O Diário De Megan Elliot escrita por Rosemary Grohl


Capítulo 7
Não trate como picanha quem é carne de segunda


Notas iniciais do capítulo

vocês são tremendas sortudas que euzinha ando precisando desabafar, porque com a falta de comentários ultimamente, eu deveria era acabar com essa fic, isso sim. Perdoem-me se eu for um pouco rabugenta, mas precisei aproveitar esse diário pra desabafar um pouco.



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Eu deveria estar no banho agora, mas minha mãe cometeu o erro de me deixar sozinha e existem certas coisas que precisam ser ditas. Então eis aqui um capítulo fresquinho para vocês, que pode até ser um pouco curto, mas decididamente vai atingir o objetivo.

Começo, então, com uma frase que fala por si só e que intitula o capítulo de hoje: “não trate como picanha quem não passa de carne de segunda”. Você, na sua humilde falta de criatividade, pode achar a frase sem sentido ou até engraçadinha. Mas a verdade é que nessa pequena metáfora, eu disse tudo o que preciso dizer sobre relações interpessoais. Deixem-me explicar, gatíssimas:

Picanha = Zona posterior do lombo da rês. (Dicionário Priberam da Língua portuguesa)

Essa regiãozinha do boi produz a minha carne favorita. Macia, suculenta e deliciosa, quando bem preparada, a picanha é a melhor coisa do mundo, ganhando até do chocolate. Já a carne de segunda, vocês sabem bem que é aquela que a gente mastiga até não poder mais, porém nunca consegue engolir. Aquela que vem no espetinho duvidoso que você compra na esquina, mas não consegue comer nem metade, de tão dura que é.

Agora pensem comigo, por que pagar caro, correr atrás e esperar horas por um churrasquinho medíocre? Por uma boa picanha com farofa e vista para o mar, eu até pagaria um pouquinho mais, faria um esforço, vestiria uma roupa mais arrumada, pentearia o cabelo e esperaria um bocado de tempo. Mas por carne de segunda, por favor, né!

Agora me expliquem: se funciona assim com carne, porque não funcionaria com as pessoas?

Quero dizer, o ser humano tem uma mania incrível de querer possuir tudo aquilo que não pode ter. De se desgastar, lutar, mudar, mover montanhas para atingir um objetivo sem sentido algum. Tanto falando de metas abstratas como relacionamentos, como de metas reais como casa, carro, emprego.

Não sei se é meu excesso de preguiça falando muito alto, mas eu acho uma tremenda perda de tempo todo esse desgaste com certas coisas.

A gente deve sim, como já disse em outros capítulos, perseguir os sonhos e correr atrás do que queremos. Mas acho que antes de calçar o tênis de corrida, ou mesmo esfolar os pés e correr descalço, vale a pena fazer uma medição do ganho e da perda que se vai ter saindo numa caminhada. Onde você está indo? Tem alguma chance – real, de preferência – de chegar ao objetivo? Quanto tempo vai perder nessa viagem? Porque afinal, de quê adianta juntar tudo o que você tem e pôr em risco, se não tiver nada a ser ganho com essa roleta russa.

Ai gatas, sei o quanto é difícil acertar. Principalmente para as mais novinhas. Digo isso por causa da minha teoria de amadurecimento. Foi o meu jeitinho de explicar o porquê de certas meninas – eu – não conseguirem o que querem e o que supostamente merecem. Às vezes a gente precisa quebrar um pouco a cara e cometer certos erros antes de provar as coisas boas da vida. Sabe por quê? Porque imagina provar o melhor chocolate do mundo sem nunca ter provado outro qualquer. Você nunca vai se dar conta de que ele é o melhor do mundo. E vai passar o resto da vida tentando encontrar igual.

Então eu cheguei à conclusão de que quando eu chegasse ao céu – metaforicamente falando – eu estaria realmente preparada, porque teria aprendido tintim por tintim aqui na terra. É uma teoria bem conformista essa, eu sei. Brochante até. Mas dói menos pensar assim.

Porque esse é um assunto delicado. Como é que a gente vai saber quem é certo e quem é errado? Quem é vilão e quem é mocinho. Esses conceitos tão idealistas e românticos de ‘bom e mau’ não se aplicam a realidade. Acho que o que existem são pessoas, com histórias e uma vida própria, dispostas ou não a mudar de rumo.

