Ady Nower. escrita por Thalia


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Todos que decidiram fazer parte deste momento insano...
Sejam bem vindos ao primeiro capítulo deste tormento... Tudo aquilo que encontrarem até então, esperem, não se lamentem, embora tudo aconteça devagar por uma breve questão, as descobertas serão surpreendentes..
Aguardo-os então...
(Obrigada a todos pelos comentários.)



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Capítulo I:

Século XIX – Meados de 1895.

Abriu os olhos sendo movida pela vontade incansável de acordar. Seus olhos verdes como esmeralda olharam o quarto pequeno e aconchegante. Observou a escrivaninha em frente à cama, os livros empilhados, o violino ao lado da escrivaninha, o guarda roupa ao lado da cama, sua madeira polida e sem detalhes, o chão com ladrilhos formando mosaicos e sua mãe sentada na cadeira mogno que ficava ao lado da escrivaninha e do gramofone. Sua mãe já possuía certa idade, possivelmente quarenta anos, fios brancos destacavam sob a cabeleira negra, os olhos negros e as olheiras de cansaço como quem esperava a filha acordar desde que esta dormira.

–Bom dia, mãe. –Disse Thalía e, um pouco assustada com a presença de sua mãe tão cedo em seu quarto, pôs-se a sentar na cama. A mulher esperou pacientemente que a menina fizesse esse gesto para respondê-la:

–Bom dia Thalía.

–Aconteceu algo mãe? –Perguntou rapidamente. A mulher respirou sentindo o cheiro de orvalho que parecia vir do ambiente externo. Levantou-se para ter certeza e passou para a janela com as costumeiras cortinas brancas. De fato, seu olfato estava muito bom, ainda.

–Ora, já se esqueceu disso minha pequena? Você hoje completa dezesseis anos de idade. –A mulher sorriu olhando para Thalía que então deu um meio sorriso de lado. Ora, não poderia esquecer quando sua mãe vinha sonhando com esta data há tempo. A necessidade de sua mãe de tentar equiparar-se a burguesia local, dando festas, convidando as senhoras da rua, ostentando o mínimo que possuía era sua vontade primordial, talvez resquícios de sua medíocre vida depois de ter sido largada pelo marido que fora viver com uma meretriz. Thalía sentia pena do estado de sua mãe.

Por horas vivia analisando as feições de sua progenitora, os olhos pretos pareciam cada vez mais destacados, quase como se a mulher estivesse atestando seu grau de loucura, os lábios entreabertos, os dentes, por sua vez, vivendo o tempo amarelados e alguns até mesmo podres. A mulher estava acabada, embora fizesse de tudo para tentar dar um futuro para a filha. Thalía não conseguia olhar sua mãe naquele estado, vivia perguntando-se quem dentre ela e seu pai fora o culpado disso tudo e, toda vez que esse pensamento acusava-lhe ela abraçava sua mãe, tentando esconder a tristeza em seus olhos. Dessa vez não fora diferente.

–Obrigada mãe. –A mulher, por sua vez, preocupou-se em segurar o queixo da filha entre a pequena mão enquanto trazia o mesmo para perto de seus olhos negros com a finalidade de olhar sua filha olho a olho, embora toda vez que isso acontecesse Thalía sentisse que sua mãe não parecia a mesma, como se um espírito se apossasse dela, mudando a áurea sofrida de sua mãe.

–Sabes que após isso vais ao colégio de moças perto da casa de sua avó, não? Sabes que lá é muito melhor para ti, minha filha. Sua mãe não durará muito tempo. –Thalía suspirou, já havia falado tantas vezes sobre isso com sua mãe, não sabia quando conseguiria fazê-la mudar de ideia.

–Claro mamãe. –A menina sofrida tentou dizer a mãe que, ao perceber esta nova emoção, tentou animar a mesma.

–O importante é que fica perto de Paris, é mais fácil para que um homem possa desposá-la.

–Tudo bem mãe, eu faço isso por ti. –A mulher deu um sorriso ameno enquanto murmurava:

Nada que acontece é por acaso...

–Sob o som do piano tece o destino. Basta que você o toque com a sua alma e o momento final não será um desatino.* Eu sei mãe. -Thalía sorriu, agradeceu a mãe novamente que estava velha e esperou que seu tio entrasse em casa com sua tia, aqueles que porventura sustentavam ela e sua mãe.

