Premonição: Caçada Insana escrita por PeehWill


Capítulo 6
Sintonia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo postado. Espero que gostem!
Aproveitem!



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As três: Miranda, Violet e Loren pararam de frente à porta da casa de Luther. Antes de Loren perceber a campainha próxima da porta, bateu três vezes. Miranda riu, mas ficou séria assim que viu a imagem do seu soldado grego. Ela tremia. Que merda de sensação é essa? O loiro só conhecia a garota de cabelos negros e a “louca” que o tirara do acidente da rodoviária.

Ele encarou-as por alguns segundos, então quebrou o silêncio mortal:

— O que vocês querem? — Estava com um rosto cansado e nada simpático.

— Não temos muito tempo. Você precisa nos ajudar. — Miranda criou coragem para falar.

Ele hesitou consigo mesmo em acreditar mais uma vez naquela garota. Da primeira vez ele não acreditou nela, mas saiu do ônibus porque ela havia jogado suas bagagens para fora do veículo. E toda a tragédia aconteceu. E ele não morreu. Se não fosse por ela ele não estaria ali, para ver tudo desmoronar: sua relação com Dave piorar, Leona e seu parceiro Chris morrerem... Ela poderia ter reduzido meus obstáculos à zero. Eu poderia não estar vendo tudo isto acontecer, para poder consertar. Ela me salvou e me deu uma última chance de recuperar o tempo perdido. Então deixou que ela falasse o que quisesse falar, era o mínimo que ele poderia fazer por ela.

Eles se encaminharam até a garagem. Então ele se recostou no capô do carro e viu a garota de cabelos negros fazer o mesmo. Ele a olhou e lembrou que ela era a perdida da rodoviária, a mesma que Chris ajudou naquela noite.

— Podem começar. — Ele sentia-se entediado, mesmo sabendo que poderia ser importante.

— É sobre a Drew, minha irmã... — Miranda começou a falar e o viu revirando os olhos, revelando total desinteresse. —... E sobre Dave, seu irmão. — Esta parte, Miranda sabia que o interessava, mesmo sabendo da relação nada serena dos dois.

— O que tem ele? — Fingiu não estar preocupado. — Não vem dizer que é sobre aquele lance da Drew não estar preparada e...

— Não! — Miranda sentiu vontade de reprimi-lo por falar aquilo. Era Drew. Era sua irmã que estava em jogo. — Não é sobre isto. A propósito, já estou cansada disso! É algo muito mais complexo.

— É melhor dizer logo. — Ele bufou, estava começando a ficar impaciente.

Miranda ficou de frente a ele. Seus membros ainda tremiam.

— Eles correm perigo! — Não hesitou em dizer, decidira ser direta e acabar de vez com a embromação.

— Como é que é? — Luther teve de perguntar aquilo, queria ter certeza do que acabara de ouvir. — Meu irmão corre perigo? Ahr! Ele sabe se cuidar... Como se chama?

— Desculpe minha má educação. Meu nome é Miranda.

— Então... Ele sabe se cuidar, Miranda. Além disso, ele tem alguns problemas com gangues, ele vive se metendo neste tipo de confusão. Ele é constantemente marcado pelos membros das gangues. — Luther brincou.

— Desta vez ele está na mira da própria morte. — Loren soltou num rompante, espantando o rapaz.

Miranda explicou tudo à Luther. Fora um resumo breve, de fácil entendimento, mas não sabia que havia acabado de deixar um nó na mente do rapaz. Para ele, o resumo não tinha adiantado nada.

— Ainda não consigo entender... Lista da morte? Você quer dizer que todos nós vamos morrer. É isso? Deve estar de brincadeira.

— Você quer mais prova do que a que temos? Quatro pessoas que saíram antes do acidente do ônibus acontecer, morreram em acidente macabros. Acreditando ou não, seu irmão corre perigo e você precisa nos ajudar. Onde podemos encontrá-lo? — Violet perguntou, decidida de uma vez por todas acreditar em Miranda.

— A Drew falou algo relacionado a alpinismo. Ele costuma fazer alpinismo? — A morena perguntou, um pouco preocupada com o tempo que estava passando.

