Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão
Tudo de valor que havia á bordo do “Royale” foi passado para o “Libertá”, antes do Capitão Richard ordenar a explosão do navio. Pode-se imaginar o quanto ele ficou nervoso com os estragos causados na sua embarcação pelos canhões inimigos, o que resultou numa morte muito mais terrível para aqueles tripulantes que haviam sobrevivido, pois o capitão mandou torturá-los antes de explodir o navio com eles dentro.
O navio pirata ficara com um rombo sério no casco abaixo da linha d água, o que necessitava os homens ficarem bombeando a água do mar para fora do porão a todo momento. Tentaram precariamente consertar porém não fez muita diferença, a situação continuava ruim.
Levariam alguns dias a mais até chegar ao porto onde poderiam consertá-lo, já que a velocidade do “Libertá” ficara prejudicada devido aos danos. Os marujos se revezavam para tirar a água do porão, enquanto do lado de fora, eu tentava dar um jeito para que menos água entrasse, para diminuir o trabalho deles.
O canhoneiro, que também entendia um pouco de carpintaria náutica, sugeriu que pregassem tábuas de madeira do lado de fora do casco, para que a água salgada se mantesse fora do porão. O problema da idéia, é que não teria ninguem que se voluntariaria para mergulhar e prende-las lá.
-Eu posso tentar se quizerem... -Jasper se ofereceu, e os homens concordaram na hora, por falta de outro candidato.
-Vai me ajudar, não é ?-Ele perguntou-me logo após, quando estávamos sozinhos.
Eu e Jasper, após o ocorrido com o “Royale” ficamos mais próximos, nos falávamos sempre que podíamos, e por sinal, algo que ele fazia com perfeição era falar sem parar, as perguntas sobre mim eram intermináveis. Mas eu não deixava barato, e tambem fazia uma chuva de perguntas a ele, sobre os assuntos mais variados.
Revirei os olhos sorrindo, ao ouvir seu pedido.
-Eu tenho cara de carpinteira ? -indaguei, provocando-o
-É apenas segurar no lugar, eu prego. Não é nada demais...- ele respondeu, como se fosse o trabalho mais simples do mundo.
-E com esse seu fôlego de golfinho morto, como pretende ficar embaixo d água esse tempo todo para pregá-la ?- perguntei, rindo
-Meu fôlego não é tão ruim assim...-Jasper rebateu sorrindo -É claro que eu não respiro embaixo d água como você, mas no entanto, em níveis normais, pode-se dizer que eu consigo prender a respiração por bastante tempo...
-Eu não respiro debaixo d água Jasper, você está vendo alguma guelra aqui ? -perguntei rindo, mostrando meu pescoço -Eu respiro ar como você, apenas posso ficar horas debaixo d água sem precisar subir a superfície...
-Obrigada pela aula de biologia, mas o que eu quero saber é se você vai me ajudar, peixinha ?
-Já disse pra você que sou mamífero, não peixe apesar de parecer, mamífero !
-Que seja, que seja...- ele revirou os olhos, brincalhão. O pirata tinha a mania de sempre errar ao falar de animais marinhos, já começava a achar que era de propósito, apenas para me provocar.
-Eu te ajudo se você prometer não ficar meia hora para pregar um prego -coloquei a condição
-Por que ? Você tem algum compromisso nas profundezas depois ?- ele perguntou irônico
-Talvez eu tenha...- sorri, provocando-o
-Já sei, vai se encontrar com seu tritão- ele riu
-Se eu tivesse um parceiro, com certeza não estaria nadando sozinha por aí e muito menos falando com você, ele iria brigar comigo só por me aproximar do navio...
-Mas mesmo assim você não conseguiria resistir, porque eu sou muito mais atraente que qualquer rabo de peixe por aí...-ele sorriu revelando seus dentes de ouro
-Viu? Esse é o problema dos bípedes, eles são muito convencidos...-Ri, tentando não ser afetada pelo seu jeito ousado -Mas e você, não tem uma fêmea com duas pernas em terra lhe esperando? -perguntei
-Não uma que seja só minha...-ele respondeu
-Uma meretriz, você quer dizer -deduzi
-Como sabe o que é uma meretriz ? -ele perguntou curioso
-Já te falei, escuto muito as conversas entre marinheiros. Aparentemente, eles parecem gostar muito delas...
-Você não devia escutar a conversa dos outros, não é educado. E sinceramente, assusta-me pensar no que já ouviu
-Não tem motivo, afinal, na maioria das vezes eu nunca entendo mesmo quando o assunto é mulheres...-admiti, o que o fez rir sonoramente -Mas tem outras coisas que me confundem, por exemplo: para que serve uma colher ?
-Você sabe ler e escrever e não sabe para que serve uma colher ? -Jasper indagou, rindo
-Minha mãe me ensinou a ler e escrever para reconhecer nomes de navios, quais são perigosos, quais não... mas ela não me ensinou sobre colheres, então me explique Jasper- pedi curiosa
-Se eu lhe explicar sobre as colheres, vai me ajudar a consertar o navio?
-Vou. -afirmei
-Está bem...então eu lhe explico.- ele finalmente concordou.
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