Premonição: Caçada Insana escrita por PeehWill


Capítulo 3
Banhando com Sangue


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo mais centrado em explorar a lista e em relação às descobertas dos personagens em relação à lista que a morte preparou para eles. Houve uma pequena homenagem à Valerie Lewton, uma das personagens de Premonição(Primeiro filme da franquia).
Basicamente é isto!
Aproveitem!



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— Eu não consigo te responder isso, que droga! — Miranda bateu os punhos contra a mesa da cozinha.

Seu rosto passava um sentimento de insegurança, medo e incerteza. Drew estava sentada, bem na sua frente, com um prato com torradas e suco de laranja.

— Só você tem a capacidade de me tirar essas dúvidas, mana. — Drew acalentou a voz, ao perceber que Miranda estava ficando irritada. — Eu sei que para você está sendo tudo muito estranho.

— Vai continuar assim, até tudo acabar... — Miranda não estava mais suportando todo aquele peso psicológico. — Loren... Ela falou algo sobre uma lista, preciso saber mais disso, urgente!

Miranda ergueu-se da mesa, apenas pegando seu celular e discando o número de Loren. Ao colocar o celular contra a orelha, ela pega uma jaqueta e abre a porta.

— Ei! Aonde você vai? — Drew se inclinou para ver que caminho a irmã seguiria.

Loren atendeu.

— Alô?

— É... Loren?

— Miranda. Que bom que me ligou. — Loren sorriu.

— Eu preciso falar com você. — Miranda sentiu o medo em sua voz.

Quer saber mais sobre a lista?

— Preciso. — Miranda limitou-se a dizer somente aquilo.

Então. Até logo. — Loren desligou.

— Até.




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No momento em que Leona chegou ao quarto, avistou a irmã chorando, com seu celular na orelha. Ela não estava entendendo nada, até Amy manear a cabeça negativamente. Uma onda de frieza percorreu seu corpo e seu pôster da Christina Aguilera acabou desgrudando da parede e voando até o ventilador. O papel rapidamente virou picadinho e um pedaço seu voou até o rosto da loira. Quando olhou o papel percebeu algo de muito estranho, o ventilador havia dividido o nome da cantora em vários pedaços, mas o que havia ido até Leona fora metade de seu primeiro nome, Chris. A loira olhou novamente para Amy, que agora largava o celular de Leona na cama.

Quando percebeu as inúmeras lágrimas em seu rosto, um sentimento negativo tornou-se presente. Ela se aproximou, tirando um pouco de cabelo dos olhos da irmã.

— O que houve? — Leona olhou-a nos fundo dos olhos, mas a única coisa que via eram as órbitas vazias de Amy.

— O Chris... — As lágrimas não cessavam.

— O que tem ele? — Leona lembrou-se no pedaço de papel.

— O Luther ligou agora para você, mas eu atendi e... Ele disse que... — Ela não conseguia conter o choro. —... Que ele está morto!

Os olhos de Leona se arregalaram no mesmo instante. A loira sentia o corpo tremer.

— Como assim, o que Chris morreu? — Leona sentou-se na cama rapidamente, ficando de frente a Amy. — E quando foi isso?

— Foi hoje pela manhã. Foi no treino. Um acidente dentro do vestiário. — Amy ainda chorava.

Leona entendia o motivo das lágrimas da irmã. Amy ainda gostava de Chris, mas ela queria dar-lhe uma lição. Este fora o motivo pelo qual Leona não havia ainda dito a Chris. Amy não era o tipo de pessoa vingativa, mas depois que vira o namorado a trair, fora algo imperdoável para ela. Leona a entendia por partes, mas o ignorar completamente, para ela, já era ultrapassando os limites.

— Vou buscar uma água. — Leona saiu do quarto, deixando Amy se afogar em suas lágrimas.




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O jogo virtual de Gavin estava só começando. A penúltima fase de Hellfield 666 era a fase mais assustadora de todas, segundo os maiores jogadores. Ao mesmo tempo em que Gavin pensava na vitória sobre o jogo, a derrota em sua vida pessoal estava o deixando confuso demais para ter fôlego de enfrentar a última fase do RPG. Eu não posso misturar as coisas. Ele sentia muito por ter deixado de ir visitar sua mãe, também de ter perdido o evento de games na Filadélfia, mas o que importava é que ele estava vivo. Na noite anterior, depois do acidente com o ônibus, ele conseguiu conversar com a mãe, através da prima. Ele não chegou a contar tudo, para evitar uma maior preocupação de sua mãe. Ele prometeu que na semana seguinte a visitaria. Sua sorte fora que sua tia Maggie já havia voltado do conserto em New York, então poderia acompanhar sua mãe neste dias de tratamento.

