Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 45
Capturada pelo Destino




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307297/chapter/45

Quando despertei na manhã seguinte, não demorei para voltar a percorrer meu caminho planejado. As marés me impulsionavam e eu nadava de recife em recife como refúgio para descansar e me recompor após nadar o dia inteiro em busca navios. 

Nas primeiras semanas, cada vez que via um navio meu coração palpitava de emoção com a idéia de talvez Jasper estar em seu interior. No entanto, após tantas decepções em diversas embarcações, meu ânimo e esperança foram lentamente se esgotando. 

Com o passar dos meses, passou-se também a força que me movia. Me sentia perdida, sem rumo definido em busca de algo impossível. Encontrar um homem em especial dentro deste oceano imenso era quase uma missão perdida. No entanto, algo ainda parecia me mover, não sei ao certo o que era, talvez a minha teimosia de peixe ou o clamar da minha alma humana tentando reinvindicar seu desejo. De qualquer forma, continuei minha procura desanimadamente até que um dia, me deparei com uma embarcação em especial. 

Era um navio mercante, se deslocava lentamente devido ao pouco vento que atingia as velas. A brisa fraca deixava o mar calmo e consequentemente a embarcação em ritmo lento. Me aproximei sem muito ânimo, mantendo-me debaixo do navio. Podia ouvir as vozes de marinheiros conversando e oficiais gritando ordens, mas nenhuma dessas vozes me era conhecida. Subi a superfície lentamente para observar melhor, porém ao longe pude ver um outro navio flutuando ao sabor das marés, no entanto este era consideravelmente menor e mais simples. Decidi apenas ignorar este outro e manter minha atenção no maior, onde haviam mais homens e era maior a chance de eu encontrar aquele que eu procurava. 

Revistei o convés da embarcação com os olhos a procura de uma figura conhecida, porém nada. Já estava perdendo a paciência, pois os marujos se movimentavam demais erguendo velas para tentar pegar mais vento e passavam apressados de um lado para o outro do navio em seus afazeres, o que não me permitia uma visão muito boa. 

Me aproximei mais para tentar observar melhor, no entanto, logo fui surpreendida quando um homem após me avistar de cima, gritou do alto do mastro onde estava soltando as velas: 

-Há algo grande na água, capitão ! 

Rapidamente tratei de mergulhar. Parecia que ele havia visto apenas minha silhueta, mas mesmo assim decidi não arriscar. 

-Deve ser apenas um golfinho, volte ao trabalho ! -um homem elegantemente fardado gritou do convés, mais preocupado com o fato da escassez de vento. 

-Não, me parece mais um tubarão, senhor ! -o marujo exclamou, e alguns dos demais homens no convés foram olhar pela amurada. 

Me escondi sob o casco da embarcação. 

-Está debaixo do navio. -ouvi outro deles anunciar. -Deveríamos pegar os arpões. Não é bom agouro sermos acompanhandos por tubarões. 

-São um bando de supersticiosos, os senhores. -o capitão disse -No entanto, já que estamos sem vento e não há nada a fazer a não ser esperar esta brisa aumentar, estão livres para fazerem o que acharem melhor. -ele deixou-os decidir, antes de ir em seguida para sua cabine.

Os homens logo optaram por se armar e puseram-se em posição na amurada, mirando na água. Inicialmente não me preocupei afinal não teria como me atingirem se eu permanecesse sob a embarcação. No entanto, começei a ficar nervosa com o fato de estar presa ali. O meu segundo plano seria mergulhar até o fundo para que não fosse possível eles me avistarem, entretanto a água estava cristalina e o sol batendo na mesma fazia a visibilidade dos marujos ainda melhor para a pontaria, o que tornava esta idéia arriscada. 

Pensei por um momento, decidindo por fim esperar eles desistirem desta idéia e se renderem a desistência de caçar o dito "tubarão". 

Infelizmente, isso também não surtiu muito efeito, pois depois de um bom tempo, eles ainda permaneciam obstinados em seu objetivo. Eu já perdia minha paciência em esperar e optei finalmente por mergulhar fundo e tentar sair dali sem ser vista. 

Assim fiz, e realmente acreditei que naquele momento o sol estava ao meu favor tornando a água com pior visibilidade. No entanto, esse pensamento logo se extinguiu da minha mente quando o primeiro arpão atingiu a água passando bem próximo ao meu lado, seguido de vários outros. Nadei o mais rápido que podia, desviando para não ser arpoada pelos homens que lançavam os arpões em série do convés. Aqueles poucos metros para me distânciar da embarcação pareciam quilômetros, entretanto em ritmo acelerado logo me encontrei fora do alcanse deles. 

Me lembro de rir vitoriosa olhando para trás, ainda nadando velozmente para longe. Sentia a água passando rápido por mim, e a distância crescendo entre eu e o navio. Os momentos seguintes a esse se sucederam tão velozmente que mal me deram chance de reagir. Assim que me virei novamente e voltei minha atenção para onde ia, uma rede de pesca surgiu a poucos centímetros á minha frente e não tive tempo de parar, me embolando bruscamente nela. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dançarina Das Marés" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.