Chamamento De Sangue escrita por Melanie Blair
Notas iniciais do capítulo
Obrigada pelas reviews, pelos favoritos, pelas mensagens de apoio e pelo desejo por mais. Vocês são a minha inspiração.
Acordei e, ainda meia a dormir, dirigi-me à casa de banho. Estremeci ao ver o meu reflexo no espelho. Até um zombie se assustaria se me visse assim.
– É bom saber que estou tão bem quanto me sinto.- resmunguei para mim própria.
– Tens a mesma cara que a nossa tia Amália. Medonha!- riu-se a voz da minha cabeça- o Tobi que tinha vindo do fundo dos meus próprios pesadelos.
Afundei-me na cama.
– Ainda não te foste embora?- perguntei-lhe- Não basta teres-me mantido acordada durante toda a noite?
A voz riu-se.
– Oh não, querida maninha. Estarei aqui para te estragar todas as tuas memórias, todos os teus pensamentos, todo o resto da tua vida. Tal como tu fizeste a mim e aos nossos pais.
Estremeci ao lembrar-me do meu pesadelo.
– Não sei do que te referes.- tentei enganá-lo.- Eu tenho um pai bastante presente na minha vida e uma mãe que gosta de homens russos…
Ele voltou a rir-se:
– Essa conversa não resulta comigo minha querida! Eu sei a verdade...
“Mas eu estou a dizer a verdade”, gritei para mim própria.
– … e sei que a culpa foi toda tua.- prosseguiu ele, chamando-me à atenção.
Os pensamentos dele fundiram-se com os meus, acabando sendo ele a dominar toda a minha mente…mostrando-me uma cena já a mim conhecida- a cena do seu primeiro e último natal, a cena do meu pesadelo.
– O que fiz eu?- gritei-lhe.
Uma porta abriu-se e dali saiu uma cara preocupada.
– Passa-se algo Ayame?- perguntou-me Yori.
Raios, tinha-me esquecido dela.
– Não é nada Yori.- disse-lhe.- Não dormi bem, é só isso.
Ela olhou para o que se encontrava atrás da porta.
– Tens uma visita.- confessou-me.
Levantei-me da cama e encaminhei-me para ela. Escondi-me atrás da porta, já que ainda estava de pijama e não achava piada à ideia de me verem… menos arrojada.
Yori saiu e dirigiu-me um “Até já”. Olhei para o meu visitante e no momento em que o fitei, fechei-lhe a porta na cara. Os reflexos dele foram mais rápidos do que eu, e só como um vampiro consegue fazer, interrompeu o movimento da porta com o pé.
– Abre-me a porta, Ayame.- disse Zero com um tom autoritário.
“Não o deixes entrar”, pensou a voz de António na minha cabeça.
Voltei a investir contra a porta. Esta não se moveu um milímetro.
– Se esta porta não estiver aberta em cinco segundos,- ameaçou ele- começarei a gritar.
Conhecendo-o como eu conhecia, sabia que ele era bem capaz de fazer o que tinha acabado de dizer que faria.
– Um…- começou ele.
Além disso, maior parte dos estudantes estavam ainda a preparar-se, logo, se ele gritasse, aquela cena daria um espectáculo e tanto.
– Dois…
Respirei fundo e esqueci a voz que ainda me gritava na mente.
– Três…
Abri a porta.
– Dá-me um minuto.- disse-lhe.
Vesti o casaco largo e comprido do meu pai para me sentir menos exposta. Ele ainda estava preso à porta. “Não me digas que…”, pensei.
– Tenho de te convidar a entrar?- perguntei-lhe.
Ele acenou com a cabeça.
– Então é verdade…- estava feliz por descobrir mais uma coisa sobre eles.- Entra, Zero.
Ele, relutante, entrou e sentou-se na minha cama.
– Bom dia.- disse-me ele, tentando-me distrair.
– O que pretendes?- perguntei-lhe, não tinha cabeça para tranquilidades.
Ele respirou fundo.
– O que se passa contigo?- questionou-me.
– Não sei do que estás a falar.
– Sim, sabes. Ontem no baile estavas esquisita, mas como nunca foste normal, pensei que fosse só minha ideia e esqueci o assunto. Mas, hoje a Yori foi ao meu quarto, desesperada, sem saber o que tu tinhas. Disse-me que não tinhas dormido, que não a tinhas deixado dormir, que passaste a noite a vomitar e a gritar por socorro.