*Esta pequena frase fora passado de minha bisavó para minha avó... E bom, de tanto ouvi-la, decidi utilizar desta pequena herança de família.*

–Hoje que Thalía irá morar com o avô? –Perguntou a tia, sinceramente parecia triste, entretanto a menina prestava mais atenção no pequeno presente que ela escondia nas costas.

–Qualquer coisa me chame cunhada. Venha irmão, vou te mostrar o que tem que comprar para a festa. –Sua mãe saiu andando, o corpo parecendo um pano enquanto a mulher direcionava o homem para a cozinha.

–Não estás muito animada, não é mesmo querida? -Thalía olhou sua tia. Os cabelos negros acostumados ao vento, os olhos pareciam dois botões azulados, só ela aparentemente, da família, havia tido a sorte de ter duas bilhas esmeraldas que a faziam lembrar, inconscientemente de seu pai, o idiota que havia largado sua mãe e agora vivia com uma meretriz.

–Eu quero o melhor para vocês e sei que isso é o melhor para mim. Geralmente quem é pobre como eu e minha mãe não temos tanta sorte. –Sua adorável tia entendia o que se passava na mente da menina. Tão nova e já enfrentando as decisões da vida sozinha.

–Não entristeças minha menina. Títulos não formam caráter, muito menos almas tão lindas como a sua. Além do mais minha criança, sua beleza seria capaz de conquistar qualquer um, independente do colégio de moças que estude. –E, de fato sua tia Marisa tinha razão. A beleza da menina era capaz de conquistar qualquer coração, pois mesmo sem títulos, havia alguma áurea, um cero quê irradiando Thalía, um mistério esplendoroso. Seus pensamentos poderiam ser puros e conturbados, mas o corpo, por línguas profanas, poderia ser comparado ao corpo dos deuses. A pele fria e branca como a neve, os cabelos negros e lisos, tão negros quanto à tormenta das noites, os lábios rosados e carnudos, as bochechas que por vezes ganhavam um tom rosado, o nariz pequeno e fino e os olhos verdes! Verdes como duas pedras preciosas que pareciam suceder aos poucos apreciações dignas de reis. Não era alta como o estereótipo de beleza pedia as mulheres, porém seu corpo, marcado pelo espartilho ou pelo corset, produzia linhas tão perfeitas que não seria considerável tanta beleza para uma menina tão nova quanto ela.

–Obrigada tia. –Respondeu a menina. A tia percebendo que ainda não fora convincente, trouxe a mão com o presente na altura dos olhos da criança. Com delicadeza Thalía abre o embrulho e rompe a caixa com destreza. Automaticamente sorri.

–É sério tia? –Perguntou a menina com os olhos brilhando, algumas lágrimas já procurando o rosto branco. A tia logo também não aguentou debulhando-se em lágrimas.

–Este é o arco de Pau-Brasil que você tanto queria para que não utilizasse emprestado de sua professora Thalía. –Rapidamente o presente fora depositado sob a cama e a menina deu um forte e longo abraço na tia. As lágrimas percorrendo o rosto como rio a sair da foz. O arco de madeira de Pau-Brasil era uma divindade para a menina que agora poderia tocar violino sem problemas. No século XXI, infelizmente, este pequeno presente é quase impossível, devido à raridade da árvore em questão.

Sem que as duas percebessem, por sinal, visto que choravam a despedida que logo viria incontáveis sombras percorriam o quarto até alcançar o banheiro. O tormento de todos os pesadelos dos anfitriões. Incontáveis sombras sob o tormento, que logo batem a porta com exatidão.

Olharam as duas por sob aquele momento a porta do banheiro fechada até então. Se entreolharam sem entender o que estava acontecendo, mas as sombras já haviam sumido. Thalía estremeceu olhando a porta. Poderia jurar que eram as sombras que a perseguiam quando era pequena. Já fazia dez anos desde então. Tentou acreditar que era ilusão, enquanto partia ao encontro da mãe.

=====================Fim do 1ºCap.=========================







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Notas finais do capítulo

O que acharam até então? Cansativo? Divertido? Gostaria de uma resposta...
Thalia.