Christmas With You escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 4
Três.


Notas iniciais do capítulo

Ei fantasminhas, se importam se eu postar mais um? Haha. É um dos meus favoritos (inspirado em um post que li há um bom tempo no tumblr). Espero que gostem.



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24 de dezembro de 2012.


Véspera de natalNenhuma lembrança. Vazio.

Bella se sentia vazia. Não sabia explicar, apenas sentia.

As poucas coisas que lembrava eram de sua infância ou adolescência – o que era estranho, qual o sentido de conseguir se lembrar de coisas antigas, mas não as novas? – o resto eram flashbacks confusos e bagunçados, como filmes antigos.

Tinha recebido a notícia que sua mãe e padrasto tinham morrido, mas não sentiu nada, porque para ela eram como estranhos. Era isso que fazia tudo ser estranho, era como ser uma alma alienígena em um corpo estranho. Apenas... Não lembrava. Não era doloroso (ao menos não quando não fazia força para lembrar), era apenas... Vazio. Estava vazia em pleno natal e mesmo sem se lembrar, todos lhe diziam o quanto amava aquela época.

Estava sentada naquele quarto desconhecido e ao mesmo tempo tão familiar desde que acordara. Era como se seu coração quisesse lhe dizer algo, mas sua mente não quisesse escutar. Como se seu coração quisesse lhe fazer lembrar, mas sua mente não cooperasse.

Como fazia todos os dias, encarava um anel prateado que tinha na palma da mão e na parte de dentro dele os números “1, 2, 3, 4”. Não devia ser aleatório, devia significar algo, provavelmente algo especial para estar em um anel, mas ninguém sabia e ela não conseguia se lembrar. E quando tentara (após seu irmão lhe entregar, duas semanas depois de estar acordada, fora dos aparelhos e sem a maioria das ataduras, mas ainda no hospital) tivera uma forte dor de cabeça pelo esforço mental, tão forte que fizera que quase a fez desmaiar, mas lhe garantiu um ataque de pânico e vômitos. Queria tanto lembrar.

— Bella? Está acordada? — a voz de sua irmã invadiu seu quarto e interrompeu seus pensamentos. 

— Estou. — sua voz monótona ecoou pelo quarto.

— Bom dia, maninha. — Rose falou sorrindo e entrou no quarto, sentando a sua frente na cama. — Como você está hoje?

— Bem... Eu acho. — tentou sorrir.

— Eu sei que não deve estar sendo fácil, mas vai dar tudo certo. Você quer sair? Eu vou com Jasper, Emmett e Alice comprar algumas coisas de natal, últimos detalhes de véspera e se você fosse?

— Quem é Alice? — perguntou confusa.

— Ah verdade, você não chegou a conhecê-la, nem antes do acidente. Ela é a namorada do Jazz, ela é uma menina legal, apesar de bem agitada, elétrica e muito falante. — Bella arqueou a sobrancelha, Rose riu. — Ela é estranha, às vezes irritante, mas é uma pessoa legal e com um grande coração, é sempre divertido vê-la perto do Emmett, ela pequena e ele grandão, eles parecem duas crianças que não podem parar de implicar um com o outro, você vai gostar, vamos.

— Tenho certeza que sim. — suspirou e forçou um sorriso. — Eu vou sim, estou precisando respirar um pouco ar puro e livre. Primeiro fiquei trancada naquele hospital e agora aqui? Não. Só preciso me trocar.

— Está bem. Coloque uma roupa de frio, está bem gelado lá fora. Nevou ontem e pode nevar hoje, mas por outro lado, a paisagem está linda. — sorriu e beijou a testa da irmã — Já volto para te buscar, rápido ein.

Sua irmã saiu do quarto deixando-a sozinha novamente.

Ela voltou a colocar o anel no dedo e soltou um suspiro pesado. Há quanto tempo não saia na rua sozinha? Meses, sua mente respondeu. Primeiro o mês flutuando entre a vida e a morte, depois o mês em coma e então os meses de cirurgias, recuperação e fisioterapia. Meses no meio de toda essa confusão e sem se lembrar de nada. Era algo sufocante. Todos os últimos meses foram complicados, estressantes, horríveis. Precisava sair um pouco.

Pegou uma roupa no closet já arrumado e andou para o banheiro do quarto. Já tinha tomado banho, então iria apenas se trocar. Colocou uma calça jeans e uma blusa simples, depois um suéter vermelho por cima e outro casaco mais grosso, nos pés as botas antiderrapantes para evitar acidentes e no pescoço um cachecol vermelho com listras pretas.

