Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 10
Solara




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Pela manhã, quando o sol se levantou, despertei cedo e logo tratei de encontrar algo para comer para poder partir e alcançar o “Libertá ”, que estava algumas milhas a minha frente. De noite eu parava para descançar e pela manhã encontrava o navio que continuava seu trajeto continuamente, sem paradas. Naquele dia, ao encontrá-los, todos os marujos já estavam em seus afazeres típicos na embarcação, e os realizaram eficientemente, todos menos Jasper, que pela sua expressão não havia pregado o olho a noite toda, de certo pensando na mensagem da caneca.

Enquanto o pirata organizava uns barris e caixotes no convés, olhava contínuamente para o mar, como se esperasse que eu fizesse mais alguma coisa. É claro que em plena luz do dia, eu não jogaria mais nenhum cordão de ouro ou caneca nele, até porque, eu não tinha mais nenhuma. Mas se ele atirasse mais coisas em mim, eu com certeza revidaria. Porém aquilo não aconteceu, e o resto da manhã transcorreu tranquilamente, sem Jasper nem ao menos comentar a meu respeito com ninguem devido ao episódio da noite passada.

Logo que anoiteceu, ele esperou até todos descerem para o convés inferior, antes de se colocar em seu lugar de sempre. Tinha uma expressão mais confiante, parecia ter tirado um peso de suas costas. Pensei que ele estaria assustado, afinal, essa parecia ter sido sua primeira reação, mas agora o pirata se mostrava curioso em relação a mim, até mais do que antes.

-Eu sei que está aí. -Ele disse com um tom de voz confiante, porém calmo.

Sua voz não me fazia temê-lo, atraia-me tão forte como fazia a do capitão, ela apenas o fazia de forma diferente, como se tivesse o poder de chegar ao fundo em meu ser, conhecendo quem eu realmente era. Ele continuou após parar por um momento, pensando no que iria dizer em seguida.

-Me desculpe por ter dito que você não tinha alma, acho que só estava com raiva por você não ter pulado no convés e mostrado a todos que eu tinha razão...-ele disse correndo os olhos sobre o oceano, como se procurasse os meus, para falar diretamente a eles.

A lua estava coberta pelas nuvens, portanto o escuro da noite era o véu fino que nos separava. Aceitei suas desculpas em meu coração, afinal, aquela era a primeira vez que um homem pedia desculpas a mim, ou melhor, era a primeira vez que um homem falava comigo realmente, ou seja, diretamente para mim, não apenas em conversas entre seus companheiros. Naquele momento, pude sentir que realmente existia, que era real, tanto para ele como para mim. Nós dois tivemos ao mesmo tempo a prova de que não estávamos loucos, e de que eu não era apenas uma mestiça de raça desconhecida, nem menos um devaneio a beira mar, era apenas uma verdade confusa demais para os outros poderem ver com clareza.

-Gostaria que me dissesse seu nome...-Ele pediu esperando alguns segundos, para que eu tomasse alguma iniciativa. Como eu não disse nada, ele continuou -Se não quizer falar eu vou entender, mas por favor, escreva.- ele pegou a mesma caneca em que havia escrito antes e jogou-a de volta ao mar.

Não cheguei a ponderar, rapidamente peguei a caneca, virei-a do lado que não estava escrito, e escrevi nele meu nome com a melhor caligrafia que podia com a aquela faca. Na hora de devolver no entanto, pensei por um momento, talvez não fosse prudente eu ficar tendo conversas com piratas, afinal, Jasper queria provar aos companheiros minha existência antes, talvez ainda quisesse fazer isso, apenas esperava o momento certo de agir, quando já me tivesse em suas mãos.

Fiquei confusa por alguns segundos, mas de uma forma estranha, eu sentia que valia a pena me arriscar com ele. Portanto, foi isso que eu fiz.

Quando Jasper abaixou-se e pegou a caneca de cobre no convés, pude ver um sorriso brotar em seus lábios ao ler.

-“Solara”...Tem um belo nome... -comentou, voltando os olhos ao mar - Sou Jasper Stenton, é um prazer finalmente conhecer a senhorita....-ele fez uma breve reverência com o chapéu

Agradeço aos céus por estar escuro, porque naquele momento eu corei. Sorte minha que o pirata não podia me ver de onde estava. Mas mesmo assim, o jeito que ele sorria, fazia parecer que havia feito com esse propósito.


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