Enquanto o estalo das teclas fazia Gavin mergulhar ainda mais fundo no jogo, o irrigador do jardim de sua mãe, que inclusive ficava de frente à sua janela, estava com problemas.




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Drew havia acabado de chegar do ensaio de sua nova peça teatral: Desembarque. Onde ela vivia a protagonista, Shantel Bienk, uma mulher que descobria se verdadeiro amor em uma plataforma rodoviária. A idéia do clichê fora de seu diretor, Ethan Groumbout, um homem atlético e bonito. Drew nunca percebera seu jeito afeminado e fora por isto, que se espantou tanto ao saber de sua colega de teatro, que ele era na verdade um homossexual. Enquanto lembrava daquilo, era ria sem parar.

Quando chegou, não encontrou Miranda em casa, o que a fez pensar que estava querendo ficar um pouco só, então, decidiu que não a chatearia mais. Se ela quer ficar só, ela vai ficar só. Quando resolveu tomar uma ducha, a jovem percebeu um barulho estranho vindo do quarto da irmã.

Ela subiu as escadas aos poucos, ouvindo o rangido insuportável da madeira dos degraus. Quando chegou ao corredor o barulho parou. Drew se aproximou da porta e girou a maçaneta com cautela, até abrir completamente a porta e se deparar com o quarto vazio.

Quando se virou soltou um enorme grito. Mas, logo a adrenalina toda passou. Era somente Dave a assustando.



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Luther ainda estava no campo de futebol. O local estava lotado de outros alunos, policiais, além de alguns funcionários da universidade. O local estava praticamente um inferno, comparado à manhã calma em que se encontrava. Ele mal conseguia entrar novamente no vestiário. Será melhor assim. Ele ainda não havia acreditado no que tinha visto algumas horas antes. Chris estava decapitado sobre o chão ensangüentado do banheiro. Ele vira tudo, fora tudo em questão de segundos. Mas, sua intuição estava mais forte, suas dúvidas também. Ele pensava em tudo: por que eu tive de voltar para buscar meu celular? Por que eu tive de esquecer meu celular hoje, se nunca o esqueci de maneira alguma? Por que a porta do vestiário havia se trancado daquela forma? Era tudo muito surreal.

Assim que se ergueu da arquibancada, avistou Leona e Amy. A segunda vinha correndo, em direção à multidão.

— Amy! É melhor não. — Luther falou cautelosamente.

— Quero vê-lo! — Amy continuou correndo.

Luther olhou para o lado e viu sua deusa do sol. Leona deitou sua cabeça sobre seu ombro e murmurou:

— Como aconteceu?

— Aconteceu de uma forma inexplicável. — Fora tudo que o loiro conseguiu dizer, antes de deixar que uma lágrima caísse.

Os dois olharam para a multidão quando ouviram os gritos de Amy. A garota chorava, enquanto era amparada por uma bibliotecária.

— Eu não entendo o porquê dela estar dessa forma. — Luther enxugou a lágrima.

— O amor prega peças, meu campeão. — Leona beijou seu rosto.




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Miranda chegou ao endereço de Loren. Era uma casa simples, de um andar, somente. Ao apertar a campainha do lugar, ouviu alguns latidos. Era os latidos frenéticos do enorme São Bernardo do vizinho.

Loren abriu a porta e sorriu para Miranda.

— Entra. — Disse-lhe, fechando a porta depois de ver que Miranda já havia entrado.

— O que está acontecendo comigo? — Miranda ergueu o tom de voz e olhou furiosa para Loren.

— Como assim?

— Não consigo parar de pensar no que você disse. Todo o acidente vem na minha cabeça! Não consegui dormir direito! Tive um pesadelo... — Sentou no sofá, colocando as mãos sobre o rosto, parecendo impaciência.

