Catarina de Navarro escrita por slytherina, jessica varela


Capítulo 4
Capítulo 4




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                    Catarina não entendia o que estava acontecendo ali. Inquisidores junto a Emanuel De Aragão ali em sua casa? não, ela sabia que por conta dos últimos acontecimentos e descobertas, que aquilo não éra uma visita cordial.


                    _ Então... - Um dos homens que acompanhavam o sacerdote sussurrou o nome de Catarina e Clariana. - Dona Clariana...uma bela moça a senhora tem. Creio que sendo uma viúva e temente a sua religião, é o que espero, não esteja encobrindo tais atos. Creio que saiba do que estou falando, pois isto como sabe, bem seria uma afronta à santa igreja. Pense bem antes de responder Dona Clariana, a senhora sabe muito bem que se estiver mentindo...


                    _Oh, senhor, não se preocupe. Em minha humilde casa são praticados apenas costumes de minha santa igreja, minha menina e eu desconhecemos tais atos malditos.


                    Dona Clariana com suas roupas já sujas pelo trabalho, deixando claro sua condição humilde e seu pavor evidente de Emanuel, apenas fazia agarrar Catarina pelos ombros. Catarina no entanto não conseguia desgrudar seus grandes olhos azuis do belíssimo sacerdote. Emanuel sem sombra de duvida era muito belo, mas mesmo encantada, não deixou de se lembrar da gravidade daquela situação. Lembrou-se ligeiramente da história contada por Dom João Del Valle, a igreja era implacável. O destino que tiveram outros no passado, estava próximo. Voltava a assombrar e deixava incertezas.


                    _Bom, espero que assim seja senhora, mas de qualquer forma devo perguntar-lhe, sabe algo de pessoas aqui neste vilarejo, que pratiquem tais atos?


                    _Não senhor!


                   Clariana respondeu de cabeça baixa. Catarina sentia o tremor que vinha das mãos de sua mãe. Emanuel no entanto com a resposta obtida, apenas deu um leve sorriso malicioso, inclinou um pouco sua cabeça para trás, conversou em sussurros com um dos inquisidores. Catarina estava tensa, sua mãe apavorada. O clima estava muito hostil.


                   Emanuel voltou a mirar mãe e filha. Seu olhar demonstrava diversão e ao mesmo tempo maldade pura. Catarina arrepiou-se.


                   _Bom, não preciso dizer o que acontecerá às duas, caso descubramos o contrario. Dona Clariana, pense em sua filha. O que acontecerá com ela. Os horrores que serão sofridos pelas duas. Se me contar agora, garanto-lhes que nada lhes acontecerá. Serão mandadas para outro feudo e ninguém jamais saberá do que foram acusadas. Nada vai acontecer, basta apenas que me conte o que sabe. Ou então...


                   _Meu senhor, tenha piedade. Sou uma camponesa humilde e minha menina é inocente. Não sabemos de nada! Por favor tenha piedade!


                  Clariana ajoelhou-se perante a Emanuel e aos outros, sua voz saia entrecortada, rouca. Catarina vendo o desespero de sua mãe, tratou de acolhê-la, levantando-a pelo braço gentilmente. Emanuel olhou profundamente a menina. Abriu um sorriso que ela jamais tinha visto antes em qualquer outra pessoa, um sorriso de desejo. Catarina então levantou um pouco seu vestido que tinha um pequeno decote, os cadarços que amaravam a parte do busto chamavam a atenção. Catarina era formosa e despertou o interesse de Emanuel.


                  _Esta bem dona Clariana, mas caso contrario, se tudo isto que me disse for mentira, a senhora e sua filha pagarão caro por isto! Bom, temos que ir. Foi um prazer conhecê-la, Catarina. Espero que nos vejamos mais vezes!


                  Padre Emanuel foi muito gentil desta vez. Olhou mais uma vez para trás antes de sair, porém, olhou sobre os ombros. Catarina notou novamente o sorriso que a fêz tremer, porém, voltou a mirar sua mãe agora. Catarina queria apenas respostas.


                  _Minha mãe, tenho o direito de obter respostas!


                  Catarina olhava duramente para sua mãe, que arrumava os tapetes bagunçados no chão.


                  _Respostas? O que queres saber Catarina? Tu és uma criança, não tens o direito de saber nada. E também não há nada para saber! - Dona Clariana riu com o pedido da filha, porém, o desinteresse e a ligeira gozação, despertaram a fúria em Catarina.


                  _CONTE, VAI. TU ÉS UMA BRUXA? SE NÃO FORES, ESTÁS ENCOBRINDO PESSOAS AQUI QUE SÃO, E TU SABES DISTO! VAI, QUERO RESPOSTAS. TEM MEDO DE SER JOGADA NA FOGUEIRA? POIS É ISSO QUE ELES FAZEM! - Catarina estava descontrolada, ela queria de qualquer forma, respostas. Seus gritos provocaram a fúria também de sua mãe, que a calou com um violento tapa em sua face. Catarina então apenas olhou para sua mãe, que ainda estava agitada, porém, arrependida do que acabara de fazer a sua filha.


                  _Desculpe-me minha filha, perdoe-me por favor. Eu não queria, mas você estava gritando e...


                  _E ficou com medo de que os inquisidores pudessem estar próximos e escutassem. Mãe...o que esta acontecendo? Tu és uma bruxa? - Catarina aproximou-se de sua mãe, e colocou sua mão nos ombros de Dona Clariana, mesmo estando furiosa pelo que sua mãe acabara de fazer. Catarina era doce e bondosa. Não conseguia ficar com ódio nem raiva de ninguém, o que a fêz então dar carinho para sua mãe.