Estava quase pronta quando voltou para o closet e pegou dentro de uma das malas que ainda não tinha desfeito uma boina preta. Voltou para frente do espelho do banheiro, ficou se encarando.

Seu rosto estava tão sem vida, esquelético e com olheiras, levantou o cabelo e pode ver a cicatriz do lado direito do rosto – uma grande e profunda em sua testa, do trauma mais sério, e outra da bochecha até orelha. Colocou os cabelos de lado para que cobrisse a cicatriz e colocou a boina para que o cabelo não saísse do lugar, não muita fazer muito mais.

— Bella? Estamos indo! — Rosalie a chamou.

— Estou indo, só um minuto! — voltou para o quarto e sorriu para a irmã, que a esperava ali. — Vamos.

— Você está linda, maninha!

— Exagerada. — revirou os olhos. — Vamos?

Elas desceram juntas, Rosalie estava muito bem agasalhada assim como Emmett e Jasper, que os esperavam na sala.

Despediram-se Charlie, Esme e Carlisle, que terminavam de arrumar os enfeites e preparativos para a ceia de natal. Era o primeiro natal que comemoravam depois do acidente, acharam que seria bom para Bella ter essa lembrança, então faziam tudo às pressas, mas liberaram as crianças para um último passeio. Os quatro foram no Jeep de Emmett, que era mais seguro para a neve, foram conversando, enquanto Bella ficou a margem, escutando e tentando se enturmar, mas aindafaltava algo. Só não sabia o que.

...

— Está bem, eu vou ao shopping, vocês vão? — Jasper perguntou sorrindo. — Alice vai estar nos esperando lá.

— Hum... Por mim tudo bem. — Rosalie sorriu e olhou para o Emmett, que deu os ombros.

— Eu já sabia que seria o dia de carregar sacolas, vamos logo. — o grandão disse como se lamentasse, quando era totalmente apaixonado por Rosalie e fazia sorrindo qualquer coisa por ela.

— É... — Bella hesitou. — Eu posso esperar vocês ali na Starbucks? Hum, passamos por aquela em Nova York e ela parecia me chamar, ou algo assim. Pode parecer idiota, mas acho que eu gosto de lá. — Bella disse hesitante e mordeu o lábio inferior.

— Você é e sempre foi uma completa viciada na Starbucks, Bella. — Rosalie brincou. — Acho que não tem problema, nos vemos quando sairmos?

— Pode ser. — concordou.

Ela acenou para os três que atravessaram a rua para entrar no shopping, cruzou os braços sobre o peito e entrou na Starbucks.

Suspirou de alívio quando parou de sentir o vento batendo em seu rosto, era quente lá dentro e tinha o mais delicioso cheiro de café – por mais redundante que fosse essa observação. Era menor do que a de Nova York, mas era bem aconchegante. Olhou ao redor procurando uma mesa, o lugar que estava razoavelmente lotado. Avistou uma do outro lado do salão, mais afastada, andou até ela e se sentou sozinha.

Deu uma última olhada ao redor e deu um leve sorriso, sim, gostava daquele lugar, mas ainda sentia a maldita sensação de que faltava algo. Pegou o cardápio para escolher o que beberia, mas não sabia o que pedir. Eram tantas opções que não sabia o que escolher, não sabia do que gostava, por impulso colocou a mecha de cabelo que escorria no rosto para trás.

— Você deveria escolher o cappuccino, é muito bom.

Bella abaixou o cardápio para ver se estavam falando com ela e qual a origem da sugestão. E era com ela, o dono da voz, um homem estranhamente familiar, sorria ao lado de sua mesa.

Ele era alto e parecia elegantemente musculoso, provavelmente o homem mais lindo que já tinha conhecido – ou ao menos dos que se lembrava. Seus cabelos era uma bagunça cor de bronze com uma aparência macia, lhe dava vontade de enterrar os dedos e cheirar, saber como se sentiam ao toque. Seu rosto era tinham feições bem marcadas e másculas, quase duras, se não fosse o divertido sorriso de lado que tinha e um belo par de olhos verdes brilhantes.

O homem não tirou os olhos dos seus, parecia hipnotizado. Tão hipnotizado que Bella começou a se perguntar se suas cicatrizes estavam à mostra e o estavam horrorizando. Mas não havia horror nos olhos dele, seus olhos brilhavam como esmeraldas, mas estavam cheios de admiração e emoção? Não era tão boa em ler expressões nos últimos meses, mas havia algo lá. Foi inevitável sorrir.

— Cappuccino? É, acho que vou querer um desses. — fechou o cardápio e o colocou na mesa novamente.

— Será que eu poderia me sentar? Estou sozinho e não tem muitas mesas vagas por aqui.

