Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 11
Voz de Sereia




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Os dias se passaram rápido, e o navio rumava para um porto nas Bahamas, saqueando vários outros que encontrava no caminho. O vento estava á favor, portanto haveriam de chegar ao seu destino em breve. Na verdade, até mais cedo do que eu desejava que fosse.

O capitão estava de bom humor e pronto para vender sua carga roubada quando chegasse, prometia também grandes lucros a tripulação, e isso os deixava satisfeitos e os estimulava a continuar. É de se imaginar que em meio aquilo tudo, a história a meu respeito foi totalmente esquecida pelos homens, e certamente fora, todos exceto um.

Jasper e eu conversávamos todas as noites. Inicialmente, jogando objetos nos quais podíamos escrever um para o outro, porém depois começamos a nos aproximar mais. Ele sempre ficava brincando dizendo que já havia me visto uma vez, não seria diferente se visse de novo. Falava também que queria ouvir minha voz, para saber se eu tinha mesmo voz de sereia. Quando perguntei como ele sabia como era uma voz de sereia se nunca tinha ouvido uma, ele respondeu que era justamente por isso que precisava ouvir a minha.

O pirata não havia mais comentado a meu respeito com ninguém e aquilo me tranquilizava. Talvez eu realmente pudesse confiar nele, mas mesmo assim estava hesitante em aparecer e conversar pessoalmente. Sempre fui muito desconfiada, e cresci aprendendo que não se deve confiar em ninguem, ainda mais em marinheiros, no fundo, os únicos seres em que sereias realmente confiam são baleias e golfinhos, mas de qualquer forma, eu estava aos poucos aprendendo a confiar nele.

No meio da tarde, o “Libertá” abordou o “Royale”, um navio mercante holandês, armado com diversos canhões e vários homens. Eles resistiram a abordagem, porém o Capitão Richard logo ordenou que fossem disparados tiros contra a outra embarcação, que por sua vez revidou, causando alguns danos sérios no “Libertá”. Um tiro fora dado abaixo da linha d água, o que inundou o porão do navio, fazendo-o adernar bastante. O “Royale” no entanto, não tinha danos tão severos, o que o permitia vantagem na batalha.

O capitão ordenou em seguida que os seus homens tomassem o “Royale” indo á bordo dele e rendendo os marujos. E assim foi feito, com arpéis, os piratas invadiram o convés do navio mercante portando todas as suas armas em mãos, atirando em todos que viam e cortando-os com cutelos afiados. No entanto, não era tão fácil, pois os outros estavam em maior número e podiam manobrar o navio com mais facilidade.

Então eu decidi equilibrar as coisas. Nadei até o fundo, onde cortei vários ramos longos e grossos de sargaços, que creciam vistosamente no leito oceânico. Aproximei-me até a popa do “Royale”, mergulhando e travando a corrente do timão com os sargaços, embolando-os o máximo que podia, para que impedir que o navio consiga ser manobrado.

Isso facilitou as coisas para os piratas, que agora tinham mais facilidade para acertá-los com os canhões do “Libertá”. Já no convés do navio inimigo, os piratas que tentavam tomar a embarcação, dentre eles Lucius e Jasper, estavam em desvantagem, já que o número de tripulantes no navio mercante era maior.

Eu acompanhava tudo impotente. Os corpos sem vida tanto dos marujos inimigos, quanto dos piratas caiam na água, manchando-a com um vermelho vivo. Jasper duelava com três tripulantes, quando levou um tiro de raspão no ombro, destraíu-se, baixando a guarda, e outro deles lhe deu uma pancada forte na nuca, empurrando-o da amurada em seguida. Ele caíu no mar inconsciente, afundando rapidamente. Nadei até ele, segurando-o firmemente, passando meus braços ao redor de seu corpo e o levando de volta a superfície.

-Jasper !-chamei-o preocupada, no intuito de acordá-lo, enquanto tentava manter sua cabeça fora d água. Segurei-me em um pedaço do casco do “Royale” que flutuava próximo a nós, desprendido do resto da embarcação, que agora recebia uma chuva de tiros do “Libertá”. Com dificuldade, coloquei os braços do pirata sobre a madeira, e empurrei seu corpo para cima da mesma da melhor forma que podia, no entanto não tinha força para levantar seu peso, portanto metade de seu tronco e pernas ainda estava na água. Jasper se moveu em seguida, abrindo os olhos confuso e levando a mão á cabeça. Olhou onde estava, depois para as duas embarcações, por último para mim, que estava próxima a ele.

-Solara...-Jasper disse sorrindo ao colocar os olhos em mim. Meu coração gelou naquele momento, porém não de medo.

-Você está bem ? -Perguntei, sem tirar meus olhos dos dele, como se estivesse hipnotizada. Não sei ao certo como tive a coragem de falar com o pirata a minha frente, apenas sei que aconteceu.

-Estou. -ele respondeu com naturalidade- Quem diria, eu tinha razão, você tem mesmo voz de sereia...

À bordo do “Royale”, os piratas já haviam tomado a embarcação e rendido os tripulantes, fazendo tudo retomar ao controle.

-Homem ao mar ! -Ouvi Lucius gritar de dentro do navio ao ver Jasper na água. Rapidamente mergulhei, escondendo-me.

Eles lançaram uma corda ao pirata, que foi ajudado a subir á bordo do “Libertá” novamente.


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