— Deve ser o peso de ter que lidar com isso. Você previu um acidente, Miranda. Não são todos os dias que vemos uma coisa desse tipo. — Loren tentava achar os argumentos mais cabíveis para o que a morena sentia. — Como avisou que viria...

Loren foi até o sofá e pegou seu laptop. Abriu-o e mostrou uma página, que já estava ali. Quando se sentou no sofá chamou Miranda para ver o site também.

— O que é isso? — A jovem perguntou meio indigesta.

— É um site sobre premonições, clarividência e coisas relacionadas. Foi nele que eu pesquisei tudo até hoje. Ele nos oferece vários arquivos, depoimentos, entrevistas, debates, fotos e até vídeos sobre o assunto. — Foi baixando a barra de rolagem.

— Espera! — Miranda havia visto algo interessante. — Bem ali, embaixo daqueles tópicos! — Miranda apontou.

Os tópicos diziam:

Explosão do vôo 180 mata vários passageiros.

Acidente em montanha russa deixa um mistério no ar: Falha ou Destino?

Desabamento de caverna mata estudantes no Colorado.

Filial da Presage Paper tem edifício reduzido a pó. Conheça a fundo a causa da explosão.

Miranda pediu que Loren abrisse o último tópico. A garota de cabelos ondulados simplesmente deu um “click” e a página requerida por Miranda abriu. Logo de cara as duas se depararam com uma imagem deprimente, vários corpos uns sobre os outros, lavados por sangue e cimento.

— Que horrível! — Miranda levou a mão à boca. A imagem era realmente assustadora.

Quando percebeu, viu os olhos de Loren ficarem marejados.

— O que você tem? — Miranda prestar bem atenção na lágrima que cairia de seu olho, antes dela enxugá-la.

— Não é nada.

Miranda começou a ler a matéria, que dizia:

Na noite do dia 11 de setembro de 2011, uma das inúmeras filiais da Presage Paper, veio abaixo por conta de uma estranha explosão, que começou nos gerados do edifício, e se espalharam pelos dutos de ventilação do lugar. Por “sorte”, alguns funcionários conseguiram sair do edifício, antes da explosão ocorrer. Conseguimos um depoimento exclusivo de um dos sobreviventes da tragédia, o chefe de comunicações, Owen Spooner.

Miranda observou atentamente as expressões de desconforto de Loren.

— Que estranho em? — A jovem fez questão de continuar lendo. — Mas, o que isso tem a ver com premonições?

Loren nada respondeu.

“Foi tudo muito rápido. Estávamos no fim do expediente. Eu conversava com meu chefe, ele que é vice-diretor e supervisor do setor de Marketing. Foi quando ouvimos um barulho muito estranho e o piso do térreo parecia tremer. Eu achei que fosse um terremoto e apressei meus passos para ir logo até a saída. Quando cheguei à portaria, uma colega de setor, Jenna, gritava e dizia que o edifício iria explodir e mais coisas sem sentido. Eu cheguei a duvidar de suas palavras, eu achei que ela estava louca. Mas, quando eu saí de lá, junto de mais alguns colegas, percebi que ela tinha razão. Eu vi todo o lugar explodir e desabar bem na minha frente.”

Miranda sentiu-se como Jenna, a mulher que previra o acidente da Presage Paper. Sentia-se louca, sentia-se avulsa. Quando olhou novamente para Loren, percebeu que várias lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— Por que você está chorando? — Miranda perguntou de momento, mas logo percebeu o que estava acontecendo com Loren.

Ela se lembrou da mãe. Miranda conseguiu encaixar tudo perfeitamente. Ela percebera que Loren, ao ler o depoimento de um dos sobreviventes ao desastre na Presage Paper, trouxe a mãe aos seus pensamentos.

— Jenna. — Houve uma pausa, para que ela pudesse construir a dedução. — Jenna era sua mãe. Foi ela quem previu o acidente no edifício, não foi? — A morena fez com que Loren se lembrasse de mais coisas ruins. Assim como o sofrimento de Jenna logo após o acidente.

— Você não sabe nem da metade, Miranda. Desculpe-me — Loren enxugou as lágrimas.

— Han? Do que você está falando? É sobre a tal lista que a morte preparou? Dá para me explicar isso melhor? — Miranda queria saber, acima de tudo, sobre a lista da morte.

