Cartas De Amor escrita por Lune Kuruta


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Pra não atrasar o ritmo da fic, postando dois capítulos no mesmo dia. Este é o verdadeiro de hoje XD Ah, gente, acabou que eu fui jantar fora também (fiquei pop neste fim de ano -not), então acabei me enrolando again x.x' Mas como não fui dormir ainda, pra mim ainda é sábado, huahuahua XD [apanha]
Acabei de ver seu comentário, ORPHELIN. Muito obrigada! Responderei a todos eles amanhã. Espero que goste deste capítulo também ^^
Vamos à carta. Depois de uma carta mais "estranha" de Aldebaran, Mu pareceu ficar meio confuso...



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Jamir, 04 de junho de 1985.


Meu querido Aldebaran,


Não sei o que dizer, sinceramente. Você é realmente uma pessoa maravilhosa, Aldebaran. Se outra pessoa porventura lesse a carta que me enviou, pensaria que eu organizei uma belíssima e farta recepção, e não um simples guisado de cabra com batatas e momos. Pouco diante do que você merece, mas o que estava ao meu alcance. Mas se isso realmente o agradou, fico feliz.

Quanto ao medalhão, de forma alguma me deu trabalho... acho que ele lhe caiu perfeitamente. Não entenda isso como um trocadilho quanto ao seu tamanho, por favor! Refiro-me ao formato. Assim que peguei aquela peça de metal, pude imaginar (quase visualizar) o símbolo de Touro gravado em uma reentrância. Acho que ficou bem natural. Fico feliz que o use.

Fico tranquilo em saber que seu amigo enamorado está melhor. Levando-se em consideração o atual estado em que se encontra o Santuário, não posso deixar de acreditar que ele teve muita sorte. Que ele e sua amada sejam felizes. E ninguém mais apropriado que você como padrinho do casal... haverá festa? Confesso que tenho a curiosidade de vê-lo em trajes mais formais, sabia? Por favor, não ria de minhas tolices...

Nem sei por que estou escrevendo isso, na verdade. Mas já gastei folhas demais como rascunho, então o trecho deverá ser mantido, ou só escreverei a carta depois de comprar papel na vila amanhã. Não que eu tenha pressa, mas, em um rompante, quis escrever a você de qualquer forma... mesmo que eu não tenha algum assunto urgente a tratar.

Sim, Aldebaran, eu realmente me senti mais aliviado ao me permitir uma maior proximidade, ao saber que posso abrir um pouco mais meu próprio coração. Nunca quis tratá-lo friamente, mas ao que parece você mesmo sentia um certo distanciamento de minha parte. Lamento muito, de verdade. Mas, ainda que não demonstrasse da forma que você merecia, saiba que sempre o considerei alguém muito importante para mim.

E por isso, Aldebaran, justamente por ser tão próximo de mim, permito-me dizer coisas que eu talvez não diria nem mesmo a meu mestre. Mais que um amigo, você se tornou um confidente. E, por termos compartilhado durante meses tantas divagações sobre sentimentos, é possível que você entenda o estado em que estou agora.

Ainda que, superficialmente, eu esteja mais aliviado, a verdade é que me sinto estranho, Aldebaran. É uma sensação gélida em meu estômago e um calor estranho em meu âmago, uma ansiedade inexplicável. Quero dizer, até busco explicações plausíveis, mas elas não parecem suficientes. Acho que ter a permissão de amar (desculpe-me, quis dizer "sentir", mas infelizmente não posso descartar esta folha) descortinou algo novo em meu íntimo, como se grilhões fossem repentinamente retirados e eu não soubesse aonde ir com minha recém-adquirida liberdade. E isso é... não há outra forma de expressar... isso é assustador.

Você percebeu que eu estava mais à vontade em sua presença, mas ainda assim eu me sinto um pouco perdido. É como se eu fosse um iniciante na arte do afeto. Olho para sua forma de afagar os cabelos de Kiki, de sorrir, de me abraçar sem hesitação... parece algo tão fácil! Mas ainda não consigo fazê-lo com a mesma naturalidade presente em seus gestos.

Será que um dia conseguirei transmitir tanto calor quanto você, Aldebaran? Ou isso é dom restrito aos homens dos trópicos?

Eu poderia estudar, aplicar-me, tentar aprender cada trejeito, cada palavra gentil, mas não é a mesma coisa. Você nasceu com esse dom, e por mais que eu me esforce... não adianta, não o possuo. Vendo por esse lado, pergunto-me se sou menos capaz de amar (quis dizer "de sentir afeição", perdão) do que você. É como se meu coração fosse pequeno demais para "abrigar" alguém.

Nunca tinha pensado nisso, e tal ideia me angustia. De repente, parece-me que sou menos humano do que outras pessoas. Queria indagar a meu mestre, a mestre Dohko... como eles fizeram para gostar de outra pessoa? Será que seu amigo tem essa resposta? Será que você tem essa resposta, Aldebaran?

Ou talvez, se o amor (digo, a afeição – perdoe-me por esses estranhos e constantes atos falhos) nasce espontaneamente, como saber se de fato o possuo dentro de mim? Sou capaz de externá-lo da mesma forma como meu mestre conseguiu?

É curioso porque sempre me preocupei em ser o melhor discípulo, o melhor cavaleiro, mas nunca me questionei quanto a características humanas como a capacidade de sentir ou de me relacionar. É algo totalmente novo para mim. Sinto-me apreensivo e estranho, como se alguma resposta deveras estranha ansiasse por saltar de meu peito, mas eu não tivesse condições de permitir isso.

Sinto-me nervoso, eufórico, assustado, melancólico... sinto-me como uma criança diante de uma novidade grandiosa e assustadora, mas sem um adulto que pudesse dizer a ela do que se trata tal evento novo. Releio suas cartas, repasso a conversa com mestre Dohko, desconcentro-me... preciso fazer alguma coisa, mas não sei o que é.

Só sei de uma coisa, Aldebaran: preciso muito conversar com você. Talvez por ser o único com quem posso falar a respeito, mas sinto que essa resposta somente virá à tona quando eu o vir novamente. Sei que não é do meu feitio, mas anseio por uma visita, por uma palavra sua... talvez até um abraço. Seus abraços têm o dom de afastar anseios e tristezas e eu realmente preciso deles agora.

Pensando bem, acho que sinto "saudades" dos seus abraços. É uma sensação aconchegante de que tenho necessitado nestes dias de dúvidas estranhas, ainda que a manta que você me deu seja agradavelmente macia e me acalme, de certa forma.

Sei que esta carta está muito distante do que costumo escrever habitualmente, mas eu precisava desabafar. Espero-o ansiosamente em Jamir.



Mu

P.S.: Acha mesmo que o perfume remete a mim? Que estranho! O aroma sempre me lembra de você.



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Notas finais do capítulo

Antes que digam "Ooh, como a Lune pesquisa sobre comidas típicas!", foi só uma xeretadinha no Google e na página da Wiki sobre culinária tibetana, ok? [apanha] No caso, momos são um tipo de bolinho de carne feito com uma massa em formato de ravioli e cozida no vapor.
Atos falhos, confusão... ah, Mu, o que é que está se passando nesse coraçãozinho? 9.9 Espero que não tenha ficado muito piegas x.x
Reta final, pessoal! A próxima carta de Aldebaran será logo depois dessa ansiada visita a Jamir. O que será que vai acontecer por lá?
Bom, amanhã eu conto! XD [apanha] Kissus!