Ady Nower. escrita por Thalia


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Caros Leitores deste drama em questão..
Guardo-lhes hoje uma divina apresentação.
Um prelúdio de nossa exímia doçura Thalía...
Seu adorável mundo por trás dos acordes..
Sintam-se a vontade para serem tocados, pois as mais belas canções não são somente ouvidas, entretanto tocadas, provocando arrepios e doces convulsões..
Até então nenhum um pouco falsas..



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Capítulo III:


–E agora minha adorável sobrinha tocará uma maravilhosa melodia para finalizar o aniversário. - Disse seu tio enquanto ganhava a atenção dos presentes. A menina, por sua vez, olhou a sua mãe que se encontrava no canto, olhando diretamente para ela, entretanto desvio o olhar ao ver que sua filha a olhava. Sentia-se mal por ter causado tantos problemas a mãe. Por sua vez, a menina precisava começar a sua apresentação.

Aproximou-se do centro do salão. Fez uma leve reverência. Sentou com delicadeza segurando o violino. Olhou os rostos que se encontravam a sua frente, tantos rostos que ela nem ao menos conhecia. Preparou o instrumento para a apresentação, posicionou - o sob o queixo e deixou que a música fluísse sobre seus dedos e o instrumento.

Tocaria as três primeiras seções do mesmo, deliciando-se com o som do instrumento, podia lembrar que nesta música teria que ter habilidade para compor voo spiccato e nota reversa aplicada pontilhada. Ambos de dificuldades sublimes, mas que depois de tanto treino para tocar Zigeunerweisen (https://www.youtube.com/watch?v=JnE9ooiC-tc), conseguiria, ou ao menos tentaria.

Uma canção que tocava a alma dos renegados. Aguardada por coros de anjos e demônios sucumbindo à beleza da canção, a majestosa forma como a menina tocava e a destreza que seus dedos conseguiam achar a nota certa. Sua alma desnudada mergulhava dentro da sofreguidão, do instrumento. Ela conhecia cada corda deste, cada nota, cada pedaço de madeira usado para fazê-lo. Oco por dentro, o violino lembrava a sua alma, sendo rasgada, chorando sob o brilho extasiado das lágrimas. Contudo, ainda assim, a imagem de um brilho solar sob as nuvens salpicadas de chuva parecia ser a beleza mais terna que poderia se imaginar. A confusão de se acordar e não saber se realmente existe, ou se é uma breve confusão exterior.

Parecia que o mundo parecia muito pequeno para todas as emoções que o pequeno instrumento proporcionava para cada um de seus ouvintes. Uma sensação gélida, alcançando a alma. Aumentou a velocidade com que tocava algumas notas, construindo uma melodia que naquele momento traduzia os tormentos, os vazios que todos o ser humano sentia, a dor de querer rasgar seu coração, ter uma liberdade que existe dentro de si, longe das lágrimas, longe do passado conturbado, das manhãs de outono, quando as folhas caem sobre o chão chamuscado e o breve vento gélido ocupava as manhãs, diminui a intensidade solar e sobrevêm a neve, confusa e fria, só e inconsolável.

Uma dor que parecia raspar as paredes de sua alma numa composição tão aguda quanto um grito. Um floreio. Talvez o compositor espanhol ficasse satisfeito com a completa sensação de êxtase que a garota conseguia trazer para o coração de seus ouvintes. Se a família investisse, tornar-se-ia uma consoladora dos corações sôfregos, solitários sob o deserto da amargura.

No entanto, como toda canção precisava terminar; Thalía ainda não havia alcançado a quarta seção da música, quando enfim a alegria aquecia os corações atormentados. Por isso, preferiu terminar, com o coração voltando ao cárcere privado, morto por dentro, morto pela sociedade, pelos seus dizeres, por viver nesses dizeres como todos os outros corações vivem. O final verdadeiro de uma alma arrebentada pelo tempo. Ela assim terminou.

Thalía levantou o rosto recebendo os aplausos que merecia, se estes ainda não fossem poucos. As janelas da casa por sua vez estavam abertas e, dali podia ouvir a música, a melodia simples que tocava os corações errantes. Ninguém de dentro da casa percebeu a pequenina lágrima que escapou dos olhos da menina. A lágrima vinda do fundo de sua entorpecente alma. Como também, nem mesmo Thalía percebeu a presença de um inquilino, um vulto rente à janela. O rosto escondido por uma cartola, usando um terno. Somente ele havia percebido a lágrima nos olhos da menina.

Ela chorava. Ele também. No entanto, ele partiu.

Atravessou o mundo dentro de seu coração também partido. Olhou as estrelas, o brilho espelhado e cintilante do coração dos errantes. Tudo parecia estranhamente emaranhado, como novelo de lã. Limpou as lágrimas que partiam de seus olhos como água corrente e então murmurou:

–Obrigado Thalía. –Por sob a pequena poça de água perto da calçada foi possível ver a lua em seu brilho espelhado, além também de se ver os tênis, junto da calça escura do homem, este tirando um relógio do bolso. Este prata com alguns detalhes sob o mesmo, mas nada que se pudesse entender, visto que não era francês. Como todo e qualquer homem urbano, a preocupação com o horário era evidente.

Talvez atrasado, ele partiu. A triste noite também daqueles que se encontravam sob o dia que Thalía fazia dezesseis anos logo partiu, dando espaço enfim, para o alvorecer. Calmo e contundente. Pronto para se satisfazer daquela angústia que logo partia os corações.

================Fim do 3ºCap.======================


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Notas finais do capítulo

Nota: Zigeunerweisen é de um compositor espanhol de 188(?)...que, desculpe, não me lembro o nome dele, visto que faz tempo que humildemente aprofundei-me na teoria do violino. Poderia, de fato, procurar o nome do mesmo entre as mais variadas formas de fazê-los entender o violino, no entanto, encontro-me atrasada para compromissos e, de fato, uma vez um jovem amigo sábio me disse que estar na ignorância, sem entender como chegou-se na maravilhosa melodia é a melhor forma de apreciar com mais detalhe e sabor a canção..
Desfrutem!
Thalia.