— Bem. Não sei por onde começar... Ok! — Loren respirou fundo, antes de começar a falar. — A morte tem sempre um destino para cada um de nós, ele é denominado destino final. Quando a morte decide seu destino final, não tem como escapar dele...

Miranda ouvia atentamente cada palavra dita por Loren. É de vital importância, eu necessito ouvi-la. Loren continuou:

— O que aconteceu com você foi que você conseguiu enganar o desígnio da morte. Nosso destino final era naquele ônibus, mas saímos dele antes do acidente acontecer, pois você nos avisou. — Loren procurava as palavras certas para usar.

— Eu agi por impulso.

— Não se culpe por isso. Você fez certo! Mesmo que por impulso.

— Você está tentando me dizer que eu enganei a morte? — Miranda tentava juntar as peças do quebra-cabeça em sua mente.

— Isso!

— Então... Estamos tendo uma segunda chance? — Um brilho de esperança surgiu nos olhos da garota.

— Errado! O pesadelo só começou. — Loren se desculpava interiormente por estar fazendo aquilo, mas ela deveria. Miranda não vai passar por todo o sofrimento que passei. Preciso ajudá-la de todas as formas.

Miranda se ergueu do sofá, com um olhar de quem havia perdido as esperanças de um segundo para outro.

— O que você quer dizer com isso? — As mãos da morena se tornaram trêmulas.

— É a lista, da qual eu te falei. Quando alguém atrapalha os planos da morte, ela volta e tenta de todo modo concertar o seu destino.

— Foi isso que aconteceu com sua mãe? — Para Miranda tudo começava a fazer sentido.

— Sim! Ela e as pessoas que ela tirou do edifício foram morrendo. Uma a uma, em acidentes muito bizarros. — Loren se lembrava de tudo o que havia passado enquanto criança.

— Inclusive este tal de Owen Spooner? — Miranda olhou novamente para o depoimento do homem.

— Sim. Ele também.

— Foi por isso que me disse que nós estamos na nova lista da morte? — Miranda já estava ciente de tudo.

— Sim. Acredito que eu era a primeira da ordem da lista. Lembra de ontem?

— Ontem à noite? Quando você estava indo embora? Eu te salvei de ser atropelada por um ônibus! — Tudo estava ficando claro para ela. — A morte já havia preparado um novo desígnio para você?

— Meu novo destino final era ser atropelada por um ônibus. Que irônico isso, não? Ser salva de um acidente envolvendo um ônibus, e na mesma noite quase ser atropelada por um. — Loren respirou aliviada.

— Então você saiu da lista!

— Grave engano. Eu só fui para o final dela. Eu andei pesquisando muito mesmo sobre esta tal ordem da lista da morte. Cheguei até a ter uma conversa breve com minha mãe, antes dela morrer naquele circo. Pelo que andei pesquisando, a pessoa pulada só muda de posição. Ela vai para o final da lista.

— Assim como um ciclo? — Miranda perguntou um pouco confusa.

— Isso mesmo. Quando o ciclo acaba, ou seja, quando a morte toma a vida de todos da lista, ela retorna e constrói um novo clico, buscando as vidas dos que foram pulados. Eu sou a última agora.

— Que bom para você. Espera! Não tem como você adivinhar qual a ordem da lista?

— Só você, Miranda. Só você é capaz de saber a ordem da lista. — Loren fechou o laptop.

— Arg! É muita coisa para a minha cabeça! Preciso pensar um pouco sobre isso! — A morena ergueu-se do sofá ligeiramente, caminhando até a porta.

— Pense bem na ordem, Miranda! É importante para todos os sobreviventes saberem da sua posição na lista! Podemos impedir a morte de alguém, assim como impediu a minha! Pense bem nisso tudo! — Loren gritou, vendo Miranda correr e dobrar na esquina mais próxima.

Miranda ainda corria. Estava vermelha. Continuava sendo bombardeada por muitas perguntas. Essas estavam muito embaralhadas em seu pensamento. Ela precisava organizar todas, para assim, começar a pensar.




