Desci e fui juntar-me a minha avó.

Chegando perto da sala de jantar, vi Louis servindo a mesa e minha avó sentada.

Sentei-me junto a ela.

–Então, porque queria jantar comigo? Alguma reclamação de Louis? –Ela perguntou.

Louis me olhou com um olhar questionador.

–Não, não é nada com meu mordomo. Ele trabalha muito bem. –Eu disse, sorrindo.

–Ah, então, sobre o que é? –Ela perguntou curiosa.

–Queria comunicar-te que amanhã vou até a mansão Phantomhive. –Eu disse.

–O que? Por quê? Você não tem mais nada com ele. –Ela disse.

–Eu gosto de Ciel, ele é uma ótima pessoa. –Eu disse.

–Foi você mesma, Alice, quem disse que ele era mimado! –Ela falou.

–E foi a senhora quem disse que eu não conhecia, e de fato não o conhecia. Mas agora, o conheço muito bem e sei como ele é! Ciel é o rapaz mais doce que eu já conheci. –Disse.

–Está apaixonada por ele? –Ela perguntou.

–Não, de maneira alguma. –Respondi tranquilamente, porque, na verdade, eu não estava.

–Então você não vai. –Ela falou.

–Não é você quem decide o que eu tenho, ou não, que fazer. –Eu disse, dando uma garfada na carne do jantar.

Louis observava tudo.

–Não, eu não tenho. Mas Louis vai te acompanhar. –Ela disse.

–Que vá. –Eu disse. –Não me importo com isso.

Então, saí da mesa e subi dois degraus das escadas.

–Passar bem. –Disse para minha avó.

~ * ~

Chegando ao quarto, bati a porta com força e por um momento até esqueci que Sebastian estava deitado.

–Alice? –Ele disse, sentando-se na cama com cara de sono.

–Oh, me desculpe, Sebastian. Por um momento me esqueci de que você poderia estar dormindo.

–Venha deitar logo... –Ele disse, voltando a deitar-se.

–Eu já vou. –Disse, entrando no banheiro.

Depois de sai do banheiro, deite-me do lado de Sebastian.

Mas, como quando estou irritada não sou nem um pouco delicada, e não consigo dormir, fiquei me mexendo constantemente.

–O que você tem, Alice? –Sebastian perguntou, chegando perto de mim e colocando seu braço por cima de minha barriga.

–Nada... Estou bem, pode voltar a dormir. –Eu disse, fazendo carinho em seu braço.

–Alice. –Ele me chamou.

–Sim. -Respondi.

–Você pode me contar qualquer coisa. Sabe disso, não sabe? –Ele perguntou.

–Minha avó não aprova minha ida até a mansão Phantomhive. –Eu disse.

Sebastian sentou-se na cama e ligou a luz do abajur.

–E ela está certa. –Ele disse.

–O que? –Me sentei também.

–É verdade... Ora, se fosse para me ver, tudo bem, mas eu venho aqui quase toda noite e não tem porque você voltar lá. –Ele disse.

–Tem sim, Ciel é meu amigo. –Eu disse.

–Sabe que tenho ciúmes de você... E mesmo assim vai à casa de meu Jovem Mestre? –O demônio disse, colocando sua mão em sua testa.

–Sebastian... –Eu disse, passando a mão em seu rosto. –Eu estou apaixonada por você, não por Ciel, nem por Louis, nem por ninguém... Só, por você!

–A-Alice. –Ele arregalou seus belos olhos. –Não consigo acreditar...

Eu sorri e o beijei na testa.

–Vamos, vamos dormir. –Disse, cobrindo ele e desligando a luz do abajur, assim, deitando com o rosto virado para o dele.

Alguns minutos se passaram, e meus olhos estavam quase se fechando, assim como os de Sebastian.

–Alice. –Ele me chamou.

–Diga, Sebastian. –Eu respondi, sorrindo fechado.

–Eu acho que te amo. –Ele disse. –Eu disse que acho, porque não sei bem como é o amor, mas se for isso que estou sentido por você aqui e agora, acho que te amo, com certeza.

Eu ri.

–Sebastian, percebi que quando está com sono fala muitas coisas sem pensar... Vamos, feche os olhos... Vamos dormir.

