Christmas With You escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 9
Oito.




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Edward agitou a cabeça e disse que estava tudo bem, então Leah levou a pequena Nessie para tomar seu banho no banheiro dos pacientes e deu instruções para que pudessem ir ao banheiro fora do quarto, para que os dois se limpassem também.

Os dois foram em silêncio para fora do quarto e não foi difícil encontrar o banheiro, Edward entrou no banheiro masculino e esperava que ela fosse para o feminino, mas ela entrou com ele. Quando Edward lhe lançou um olhar questionativo, Bella deu ombros, não ia ficar em um banheiro hospitalar sozinha em um hospital vazio, era muito lenda urbana ou filme de terror.

Começaram tirando as roupas cirúrgicas. Bella colocou o anel sobre o tampo de mármore da pia, para que não caísse, e viu Edward olhando-o. Trocaram um olhar logo em seguida, mas foram para a pia, que era grande suficiente para os dois. Apertaram o dispositivo de sabonete líquido e se inclinaram na pia para lavarem as mãos, esfregando bem entre os dedos e unha.

— Ela é uma graça, não é? — Bella quebrou o silêncio, não sabia por que, mas queria ouvir a voz dele de novo.

— Com certeza, eu ainda estou tomado por ela. Ela é tão pequena, mas tem tanta presença de espírito e força. Estava com ela até agora e ainda me perguntando se ela era real, quer dizer, queria ter metade da força dela, tão pequena, com tantos problemas sérios, mas me contrapartida, tem aquele enorme sorriso estonteante no rosto. Ela é simplesmente um exemplo para qualquer um.

Bella se virou para ele, em silêncio por alguns segundos, mas sorriu,

— Verdade. É tão triste pensar que ela pode morrer, ela é tão inocente, mas vai morrer tão cedo.

— Sabe o que dizem, os bons vão cedo. — Edward murmurou.

— Deve ser verdade. — suspirou, voltando a baixar o rosto para as próprias mãos. — E o que me enfurece nessa situação é pensar que mesmo nessa situação, alguém ainda teve coragem de abandoná-la. Com tudo que a Nessie tem passado e suportado, como alguém vem e diz que tem que partir por que não pode suportar? Isso é uma merda fodida!

— Natal é época de sentimentos bons, Bella, você mesma me ensinou isso. É tempo de perdão. — disse suavemente. E ergueu o rosto, Bella fez o mesmo, passaram a se olhar pelo reflexo no espelho. — E Nessie é feliz. E acho que ela é feliz porque soube perdoar a mãe dela, consciente ou subconscientemente, é isso que faz da Nessie uma pessoa tão especial, um verdadeiro anjo.

— Sim, você está certo. — Bella respirou fundo e soltou o ar lentamente, então sorriu. — Ela é feliz.

Ele sorriu para o seu reflexo, mas virou o rosto, então passaram a se olhar nos olhos.

— E você gostou de ter vindo? — Edward perguntou a olhando nos olhos.

— Sim, mais do que eu posso colocar em palavras, obrigada. Se nós fazíamos isso antes, eu tenho certeza que era muito feliz, porque é uma ótima sensação. Muito obrigada por me devolvê-la.

— Você é bem vinda. — imitou Nessie, fazendo Bella rir.

— E por que exatamente fazíamos isso na véspera de natal?

— Porque você gostava, simplesmente. Você adorava o natal, amava a época, o espírito natalino e todas as tradições Swan. Era uma data familiar e feliz, mas então eu te disse que nunca tive isso, por ter nascido em lares adotivos, você se sentiu mal pela injustiça das coisas e resolveu que queria fazer alguma coisa a respeito, ajudar um pouco. Então sempre reunimos doações, tanto de dinheiro ou brinquedos na comunidade e as pessoas próximas, depois doávamos ou comprávamos os brinquedos para doar para um orfanato. E na véspera de natal, levávamos doces e éramos voluntários em um hospital infantil, ficávamos o dia todo e voltávamos para a ceia na sua casa.

Bella engoliu o nó das lágrimas que se formou em sua garganta, não tinha o que falar, apenas que era um gesto muito bonito.

— E nesses últimos dois natais que eu estive no hospital, como foi?

— Todos os anos as pessoas já esperavam para nos dar os brinquedos ou dinheiro, então tive ajuda de Kate e Garrett, um casal de amigos de Nova York, para juntar, comprar e repassar os brinquedos. Assim como comprei doces e deixei com a médica do hospital infantil. Mas eu não podia estar lá, não sem você.

— E você ficou sozinho?

— Você me ensinou a gostar de natal, era meu anjo de natal, meu espírito de natal, sem você era como um dia normal e não fazia sentido comemorar. Eu só voltei para casa, me tranquei e bebi até desmaiar, me lembrando de você e pensando em como tudo era vazio sem você. É por isso eu não podia deixar de insistir, porque eu queria aquilo de volta. Não apenas passar meu natal com você, eu queria tudo de volta.

Bella ofegou com as palavras dele, tão hipnotizada por seus olhos e em alguns segundos olhando o movimento de seus lábios, mas então voltava para seus olhos. Como desviar os daqueles olhos verdes tão profundos e brilhantes? Era impossível. Ela sentia o coração acelerar, sentindo o tumtum desenfreado em sua garganta, engoliu seco.

E Edward se aproximou lentamente, tão perto que seus corpos se tocaram. Sentiam o calor que emanavam. Seus rostos ficaram tão próximo que sentiam a respiração do outro. Iam se beijar, os dois sabiam, faltava tão pouco, queriam...

— Bella, Edward? — Leah os chamou fazendo que se assustassem e se afastassem abruptamente, então apareceu na porta do banheiro — Estão precisando de alguma coisa para se limpar?