— Sim. Quase todos os finais de semana ele saia com uns amigos dele pra praticar escalada em uma cadeia de rochas fora da cidade. — Luther conseguiu lembrar.

— Você sabe onde é o local exato? — Violet perguntou.

— Claro que eu sei.

— Não temos muito tempo. Loren, você pode ir com ele? — Miranda olhou-a.

— Sim. Fica tranqüila. — Loren sentia o nervosismo na colega. — Você vai atrás da sua irmã?

— É. Vou com a Violet! Fiquem bem, por favor! — Ela gritou, antes de descer a rua às pressas com a ruiva pintora.

Luther pegou a pick up e a ligou. Loren entrou e o carro acelerou rua acima. Se Miranda estiver certa, Luther saberá onde encontrá-lo e poderá impedir a morte de tomar sua vida. Vou confiar em você, Miranda.

x-x-x





A bicicleta de Violet ia a toda velocidade na rua. Ela era mestra quando se falava naquele tipo de condução. Conseguia desviar facilmente dos carros e dos veículos de maior porte. Miranda estava na garupa, ela sentia o vento bater em seu rosto e por um segundo achou nada estava acontecendo. Pena que foram somente alguns segundos. Violet pedalava rapidamente, ela sempre costumava andar de bicicleta, principalmente ao redor do lago. Ela morava na cidade tempo o suficiente para desfrutar das belezas do lugar, mas não conseguia se entrosar facilmente com as pessoas. Só as telas de pintura. Enquanto pedalava ela tremeu, lembrando do que poderia acontecer a Drew... No que poderia acontecer à Miranda. Ela pensava em qual era o momento certo para dizer o que sentia pela amiga. Depois de tudo, ela irá saber o que eu a amo. E continuou pedalando como se não houvesse amanhã. O foco era Drew.

Elas chegaram de frente ao teatro onde Drew costumava ensaiar, segundo o que Miranda sabia. Violet deixou sua bicicleta com uma corrente no estacionamento e as duas se dirigiram até a entrada do enorme prédio de uma arquitetura exuberante. Ainda mais quando o sol batia na fachada do lugar.

As duas entraram, avistando um vigia. Ele olhava sério para as duas. Assombroso. Pensou Violet. Então, as duas continuaram caminhando até chegar a um enorme saguão. As pinturas nas paredes hipnotizavam a ruiva, que contornava seus dedos finos sobre elas. Estava maravilhada.

— Violet, acorda! Precisamos encontrar a Drew! — Miranda a puxou, despertando-a do transe.

Elas chegaram até o enorme salão principal, onde os shows teatrais realmente aconteciam: tinham várias poltronas, muitas mesmo. Além de o palco ser muito espaçoso. Era tudo requintado e lindo. Estava um pouco escuro, mal se via os detalhes do lugar.

— Como pode ela não estar aqui? Ela sempre vem ensaiar aqui.

As duas ficaram paradas, olhando para todos os lados, tentando enxergar naquela escuridão. De repente uma mão tocou o ombro de Violet, que soltou um gritinho abafado. Seu corpo todo gelou. Miranda viu o rosto assombroso na escuridão parcial. Era o vigilante.

— O que vocês estão procurando? — Sua pergunta foi inevitável.

— É que minha irmã deveria estar ensaiando aqui, mas pelo que vejo nenhum dos atores vieram hoje. — Miranda olhou novamente para o palco.

— Ah! É por isso? Eles estão ensaiando no galpão dos fundos do teatro. Vocês chegarão até lá se forem por aquele corredor. — E apontou com o indicador qual caminho elas deveriam seguir.

— Muito obrigada. — Miranda agradeceu.

Violet engoliu em seco e seguiu Miranda. Assombroso. Concluiu seus pensamentos.




x-x-x

A pick up seguia veloz pela estrada que dava na saída da cidade. Luther estava de olhar fixado na estrada, enquanto Loren estava com a cabeça recostada no vidro da janela. Ela via a vegetação passar rapidamente por ela, enquanto algumas casas ainda eram vistas. Ela olhou disfarçadamente para o loiro, que permanecia sério. Pode não parecer, mas ele está preocupado. Loren percebia aos poucos que mesmo que aparentasse não ter acreditado delas, o rapaz estava com uma ponta de preocupação sobre o irmão. Pelo que ouvira de Miranda este tempo, ela já tinha uma suposta dedução sobre seu comportamento quanto ao irmão, eles tinham pais separados. Ela conseguira deduzir isto, antes mesmo de saber eles tinham realmente pais divorciados.