Estremeci. Não sabia que Yori tinha presenciado aquilo tudo, pensei que ela estivesse a dormir…
“Imagina…- disse Tobi.- Vomita apenas porque me ouve. Que fraca!”
Ignorei a voz.
– Já passou.- tentei suar verdadeira.- Sabes, são coisas de rapariga, naquelas alturas do mês…
Ele empurrou-me contra a parede.
–Não me mintas.- gritou-me.
Aquele movimento súbito tinha permitido contacto entre a minha pele e a dele.
“Ele está a tocar-te.- gritava Tobi.- Esse bicho-do-mato está a tocar-te!!!”
As minhas inspirações e expirações tornaram-se mais velozes. Virei-lhe a cara e fechei os olhos com força.
– Não tem nada a ver contigo.- disse-lhe, sem gritar ou mostrar a minha fúria, mas ao mesmo tempo, os remorsos que tinha por estar a fazer com que, ele e Yori, ficassem preocupados.
Sai da prisão dos seus braços, já que, por alguma razão, o meu corpo não o suportava. Os olhos, a boca, o tronco e até o cheiro de Zero me enojavam. Subitamente, queria novamente ir à casa de banho despejar o que estava a acumular-se na minha garganta.
– Se não eu, então quem…?- começou ele, novamente, a questionar-me quando fomos interrompidos com um ranger da porta.
– Talvez eu possa ajudar.- disse Aidou, entrando, sem problemas, no meu quarto.
– Como é que…?- Zero parecia estar tão confuso quanto eu.
Aidou caminhou até mim e sem interpelar Zero, entregou-me um pequeno objecto.
– Toma este comprimido, tirar-te-á todas as dores de cabeça.- a palavra “todas” alegrou-me. Mas como é que me tiraria todas as dores de cabeça? A única dor de cabeça que tinha provinha de António, logo como seria possível? Bem… porque não tentar?
Sem hesitar, virei costas a ambos e dirigi-me à casa de banho. Não vomitei (que era o que mais me apetecia), e olhei para o comprimido. Detestava tomar comprimidos! Tinham um paladar tão rijo, tão insípido…
“ Se eu fosse a ti não tomava isso”, recomendou-me a voz, “Nunca se sabe o que aquele rapaz que se faz de homem…”
Interrompi-o. O que tem que ser tem muita força.
– Adeus dores de cabeça!- e engoli o comprimido.
Depois de tomado, não sentia qualquer diferença. “Pelo menos tentaste, Ayame”, pensei. Voltei ao quarto, onde os dois me esperavam.
– Obrigada por tudo Aidou. Mas acho que não resultou.
– Tens a certeza?- questionou-me ele.
A pergunta era estranha. Ia responder-lhe um sincero “Claro” mas depois percebi que algo estava diferente.
Inspirei- o cheiro (de Zero e do quarto) já não me enjoavam.
Aproximei-me deles- já não tinha receio da proximidade de vampiros.
Toquei-lhes no ombro- já ninguém me chateava acerca das intenções escondidas de ambos.
Esperem aí. Ninguém? Parei de andar e escutei. Não escutei os pássaros, nem o vento, nem nada exterior a mim. Concentrei-me em mim- não escutei nenhuma voz inoportuna. Ouvia a sério. Ouvia o som da liberdade. O som de poder dizer o que quero, fazer o que quero, tocar o que quero. Estava livre!
Comecei a dançar e a pular, e a dançar e a pular, enquanto ambos me olhavam boquiabertos.
Aidou foi o único a rir.
– Cada vez mais estranha.- murmurou Zero.
O loiro voltou a fitar-me.
– Ayame, as notícias não ficam por aqui.- anunciou-me.
– O que se passa agora?- questionei-o. “O que pode vir a seguir?”, pensei, “Um ET aterrou na Terra?”
– O teu pai pediu que regressasses a casa.- disse-me.- Parece que ele tem algo de importante para te contar.
Num milésimo de segundo depois, já tinha começado a fazer as malas.
*Aidou Pov-On*
Pela janela do quarto de Ayame, vi-a a encaminhar-se para o táxi. Senti Kaname-senpai a aproximar-se do local onde eu me encontrava.
– Já começou.- anunciei-lhe.
Ele olhou-a enquanto ela entrou para o veículo que não parecia querer esperar muito.
– Uma nova era está prestes a ter início!- sorriu.
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Desculpem mas não tive grande criatividade para este capítulo. Mas o próximo será espetacular...esperem notícias minhas.
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