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A noite chegou ao céu o mais rápido que Gavin pode imaginar. Fora em um piscar de olhos que a lua se viu expulsando o sol de seu ambiente celeste. O garoto já havia passado seis horas jogando aquele RPG de enorme vício. Estava prestes a finalizar o jogo e conseguir o recorde máximo de toda a história do jogo online. Faltava ainda, o garoto enfrentar o demônio supremo do jogo, declarado como Lord of Death. É um nome bem escroto! Pessoas sem criatividade. Suspirou em ar de desapontamento.

Ele estava vidrado no jogo. Quanto mais ele recuperava “almas” de grande nível, mais ainda ele sentia-se confiante com o Lord of Death.

— Eu vou conseguir te destruir e finalizar o jogo! — Seu olhar de confiança estava mais iluminado que o próprio monitor do computador.




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Drew e Dave se beijavam no sofá da casa dela. Enquanto os dois se entrelaçavam em um beijo quente e demorado, o jovem levava a mão dela até sua calça jeans. A jovem abria o zíper do loiro. Isso, enquanto ele descia os lábios até seu pescoço.

Miranda passava na sala neste momento, com Zack em seus braços. Ela os olhava como se aquilo fosse indecente para ela, mas não se importou e continuou andando.

— Podem ir ao menos para um motel, se quiserem. — Fez questão de dizer, antes de desaparecer na escuridão do corredor.




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A escuridão da cozinha, naquela noite, impossibilitava Miranda de se mover com facilidade. Ela sabia onde estava o interruptor, mas por um motivo ela não o achou.

— Onde ele está? — Ela passava sua mão pela parede.

A morena foi abaixando-se aos poucos, até largar com calma Zack no chão. Ele saltitou até desaparecer. Repentinamente surgiu um barulho irritante e ao mesmo tempo assombroso. Um brilho a assustou, fazendo-a bater contra um vasilhame de vidro que estava em cima do balcão. Por pouco ele não caiu no chão, mas rodopiou até quase tombar em direção ao chão.

Miranda olhou por cima dos ombros, até perceber seu celular vibrando em cima do balcão.

— Eu te deixei ai?

Ela pegou o celular e conseguiu ligar o interruptor, acendendo a luz da cozinha. Viu quando Zack saltitou para fora da cozinha. O celular ainda tocava. Ela atendeu.

— Violet!

— Oi Mi.

— Que bom ouvir sua voz. — Miranda brincou.

— Sério? — Violet sorriu.

— A propósito... Você está melhor? — Miranda perguntou, esperando que a resposta da melhor amiga fosse positiva.

— Um pouco. Eu não engoli aquela história de lista ainda não, sabe?

Miranda sentia o tom de desconforto de Violet.

— Hoje eu fui até a casa da Loren. A gente conversou, e, além disso, eu vi várias coisas sobre premonições e coisas relacionadas. Fiquei chocada com o que vi.

— Você falou com Loren? — Violet sentiu algo estranho em si.

— Sim. Por quê? Algum problema?

— Não. É que... Ah! Deixa pra lá! — E sorriu de lado. — Eu te liguei porque eu soube que, eu não sei se você lembra-se daquele garoto que joga no time da universidade. Aquele amigo do Luther...

— O que tem ele? — Miranda preferiu sentar em uma cadeira.

— Ele morreu esta manhã.

— O quê? — Miranda engoliu em seco.

— Pois é. O funeral dele vai ser amanhã. É triste, não é?

— Você entende a gravidade disso?

— Do que você está falando, Mi? — Violet arrepiou-se ao ouvir aquilo de Miranda.

— Precisamos conversar. Loren me disse umas coisas e eu não sei no que acreditar agora. Vamos nos encontrar na casa do Gavin amanhã. Eu falo com ele.

— Está bem! — Violet concordou.

— Um beijo. Boa noite e até amanhã!

— Até.

As duas desligaram. Violet sentiu o beijo de Miranda chegar até ela, como em uma mágica.




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O calor do quarto de Gavin estava insuportável. O garoto de lentes grossas e estranhas já havia perdido as contas de quantas vezes fora até a janela para tomar um ar.

— Droga de ventilador! — O garoto bateu com força no ventilador, fazendo-o rachar em alguma parte.

Quando se aproximou da janela, ele percebeu algo estranho no jardim de sua mãe. O irrigador girava, regando todas as lindas flores espalhadas pelo espaço demarcado pela sua mãe. Fora ele mesmo que havia feito a pequena cerca que impedia que a terra do jardim chegasse à calçada de sua casa.

