Ady Nower. escrita por Thalia


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Vossas mentes aguardam um pouco mais de insanidade... O pouco que teve serviu de prelúdio... Vossas mentes acatam a ordem e a vontade... De voltar a loucura... Ao começo de tudo...
Avisos: Os capítulos não ficarão sempre sob este tamanho, entretanto eu achei necessário que os capítulos que contêm acontecimentos misteriosos como estes e não somente conversas fossem pequenos para que vocês pudessem pegar na integra como Thalía realmente se sente com isso tudo.
Espero que entendam.
Obrigada pelos comentários gentis de leitores gentis como vocês. Não sei como me expressar de tanta felicidade.
Thalia.



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Capítulo II:

Dorme querida, adorável Thalía. Sei que a lua de ti cuidará. –Cantarolava a mãe da menina. Algumas vezes, com isso, Thalía achava que sua mãe parecia desligada, em outro universo, que ela não conseguia entender muito do mundo ao seu redor, como se tivesse entrado em estado de vegetação ou como preferia acreditar, de sonambulismo, onde as palavras que escapam dos lábios não precisam ter nexo algum. Talvez não só Thalía conseguisse perceber isso. Sua mãe continuava cantando músicas de quando ela era criança, como se não houvesse crescido, como se não estivesse completando dezesseis anos.

Outro fato que ratificava esta insanidade da mulher era a insistência em pentear os cabelos da filha, como se esta não pudesse fazê-lo da mesma forma. Puxava os cabelos negros e sedosos para um lado averiguando se estes traziam ares de jovialidade, outrora se negava aos penteados e os jogava sob os ombros sem presilhas, parecia pensativa sob o que fazer.

A pobre menina, por sua vez, que já não sabia mais como agir, como dizer a sua mãe que aquela música a agonizava, abrindo as feridas de sua infância, como se houvesse uma alma dentro dela gritando que tudo aquilo não era real, tentava manter-se quieta na cadeira sucumbindo àquela chama. Muitas vezes, por isso, pensava: Devo estar enlouquecendo.

–Abra os olhos querida. Veja como estás linda! –Às vezes Thalía também esquecia que fechava os olhos para fugir da realidade, do torpor que a vida lhe proporcionava. Suspirou de leve e abriu os olhos prontos para se olhar.

Após este fato, pareceu simplesmente que sua mãe havia desaparecido de suas costas na visão do espelho. O espelhou tornou-se fluido, gelatinoso. Assustada Thalía continuou a se olhar. Os cabelos presos pela metade, as pontas em cachos, uma presilha verde que combinava com o seu lindo olho e o colar que usava. Os seus brincos simples da mesma cor e um vestido verde de manga comprida. Sua imagem parecia se mover por tormentas de sua mente, pois a mesma imagem sorrir com um olhar assassino e um sorriso divertido sob os lábios.

Você está no lugar errado querida, esse não é o seu mundo.”– Murmurou sua imagem refletida.

“Claro que é! Eu existo aqui, minha mãe!” - Seu estado deplorável de absorção da imagem tenebrosa do espelho a fazia esquecer, sem perceber, que gritava em seu quarto de forma áspera, tentando jogar aquela agonia para cima do espelho que para sua mãe que assistia tudo de telespectadora e assustada, não parecia haver nada de diferente naquele cômodo.

Você existe Thalía, isso eu tenho mais que certeza, mas se procurares pelas sombras de sua memória esquecida, perceberá que tudo aqui na verdade é uma imagem de seu verdadeiro mundo.”– A imagem gargalhou de forma gutural e a menina desesperada rebateu:

–Não! –Gritou a menina e logo se controlou novamente, tentando arrancar alguma resposta para aquele nível de loucura. –Quem é você? Ande responda. Quem é você?

A imagem riu novamente. Thalía sentiu todo o seu corpo arrepiar-se e logo então se assustou com a sucessão de pessoas diferentes que começaram a passar no espelho. Pessoas que conhecia como sua mãe, sua tia, seu tio, seus avôs, pessoas que não conheciam vestidos em roupas de realeza. Tudo parecia tão distante e desesperador, até que a imagem voltasse a sua imagem como Thalía, olhando para Thalía com um sorriso sob a face.

