Nessie terminou o desenho que estava fazendo, então pegou uma folha com desenhos natalinos prontos para colorir, e deu uma para Edward e uma para Bella também, não lhes dando opção que não fosse pintar com ela. Era difícil resistir aos seus olhinhos doces, brilhando pidões como os do gato do Shrek, mas seu jeito mandão; era uma pequena senhorita de personalidade forte.

— Não, Edward! — Nessie gritou, cheia de horror e desespero, segurando sua mão.

Bella realmente se assustou, assim como ele. Edward segurava um giz de cera verde escuro, Nessie tirou rapidamente de sua mão e colocou na mesa.

— Você não pode pintar os duendes do Papai Noel com esse verde, é muito escuro. As roupas dos duendes são verde claro! — ergueu o giz de cera verde escuro. — É vermelho com verde claro, além das calças amarelas, todo mundo sabe disso!

Bella abafou uma risadinha, mas quando Nessie lhe olhou, fez uma expressão séria.

— Ela está certa, Edward, todo mundo sabe disso.

— Eu sinto muito, senhoritas. Acho que perdi essa matéria na universidade ou perdi a excursão para o Polo Sul. — Edward bufou.

— Mas o Papai Noel mora no Polo Norte! — Nessie disse exasperada.

— E ela está certa novamente. Por isso você não sabe a cor das roupas dos duendes, Edward, vocês foram para o Polo errado. Esse é um erro inaceitável no Polo Norte, você pode até ficar sem presente por causa disso. — Bella disse com exagero, controlando o riso.

E Edward escondeu um sorriso fazendo cara de horror.

— Não precisa ficar assim, Edward. — Nessie se esticou e pousou sua mãozinha em sua bochecha. — Você sabia que o Papai Noel sempre visita os hospitais e as crianças primeiro, certo? Então, eu e tia Leah sempre deixamos leite e biscoitos para ele e os duendes, então dessa vez eu vou deixar um bilhete e dizer que você não confundiu por mal, apenas não te ensinaram certo na sua universidade.

Edward sentiu-se preso nos olhos daquela menina, tão inocentes e brilhantes, então ela sorriu, mostrando seus dentinhos de leite, tudo nela gritava inocência e fragilidade, era mágico. Edward sorriu.

— Obrigada, anjo.

— Você é bem vindo. — deu ombros com um sorriso natural e voltou a colorir. Edward pegou o giz de cera certo e começou a colorir também.

Bella ficou encarando a cena por alguns instantes. Era um quadro tão bonito; Edward seria um ótimo pai, era óbvio.

E os três ficaram desenhando e conversando ali por um bom tempo, foi tão fácil quanto respirar, que nem perceberam o quão rápido o tempo passou.

Leah veio algum tempo depois e trouxe um lanche para Nessie, também sanduíches e suco para Edward e Bella. A menina não queria comer a principio, os medicamentos tiravam todo seu apetite, mas Edward brincou e provocou até que ela comesse tudo, sempre sorrindo para os dois.

Bella estava se divertindo, oh se estava. Ainda não reconhecia Edward e não tinha se quer uma lembrança dele, mas de qualquer maneira, se eles namoravam antes, entendia o porquê – além de toda a espantosa beleza exterior, ele era extremamente agradável e divertido. E a companhia da pequena Nessie apenas completava a perfeição daquele dia, tudo estava ainda melhor.

No natal de 2010, estava em coma. Natal de 2011, presa a cama em recuperação. E antes disso, não se lembrava de nada. Não tinha recordação de nenhum natal, a não serem flashes da infância – recebendo presentes de Charlie e Renée, decorando a casa com Rosalie, preparando a ceia com Carlisle e Esme –, nada mais. E como no último ano, mesmo acordada, não estava em clima de festa, não tiveram comemoração alguma. Então o natal perdeu toda a importância; a importância que ela não lembrava dar, mas todos disseram que dava.

Segundo sua família, era a mais apaixonada pelo clima e espírito do natal, mas naquele momento não sentia nada. E até resolveram voltar a comemorar o natal, com direito a tudo que faziam antes para tentar lhe devolver isso, mas ela não se sentia no clima. Não sentia nada a respeito do natal, pensou que estaria presente, mas apenas ao redor, sem se sentir fazendo parte realmente daquilo. Mas ali, com Edward e Nessie, sentia que estava no lugar certo. Sentia algo, uma porção de sentimentos se formando em seu coração – sentimentos familiares e quentes.

Nessie era especial, como um anjo – um anjinho de natal –, com um sorriso que acalmava e lhe dava esperança; mesmo com todos os motivos para ser uma criança triste, ela sorria, simplesmente sorria como se tudo fosse perfeito, como um grande conto de fadas apenas esperando o grande final feliz. E Edward era como um milagre, trazendo de volta algo que tinha perdido pelo caminho; ele tinha um sorriso divertido, mas também tranquilizante, parecia aquecer seu peito e preencher o vazio.