O irrigador girava num modo estranho, como se quisesse chamar a atenção do garoto. Conseguiu.

— O ventilador... E agora a droga do irrigador! — Bufou. — Agr! O que mais pode dar errado?

Gavin voltou a sentar-se na poltrona giratória que ficava de frente ao seu refúgio. Assim que o garoto sentou bateu uma fome, que não podia ser suportada com o jogo. Esse jogo é meu vício. Eu preciso terminá-lo ainda hoje! Preciso superá-lo e mostrar a todos quem é o maior jogador de todo o estado! Mas não dá para lutar contra a fome. Logo desistiu de continuar jogando e parou para fazer uma pausa, ele decidira saciar a fome.




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Amy estava na varanda da enorme casa. Agarrada a um bichinho de pelúcia, ela encarava o lago que ficava nos fundos de sua casa. O parque era logo ali. Para ela, era uma sorte tê-lo como observatório. Pela manhã ela gostava de ver os patos nadando e brincando com seus esguichos de água. A noite o cenário era totalmente diferente: com o reflexo da lua, ela podia ver claramente o debater dos peixes e o cintilar de suas caldas.

Enquanto pressionava o ursinho de pelúcia contra o peito, ela pensava em Chris.

A culpa é toda minha. Ele se sentiu pressionado. Ele queria chamar minha atenção, e conseguiu da pior maneira possível. Eu gostava de você, Chris. Eu só queria dar um tempo, você não precisava fazer isso.

Leona se aproximou, tocando de leve em seu ombro. A loira, com os olhos marejados, tornou a olhar a irmã.

— Vai ficar tudo bem. Vamos visitá-lo amanhã. — Tentava acalentar Amy de qualquer forma.

— Vou vê-lo pela última vez, da pior maneira. — A jovem apertou o ursinho com tanta força que viu um de seus olhos plastificados cair varanda abaixo.

— Ele queria vê-la bem, sorridente e feliz. Não esta garota triste e cheia de remorso. — As palavras de Leona não bastavam para Amy.

Amy apenas deixou-se levar pelo momento, e levemente foi deitando a cabeça no ombro da irmã. Duas lágrimas simultâneas seguiram ao longo do rosto da loira, e ela deixou que elas descessem livremente.




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Miranda acabara de colocar Zack em sua cama. Ela o olhava como se esperasse ele falar algo. Mas ele apenas mexia o focinho negro. Miranda deitou-se ao seu lado, deixando que o cabelo se espalhasse pela cama.

— Bem que você poderia me aconselhar agora. — E votou a olhar para o coelho.

O coelho nada respondeu, mas seus olhinhos da cor de sangue exprimiam tudo que ele queria dizer-lhe.

— Eu não sei no que acreditar Zack. Loren me disse várias coisas, a maior parte delas não faz o maior sentido para mim. Pensando bem, quando percebi quem era realmente o garoto que havia morrido hoje cedo na universidade, pude começar juntar tudo. — E virou-se de lado, ficando de frente para o coelho. Encolheu as pernas. — Ele também saiu do ônibus na noite passada. Quer dizer que ele também fazia parte da lista. Se Loren disse que era a primeira, ele devia ser... O segundo! Sim! É isso! — Miranda se ergueu da cama ligeiramente, e discou para Loren.




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Depois de preparar um enorme sanduíche e um grande copo de suco de laranja, seu preferido, Gavin voltou ao quarto. Ele continuou com a última fase do RPG Hellfield 666. Ele vibrava loucamente a cada alma capturada, mas isso foi por pouco tempo. O barulho do irrigador do jardim já estava dando nos nervos do garoto. Ele já estava bufando, o barulho inconveniente estava atrapalhando seu rendimento no jogo. Está me atrapalhando muito. Preciso dar um basta antes que eu me prejudique no jogo.

Gavin então se ergueu da poltrona giratória e saiu do quarto, parecia procurar algo. Foi com um grande suspiro que ele demonstrou o alívio que estava sentindo. Finalmente havia achado a chave geral que desligava o único irrigador do pequeno jardim.

— Encontrei você! — Ele observou a chave.