Então, o rapaz resolveu quebrar o gelo:

— Você a conhece desde quando? — Ele não tirava o olhar da estrada em nenhum momento.

— Quem? A Miranda? Tem um tempo já. — Loren queria se privar de mais revelações sobre seu passado. Já era demais saber que sua mãe estava morta e que ela tinha possivelmente herdado sua “maldição”.

— Você engoliu essa coisa de lista da morte? Que imaginação fértil aquela garota tem. — Luther debochou, suas dúvidas e desconfianças sobre Miranda haviam voltado.

— Você está completamente enganado. Era para ela não ter acreditado em mim. Era para ela ter achado que minha imaginação que era fértil. — Loren resolveu falar. Talvez assim, expondo sobre si, aquele pobre rapaz acreditasse nela.

— Então quer dizer que...

— Sim. Fui eu quem contou tudo isto a ela. — A jovem voltou a olhar para a janela. — Toda a verdade.

— Olha. Eu não vou te fazer nenhum interrogatório, está bem? Vou deixar tudo como está. — E silenciou.

Mas antes de olhar de volta para a estrada se espantou. Loren soltou um grito abafado com sua mão. Uma ave havia se chocado contra o pára-brisa do carro, com violência. Com tanta força que seu sangue ficou no local e a ave rolou até o acostamento. Luther freou instantaneamente, mas voltou a acelerar depois que o susto havia passado. Loren tremeu no assento e os dois se entreolharam. Logo ele voltou a olhar para a estrada, desta vez, mais atento do que nunca.



x-x-x

Drew estava de frente à colega de teatro, Cady. As duas tomavam água antes de começarem o ensaio. Havia mais alguns atores ali. Drew estava nervosa. Aquele era o último ensaio antes da tão esperada estréia. Seu sonho estava prestes a se realizar, seu primeiro espetáculo. Ela sorriu para si mesma, convencendo a si própria de que tudo ficaria bem, e que tudo daria certo para ela. Mas ela só não entendia uma coisa: Como conseguia criar máscaras para si? Como ela conseguia se esconder atrás de vários rostos e atitudes? Seria o teatro facilitando as várias máscaras que consegue usar? Por que ela fugia de si mesma? Tudo aquilo pesava em sua mente, enquanto ela tentava se concentrar para começar o ensaio.

— Vejo que não consegue começar do início, não é? — Cady levantou-se de um pequeno banco que havia ali.

— É... — Drew tremeu, olhando para todo o galpão vazio e antigo.

— Então, porque você não ensaia primeiro a “ventania”? — E apontou para o ventilador. — Eu e as meninas vamos lanchar. Você vai ficar bem sozinha?

— Claro que vou. Vão lá. — E sorriu, abraçando a amiga.

Drew viu os amigos saindo e fechando a porta do galpão. Olhando para o lado ela conseguiu ver o enorme ventilador que serviria de suporte para seu ensaio e conseguintemente, a sua apresentação da peça. O ventilador aparentava ter mais de oito metros, realmente era um ventilador muito potente e poderia simular uma enorme ventania. Drew precisava da ventania para a cena em que ela estaria sozinha passeando no parque, simulando a chegada de um furacão, isso a “mataria” na cena, e ela se distanciaria de seu amor para sempre.

Ela respirou fundo. Isso, antes de sentir um forte frio entrar por uma grande janela ali próxima. Da mesma vinham os raios solares que iluminavam todo o local. O estranho e irônico era que a janela estava fechada. A jovem começou seu ensaio, primeiro passando as falas, antes de poder ligar o objeto:

— Vivo neste mundo, tão solitária... Escondo-me atrás de uma máscara invisível, nela guardo todos meus sentimentos ruins e enquanto eu durmo, ela os deixa escapar. Eles invadem meus sonhos e os transformam em pesadelos... Ele só me trouxe azar! — Ela continuou dizendo suas falas com vontade, como se já estivesse na grande apresentação de estréia.

