A Guardiã escrita por Alatariel


Capítulo 30
Além do que os Olhos Podem Ver


Notas iniciais do capítulo

Olha mais um capítulo aí geeeeente!
Muito obrigada às leitoras que deixaram reviews,eeloisa, A Mestiça,Jhenny Kauane, Elven Princess e Wiinshe Devon !
Espero que gostem!



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Os cavaleiros moveram-se na direção da Torre Negra de Isengard, Orthanc era seu nome e apresentava diversos significados na mais variadas línguas existentes na Terra Média.

Na língua dos Rohirrim seu significado era mais leve e sábio: Mente Esperta, já na língua dos altos elfos apresentava seu real sentido; e o propósito para qual fora criada à semelhança de Baradûr (a Torre Negra de Mordor), Monte Presa.

Gandalf parou diante da parede negra que erguia-se quase tão alto, que lhes doía o pescoço ao estica-lo para enxergar o topo, Merry estava junto de sua xará Mary, na garupa da moça não tinha uma visão muito boa do que se passava no topo da Torre.

Pippin tentava também, (muito embora em vão) enxergar por detrás das costas de Éomer, mas o que conseguiu foi escorregar da sela, voltou a endireitar o corpo pois não tinha a mínima vontade de cair nas águas que invadiram aquele local.

– Não se ludibriem pelas palavras doces e melodiosas que virão da boca de Saruman, ele há de tenta-los e precisarão resistir a sua enegrecida magia - alertou-lhes Gandalf de modo sério

Logo um ponto branco surgiu, contrastando com o negror das pedras das quais fora construída a comprida torre, o homem parecia frágil e delgado apoiando-se em seu cajado.

– Ora, ora! Salve rei Théoden, rei da Terra dos Cavaleiros! saudou numa voz áspera e tomada de rancor - Pena que vieste a mim com o coração tomado pelo ódio e decidido pela vingança.

– Forçastes esta situação Saruman! Nunca deveria ter-lhe permitido aproximar-se de minhas terras e de meu povo! - respondeu o rei

Outra figura aproximou-se de Saruman, encolhido como um velho corcunda e coberto com um manto tão negro quanto seus mortificados olhos, estes sim, negros como a morte.

– Gríma! - tornou a gritar o rei - Podes ter traído minha confiança, mas haverá sempre um lugar para você entre meu povo, se assim desejar.

– Eu quero, aceito... - murmurou baixo até para que Legolas pudesse ouvi-lo

– Cerre esta sua boca imunda! - oprimiu-lhe Saruman derrubando-o com um golpe ligeiro do cajado

Legolas chegou a ajeitar uma flecha no arco, pronto para dispara-la, porém Gandalf sinalizou que não o fizesse.

– Estou em nobre presença e nem ao menos dei-me ao luxo de comportar-me! - divertia-se o mago do alto de sua torre - Que falha a minha, não é? - abaixou-se fazendo uma reverência um tanto exagerada para Marianne Tens os olhos de sua mãe, Marianne Greyhood.

– Não sabe nada sobre ela - vociferou a jovem sentindo os nós dos dedos ficarem brancos conforme apertava mais as rédeas de Trovão

– Sei mais do que imaginas, pois também compareci a teu leito no dia em que vieste ao mundo - ao pronunciar tais palavras um fulgor de cobiça subia pelo corpo do mago, que como esperava, teve o olhar da Guardiã pousado em si

– Não caia nesta arapuca! Minha jovem, ele está apenas iludindo tua mente inexperiente no ramo da feitiçaria! - repetiu Gandalf

Meneando a cabeça, Mary sentiu os grilhões que a prendiam à Magia lançada pelo servo mais fiel a Sauron, soltarem-se de sua mente, forçou-se a erguer a cabeça.

– Não acredito em uma palavra dita por você! Posso ter os olhos de minha mãe, mas possuo também a benção de Erú Illúvatar, o que impede-me de cair nas teias traçadas por ti, Saruman! - cuspiu a moça enraivecida

– Se não aceitas o meu humilde respeito, posso dirigí-lo a uma figura não menos nobre que a sua, pois vejo que aqui temos o descendente de um rei. - desdenhou de Aragorn com uma risada triunfante

O Dunedáin limitou-se a desviar o olhar, sabia que não podia deixar-se abater por quaisquer coisas que aquele repugnante homem lhe dissesse.

