O Diário De Megan Elliot escrita por Rosemary Grohl


Capítulo 8
Quem não arrisca, não petisca.


Notas iniciais do capítulo

Vou deixar vocês aproveitarem e nas notas finais me explico.



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Quando você vai levantar essa sua bunda daí e começar a agir? Quero dizer, qual é a vantagem de fingir que não quer, dizer que não quer e ainda assim, continuar querendo? Não existe nada pior no mundo do que ter de esconder uma vontade que não morre, que não passa, que não diminui. Até porque, qualquer incêndio que se preze, pode não ser identificado facilmente pelo fogo, mas é identificado pela fumaça que deixa emanar. Vai por mim, paixões encubadas são o pior tipo de paixões e olha que paixões não são nada boas em geral.

Nossa Senhora das Meninas Tímidas sabe como ninguém o quão arriscada eu sou. Sejamos sinceros: titia Megan é bem do tipo de menina que pensa demais. Acordo com uma opinião, tomo café com outra, almoço com aquela que acordei, lancho com uma diferente, janto com a mesma do café e vou dormir sem opinião nenhuma sobre assunto nenhum. Esse é meu maior problema, segundo alguns amigos meus. Pensar demais. Essa sobra de raciocínio me faz uma pessoa extremamente neurótica, ciumenta, psicossocial, instável e chata. Não queiram ser como eu.

Em todo caso, sobre esse assunto, tenho um conselho infalível e uma enorme dificuldade em segui-lo. Mas já diziam os sábios: Faça o que digo, não faça o que eu faço. Então pronto: Arrisquem.

Não quero dizer pulem da ponte, cortem os pulsos, se joguem do precipício ou decapitem alguém. Quero dizer simplesmente que, após uma rápida, porém profunda, análise dos fatos que pode vir a ser inconclusiva, o melhor é sempre agir. Escutem o Dr. House: “Se não há nada a fazer, façam qualquer coisa.” Não que ele tenha usado essas palavras, mas ele sempre dizia isso ao seu modo. Entendem? Há certos momentos nos quais não existe solução perfeita para a charada. Mas uma questão em branco é um zero definitivo. Um chute é um possível acerto. A gente tem sempre que apostar nas possibilidades.

Como disse, não faço muito o tipo que tem atitude. Costumo pensar muito, agir aos poucos, pé-ante-pé, com lentidão. Quando me dão espaço, avanço. Quando não, vou abrindo caminho ao meu modo. Mas isso requer muito tempo e paciência, coisa que me falta. Então costumo desistir dos meus objetivos quando eles se tornam pouco interessantes. Por isso atitude é tão importante: te garante conquistas que a paciência poderia não garantir.

Tenho uma amiga que, coincidentemente me contou recentemente um caso dela: apaixonadíssima por um amigo, ela desabafou comigo meses atrás e eu disse que ela deveria se arriscar e contar a ele. Ela, com argumentos maravilhosos me convenceu de que ele não reagiria bem, de que era infantil demais e de que ela tinha motivos para acreditar que perderia a amizade. Conhecendo o menino em questão, não pude deixar de concordar com o ponto dela. Porém, semana passada, ela deixou escapar que tinha sido apaixonada por ele e não é que o garoto confessou que também sentira o mesmo por ela?

A questão é: às vezes a gente tem muito a por em risco, muito mesmo e morre de medo de perder. Mas a vida é formada de pequenas roletas russas, que nem sempre são definitivas. Amizade a gente reconquista, com tempo e paciência, mas reconquista. E depois, é sempre melhor se arrepender do feito do que da falta dele.

Outra história que posso citar é a que ocorreu entre eu um grande amigo. Sempre tive uma quedinha por ele, por ser inteligente, legal, companheiro, compreensivo e tudo mais. Acabei decidindo por contar pra ele. Na hora, ele teve uma reação bem difícil e eu própria não consegui me conter e manter a amizade. Nós brigamos feio. Ficamos meses sem nos falarmos. Um dia, numa festa, ele notou meu olhar triste (triste é pouco, eu estava à beira da depressão), me puxou no meio da discoteca e me abraçou. Dali pra frente, a amizade voltou maior ainda, mais cúmplice, mais sincera, mais profunda e mais tudo de bom. Hoje ele é uma das pessoas que mais me entende no mundo e representa o irmão que nunca tive. Eu confio nele como em ninguém e vice-versa.

Se eu me arrependi de ter contado pra ele? Sim. No início sim. Não contei porque queria nada com ele (até porque ele estava muito bem comprometido). Contei porque estava difícil olhar pra cara dele e fingir que não sentia nada. Contei porque achei que poderia confiar e me decepcionei. Mas depois entendi que amizades verdadeiras são assim, sobrevivem a tudo e apenas crescem. Depois disso, não tinha como a gente não se tornar mais íntimos.

Acontece que, a não ser que você tome uma decisão insana demais que te leve à morte, a uma doença incurável ou à gravidez, a maioria das coisas na vida é reversível. Então não custa você tentar. Até pode custar, mas depois você recupera.

Tem um conto de Machado de Assis, chamado “A segunda vida” que fala bem sobre isso. Resumidamente, o cara morre e tem a oportunidade de nascer novamente, mantendo o conhecimento que adquirira. Mas dessa vez ele não corre nenhum risco, por medo das consequências. E quer saber? Ele não faz nada de interessante e acaba odiando ter tido a oportunidade de viver de novo.

Então não façam isso, ok? Não deixem de viver a vida de vocês por medo do que pode vir a ocorrer. Se acontecer, aconteceu! Depois você resolve. A não ser que envolva morte, lesões e doenças graves e irreversíveis e/ou gravidez. Fora isso, não vejo o porquê de não tentar. Porque quem não arrisca, não petisca.

Acredito que, como já mencionei nos avisos da fic, esse possa vir a ser o meu último capítulo. Porém queria dizer que tem sido um enorme prazer escrever para vocês, lindíssimas. E se houver alguma lição que espero deixar para vocês, é essa que a anja da Maga me mandou e eu faço das palavras delas, minhas:

Eu sou do grupo de garotas que ama arriscar... Faço isso porque em minha mente é melhor você tentar e se der errado, ao menos você tentou do que ficar pensando no que poderia ter rolado... Me irrita essas garotas que tem medo de arriscar... Não sei.. acho que é porque eu tenho um jeito muito extrovertido, então isso não é difícil pra mim...
A maioria das pessoas acha que eu sempre arrisco e me dou bem.. Mas pra falar a verdade... ter um rostinho bonitinho não ajuda tanto como as pessoas pensam... Já arrisquei algumas vezes e me dei mal feiamente... Um conselho? ARRISQUE.”

E com essas belas palavras, me despeço, gatíssimas.

XX, da sua querida (ou assim espero) Megan Elliot.



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Notas finais do capítulo

Então, eu avisei e pá. Nessa fic, é muito importante que vocês dialogassem comigo e me dissessem suas opiniões e mandassem sugestões. Porém, na falta delas, fiquei bem desmotivada a postar, portanto creio que esse será o último capítulo. Ainda assim, agradeço pela oportunidade maravilhosa que tem sido escrever o diário da Megan. E desculpem qualquer coisa, de verdade.
Obrigada a todas as colaboradoras que um dia me deram força nessa fic, sem vocês a Megan mal teria nascido.
Obrigada a todos os viados mal-amados que me inspiraram, sem vocês, a Megan não teria sobre o que escrever.
Beijos, gatíssimas, xx.



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