, me colocaram na banheira de novo e jogaram água em mim. Novamente me deitaram na maca e começaram a arrumar meu cabelo. Cortaram minhas pontas duplas e o hidrataram. Me sentei em uma cadeira e duas mulheres vieram diretamente a mim. Fizeram minhas unhas, da mão e do pé e depois foram embora. Tirei o creme de hidratação do cabelo e o homem me deitou novamente e ele fez minha sobrancelha.

Fui levada até uma sala aonde tinha apenas uma cama e uma roupa. Peguei-a e coloquei. Estava com uma calça jeans e uma blusa preta que ficou escondida pela grande jaqueta que colocaram em mim. Depois a porta se abriu e Damon entrou com a mesma roupa que eu.

- Você está linda. - Ele falou.

- Obrigada. - Sorri e olhei para o espelho. Estava com meu cabelo preso e toda maquiada. Olhei para ele e seu cabelo estava em um corte maravilhoso e com as mãos nas costas. - Não sei pra que estamos todos arrumados se vamos treinar.

- Também não sei, mas apenas Deus sabe o que está na cabeça deles.

- Concordo.

- Vamos? - Ele perguntou.

- Vamos. - Saímos do quarto e fomos levados até uma sala bem espaçosa.

Várias pessoas estavam lá com a mesma roupa que a nossa. Alguns estavam aprendendo a fazer fogo, outros a não morrer de calor e alguns a fritar animais.

- Damon, eu sei fazer isso tudo. - Falei.

- Sério? Porque eu não sei fazer nada. - Ele disse e gargalhei baixinho.

- Então vamos que eu te ensino. - Falei e o arredei para a área aonde estavam fazendo fogo. Peguei dois galhos e o ensinei a fazer.

Com muito custo, Damon aprendeu e fomos para o outro lado, aonde vimos um vídeo das outras pessoas passando calor. Elas tiraram todas as roupas, que foram roubadas e morreram de frio depois.

- Você tem que ser esperto. - Falei perto de Damon. - Senão você morre.

- Entendi. - Ele assentiu a cabeça.

Seguimos para outra televisão que mostrava as pessoas comendo as coisas erradas e morrendo em menos de 5 minutos.

- Temos que ter cuidado com o que comemos.

- Vou ter que pedir sua ajuda o tempo todo e olha que o segurança sou eu. - Ele disse e gargalhei.

No próximo vídeo, mostrava as pessoas matando para se defenderem.

- Já fiz isso antes.

- Mas não usou nenhuma espada. - Disse para ele.

- É verdade.

- E não é a mesma coisa que matar com revólver.

- Espero que não. - Ele disse e o olhei. - É uma sensação horrível.

- Com certeza é pior. - Falei e saí dali indo pro meu quarto.

- Que péssimo. - Ele disse me seguindo. - Mas Elena, você vai me ajudar não vai?

- Claro.

- Ok. Mas o que vamos fazer quando chegarmos lá?

- Vamos correr o máximo possível para pegar uma mochila e depois sair correndo para determinado local.

- E vamos saber qual é?

- Claro que não, mas uma coisa é certa, nunca vai para um lugar aonde eles estão apontando para ir, ou o contrário pois sempre tem armadilha.

- Sinistro. - Ele falou e tremeu o corpo.

- Relaxa, vamos ganhar. - Disse e bati no seu ombro.

- Assim espero.

- Tudo bem, vou dormir. Boa noite. - Disse e o dei um beijo na bochecha.

- Boa noite. - Ele disse saindo do meu quarto e me deixando dormir sozinha.

De manhã, fui acordada e me levaram para arrumarem meu cabelo. Depois de maquiada e com cabelo feito, coloquei uma calça jeans e uma blusa verde com uma jaqueta preta. Me levaram para um quarto diferente que tinha dois tubo do lado esquerdo.

Observei o lugar e vi Damon entrar seguido de dois seguranças.

- Você continua maravilhosa.

- Obrigada. - Falei corando.

- Pegar mochila e sair correndo para um lugar que não estejam apontando? - Ele disse.

- Exato e não me perca de vista. - Disse e o abracei, mas ele estava com os braços nas costas.

O olhei com insegurança e perguntei:

- O que você está escondendo ai atrás?