                  _Minha menina! Não Catarina, não sou, mas sou filha de uma bruxa! Isto é algo gravíssimo. Tão grave que nem o crime de bruxaria se compara a isto. A igreja crê que filhos e filhas de bruxas, são filhos do demônio. Catarina, se eles descobrirem o que sou, vão mata-lá menina. Irão tortura-la, farão coisas horríveis com você. Eu apenas serei atirada na fogueira, algo que já é tenebroso, mas você... Oh, minha Catarina! - Clariana colocou-se a chorar, pensando nos horrores que poderiam acontecer com Catarina, mas Clariana estava certa, a igreja era implacável. Catarina teria uma morte lenta e dolorosa. As torturas pareciam até rituais de tão monstruosas.


                  _Mas mãe, como a igreja não descobriu que você era filha de uma bruxa?


                  _Catarina, eu nasçi no feudo de Santa Lucía...


                  _Onde fica o castelo do rei....


                  _Sim, sim, não me interrompa mais!


                  _Desculpe-me, prossiga!


                  _Naquela época, eu ainda era uma menina, inocente, sem maldade e malicia alguma, assim como tu filha. Minha mãe era uma feiticeira, não bruxa... Bom, bruxas sim, fazem rituais com o demônio. São coisas horríveis. Feiticeiras fazem poções. Estão lado a lado com a natureza, gostam de se sentirem livres, apaixonadas. Adoram tudo que é verde, não fazem mal algum, pelo contrario, são doces, gentis, desprezam a bruxaria. Até então, naquela época o mito das feiticeiras era desconhecido pela igreja e pelo rei, porém no feudo, havia uma bruxa, minha tia Michaela, ela sempre odiou minha mãe, meu pai e eu. Michaela preparou seu plano perfeitamente. Ela sequestrou o filho mais novo do rei. Matou-o, tirando seus orgãos internos, e o mandou para o castelo daquela maneira. O garoto estava com seu peito aberto, rasgado. Um pergaminho estava enganchado perto do coração dele, que ela não retirou. No pergaminho ela falava que a morte do garoto, tinha ocorrido por meio de um ritual, feito por minha mãe e outros bruxos e bruxas. Bom, não preciso nem dizer o que aconteceu depois. O rei enlouquecido por vigança, mandou que levassem e queimassem todos. Pediu que até as crianças fossem levadas a ele. Porém minha mãe, antes de ser pega, deu-me a um casal de idosos, fora de suspeitas pelos guardas reais. Fui embora dali com eles. Eu então, por forma de rumores, soube que a igreja entrou nisto. Pegaram mais e mais pessoas, inclusive outros feiticeiros. Minha mãe e meu pai foram atirados na fogueira vivos. Minha mãe tinha sido torturada. Foi algo horrível Catarina! - Clariana deixou que seus devaneios a levassem de volta ao passado. Sem perceber, as lágrimas passearam por seu rosto.


                    _Mas mãe, e Michaela? O que aconteceu a ela? - Catarina estava assustada com a história narrada por sua mãe, mas a curiosidade ainda persistia.


                    _Bom, tia Michaela de alguma forma, escapou da fogueira, porém, seu ódio pela minha mãe ainda existia. E como ainda existia uma parte de minha mãe viva... Sua vingança veio para mim. Ela me achou aqui com o casal de idosos, porém, o que ela fêz, foi apenas contar para um agora ex-inquisidor, o que supostamente eu era, porém...


                    _Dom João Del Valle! - Catarina afirmou assustada.


                    _Sim, ele mesmo, mas Dom João nada fez contra mim. Apenas me fêz jurar que jamais eu sairia daqui, e me fêz casar com seu filho!


                    _O QUE? Meu pai...?


                    _Sim Catarina, seu pai era filho de Dom João. Tu és neta dele!


                    _Meu deus!


                    _Sim. Só que aqui, outras pessoas sabem de meu passado. Aqui sim, existem bruxos. Se eu contar aos inquisidores o que sei, não sei de onde virá nossa morte. Se virá dos bruxos com um ritual satânico, ou da igreja com bárbaras torturas. Eu apenas pressinto que a verdade não tardará em aparecer, e eu e você Catarina, estaremos no olho do furacão. Seremos as mártires. Nossas mortes serão as piores de todas, por qualquer uma das partes. Por isso, te peço minha menina, esqueça por enquanto esta história, para seu próprio bem.


                    _Mãe...isto é...inacreditável! Quem são os bruxos que vivem aqui? - Mesmo tendo noção do perigo, Catarina era curiosa, queria saber...


                    _Catarina não me faça essa pergunta, por favor!


                    _Mas mãe...


                    _Catarina chega!


                    _Mãe, por que nunca me disse ao menos que Dom João era meu avô?


                    _Seu pai nunca permitiu. Não queria que você tivesse contato algum, com um homem feito seu avô. Catarina, ele é mau, perverso. Só seu pai sabia das coisas horrendas que ele já fêz. Dom João então, nunca fêz questão que você soubesse, por amor ao filho que exigiu que ele nunca revelasse a você!


                    _Mãe, eu não tinha noção de tudo o que você me disse! Eu...haaa!!! - Catarina suspirou, era muita informação e revelação para um dia só. Ela sentou-se na cama, tentando colocar seus pensamentos em ordem. - Mãe, tem algo mais que preciso saber? Existe mais alguma revelação?

 

Fim do capítulo


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