— Não, estamos indo bem. Só vamos lavar o rosto e já estamos indo, obrigado, Leah. — Edward falou sem tirar os olhos de Bella.

Bella voltou para a pia, com o rosto estupidamente corado de tão envergonhada, mas não voltou ao momento. Foi lavar o rosto, que estava mais sujo que o dele, então ele fez o mesmo logo depois.

Instantes depois, os dois saíram do banheiro e voltaram para o quarto. Nessie já estava de banho tomado e com outro pijama, sentada junto à mesinha novamente, escrevendo. Recusou a dizer exatamente o que estava escrevendo, disse apenas que era um novo pedido de natal.

Então deixaram que ela escrevesse sozinha, como queria, e ficaram conversando com Leah e perguntaram o que Nessie tinha. Leah fitou a menina por alguns segundos, antes de explicar com pesar:

— Nessie nasceu prematura de seis meses, a mãe foi totalmente irresponsável durante a gravidez e ninguém esperava que ela sobrevivesse, mas ela o fez. Mas sempre teve a saúde fraca, principalmente o sistema imunológico e os pulmões, além de um sério problema congênito no coração. E para completar, um aneurisma cerebral se formou e isso faz dela uma bomba relógio. — Leah suspirou. — Ela ficou no hospital no primeiro ano inteiro de vida, recebeu alta e todos nós pensamos que isso significava que estava bem, mas não recebeu os cuidados necessários e voltou ao hospital com três anos, está internada desde então, agora tem sete anos com aparência de cinco de tão pequena e frágil. Está comigo há tanto tempo que é quase uma filha, nos acostumamos com ela e virou o xodó de todos no hospital, vai ser uma grande perda para todos quando ela se for.

— É fácil entender porque, estou aqui há um dia e já sei que vou sentir falta dela. — Bella disse e sentiu a mão de Edward afagar suas costas, lhe consolando. Seu corpo se enrijeceu sob seu toque e ele pareceu sentir, porque parou e deixou sua mão ali. Mas Bella sentiu falta, o toque dele era confortável, virou o rosto para olhá-lo nos olhos e lhe ofereceu um sorriso, um sinal para que continuasse, e assim ele fez sorrindo.

— Nessie é uma menina tão inteligente, boa e amável, mas infelizmente não temos mais o que fazer por ela, continuamos tentando alguns tratamentos, mas também conforto. Tudo que queremos é que ela não sofra quando chegar a hora, isso é o que peço todos os dias.

— Eu sinto muito. — Bella sussurrou.

— Tudo bem. Não podemos desanimar, não perto dela. Não quando ela, mesmo com tudo isso, mantém um sorriso no rosto. Pense como o Jake, meu namorado, ela está partindo porque é preciosa demais para esse mundo. — Leah disse sorrindo.

— É um bom modo de pensar.

Edward sorriu para as duas e se lembrou dos doces, então pegou a sacolinha foi para junto de Nessie.

— Olá, pequena senhorita. — cumprimentou-a divertida. Nessie ergueu a cabeça e deu uma risadinha.

— Olá, grande cavalheiro. — surpreendeu-o entrando na brincadeira, Edward riu e abaixou-se para ficar a sua altura.

— Sei que a senhorita está muito ocupada e entretida com sua cartinha, mas será que aceita uma bengalinha de açúcar de natal?

— Nunca ocupada demais para bengalinha de açúcar. Eu posso comer tia Lee-lee? — perguntou sorrindo cheia de expectativa.

— Com tanto que você escove bem seus dentinhos antes de dormir, pode comer quantas quiser, amor.

— Combinado! Agora, minha bengalinha, senhor. — estendeu a mãozinha para ele.

Edward sorriu e sentou no chão, entregando uma bengala de açúcar para a pequena, que logo colocou na boca, e pegou uma para si mesmo depois de oferecer para as outras duas na sala, que recusaram.

— E então, posso saber o que você está escrevendo?

— Uma cartinha pro Papai Noel, ué. — disse com a bengalinha na boca, escrevendo lentamente a carta.

Edward olhou a folha, não conseguia ler porque ela escondia com o braço, mas via na folha de sulfite sua letra de forma meio torta e bem infantil feita com giz de cera vermelho. Era uma graça.

— E qual o seu pedido?

— Se eu contar, você não pode contar pra tia Bella, tá? — ele assentiu. — Eu vou pedir pro Papai Noel dar de volta as lembranças da tia Bella, assim ela se lembra de você e vocês voltam a namorar, isso não é legal?

Edward quase engasgou com a bengalinha ao ser surpreendido por seu pedido. Ela era realmente real? Tirou o doce da boca e engoliu seco.

— Sim Nessie, é muito legal. — sussurrou. — Mas será que você não prefere uma boneca ou outro brinquedo?

— Não, porque quando eu virar anjinha de vocês, eu não vou precisar de boneca, então o Papai Noel pode dar a boneca para outra criança e devolver a memória da tia Bella como meu presente, o que é bem melhor do que qualquer brinquedo!

— Sabe Nessie, o tio Jake está certo.

— No que?

— Você é preciosa demais para esse mundo. — disse com a voz baixa, trêmula, e afagou a bochecha dela com as juntas dos dedos. Nessie sorriu. — Obrigado Nessie. — foi tudo que conseguiu dizer enquanto controlava as lágrimas. Uma menina tão pequena e tão bondosa que podia pedir brinquedos ou saúde, mas mesmo assim preferia a felicidade alheia. Edward sorria enquanto a via escrever a carta com a linguinha de fora, totalmente concentrada em sua missão, ser o anjo de natal dos dois; preciosa demais para esse mundo.


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