Como não ter esperança diante daquilo? Era perfeito. Um anjo e um milagre de natal. Bella sentia-se bem com isso.

Depois do lanchar e limparem tudo, Nessie resolveu que estava cansada de desenhar, então se virou para Leah:

— É natal tia Lee-lee, deixa a gente brincar um pouquinho com a argila. Aposto que eles nunca brincaram de argila, não comigo, por favor, por favor, por favoooor. — Nessie pedia com uma carinha de pidona.

Alguém conseguia dizer não a ela quando fazia esse biquinho, juntava as mãozinhas e implorava chorosa? Era bem difícil. E Leah não resistiu, é óbvio.

— Tudo bem, tudo bem, Nessie, mas só um pouco ok?

— Tudo bem.

— Vocês brincam um pouco e depois a mocinha vai direto para o banho, está ficando tarde e daqui a pouco você tem que se preparar para dormir. Lembra? Papai Noel não entrega presentes para crianças acordadas.

— Pode deixar! — sorriu.

Leah pegou no armário uma grande bacia com a argila, forrou a mesa com um plástico para ajudar e colocou água em outra bacia para modelarem a argila. Entregou a Edward e Bella aventais cirúrgicos que estavam com defeitos apenas para não se sujarem e os deixou brincar.

Bella tirou o anel que carregava no dedo e o deixou sobre seu colo, ela percebeu que Edward também tirou um anel do dedo parecido com o dela e o guardou no bolso. Sorriu e voltou às atenções a argila que modelava, enquanto Edward ajudava Nessie com a dela.

— É fácil, tio Edward, só molhar a argila e então moldar. — Nessie ensinou. — Assim ó.

Nessie arregaçou as mangas do pijama antes de pegar um grande pedaço de argila e colocar na frente dele, então molhou a ponta dos dedos e espirrou água na massa.

— Viu? Assim a massa fica molinha, você pode fazer?

— Acho que posso, mas por que você não me ajuda? Assim não tem erro, como a roupa dos duendes, podemos fazer alguma coisa juntos, que tal?

— Tá! — disse empolgada, então se virou para Bella. — Você se importa se eu fizer com tio Edward, tia Bella?

— Não se vocês me derem a escultura de vocês depois, que tal? — sorriu.

— Então esse vai ser nosso presente de natal pra você, prometo que vou fazer algo bem bonitão. — abriu um sorriso enorme e voltou sua atenção para a argila.

Bella sorriu e cortou um pedaço de argila para poder brincar também, pegando água.

Edward e Nessie foram moldando, era divertido ver Nessie dando ordens sobre como moldar ou o que fazer com a argila e Edward, pacientemente, lhe obedecendo com um grande sorriso. Quando ele errava, ela caia na gargalhada.

Alguns minutos depois, eles já estavam sujos e os bolos de argila molhada começavam a tomar forma.

— Bella, eu acho que você está usando água demais. — Edward disse com a mão na massa, mas olhando o trabalho dela.

— Você tem que ajudar a Nessie e não dar palpite no meu, me deixa brincar. — rebateu e continuou moldando a argila.

— Só estou dizendo que não precisa de tanta água.

— Ain, me deixa brincar sozinha, poxa. — choramingou com beicinho, enquanto os dois riam.

— Eu só...

— Deixa a Bella em paz, Edward. — Nessie o repreendeu rindo e então coçou a bochecha com as mãos sujas, se sujando mais.

— Tá, não está mais aqui quem falou, foi apenas uma opinião. E que se você usar tanta água...

— Vai ficar mais fácil de moldar, então vai secar e ficar muito bonito, então me deixa fazer isso sozinha. Está bonito, não é?

Ele sorriu, é claro que estava lindo, como qualquer coisa que ela fizesse ficaria perfeito, assim como ela mesma.

Tudo bem, sabia que era suspeito e tendencioso a falar, mas ela estava tão linda e adorável daquele jeito. Manchas de argila decoravam sua roupa cirúrgica, assim como sua bochecha, igual Nessie que também tinha argila no rosto e roupa. Era uma das cenas mais adoráveis que já tinha presenciado, tinha esquecido por alguns momentos que Bella não se lembrava dele e estavam ali apenas como amigos. Era como se tudo fosse como antes, perfeito.

— Claro, está lindo. É o mais lindo pássaro que eu já vi, com certeza!

— Pássaro? — Bella olhou sua escultura e então ergueu os olhos para eles, com um beicinho. — É uma tartaruga.

— Uma tarta... — parou vendo a decepção no rosto dela. — É claro que é uma tartaruga! — disse firme. — É óbvio que é uma tartaruga, a tartaruga mais linda, eu sei. Certo Nessie? Eu estava apenas brincando, descontraindo o ambiente, acredite, é obviamente uma tartaruga.

Nessie gargalhou jogando a cabeça para trás, era tão doce que o bico de Bella, formado enquanto Edward tentava se desculpar, se desfez tão rápido quanto açúcar na água, transformando-se logo em um sorriso.