A Guardiã escrita por Alatariel


Capítulo 3
Passeio


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de tensão e romace, as coisas começam a ficar estranhas em Green Valey e Mary começa a achar que algo está errado.



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- Realmente dizia meu pai enquanto degustava a torta que minha avó fizera nunca conseguiria fazer uma torta tão deliciosa.
Hum! Deliciosa! repetiu Ali que se lambuzara toda com o recheio
Nem sabe como senti falta disso vó suspirei
Papai, depois eu posso ver os cavalos? perguntou Alicia
Depois que sua irmã limpar seu rosto riu-se ele antes que as formigas te ataquem.
Vem Ali chamei pegando-a pela mão vamos até o banheiro para podermos ver os cavalos.
Descemos a escada e nos dirigimos para os fundos da casa, os estábulos não ficavam muito distantes.
Entrei no grande galpão e dei de cara com um garoto de macacão azul que limpava uma das baias.
Mark? perguntei me aproximando
Ele se virou com aquele lindo sorriso estampado nos lábios, os cabelos negros estavam mais compridos, na altura do queixo, desfiados e rebeldes, como eu lembrava.
Os músculos ficaram mais definidos nos últimos anos e ele parecia relativamente mais alto.
Mary ele riu e me abraçou Ah me desculpe, eu tô completamente sujo e... Nossa você tá muito bonita!
Ah, obrigada eu ri senti muito a sua falta. Ali puxou meu vestido Esta é minha irmã Alicia.
Oi Alicia ele estendeu a mão e Ali a apertou timidamente
Oi.
Tem alguém que sentiu a sua falta Mary disse Mark olhando de canto para uma das baias
Uma cabeça negra projetava-se para fora, o alazão não possuía nenhuma mancha de outra cor em sua pelagem, era negro como a noite.
Trovão! corri na direção da baia e afaguei a cabeça do cavalo
Ele ficou inquieto nos últimos dias, acho que sentiu que você estava vindo comentou Mark
Esse é seu cavalo? perguntou minha irmã
É peguei-a no colo para que pudesse acariciar lhe a cabeça Trovão esta é a Ali, Ali este é Trovão.
Oi Torvão! ela sorriu posso montar?
Se importa de colocar a sela nele para mim? olhei para Mark
Claro que não ele se virou pegando uma sela em um armário vai ser um alívio para ele correr um pouco.
- Continua trabalhando aqui com seu pai? perguntei enquanto Mark ajeitava os estribos
- Sim, sua vó tem sido muito legal, pagando meus estudos ele sorriu tirando o cabelo dos olhos gosto de trabalhar aqui.
- Que bom. eu sentira mesmo falta de Mark, nos últimos tempos só tínhamos nos falado pela internet e isso não mata a saudade de ninguém
- Pronto disse-me ele ainda se lembra de como montar?
- Acho que sim olhei para Alicia e sorri
Coloquei um dos pés no estribo e alcei a perna por cima da sela, cavalgar de vestido não era nem um pouco confortável, mas eu não tivera tempo de trocar de roupa, então seria daquele jeito mesmo.
- Me alcançaria a Ali, por favor? pedi para Mark que a levantou como se não pesasse nada
- Vamos, vamos! pediu ela ansiosa
- Obrigada por tudo Mark eu sorri e se puder, venha conosco.
- Vou pedir permissão ele olhou-me nos olhos e suspirou me espere perto do lago.
***
Meus cabelos esvoaçaram, a velocidade e a sensação de liberdade eram fortes e vivas. Meu sangue fervia, minha respiração acelerou, era como se eu e Trovão fossemos um.
Alicia agarrava-se firme nas rédeas, ela estava um tanto quanto receosa, mas logo após alguns minutos começou a se soltar.
Desci uma pequena colina e diminui o trote ao me aproximar do lago. Contornei-o e parei próximo de uma macieira.
- Divirta-se um pouco garoto falei deslizando a mão pelo focinho do alazão
Ele mirou-me nos olhos como se quisesse dizer algo, mas logo depois se afastou.
- Olha mana! gritou Alicia apontando para o topo da colina, onde Mark surgia montado em um cavalo marrom que reconheci como Pheb
- Dona Meg me liberou disse-me soltando o cavalo que fora se juntar a Trovão
- Aonde quer ir, Ali? perguntei pegando-a pela mão
- No lago respondeu sorridente, os cabelos loiros caindo pela face
- Ok, só não chegue muito perto da beirada.
Sentei na grama e escorei a cabeça no tronco da árvore, inspirando profundamente.
- Tinha me esquecido que o cheiro do campo é tão diferente do da cidade comentei
Mark arrastou-se para meu lado e afagou as costas da minha mão.
- Não se esqueceu de mim não é? perguntou fitando meu rosto
Eu e Mark nunca tivemos nada, mas ainda sentia aquele frio na barriga quando estava perto dele.
- Não respondi
Ele se aproximou mais de mim e tocou meu rosto, puxando-me para perto.
- Mark protestei afastando-o devagar não vamos estragar nossa amizade tá? Além disso, eu mal cheguei.