A chave geral era uma minúscula alavanca localizada perto da garagem por trás de algumas mangueiras e utensílios mecânicos. Quando puxou a alavanca, sentiu uma enorme frieza correr por todo seu corpo. Ele olhou em volta do cômodo e sentiu-se sendo observado. Para ele, era apenas uma impressão.



x-x-x

Loren não estava atendendo as chamadas de Miranda. Ela já não se sentia mais bem quanto antes. Ela levantara conclusões um pouco precipitadas, entretanto ela tinha um pressentimento de que estava certa. Primeiro foi a Loren e depois o amigo da Drew. Seria ele o segundo na lista da morte? Ao encher sua cabeça com aquilo, ela decidiu esquecer somente por aquela noite e ir dormir. Estava exausta. Assim que voltou a sentar na cama, ao lado de Zack, percebeu Drew na porta.

— Pensei que já estava dormindo. — Drew sorriu de lado.

— Não. Eu estava indo dormir agora. Se me der licença... — E foi fechando a porta aos poucos.

Drew segurou a porta, num gesto rápido.

— Até quando pretende me tratar assim? — Drew perguntou, sem saber o que a irmã responderia.

— Não sei. — Miranda pensou. — Estou passando por muita coisa. Você não entenderia.

— Queria poder entender. — Drew tentava mostrar uma saída para o isolamento da irmã.

— Amanhã a gente conversa melhor, ok? — E fechou a porta na cara de Drew.

A irmã mais velha ficou parada de frente a porta, resolveu bater, mas logo desistiu. Voltou para a sala, onde encontrou Dave prestes a ir embora.




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Gavin voltou ao quarto mais uma vez. Sentou na mesma cadeira giratória e continuou jogando o RPG. Tomou alguns goles do suco de laranja, mas não o tomou completamente. Deu algumas mordidas no sanduíche e disse para si mesmo que mais nada atrapalharia sua vitória contra o seu inimigo virtual. Lord of Death fincarei sua cabeça na parede do meu quarto! E soltou uma gargalhada assustadora e impressionante.

Enquanto ele estava vidrado em Hellfield, ele não escutava mais nada além do barulho dos ataques de seu guerreiro virtual. Aumentara o volume máximo das caixas de som. A alavanca permanecia pronta para garantir que ele ganhasse o jogo, mas não seria por muito tempo.

Um extintor de incêndio que ficava próximo às mangueiras, para caso houvesse algum incêndio na casa, estava um pouco torto. Repentinamente ele deslizou pela parede e caiu sobre a alavanca, que voltou a sua posição inicial. O irrigador voltou a funcionar rapidamente, ainda mais rápido do que a velocidade anterior.

Gavin decidiu baixar o volume das caixas de som e descobriu novamente o irritante barulho do irrigador. Quando entrou em estado de fúria, acabou deixando derramar o resto do seu suco no monitor, que começou a faiscar. Quando deu por si, estava liberando um tipo de fumaça. Gavin se aproximou lentamente do monitor, e a última frase vista por ele antes do monitor apagar-se num rompante foi: GAME OVER.

O monitor explodiu, jogando Gavin para trás. Quando percebeu a dor imensa, olhou para baixo. Viu seu peito perfurado com vários cacos de vidro, arremessados com fúria da explosão. Ele cuspiu algum sangue e logo percebeu que estava com um enorme corte no pescoço, também causado por um pedaço de vidro que havia passado com uma lâmina contra o mesmo. O resto do monitor pegava fogo. Quando se ergueu, procurando algo que pudesse parar o sangue, sentiu-se tonto. Outra pequena explosão também o arremessou para trás. Ele foi jogado contra a janela com força e caiu no jardim.

Seu corpo só parou quando fora atravessado com força pelo irrigador. O objeto metálico, agora banhava as flores com uma chuva de sangue. Algumas de suas vísceras ainda giravam juntas do objeto. Um casal que passava no local ficou horrorizado com a cena. A mulher gritava sem parar e o homem ficou estóico, vendo Gavin regar as flores de sua mãe, com seu próprio sangue. Ele estava apenas fazendo um favor para ela.



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Notas finais do capítulo

Eu espero que o capítulo não tenha ficado gigantesco e cansativo. Desculpem de qualquer forma :)
Não esqueçam de comentar! Os reviews são super importantes.
Obrigado por acompanharem.



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