Ady Nower. escrita por Thalia


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas aos bravos leitores.
Primeiramente, por não responder os comentários anteriores, o qual farei somente após o encontro de tempo -talvez amanhã.
Segundo, pela demora em postar este capítulo. Por sinal, encontra-se um pouco maior do que o outro, logo, espero que sintam-se a vontade com o tamanho beneficiador.
Peço, mais uma vez, desculpas, pois este capítulo não me deu tempo para a segunda revisão mais detalhista que sempre faço antes de postar. Perdoem os erros.
Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/309900/chapter/5

Capítulo IV:

Agarrada a barra de ferro do trem Thalía não conseguiu olhar sua mãe. Parecia muito todo o mal que ela havia feito à mesma passar. Sentou-se perto da janela e viu sua mãe a olhar. Parecia olhar dentro de sua alma, dizendo como aquela mulher outrora dissera a ela: “Você está no lugar errado querida, esse não é o seu mundo.”. Estremeceu. Podia estar num alto estágio de loucura, entretanto sua mãe parecia em um estado muito maior, como se estivesse prestes a se matar quando Thalía fosse embora.

Tocou a janela olhando no fundo dos olhos negros de sua mãe. Uma lágrima brotou de seus olhos. Sua tão adorável mãe, outrora sem saber de nenhum dos percalços da vida de Thalía, agora parecia engolir timidamente cada ponto retraído de seu lábio, para que não falasse com a filha.

O trem partiu. Thalía sabia que demoraria um pouco, afinal, ela morava perto da fronteira, sua avó morava perto de Paris, numa pequena cidadezinha em um vale, onde um rico casal burguês comandava fielmente.  A viagem, entretanto fora cansativa. Havia chorado a viagem quase toda, já havia dormido e quase perdeu a parada de trem. Seu avô esperava-a pacientemente, deu um pequeno sorriso e pegou as malas.

O avô de Thalía parecia uma imitação mais alta de um coelho. Os dentes meio separados, os olhos amarelados com óculos pequeninos, uma cartola na cabeleira branca, a pele branca, o nariz pequenino. Usava uma roupa marrom. Também parecia mais sério que um coelho que parecia mais fofo.

-Como foi de viagem querida? –Perguntou o avô.

-Bem. –Respondeu. O avô colocou as malas e o violino dentro da carruagem. Cumprimentou o motorista e se sentou ao lado de sua esposa. Thalía se sentou em frente aos dois. Aparentemente o idoso havia alugado a carruagem para aquela questão.

-Aqui é um ótimo lugar Thalía, você vai gostar. –Murmurou a sua avó. A menina por sua vez olhou a floresta que se estendia por ambos os lados. Passaram por uma ponte até entrarem em uma estrada de terra a qual levava para majestosa a terra, de onde, em uma pequena e simples casa no bosque os avós de Thalía cuidavam. Pequena e aconchegante, a casinha logo apareceu mais a frente.

Uma pequena plantação, talvez uma horta estendia-se ao lado da casa em questão. Esta, com detalhes rudimentares, entretanto bastante acolhedora. A casa era feita com tijolinhos sendo em algumas partes facilmente remendadas com madeira, como se algo tivesse derrubado alguns tijolos, embora Thalía sabia que era falta de dinheiro para continuar com os maravilhosos tijolos. Ambos pintados de marrom, talvez pelo próprio homem, arranjados de alguma mistura de tronco com a tinta de pau-brasil.

Havia uma porta arredondada, feita com madeira fina, arrancada de alguma árvore centenária. Janelas iluminadas por lampiões a óleo, pequenas na frente, grandes no andar superior. Não parecia uma casa grande, talvez dois quartos, uma sala e uma cozinha. Nada mais. Entretanto, aconchegante e adorável. Havia uma pequena plantação de lavanda atrás da casa, de onde Thalía podia sentir o leve cheiro adocicado.

Seu avô ajudou-a, pegando as malas. Thalía preocupou - se apenas com seu violino, seu objeto pessoal de grande afeição, da qual partia idolatria pelo som tocante. Sua avó entrou logo em casa para preparar o chá. Thalía não pode olhar detalhadamente para a sua avó, a fim de entendê-la. Ficou junto de seu avô fora de casa.

-Vamos, fale Lí, o que seu coração guarda? – O ancião olhou a casa a sua frente. Extensa e muito bem mobiliada, merecido esforços de ano. Thalía, no entanto, tentava esconder a angústia sob o peito do atencioso avô. Talvez fosse só sorte esse pergunta pretensiosa, entretanto às vezes é admirável a atenção dos adultos, principalmente aqueles que encontram-se em um grau de maturidade superior aos dos nossos pais. Encontram-se prestes a entender cada batimento isolado do sôfrego coração. Geralmente, eles não erram nas perguntas mencionadas.