O galpão ecoava sua voz e a transformava na música de fundo. Daquele ambiente misterioso e assustador.




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Dave olhou para o sol, que batia em seu rosto sem dó. Um sol escaldante e impiedoso. Assim está perfeito. Ele fincou o gancho do equipamento, em outro suporte. O gancho que estava junto do cabo que o sustentaria enquanto estivesse escalando. Ele o deixaria suspenso caso algum deslize acontecesse. Repentinamente Drew veio à sua cabeça, mostrando a sua real indignação. Ele lembrou-se de súbito do que Luther falara para ele.

— Ela não estava pronta! — Ele gritou. E quando percebeu o que tinha feito, olhou para todos os lados, na esperança de não ter ninguém para vê-lo daquela forma.

Bufando o loiro deus os primeiros passos, erguendo a mão. Com o sol ainda fervilhando seu corpo. Ele iniciou a escalada, ainda com Drew em seu pensamento. É. Hoje à noite eu tenho que tomar uma única decisão. E convencido de que tomaria a mais difícil de todas as decisões, continuou seu objetivo, chegar até lá em cima, no topo da cadeia de rochas daquela parte da floresta.

Já estava quase chegando, já estava próximo de conquistar seu objetivo. Mas algo fez o jovem tremer. Ele sentiu um forte vento passar por ele, quase o fazendo soltar a rocha que segurava. Suando muito ele olhou para os lados e suspirou. O clima continuava o mesmo, o sol ainda estava escaldante. O sol está me fazendo ter delírios. Continuou sua subida, certo de que nada mais o atrapalharia. Nem mesmo Drew. Mas algo o importunou novamente, eram gritos e chamavam seu nome. Ele olhou para baixo pausadamente, muito vermelho. Era seu irmão, Luther ,e ele estava acompanhado de outra garota, uma garota que ele aparentemente não conhecia.

— O que vocês estão fazendo aqui? Quero dizer, o que você está fazendo aqui? — E olhou diretamente para Luther, que apenas o olhou furioso.

A garota de cabelos negros que o acompanhava pronunciou:

— Dave é seu nome não é? Não precisou de muito tempo pra eu perceber a relação de vocês! — Ela gritava, tentando fazer com seus gritos chegassem até onde o jovem estava.

— O que você está tentando fazer? — Luther não estava entendendo nada do que a garota falava.

— Eu e seu irmão estamos aqui para te fazer descer daí! Não por mim, mas por ele! — Ela continuou gritando, desta vez mais próxima.

Dave não entendia nada. Sua mão escorregava aos poucos da rocha, mas ele estava ocupado demais prestando atenção nos dois lá em baixo.

— Descer? Não! Eu quero escalar esta droga! Eu quero esquecer tudo! Tudo! — E continuou com sua subida, agora decidido a ignorá-los a todo custo.

— Dave! — Desta vez quem gritou foi Luther, certo de que o seu irmão lhe daria ouvido, mesmo com tudo.

Dave fingiu não escutar. Continuou subindo, mas atento ao que o irmão queria dizer.

— Desculpa! — Fora duro para Luther dizer aquilo. Ele guardava certas mágoas do irmão.

— Desculpas? Pelo quê? — Dave estava espantado de incrédulo.

— Por tudo. — Luther se aproximou ainda mais.

— Espera aí! Por que querem tanto assim que eu desça daqui? Eu só quero conseguir escalar até o fim. Não precisava deste drama todo... — Pensou muito bem no que dizer, mesmo com a insensibilidade. — Isto tudo é preocupação? Você sabe que eu já escalei várias vezes. Eu tenho prática.

Luther sentia-se o maior tolo do mundo. Não precisava ter feito aquela cena toda, sentia-se muito dramático. Estou parecendo uma garotinha, arg! Seu irmão estava bem, sua desconfiança do que a garota falara aumentou. Por um segundo ele olhou para ela.

— Você está vendo? Não precisou disso tudo! — Ele tentara achar um motivo para culpar a garota por tê-lo feito ir até lá e ainda ter que convencer o irmão.

— Dave! — Loren correu, ignorando completamente o que ele havia acabado de dizer.

Luther olhou para trás.

