23 de dezembro de 2012.

Paciência nunca fora uma das qualidades de Edward e agora, com certeza, não seria diferente. A espera era torturante.

Mal dormiu na noite anterior tomado pela excitação e expectativa de rever Bella depois de tantos meses afastados. Chegou à rua da casa dos Swan uma hora antes das cinco, para evitar qualquer contratempo que o fizesse perder a chegada dela, mas agora isso o estava matando.

Olhava as horas no celular sobre o painel do carro de cinco em cinco minutos. Quando finalmente chegou à hora e o relógio marcava 05:00, seu coração acelerou. Faltava pouco.

Vamos Bella, cadê você, baby? Volta para mim.

Segurou o celular por mais alguns instantes, observando a foto do papel de parede. Não pode evitar o sorriso, era uma de suas favoritas – era Bella à frente, enquanto abraçava sua cintura com a cabeça sobre seu ombro, ambos sorriam, mas era o sorriso radiante dela que se destacava, como sempre.

Sua mente voltou aquele dia...

— Eu te amo, Bella. — falou a olhando nos olhos.

— E... E o que esse seu “eu te amo” significa?

— Significa que eu quero estar do seu lado pra sempre, que você se tornou a pessoa mais importante na minha vida e não quero ficar nenhum segundo longe de você. Que você me faz feliz e que definitivamente você mudou minha vida pra melhor. Não apenas os meus natais, tudo. Eu te amo.

Bella mordeu o lábio inferior hesitante e então sorriu.

— Eu te amo também, Edward. — sorriu, jogou os braços por cima dos largos ombros dele e o beijou apaixonadamente.

Edward voltou à realidade piscando forte e viu a Mercedes preta estacionando em frente à casa dos Swan.

Ele se sentia um estranho dentro daquele carro que cheirava a tabaco, hortelã e pinho, que tinha alugado apenas para isso, não ser reconhecido. E graças ao insulfilm dos vidros tinha certeza que não seria visto. Sentou-se no banco do passageiro e se inclinou na janela para ver melhor.

O primeiro descer do carro foi Charlie; o mesmo de sempre, apenas um pouco mais abatido, mas seu grande bigode no rosto, ele foi direito ao porta-malas. Logo depois Rosalie desceu e olhou em sua direção, claro que sabia que estava ali, tanto que lhe deu um lave aceno com a cabeça e um sorriso discreto. Rosalie deu a volta no carro, abriu a porta para ajudar Bella a descer.

Bella! Bella! Bella! Bella! Seu coração e corpo chamavam, ou melhor, gritavam por ela.

Ele queria ver seu rosto, já que Bella estava de costas, mas a reconheceria mesmo de costas. Mesmo que depois de mil anos.

E quando ela se virou, Edward ofegou.  Estava linda como sempre.

Sentiu falta do sorriso e do brilho do olhar dela, mas ela estava bem – na medida do possível de toda a situação. Encarava as casas e a rua inteira com desconfiança, parecia bem confusa. Estava bem mais magra e abatida, seus cabelos castanhos chocolate caindo em uma cascata ondulada sobre seus ombros e até o meio de suas costas com uma grande mecha sobre um dos lados de seu delicado rosto. Estava de jeans e bem agasalhada, além de um de seus típicos All Star no pé.

Só de vê-la se lembrou da noite que o empurrou nesse mar de angustia e saudade...

Entrou correndo no hospital, sentia a blusa branca social colar em suas costas largas devido ao suor, que também escorria em sua testa. Procurou a recepção e viu uma estagiária de aparência jovem e cabelos negros presos em um coque com a atenção voltada para a tela do computador. Edward bateu as mãos com o punho fechado no balcão.

— Bella, para onde levaram Bella Swan? — perguntou ofegante, assustando-a.

— O que senhor?

— Uma paciente. Deu entrada no hospital há uma semana, onde ela está?!

— Acalme-se senhor, qual o nome dela? — ela perguntou com a voz monótona, o que irritou ainda mais Edward.

— Isabella Marie Swan. Onde ela está? Fala!

A jovem começou a digitar rapidamente naquele computador buscando a informação até encontrar e passar para Edward, que nem esperou muito, assim que a recebeu saiu correndo em direção à escada e subiu para o andar da UTI.

Estava viajando quando tudo aconteceu, mas ainda assim, por que não lhe avisaram antes? Bella estava internada agora a pouco mais de uma semana. Pegou um avião assim que recebera a maldita notícia, como estaria sua Bella?

Viu sentada no banco em frente ao quarto da UTI Rosalie, irmã mais velha de sua amada Bella.

— Rosalie? — se aproximou dela, mas não uma resposta, ela parecia estar em estado de choque — Rosalie? Rose, onde está Bella?

— No... — virou-se para ele lentamente, estava horrível. Sem maquiagem, com olheiras e olhos inchados de tanto chorar. — Quarto. Ela... Céus, ela... — sua voz falhou e começou a chorar com a cabeça baixa.

— Não, não, Rose, ela está viva, certo? Bella está viva, não é? Rosalie, por favor, fala!

— Sim, mas... Ela está mal, Edward.

— Mas que aconteceu?

— Eu não sei, não estava com eles. Era pra eu estar com eles, mas acabei saindo com Emmett, então Bella foi no meu lugar. Um motorista bêbado, o carro capotou, Renée e Phil estão mortos, eu sinto muito, eu sinto muito. — disse tudo muito rápido, ofegando.

— E a Bella?

— Ela estava no banco de trás, sobreviveu, mas está em estado grave, ela pode... Ela pode... Oh meu deus, eu sinto muito. — abaixou a cabeça e voltou a chorar, soluçando. O chão sob os pés de Edward desapareceu.

Quando se deu conta, estava com a testa colada na janela do carro e acariciando o vidro, como se pudesse fazê-la sentir do outro lado da rua.

— Bella... — ele suspirou. Seu hálito quente embaçou o vidro, rapidamente ele limpou com a mão e voltou a apreciá-la. Seus olhos começaram a arder e então as lágrimas escorreram por seu rosto despercebidamente. — Minha Bella!