A dificuldade é olhar alguém alto, baixo, magro, gordo, cheinho, fofo, feio, bonito, pardo, asiático, negro ou de qualquer outra aparência que não citei e ler na cara dessa pessoa, tudo o que existe dentro dela. Se ela está disposta ou não a ter uma amizade, um namoro, uma relação duradoura. Se vai te tratar bem, com simpatia, carinho e amor. Se vai te abandonar, te deixar, te trair, te trocar. Ou se vai ficar, por muito tempo e se importar muito com você.

A gente não sabe. Simplesmente não adivinhamos ou pressentimos quando alguém é o que é, seja lá o que for. As pessoas não andam com avisos de ‘sou carne de segunda’, ou ‘sou um pedaço de picanha’ na testa ou na blusa. Bem que podiam, mas não andam. O que vale mesmo é a gente observar e aprender. Com o tempo a gente vai ficando mais apurado, mais treinado e vai entendendo melhor as pessoas.

O mais importante é nunca perder a esperança, a coragem e a vontade. Porque quando nós perdemos a vontade de conhecer pessoas e de nos aproximarmos delas, a vida perde a graça. Essas relações boas e ruins que vamos construindo, são o que fazem tudo vale a pena.

Então se você trata um pedaço de picanha como carne de segunda, não entre em pânico. Mas mude de atitude assim que possível, por favor. Picanha é caro porque é raro, então não desperdice.

E se você trata carne de segunda como picanha, não entre em pânico. Mas mude de atitude assim que possível, por favor. Você é uma picanha boa de mais pra essa carne de segunda, e merece coisa muito melhor. Eu sei que é difícil, que dói, que faz parte de você, que você se acostumou, etc. Eu usava as mesmas desculpas, adiava até não poder mais. Só que quando alguém te chamar pra comer no melhor restaurante da cidade, é bom você estar em casa, ao invés de estar comprando churrasco duvidoso na esquina.

Por mera coincidência, - acreditem se quiserem, - achei esse textinho na minha Dash do Tumblr, e decidi que não existe nada no mundo que possa ser mais parecido com a minha opinião: “Um dia você vai encontrar alguém que te lembre todos os dias que a vida é feita para ser vivida. Alguém que é perfeito de tão imperfeito. Alguém que não desista de você por mais que você tente afastá-lo. Naquele dia que você não estiver procurando por ninguém, naquele dia que você não ia sair de casa e acabou colocando a primeira roupa que viu pela frente. Quando você não estiver procurando, você vai achar aquela pessoa que faz você sentir que poderia parar de procurar.

Caio Fernando Abreu.

Eu fui aprendendo, aos poucos, que existem coisinhas no mundo que eu nunca seria capaz de explicar. Aliás, não somente eu: ninguém seria capaz de explicar. Não aqui na terra. E logo eu, toda cheia de mim, achando que tinha moral e mandava no mundo... Não podia explicar o porquê de não conseguir o que eu tanto desejava... Então decidi me conformar. Existem respostas inexistentes, como também existem respostas que só virão com o tempo. O jeito, às vezes, é esperar.

Um final um tanto quanto irritante, simplório e clichê. Mas não posso evitar. Com toda a minha impaciência, eu tenho que admitir que para muitas coisas nessa vida, o remédio – melhor e talvez único – é o tempo.

Pare de esperar sua carne de segunda. Espere sua picanha. Ela virá.



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Notas finais do capítulo

1- desculpem se tiver erros ortográficos, avisem que eu corrijo. Mas precisava postar antes de dormir e acabei me apressando.
2- se continuar essa maré de leitoras fantasmas, vou desistir dessa fic, porque ela é a única que eu realmente só escrevo quando tem leitoras. as outras são minhas e eu não vou parar. mas essa... eu faço ela pra vocês, vey, então acho que mereço retribuição, que seja um 'tá horrível', mas uma retribuição.
3- desculpa de novo se tiver chato, grande, fora do tema, brochante e deprimente. mas ta sincero. até demais.
4- já que eu sempre agradeço, obrigada a Isa Neiva, que me de um apoio lindo. A maga, que me aturou. E a mim mesma, que estou sobrevivendo. E ao gordo, por me dar alguma coisa a qual sobreviver. Não que eu esteja realmente grata a ele, mas enfim.
até as reviews, beijos.



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