— Para com isso garota! Já chega! — Luther deu alguns passos e então parou. Ele queria convencê-la do que ela falara antes estava errado, de que ela estava errada. Dave estava bem fisicamente, eles não teriam nada a temer.

— O abutre! — Ela gritou. — Dave o abutre!

Dave olhou rapidamente para o lado, em um galho alto na copa de uma árvore. O abutre o encarava, ele parecia ser seu novo alvo. Ela já estava na mira. Então a garota começou a jogar pedras no animal, tentou com toda a força que podia. Mas nenhuma delas o acertou. E ele voou, na direção do alpinista.

Luther correu, ignorando a grande poeira que acabara de subir com uma forte ventania. Ele viu o abutre indo na direção de Dave. O loiro que estava pendurado ao cabo tentou acertar a ave com uma braçada, mas não fora o bastante para espantá-la e a ave passou pelo seu rosto, rasgando-o com violência. Um pouco da pele de Dave havia ficado nas unhas do animal e o alpinista gritava de dor.

Sem poder enxergar por conta dos olhos comprimidos, ele não teve tempo de segurar em mais nada, sua mão deslizou e ele sentiu o forte vento bater em seu rosto ao perceber que estava em queda livre. Repentinamente ele sentiu um alívio, não havia se chocado contra as rochas, ele ainda estava em pendurado, sustentado pelo cabo. Luther parou de correr já próximo à parede de pedras, ele olhou alguns metros para cima e viu o irmão.

— Você está bem? — Chamou a atenção do irmão.

— O que você acha? — O alpinista passou a mão sobre o enorme ferimento em seu rosto, uma grande marca de garras, que deixava um pouco de sangue escorrer pela sua face.

Loren jogou uma última pedra no animal que ainda voava e esta o acertou em cheio. Ele girou e se chocou contra uma árvore. Não fora mais visto. Ela limpou as mãos e observou a reação dos dois.

— O que está esperando? Tira ele daí! — Loren falou, se aproximando mais um pouco.

— Eu vou descer... — Dave disse, apoiando um dos braços no cabo.

Ele escutou um estalido, um barulho mais suave, mas o incomodou. Ele olhou para o cabo e o viu partir, o deixando sem escolhas, a não ser ir de encontro às rochas. Seu corpo foi caindo, até encontrar o chão com força. Ele sentiu o baque todo nas costas e a dor era insuportável. Havia quebrado alguns ossos.

— Dave! — Luther estava mais próximo, então tocou o braço do irmão. — Eu vou te tirar desta, meu irmão... — Então viu um último olhar do alpinista.

— Ai meu Deus! — Loren soltou num rompante, então viu tudo aconteceu ligeiramente.

Luther olhou para cima e viu uma enorme rocha se desprender e vir em sua direção. Ela vinha com uma velocidade incrível. Com um impulso ele conseguiu agarrar seu irmão no último segundo. Luther caiu de frente ao enorme paredão de pedras. Seus olhos estavam de frente aos olhos de seu irmão, seu corpo estava de frente ao corpo de Dave. Ele via os olhos do irmão, abertos, e uma lágrima surgir do mesmo.

— Você vai chorar? Que tipo de homem é você? — Brincou, vendo que o irmão estava aparentemente bem.

O rapaz olhou um instante para Loren. Ela estava com a mão na boca. Estava em choque. Então ele a viu vomitar ali mesmo. Foi ai que ele sentiu sua respiração mais forte. O medo chegou de súbito em sua mente.

Ele pôde ver tudo. Sua alegria sofreu uma mutação, e agora estava totalmente transformada em tristeza. E foi olhando para baixo, além de ver os olhos de Dave lacrimejados, que ele viu. O loiro viu as tripas do alpinista, descerem. Ele estava ali somente com metade do corpo do irmão. Foi sentando no solo argiloso e empoeirado que ele conseguiu perceber que a outra metade do seu irmão estava embaixo das rochas. E gritou o mais alto que pode.





x-x-x


Drew levou a mão com o fio, até a tomada. Ela apertou o pino que ligava o grande ventilador, e o viu girar com uma potência inimaginável. Grande Senhor dos Ventos. Fora desta forma que Drew o chamou desde que ele chegou dentro de uma caixa velha de madeira, até o teatro. Ele fora doado de uma fábrica, e não era primeira vez que a jovem ensaiava com ele.

