Catarina de Navarro escrita por slytherina, jessica varela


Capítulo 2
Capítulo 2




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Catarina como de costume, levantou-se cedo para ajudar sua mãe a fazer as tarefas do dia, porém, algo jamais acontecido antes e inesperado ocorreu, o padre Emanuel de Aragão fazia uma visita por aquelas bandas, próximo ao vilarejo em que ela residia. Catarina estava no campo ordenhando os animais de sua mãe e escutara isto de crianças que ali brincavam.

_O que dizes garoto? - Catarina não acreditava, pois para receber a visita de um sacerdote religioso tinha de ser um senhor feudal ou um nobre burguês.

Geralmente visitas em regiões de vilarejos eram normalmente para resolução de algum assunto.
_É o que escutamos. Dizem que as visitas se iniciaram pelas terras próximas da casa de D. Antonio. Ouvimos também que estão especulando atos de bruxaria e satanismo.

Catarina estava surpreendida com esta noticia. Bruxaria? Ela não entendia muito desses assuntos, como é claro. Os ensinamentos religiosos e as instruções passadas pela igreja não esclareciam e nem explicavam sobre estes assuntos, considerados uma afronta à instituição. Sua mãe também jamais comentara sobre isto com sua filha.

Na casa dela, Dona Clariana sua mãe, viúva há alguns anos, senhora humilde que vivia com poucos bens herdados de seu esposo, era uma senhora gentil, porem misteriosa. Para todos os assuntos medicinais era consultada. Dona Clariana sabia para que serviam todas as ervas, e passara esses ensinamentos para Catarina. Não só ela, mas também outras pessoas daquele vilarejo, tinham conhecimentos desse tipo. Especulava-se até que alguns moradores valiam-se de oráculos para saberem o futuro, mas claro eram apenas especulações.

Dona Clariana já tinha conhecimento da visita do padre Emanuel. Catarina chegava em casa no instante em que Dona Clariana cochichava com sua amiga e confidente Dona Lauredana. Catarina ainda estava intrigada para saber ao certo como seriam atos e praticas de bruxaria. Esperou até que Dona Lauredana saísse para interrogar sua mãe.

_Minha mãe... o que seriam atos e praticas de bruxaria?

_Para que perguntas isto Catarina?

_Ouvi dizer que o padre Emanuel está pelas redondezas à procura de práticas de bruxaria e satanismo. O que seriam isto minha mãe?

_Catarina filha, não pergunte essas coisas, são assuntos que devem ser evitados, principalmente por uma menina moça e prendada como você.

_Mas mãe...

_Basta Catarina! Eu já disse. Assunto encerrado, e se a visita do padre alcançar esta casa, mantenha-se calada. Isto não é um pedido e sim uma ordem.

Catarina não entendia a fúria repentina de sua mãe, porém, aquela reação só aumentara a curiosidade de Catarina pelo assunto. Pensava a menina: “O que de misterioso e grave há nesse assunto?"

O pôr-do-sol já se se encostava aos campos mais distantes. Durante todo o dia Dona Clariana manteve-se inquieta. Catarina também notou que este assunto provocara também inquietação no resto dos moradores do vilarejo, coisa que jamais foi vista por Catarina ali, porém, a visita do padre Emanuel tinha se limitado às redondezas da casa do senhor feudal D. Antonio.

À noite não era um cenário apropriado para uma moça como Catarina andar por aqueles campos, mas ela precisava conversar logo com seu amigo Miguel, que já retornara da casa de seu parente adoentado. Miguel poderia saber algo sobre o assunto. Catarina não era uma moça tola, sabia que pela reação do povo do vilarejo e principalmente de usa mãe, da visita repentina do padre e a omissão de informações de sua mãe, que ali algo estava errado, porém, controlou sua ânsia de encontrar Miguel naquela noite mesmo. Catarina iria esperar o alvorecer.

O dia amanheceu como qualquer outro. Catarina apressou-se em fazer suas tarefas para ir logo para a casa de Miguel. Dona Clariana percebeu a agitação de sua filha. Mal imaginava que o assunto do dia anterior ainda persistia na cabeça dela. A mãe da mocinha imaginava que fossem apenas reações e inquietações da idade. Enquanto isto na casa de Miguel, ele ajudava sua mãe e seus irmãos a tecerem fios de lã, para que seu pai escondido revendesse em outros feudos.

Todos conversavam descontraídos, quando Miguel notou que a bela e amada Catarina se aproximava euforicamente. Catarina claro, estava ansiosa para tirar dúvidas, e ver o que poderia saber com seu amigo sobre bruxaria e satanismo, mas também a euforia se dava pelo fato de Catarina querer logo conversar e ficar perto de seu namoradinho de infância. Ela sentia por ele uma ternura, doçura e um apego muito grandes. Catarina esperou até que a mãe e o resto da família de Miguel entrassem em casa, para que ela pudesse iniciar o assunto.

_Miguel, como os aqui de sua casa receberam a noticia da visita de padre Emanuel?

_Catarina, minha mãe passou o dia andando de um lado para o outro esperando por meu pai. Quando ele chegou os dois foram para o quarto, e passaram horas conversando. Eles depois ao que me parecia estavam agitados e nervosos.

_Pois bem meu querido, creio que esta reação não foi só aqui em tua casa, mas todo o vilarejo reagiu desse modo, inclusive minha mãe, que aliás negou-se a responder o que seriam rituais satânicos e de bruxaria. Não achas estranho isto?

_Não sei o que pensar!

_O que tu sabes de bruxaria e satanismo?

_Catarina, sei que nem devemos pronunciar o nome.

_Ora Miguel, não me venha você também. Vamos, fala o que sabe de bruxaria! Satanismo! Você assim como eu, sabe que algum motivo deve haver para a reação deste povo!

_Fale baixo!

_Diga-me então!

_Feitiços, simpatias satânicas, coisas do demônio, Catarina. Evocação de coisas malignas. Encerramos este assunto. É por isto que a santa igreja condena estes atos!

_Qual seria então o motivo do medo da visita?

_Catarina, chega!

Catarina porem começava a juntar algumas informações em sua mente. Feitiços, simpatias, os rituais para a cura de doenças feitos pelo povo do vilarejo, mas algumas coisas ainda não se encaixavam para ela.

_Ei Catarina? Estás bem?

Catarina encarava o vazio com seus devaneios.

_Olá, estou só pensando em algumas coisas.

_Há coisas que precisam para o nosso bem, ficar sem respostas.

_Insinuas o quê Miguel?

_Nada! Apenas que devemos esquecer isto.

Catarina irritou-se com Miguel. Levantou-se às pressas dali e saiu em direção a sua casa.

_Volte Catarina! Vamos... desculpe-me se fui rude! - Miguel berrava, porém Catarina fez-se acelerar a passada.

A garota não entendia. Se a visita do padre era para evitar coisas malignas, então por que sua mãe havia ficado tão nervosa e irritada? Por que todos dali tiveram a mesma reação? Seriam bruxos os moradores do vilarejo? Simpatizantes de satanismo? Mas por que então todos eram devotos católicos? A cabeça de Catarina martelava. Dona Clariana seria uma bruxa?...


Fim do Capítulo

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