– Pare de destilar veneno Saruman! Entregue-se e talvez tenha piedade de sua alma conspurcada! - advertiu Gandalf num tom nada amistoso

– Ora faça-me o favor! Achas que por que usas vestes tão brancas quanto as minhas, devo rastejar a teus pés como um verme imundo faria? Pois te enganas como a um tolo, Gandalf! Dispenso sua benevolência!

O mago estava tão absorto em ofender o antigo aliado, que nem ao menos percebeu a investida planejada por Gríma, que desatrela-la um punhal do cinto e acertou o mais velho no ombro, fazendo este arfar e curvar-se na direção da amurada, só a queda seria o suficiente para mata-lo.

Gandalf então não se opôs a atitude de Legolas, que acertara o peito de Gríma com uma flechada, o mago no topo de sua torre ergueu os olhos na direção de Mordor, sentindo que havia falhado para com seu mestre, despencou caindo de encontro a uma roda dentada.

Durante a queda, Saruman deixara cair de uma das mangas de sua longa túnica já não tão branca como na aurora dos tempos, uma pedra de aspecto circular, negra como as penas reluzentes de um corvo e um pouco agourenta.

Pippin apeou, indo a passos receosos na direção do estranho objeto, abaixou-se até ficar com os cotovelos submersos, levantando o globo negro na altura dos olhos.

Gandalf aproximou-se lentamente, Scadufax escoiceava as águas imundas lançando pingos de água fria em todas as direções, o hobbit ergueu os olhos para a figura a sua frente ainda um pouco relutante quanto ao que fazer.

– Dê-me isto Peregrin - pediu ele tomando o cuidado de não tocar no Palantír

– Devemos voltar a Edoras, Gandalf - falou Éomer auxiliando o hobbit a montar novamente

– É claro meu nobre rapaz, a pressa será necessária para nós neste momento - assentiu o mago virando-se para sair

***

Montaram um pequeno acampamento ao anoitecer, não ousaram montar tendas pelo fato de não estarem em terras tão seguras e não desejarem chamar atenção de seres indesejados.

Marianne observava o emaranhado de constelações que esculpiam o ceu, nunca vira estrelas tão belas e tão próximas quanto aquelas e mais tarde viria a descobrir que não as veria em mais nenhum local.

Legolas aprochegou-se sentando-se ao lado da jovem, apoiando os cotovelos nos joelhos, como costumava fazer quando saía às escondidas durante a noite, isto quando era apenas um garoto.

– No meu mundo, nunca havia visto estrelas como estas - murmurou Mary virando-se para o elfo

– São estrelas que pertencem a este mundo, muito embora possam ser vistas do seu mundo quando em local aberto, livre das luzes da cidade. - respondeu-lhe apenas

– Não me sai da cabeça o que Saruman disse sobre minha mãe - o jovem deitou-se no peito de Legolas enquanto este lhe acariciava os cabelos

– Não deves pensar nisso - aconselhou o filho de Thranduil

Ficaram em silêncio por alguns instantes, Legolas sentiu o corpo da moça relaxar pensando que esta havia dormido.

Afastou-lhe os cabelos castanhos da face, curvando-se sobre o corpo esbelto da jovem Guardiã, o susto foi grande quando ela escancarou os grandes olhos verdes com um sorriso dançando nos lábios.

Puxou Legolas pela nuca dando-lhe um beijo fervoroso, o elfo demorou a compreender o que se passava, ainda estarrecido com o modo de abordagem de Mary, sustentando-lhe o corpo sobre a relva macia.

Separaram-se quando lhes faltou oxigênio, ofegantes e um pouco risonhos os dois tornaram a olhar as estrelas sobre suas cabeças.

– Quando foi que eles...assumiram compromisso? - questionou Merry a Aragorn enquanto este fumava um pouco de fumo da Quarta Sul

Os companheiros de viagem presenciaram a cena que o casal protagonizara.