Ela sente a força do vento contra seu rosto e por alguns breves segundos ela esquece os problemas: Leona, Amy e Dave, mas logo isso voltou a fazê-la ficar com os olhos marejados. Então, com os cabelos ainda esvoaçando ela continua ensaiando sua mesma fala. De repente a porta do galpão abre e Drew sorri ao ver quem era. Cady estava caminhando até ela, estava esbaforida e com a respiração ofegante.

— O que houve? — Drew continuou com o ventilador ligado.

— Eu esqueci minha bolsa. Meu dinheiro está dentro, e não quero comer à custa de ninguém... Você sabe disso. Principalmente quando o macho alfa resolve bancar o engraçadinho. E ah! Sem nenhum deslize no ensaio ta? Boa sorte.

Drew sorriu. Já sabia que Cady falava de seu namorado, Landon. A jovem de cabelos castanhos ignorou o último comentário da colega. Então se lembrou novamente de Dave, e em como ele havia se distanciado dela estes últimos dias. Ele não me entende. O eco da porta batendo, lembrou que ela teria que continuar ensaiando, a peça precisava ficar esplêndida. Mas ao olhar para o lado ela viu algumas latas estranhas colocadas sobre uma pequena bancada.

— A Cady é tão... Arg! Como ela conseguiu esquecer-se de tirar essas latas daqui e colocá-las no quartinho do zelador? — Então tomou as duas latas em mãos e carregou-as até o centro palco, quando parou.

O ventilador girava mais forte, desta vez com uma maior potência. Então ela continuou a carregar as latas pesadas, até ouvir um grunhido estranho. De repente um pombo que fazia seu ninho dentro do galpão voou em seu rosto, ela soltou uma das latas para proteger o mesmo. A tampa da lata abriu-se e o líquido amarelado acabou se espalhando ali.

— Droga! — Ela resmungou.

Quando Miranda chegou até a porta do galpão com Violet, sentiu uma sensação estranha. A mesma sensação agourenta que as outras. Contudo, quando tocou a maçaneta de ferro da porta, sentiu-a lisa, muito lisa, até demais.

— Quanto óleo tem aqui! — E limpou a mão na blusa, vendo a careta de nojo de Violet.

As duas entraram e Miranda logo viu Drew, em cima do palco. Ela correu, precisava avisar da irmã sobre tudo. Ela necessitava da atenção de Drew.

— Drew! Você precisa me ouvir! — Gritava, enquanto corria até a irmã mais velha.

Violet percebeu o que iria acontecer. Ela viu o aparelho de iluminação velho um pouco mais acima da cortina empoeirada.

— Drew, abaixa! — Gritou o mais alto que conseguia.

Miranda olhou para o chão. Embaixo dos pés de Drew ela viu a enorme passarela do líquido amarelo. É óleo! Então correu o mais rápido que podia. Drew ouviu o alerta de Violet e em seguida ouviu um rangido. Um aparelho de iluminação vinha na sua direção, pendurado por um cabo, na direção de seu rosto. Então ela foi rápida e abaixou-se, com seus cabelos ainda enlouquecidos pelo forte vento do ventilador. O objeto passou rapidamente por ela, quase atingindo seu crânio. Ele bateu contra a mesma janela que ficava ao lado do palco e fez o vidro estilhaçar.

Entretanto, a jovem esqueceu-se da passarela de óleo. Ao desviar do aparelho de iluminação ela acabou escorregando na passarela e foi deslizando em direção ao Senhor dos Ventos. Ela viu o objeto girar suas hélices com fúria, se viu deslizando para a morte. Seu coração bateu subitamente mais forte, saia pela boca aos poucos. Ela fechou os olhos, e por incrível que pareça, uma única pessoa viera em sua mente: Miranda. Ela sentiu as hélices mais próximas, girando mais perto. Foi ai que o vento parou. Drew abriu os olhos e olhou para o lado, Violet estava estóica no meio do galpão. Instantaneamente ela olhou para sua frente e viu Miranda segurar a tomada. O ventilador... Ela o parou! Miranda o parou! Seus olhos encheram-se de lágrimas. Então viu a irmã se aproximar, e apenas chorou em seu colo, como um bebê precisando do colo de sua mãe.