Eu posso ser o que você quiser de qualquer forma Thalía. Mas eu nunca vou deixar de ser sua conselheira. Eu nunca vou deixar de ser o que você realmente é! O seu verdadeiro eu Thalía! Eu sou você Thalía!” –Dito isso a imagem começou a rir e, Thalía não pode deixar de chorar. Lágrimas de profundo acometimento, desespero e torpor. Medo. Thalía não sabia com o que estava lidando ou o que esta imagem viria a falar depois. Entretanto num gesto bravo de fugir daquilo tudo Thalía fungou e gritou:

–Não! –Num ato impensável de coragem e insanidade a menina socou o espelho. Já fazia algum tempo que esse tipo de coisa não acontecia, e, a menina bem sabia que se voltasse a acontecer nunca poderia tirar sua família do buraco. Nenhum homem aceitaria uma mulher insana, uma mulher que ver sombras e coisas no espelho. Tudo aquilo tinha acontecido quando seu pai a abandonara, porém havia parado pouco menos de dez anos.

Sentia os traços do vidro rasgando sua pele, a ardência anormal, em algumas partes nem ardiam tanto, todavia sangravam copiosamente. Fechou os olhos novamente, dessa vez mais calma e menos agoniada. Os filetes de sangue inundavam toda a mão e, embora não chegassem ao vestido pingavam sob o chão como tinta derrubada. Aos poucos a nitidez voltava ao seu reconhecimento, às formas fluidas que tivera feito parte desapareciam junto do espelho. Estava só, já era tarde demais, sua mãe havia visto tudo, não conseguiria arrumar uma desculpa como sempre fazia para fugir daqueles problemas. Sua mãe nunca entenderia.

Tudo aquilo que passara quando criança, todos os momentos que tentara fugir ao invés de contar a sua mãe caiam por terra. Já era tarde, sua mãe soluçava transtornada pelo medo, vendo aquela cena desenrolar. As lágrimas inundavam o rosto da mãe tirando tinta preta dos olhos da mãe, possivelmente carvão que a mesma tentara colocar sob os olhos.

Thalía voltou os olhos para a mãe que chorava e tentou pedir desculpas, mas isso, de nada ajudaria, ela bem sabia. Tentou se aproximar de sua mãe que chorava, porém esta gritou que a menina saísse de perto dela, que sumisse, pois ela não queria mais ver a filha. Sentida e triste, Thalía saiu. Sabia que no fundo aquilo era culpa sua, sua mãe nunca entenderia as visões, os sonhos, as sombras. Era leiga sobre isso. Talvez seu pai entendesse, porém tinha raiva o bastante dele para não procurá-lo junto à meretriz.

Não demorou a que cuidasse da mão, dessa vez olhando para o brilho espelhado do frasco de remédios. A maleta de primeiros socorros sempre ficava em seu quarto, sempre consigo, para que sua mãe, antes, não desconfiasse de nada que acontecia. Mas fazia muito tempo que isso não acontecia, tempo de mais para que Thalía achasse que tinha uma vida normal, que poderia viver com esta doença. Porque havia voltado agora? Justamente agora?

O brilho espelhado parecia também encará-la, como se tivesse a mesma pergunta sob a ponta das línguas. Uma dúvida que novamente havia aberto uma ferida sob o peito de Thalía, a mesma ferida que outrora ela tentara cicatrizar.

–O que eu sou? –Perguntou ao frasco de remédios, mas ele também não sabia a resposta. Como sempre, sem respostas. Naquele recinto só havia sua alma soluçando a tristeza de seu coração. A solidão de não poder nunca contar isso a alguém. Não tinha respostas para a sua própria vida. Como e porque ainda sonhava em viver?

Nem ela mesma sabia.

======================Fim do 2ºCap.==========================








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Notas finais do capítulo

Obrigada, novamente por chegarem a mais um capítulo.
Meus agradecimentos são inúmeros.
Thalía.