–Acha que estou falando sem pensar? –Sebastian perguntou abrindo os olhos completamente. –Eu tenho certeza absoluta de tudo que eu digo, e pode ter certeza, eu penso muito antes de falar qualquer coisa.

–N-Não foi bem isso que eu quis dizer. –Respondi.

–Vou te mostrar uma coisa. –Então, Sebastian ficou por cima de mim, com uma perna de cada lado, segurando meus braços na cama.

–Sebastian Michaelis, pare já com isso! –Eu disse, tentando falar sério, mas rindo compulsivamente.

–Porque está rindo tanto? Vai me dizer que... –Ele perguntou, começando a rir também.

–É claro. Acho que além de demônio, você é esquecido. Meu primeiro beijo foi contigo. –Eu disse, fazendo Sebastian sair de cima de mim.

Ele ainda estava rindo.

–Você é pura! Uma virgem. –Ele disse, ainda rindo.

–Ei! Não ria assim... –Falei, me cobrindo até os olhos de vergonha.

Sebastian suspirou.

–Tudo bem, controlarei o riso. –Ele disse. –Mas... Não sei se vou controlar meu desejo. –Ele disse, sorrindo e fazendo brilhar seus olhos.

–O QUE? DESEJO DE QUE? –Perguntei, me afastando assustada.

–De tirar sua pureza, claro. –Disse o demônio, na maior naturalidade.

–Não diga isso,impuro! –Eu disse brincando. –Você é impuro,não é?

É claro que ele seria impuro, Alice. Ele é o homem mais bonito que você já conheceu em toda sua vida, claro que várias mulheres já apareceram e bem...

Como seria caso eu... Não, não pensarei nisso ainda!

Se bem que não deve ser tão ruim.

–Você acha mesmo que sou impuro? –Ele disse, fazendo bico.

Eu ri.

–Vamos dormir, está tarde. –Disse me virando.

–Tudo bem. Você se salvou essa noite. –Ele disse. –Venceu pelo cansaço, só por isso... –Ele disse, se deitando ao meu lado.

–Boa noite, Sebastian. –Falei, ainda virada de costas para ele.

–Posso chegar... Mais perto? –Sebastian disse, chegando perto de mim e colocando sua perna em cima da minha.

–Sebastian! Não chegue tão perto. Posso sentir até sua respiração. –Eu disse, me afastando.

–Nossa, você é tão fria. –Ele falou ,fazendo manha.

–Calado, vamos dormir. –Disse brincando.

–Só um beijo de “Boa Noite”? –Ele pediu.

–Um beijo! –Me virei e o beijei rapidamente na boca.

–Beijo sem emoção? Assim não conta. –Ele reclamou.

–Sebastian! Por favor, eu estou cansada, será que poderíamos dormir?

–Claro. Mas antes, deixe eu te abraçar? Está frio. –Ele disse.

–Você... É UM DEMÔNIO! Demônios não sentem frio! –Eu disse, já quase me virando para bater em Sebastian, quem sabe ele não desmaia e assim, acaba dormindo?!

–Alice...Kuro pode dormir conosco? –Ele perguntou,chamando o gato que estava deitado em um travesseiro no chão.

–PODE, MAS, POR DEUS, VAMOS DORMIR AGORA. –Disse.

–Não precisa gritar comigo! Tudo bem. Eu só queria te abraçar e que o gato estivesse aqui. –Ele disse, virando-se de costas para minhas costas.

–Oh, coitadinho, venha cá. –Me virei e o abracei. –Agora, vamos dormir, tudo bem?

–Hmm. –Resmungou ele. –Se bem que essa posição não está ruim. Mas, eu deveria estar te abraçando e não o contrário.

Fechei meus olhos e fingi que não escutei Sebastian.

Depois de um tempo sem resposta, ele também fechou os olhos.

Não consegui dormir antes dele, só consegui quando notei, finalmente, que sua respiração estava pesada e que ele havia caído no sono.

Que conversa longa tivemos durante essa noite, se eu tivesse respondido, quem sabe estaríamos conversando, ou melhor dizendo, “discutindo” até agora?

Eu acho melhor não ter dito que era pura para ele... Se bem que se eu não tivesse dito, o que ele faria?

Salvei-me essa noite, mas e as outras?

Ele não pode ficar tentando nada comigo. Não somos casados.

Mas, de alguma forma, se for com o Sebastian...Quem se importa?!