– Quando estávamos em Helm - respondeu o Dunedáin

– Fico feliz por eles - murmurou Pippin

– Mas podiam nos poupar de certas cenas - grunhiu Gimli vendo que o casal aproximava-se

Peregrin estava muito quieto e parecia não concentrar-se em nada do que os outros falavam, os olhos estavam turvos e presos em Gandalf que movia-se para cá e para lá dando ordens e instruções.

– Pippin? - chamou Marianne sentando-se ao lado do hobbit - Você parece distante.

– Hã, é um pouco de cansaço, apenas isso - deitou-se na relva dando as costas à moça

– Tudo bem, não vou ficar incomodando você. - a Guardiã já levantava-se quando Pippin agarrou-lhe o pulso

– Desculpe, acho que algo está mexendo com a minha cabeça - pediu com um sorriso

– É melhor que descanse mesmo - aconselhou a jovem afagando os cabelos desgrenhados do hobbit

O silêncio completo era apenas interrompido pela sinfonia de alguns grilos e o coaxar de sapos às margens do Isen, todos dormiam, apenas Peregrin Tûk teimava em não deixar que o sono aproximasse-se dele.

A verdade era que o Palantír de Isengard lhe causara imensa curiosidade e um pouco de cobiça, assim como o anel fizera com seus possuidores.

O hobbit caminhou a passos tortos na direção de Gandalf, que devido à falta de claridade parecia ser uma massa branca e disforme sobre a relva escura.

O Mago trazia entre os braços, num abraço apertado um embrulho redondo, mas o que de fato assustou Peregrin fora o modo como Gandalf dormia.

Estava de olhos abertos, embora estes não apresentassem foco, apenas olhassem para o nada, como se estivesse em permanente vigília.

– Pippin, o que vai fazer? - a voz quase fê-lo cair sobre o corpo desfalecido de Gandalf, virou-se e distinguiu a silhueta de Merry

– Preciso dar uma olhada nisto novamente - respondeu confiante

Hobbits têm mãos leves e ágeis, sendo assim, Peregrin não teve dificuldades em trocar o Palantír por uma jarra de aspecto arredondado, ajeitando esta entre os braços de Gandalf.

Desamarrou os toscos nós feitos na manta cinzenta que encobria o objeto, descobrindo-o e o admirando como o predador admira a presa. Pressionou os dedos contra a frigidez negra, estremecendo de leve.

Foi engolfado por uma descarga de informações e perguntas, gemeu e arquejou caindo de costas contra a grama, Merry gritara por socorro acordando boa parte do acampamento.

Aragorn correu na direção do pequeno, temendo que este não
conseguisse resistir a tamanho poder, agarrou o Palantír com ambas as mãos, porém quase pereceu como ocorrera com o pequeno hobbit.

O globo negro rolou na relva, sendo refreado apenas quando Gandalf jogou sua manta por cima deste, forçando-o a parar.

Marianne já sustentava a cabeça de Peregrin em seu colo acariciando lhe os cabelos e sussurrando algumas palavras reconfortantes, mas o Pequeno parecia em estado de choque.

– Pippin! gritava Meriadoc em desespero

– Tûk tolo! Olhe para mim! - pedia Gandalf em tom autoritário, tomando as mãos do hobbit nas suas

Ele obedeceu, arquejando e virando o rosto miúdo e angustiado para o mago, gotas de suor escorregavam-lhe pelas faces coradas.

– G-g-gandalf...

– O que você viu? - insistiu o Istari

– Gandalf, ele sofreu um choque muito grande, está assustado... interviu Marianne

– Ele precisa falar. - declarou o mago

– Eu vi...uma árvore branca...envolta em chamas - contou Pippin - uma cidade em declínio...

– Gondor... - murmurou Aragorn

- O que mais?

– Eu o vi! Ele estava em minha mente, o olho... - agarrou-se a Mary enterrando a face nos cabelos castanhos da moça

– O que ele perguntou? Responda! - Gandalf parecia impaciente

– Perguntou meu nome, não respondi, perguntou sobre o anel...

– Disse algo sobre Frodo e Sam? - Aragorn questionou

– Não.
 


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews! Não me abandonem!
Beijos!



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