— Ah, acho que sim... — agitou a cabeça. — Quer dizer, sim, por favor, é o mínimo que posso fazer depois da sua ajuda.

O estranho sorriu divertido e sentou a sua frente, fazendo um sinal para o garçom. O garçom se aproximou da mesa com um sorriso simpático e pronto para anotar os pedidos.

— Um cappuccino e um café latte, copos médios, por favor. — ele pediu sorrindo, o garçom assentiu e se afastou para ir buscar os pedidos.

Ela o encarava com curiosidade. A voz dele era levemente rouca, baixa e lenta, como chocolate quente em seus ouvidos. Seus olhos, seu cabelo, seu rosto, até sua voz... Tão, tão familiar.

Percebeu que o encarava com o cenho franzindo quando ele perguntou se estava tudo bem, sentiu-se corar e agitou a cabeça, dizendo que sim. O garçom voltou com os pedidos, suas bebidas em copos vermelhos natalinos e agradecerem.

Bella sorriu para o copo, era tão bonitinho. Hesitante ela levou o copo até a boca e bebericou para sentir o gosto. O estranho lhe encarava com expectativa. Ela, por fim, deu um longe gole. Definitivamente gostava de cappuccino.

— Mmmm. — lambeu os lábios e colocou o copo na mesa. — Obrigada. Se não fosse por você teria pedido um expresso, acho que gosto desse cappuccino.

— Você iria odiar o expresso, como sempre odiou. Na verdade você acha muito amargo e que fede, não entende como as pessoas precisam disso para viver. Você detesta até bala de café. — deu uma risadinha. — E cappuccino sempre foi seu favorito.

Bella parou e engoliu seco, surpresa e assustada.

— Eu... C-Como você sabe? Como você sabe essas coisas, quando nem eu mesma sei? — Bella perguntou confusa. — Nós... Eu te conheço de algum lugar?

— Talvez. Digamos que sim.

— Qual o seu nome?

— Acho que me precipitei e estou te assustando, certo?

— Hum, um pouco. — confessou com as bochechas rosadas.

Edward riu.

— Sou Edward.

— Bella... Mas acho que isso você já sabe.

— Sei.

— E de onde nos conhecemos? Você me parece familiar, mas...

— Então é verdade, você não se lembra de nada? — Edward perguntou com a voz baixa, estrangulada pela dor novamente. Era bom vê-la bem, viva, mas sentia algo estranho ao saber que ela não se lembrava dele, uma dor confusa. Tão perto e tão longe, queria tanto tocá-la. — Você não se lembra de... Mim?

— Sinto muito — sussurrou. — Eu não me lembro de algumas pessoas ou lugares, coisas básicas ou importantes, desde o... — parou no meio da frase sem conseguir forças para continuar, ainda era estranho mencionar, suspirou.

— Acidente? — completou. — Desde o acidente de carro?

— Está bem, agora você está conseguindo me assustar de verdade, você lê mentes? — questionou com humor e sorriu.

— Não. — ele riu e então sorriu, o sorriso dela estava de volta. O sorriso que lhe aquecia e acalmava um pouco aquela dor; era o mesmo, devia ter alguma esperança. — Mas você tem uma cicatriz.

— Oh. — com um sorriso envergonhado, tirou a mecha de cabelo de trás da orelha para que voltasse a esconder a cicatriz.

— Não precisa escondê-la, nem por você isso você ficou menos bonita. Você está diferente, mas é compreensível depois de tudo que passou. E acredite, nenhuma mudança atrapalha seu efeito em mim, você continua incrivelmente linda, Bella.

Bella se viu surpresa com aquela declaração tão crua e, aparentemente, sincera e emocionada. Engoliu seco.

— Eu... Não sei o que falar. Foi um acidente, mas como você sabe que foi um acidente de carro? Isso está bem confuso e estranho, você está me assustando, mas me deixando curiosa. Você parece me conhecer, você me parece familiar, mas não sei quem é você, será que você não podia me ajudar e me dizer de onde te conheço? O que você é pra mim?

— Nos conhecemos de Nova York. — sorriu lentamente. — E eu costumava ser seu namorado.

Os olhos dela se arregalaram e ficou boquiaberta. Namorado?!


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Notas finais do capítulo

Quem mais aqui não ficaria nenhum pouco triste em saber que está com amnésia e, na verdade, namora com Edward Cullen? Porque eu estou aqui esperando-o bater na minha porta e dizer que esse é meu caso. Ai ai, sonhar não custa né? KKKKKKK E nem comentar. Então bora lá, review qtal? E até o próximo. ;♥