Tem razão concordou ele estou apresando as coisas.
Você tem ido ao bosque? perguntei casualmente
Um breve tremor percorreu o corpo de Mark e sua expressão mudou para um tom preocupado.
Aconteceram umas coisas esquisitas lá, desde que você foi embora respondeu tornando a me olhar
Que tipo de coisas esquisitas Mark?
TEMPESTADE
Ele não respondeu também não me olhava mais e sim para algum lugar além de mim; seus olhos castanhos estavam arregalados e ele parecia em choque.
Virei-me, o bosque projetava-se alguns metros atrás e uma enorme nuvem negra avançava por cima dele, trovões e relâmpagos prevaleciam.
- Mas o que... balbuciei
- Vem! Mark se levantou puxando-me pela mão Chame sua irmã e pegue Trovão, precisamos dar o fora daqui!
- Ali! gritei e ela veio correndo ao meu encontro
- Mana tô com medo choramingou
Encostei as mãos em forma de concha nos lábios e soprei com força, Trovão surgiu trotando, aquele era nosso sinal.
Montei e Mark ajeitou Alicia na sela junto comigo.
- VAI! gritou ele
- Mas e você?
Estou logo atrás! respondeu agarrando Pheb pelas rédeas
O vento assoviava por meus ouvidos, o cheiro de terra molhada rondava os limites da fazenda, juro que em meus dezesseis anos de vida nunca vira pior tempestade.
Soltei Trovão na entrada dos estábulos e Mark veio trazendo Pheb.
Vai para casa pediu ele eu só vou arrumar os cavalos.
Assenti e corri na direção da casa.
Céus! disse vovó ao nos ver entrando O que há com vocês duas?
Uma tempestade respondi desabando na poltrona e das grandes, próximo do bosque.
Do bosque? questionou meu pai segurando Alicia firme nos braços
Elas têm sido cada vez mais comuns comentou minha avó sentando no sofá ao meu lado Onde estão Mark e Joe?
Lá fora respondi fechando a janela
Na cidade também está assim comentou meu pai pensativo os tornados nunca chegaram a atingir a casa?
Graças a Deus, nunca ela olhou pela janela porém, não sei por quanto tempo continuará deste modo.
Dona Meg Joe e Mark entraram esta vai ser das grandes!
Eu percebi vovó suspirou vocês dois vão dormir por aqui hoje.
Mas D. Meg protestou Joe
Não me venha com Dona Meg, Joe repreendeu Não vou deixar vocês dois para fora com uma tempestade deste tamanho ameaçando a fazenda.
Vó falei intrometendo-me não deveríamos fechar as janelas lá de cima?
Claro meu bem concordou ela você e Alicia vem comigo, Robert, Joe e Mark terminem de fechar este andar.
Subimos apresadas, os degraus da escada, Ali foi com minha avó na direção de seu quarto e eu abri outra porta no extremo oposto do corredor.
Liguei a luz e corri para a janela, o quarto já começara a se encher de folhas. Fechei-a ruidosamente e me virei para sair.
Ergui os olhos para a parede oposta a da porta e me deparei com um quadro antigo, um pouco gasto pelo tempo.
Aproximei-me devagar e paralisei quando percebi que o casal no retrato era meu pai e minha mãe, felizes e abraçados, ambos sorrindo.
Olhei ao redor, tinha certeza de que aquele era o quarto em que minha mãe ficara, embora tivesse sido pintado de lilás recentemente e a mobília fora trocada.
Uma lágrima solitária escorreu por minha face, me ajoelhei aos pés da poltrona na qual meu pai passava as noites zelando pela saúde de sua amada.
Enterrei o rosto no tecido macio e chorei...
***
Joguei um pouco de água fria no rosto, meus olhos inchados iriam me denunciar, estava quase certa disso.
Respirei fundo e desci a escada em direção à cozinha, podia ouvir a voz de meu pai e de minha avó.
Filha, onde é que você estava? perguntou meu pai, ele temperava um enorme pernil de porco
Visitando os quartos lá encima respondi com os olhos no chão
Querida vovó pegou-me pelo braço por que não toca uma música para nós?
Claro concordei sorrindo fraco só tenho que buscar...
Já peguei para você respondeu Mark estendendo meu violão
Obrigado.
Sentei-me encima da mesa e apoiei o violão junto ao corpo, dedilhei as cordas e comecei a cantar Someone Like you da cantora britânica Adele.
Lindo, Mary disse minha avó aplaudindo
Você tem um dom menina sorriu Joe
Eu apenas gosto do que faço respondi sem jeito
***
Continua com as aulas de música? perguntou Mark enquanto arrumávamos a mesa
Sim, e também com as de esgrima eu ri lembra-se vez em que fomos tentar treinar com aquelas tábuas de madeira?
- Ah eu lembro! respondeu rindo Meu pai levou algum tempo para consertar a janela da sala.
O pernil está pronto! anunciou meu pai
Hum! Que bom! comemorou Alicia Achei que o porco tinha fugido.
Todos riram.


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Notas finais do capítulo

Comentem please!