x-x-x





Luther estava totalmente recostado sobre a cadeira. Uma das muitas cadeiras alinhadas em fileiras. Ele mantinha uma expressão vaga e perdida. Ele apenas encarava uma estátua de pedra em forma de anjo. Seus pais estavam ali: sua mãe chorando muito recostada ao ombro do pai, que também estava com os olhos marejados. A música extremamente lenta tocada por uma pequenina orquestra ali próxima, o incomodava um pouco, fazendo-o lembrar do irmão. Ninguém arriscara chegar à bancada e falar algumas palavras bonitas, ninguém conseguia. Principalmente ele, que não era nem de longe, bom com palavras acalentadoras e consoladoras.

De repente ele viu algumas pessoas se erguerem de suas cadeiras, indo em direção ao local onde seu irmão estava. Todas as pessoas carregavam as flores, as flores que continham as últimas homenagens. Ele olhou para o lado, ainda recostado, vendo seus pais se erguerem, também com flores em mãos. Seus pais entraram na grande fila, e sua mãe ainda chorava muito.

Ele se ergueu também. Mas não fora até a fila, ele caminhava no sentido contrário, ele estava disposto a sair dali, não agüentava mais toda aquela música lenta. Sem drama, Luther! Você nunca foi desta forma! Ele não se reconhecia mais. Até algumas semanas atrás ele era apenas o grande e invencível capitão do time de futebol da universidade, e agora não passava de uma pessoa qualquer dentre uma multidão. Ele não se sentia precisamente perdido, não se sentia mais culpado. Conseguiu se convencer que tudo que estava acontecendo, realmente não era sua culpa, e sim, culpa da maldita lista. Queria ter descoberto isto antes. Por que nenhuma delas o avisou? Era uma das múltiplas perguntas que circundavam sua mente. Com toda sua certeza ele falaria com elas, ele precisava se aproximar delas, assim como os outros não fizeram. Eu preciso saber como acabar com tudo isto. Dar um basta de vez nesta droga de lista! E foi pensando nisso que ele acabou esbarrando em alguém. Ainda de cabeça baixa, ele se desculpou, mas quando olhou viu Drew de frente a ele. Ela também segurava uma delicada rosa, esta, porém, sem espinho algum. Miranda estava com ela, com uma expressão de intranqüilidade.

Ele viu Drew continuar com seu trajeto, e quando Miranda tentou fazer o mesmo, ele segurou em seu braço, olhando-a de maneira ameaçadora. Com uma voz um pouco rouca, ele disse:

— Eu quero saber tudo.

Miranda o olhou por alguns segundos, admirando-lhe de uma forma delirante. Meu soldado grego. Ela sentia sua mão fria tocá-la forte, mesmo que ele deixasse um vergalhão em seu braço, ela não fazia questão nenhuma de que ele soltasse-a. Mas despertou do transe quando ele repetiu o que havia acabado de dizer. Ela então, respondeu:

— Eu posso te explicar tudo. Mas me prometa que irá acreditar em cada palavra que eu lhe disser. Consegue prometer pra mim?

— Como não? Todos ao nosso redor estão mortos. Isso, porque descobriram isto tarde demais. Da primeira vez que me disse, eu não acreditei... Admito. Até a morte de Amy eu não acreditava em nada. Só sabia que aquilo estava ficando cada vez mais surreal. Mas quando eu vi com meus próprios olhos, o meu irmão ser atacado naquelas rochas por alguma coisa insaciável... — Houve uma pequena pausa. —... Eu não tive maior certeza que esta.

Miranda não sabia o que dizer. Estava paralisada. Seus olhos estavam próximos do dele, seu corpo se aproximava lentamente. Ela esperava alguma reação repentina dele, mas nada aconteceu. O seu soldado grego não estava disposto a fazer aquilo, ele não a conhecia direito. Eu não seria burra ao ponto de fazer isto. Então, o sentiu soltar seu braço, pausadamente. Ele apenas a olhou por uma última vez, antes de colocar a mão no bolso e caminhar para longe dela.

Olhando para trás, Miranda pôde vê-lo caminhar por entre as árvores. Sem destino.



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Notas finais do capítulo

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