-Não é nada demais meu querido avô. –Murmurou retomando a caminhada junto do homem.

-Nada poderia por acaso mexer com os incontáveis pensamentos que permeiam vossa mente, Lí? –Paralisou. Seu coração acelerou. Parecia entender cada palavra dita pelo seu avô, cada sentimento que a menina escondia no peito e por isso assim sempre deixou.

-Minha mãe. Temo que fique mal sem mim.

-Minha filha é forte, querida. Tenho certeza que aguentará. Mas vamos entre. Enquanto sua avó prepara o chá da tarde, o que você acha de ver o seu quarto?

Antes que ela fechasse a porta simples, embora com um ferrolho, olhou o bosque majestoso que ficava em frente à casa. Olhou e assentiu, como se houvesse necessidade de concordar que o mesmo ficaria ali por um bom período de tempo. Assim, não demorou muito para que chegasse ao andar superior. Não se atentou aos detalhes do andar inferior, seu cansaço mental preferiu ter estes detalhes sobre a mente quando seus olhos não pesassem como no momento estavam.

A porta também de madeira velha abriu-se num estalido e o homem mostrou o quarto, que por sinal, era mais bonito do que o seu anterior. Havia uma cama de solteiro no canto esquerdo do quarto, com seda verde bebê, uma escrivaninha oposta à cama, branca com várias outras coisas. Uma estante para que ela completasse com livros, embora não soubesse disso, por isso havia trazido poucos destes. Um gramofone instalado sob a estante, um armário com quatro gavetas do outro lado do quarto, junto de uma porta que dava para um possível banheiro, onde poderia tomar banho. Achou diferente, visto que a maioria das casas o banheiro ficava no quintal, mas nada comentou ao seu avô.

-O que achas Thalía? –A menina deu um leve sorriso enquanto colocavam num canto do quarto suas coisas. A esmeralda do colar parecia gelar sob seu peito, uma sensação desconfortante, no entanto normal. Agradeceu ao avô.

-Então, vamos tomar chá e logo você sobe para arrumar suas coisas aqui, pode ser? –A menina assentiu. Olhou o quarto mais uma vez antes de fechar a porta. Acabou não vendo, sob o limiar dos últimos raios solares a figura do mesmo homem que um dia deu-lhe o colar. Seus olhos encontravam-se chorosos, por alguma razão que ninguém saberia dizer.

*

-Por que você não nos toca um pouco do seu adorável instrumento minha querida? –Pediu a avó. Tímida olhou o instrumento sob a cadeira e prometeu tocá-lo em outro dia, pois iria descansar para o outro dia de colégio. Ocupou-se no dia e arrumar suas coisas e cedo foi para a cama. Antes de desligar a luz parou rente ao espelho vendo seus olhos verdes. Indagou-se mais uma vez o que ela poderia ser, mas as respostas outrora não vieram.

-Quem sou eu? –Murmurou na calada da noite, assim que desligou as luzes, deitada sob sua cama. Uma pergunta que muitos toda a noite ousam fazer, mas que respostas quase nunca encontram, afinal não é possível atestar que alguém se conheça por inteiro.

Fechou os olhos movidos pelas lágrimas. Não era assim que queria terminar o dia. Deixou-se ser embalada pelas estrelas, num estágio de sonolência comovido pela lua. Ali mesmo as poucas nuvens que havia no céu bocejavam aguardando o sono de Thalía.

Assim que a menina adormeceu no espelho voltou-se a formar a imagem daquela que dizia ser a conselheira. A mesma riu enquanto olhava a pobre garota a dormir, com as falanges perto do rosto. Tão angelical como um anjo.

Dorme Thalía. Dorme. Pois tudo que morre, um dia já dormiu. Não será diferente. Pode acreditar.” - A risada reverberou sob o ambiente, maligna e sobressaltada.

Do outro lado da cidade, por sinal, o sino badalava dez vezes indicando o horário. Na cidade pacata e vazia muitos não haviam percebido, se é que alguém se importasse. No entanto, do alto da torre que se prostrava ao lado do sino, de onde, por ventura, cabia um relógio enferrujado e feio, havia um homem que chorava. O mesmo homem que vira a menina tocar e se emocionara, sem falar uma única palavra. Ali, olhando as estrelas, ele se jogou. Não para quem cai junto a terra, ao abismo dos homens errantes, que decaem junto à morte, todavia como quem desaparece sob as vielas da atmosfera, encontrando outro lugar, por sinal, muito diferente.

Este local, que até hoje nunca fora desvendado. Nem, por sinal, está perto de ser.

================Fim do 4ºCap.======================


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caros Leitores,
Estou sentindo faltas de muitos e, agora com essa do nyah de não poder mais mandar mensagens, espero com todo o lisonjeio que seus comentários possam continuar presentes.
Obrigada.