Música original

Cover da música feita por uma amiga minha :)

P.O.V Desconhecido

Ela deixou-me. Arruinou-me. Humilhou-me. Acima de tudo, partiu-o. Partiu-o em tantos pedaços quanto a vista pode alcançar. Pisou-o vezes sem conta e ainda a me trocou… Ela. De cabelos longos e pretos, a baloiçar ao sabor do vento. Uns traços faciais de anjo e ferocidade escondida no sorriso que só eu conhecia… Conhecia… Ela era minha e só minha… O sorriso dela era meu, o seu coração e também a sua beleza. Cego foi o amor que me levou até ela e maldito o dia em que trocamos o nosso primeiro beijo.

Agora estou morto e ressuscitado, partido e à procura de vingança. E não há força maior do que a de um homem magoado à procura de vingança.

Hoje erguer-me-ei. Novo corpo, velha alma. Penetrarei o seio da sua civilização, arruinarei aquilo que ela construiu e matarei todos o que se intrometerem no meu caminho. Até e principalmente, ele… Aquele que se atreveu a roubar o que era meu por direito. E ela… Oh! Ela vai ajoelhar-se diante mim e suplicará pelo meu perdão. E nessa altura destruirei o mundo dela, escondido nas entranhas do seu corpo…

Esperem-me!

…

P.O.V Murtagh

Em momentos de alegria e prazer, o meu coração bate a mil há hora e a minha mente está uma autêntica confusão. Neste momento sinto muito mais do que isso. Sinto um calor na barriga que me provoca saltos mortais no estômago e o meu coração lança fogo-de-artifício a cada segundo que passa. Os meus lábios mexem-se calma e apaixonadamente com os da minha amada. Não estaria em mais nenhum lugar neste momento, mesmo que pudesse.

Infeliz e relutantemente, tenho de deixar o calor dos seus lábios para saciar a minha sede de oxigénio. Olho os seus olhos e reparo como estão a brilhar intensamente. Não tenho a certeza se brilham de felicidade, confusão ou ódio… Eu quero acreditar que é a primeira mas tenho as minhas dúvidas.

Obtive a minha resposta pouco depois quando senti um calor ardente na bochecha esquerda!

P.O.V Nasuada

O beijo foi como uma onda de calor no inferno frio. Eu não acreditava no que estava a acontecer, mas apesar de ter sentido prazeres infinitos com o beijo rapidamente me lembrei. Lembrei-me de como ele me deixou, magoou, partiu….

A minha mão voou em direção à bochecha dele e ouviu-se um sonoro som de estalo. A cara dele aqueceu e uma ligeira cor vermelha subiu à sua face esquerda.

“O que pensas que estás a fazer?”

“Bem eu… eu…”

“Tu nada! Como te atreves a beijar-me? Brincas com o meu coração, deixas-me sozinha durante ANOS e agora esperas que um beijo resolva todos os problemas que deixaste pendentes?”

“Eu pensei que…”

Interrompi-o:

“Não Murtagh, tu não pensaste. Tu nunca pensas em nada para além dos teus interesses. Sabes quantas vezes a tua lembrança me matou? Eu morri aos bocados durantes estes anos, culpando-me pela tua ausência. Eu sofri muito Murtagh. Perdi o meu pai e vinguei-o mas fiquei completamente vazia sem ti. Sabes quantas noites chorei por ti? Supliquei pela tua presença? Incontáveis! Por isso escusas de sequer dirigire-me a palavra! Tu morreste para mim… Logo depois de me teres morto…”

Uma lágrima já escorria pelo meu rosto. Por muito que estivesse a conter as lágrimas sabia que não ia aguentar durante muito tempo. Virei-lhe as costas e corri, com o dragão nos braços, para a área mais resguardada da floresta do castelo. Ele não merece ver-me chorar…

Assim que me vi rodeada de árvores abrandei e olhei para trás. Nada. “Ele nunca lutará por mim…” .Se já estava ensopada em lagrimas e a soluçar intensamente, este pensamento só piorou a situação. Sentei-me num tronco caído e olhei a criatura adormecida nos meus braços. Ela transmitia-me uma tamanha paz que quando o olhava me sentia imediatamente mais calma. Como se me lesse os pensamentos, o dragão abriu os olhos e trepou pelo meu tronco, lambendo a minha face como que tentando consolar-me.

“Tu és a minha razão para voltar à vida!”

Após pensar recebi uma resposta inesperada.

“E tu és a minha razão para nascer”

Olhei o dragão prata encostado a mim e perguntei-me imensas vezes como era possível que um dragão tão pequeno já falasse.

“Um dragão cresce de acordo com a situação do mundo e principalmente de acordo com a necessidade que o seu cavaleiro tem de apoio… Eu sou a tua segunda metade e tu és a minha… Até eu encontrar outro dragão decente…”

Ele irradia energia e alegria. Eu tenho de agradecer a todos os deuses por o ter.

“Fico feliz por partilhar a vida com um companheiro como tu mas não posso tratar-te por dragão para sempre. Qual serás o tu, macho ou fêmea?”

“Macho.”

“E o teu nome será Dimidiæ?”

“Sim. Eu sou Dimidiæ”

P.O.V Murtagh

Bem, isto é uma novidade. Nunca fui rejeitado antes… Pelo menos nunca doeu tanto… Quando ela contou o quanto sofrera por minha causa, só me apetecia morrer por toda a dor que lhe causei… Eu amo-a tanto e estou sempre a afastá-la de mim. Tenho de arranjar maneira de consertar o coração partido e trazê-la de volta para os meus braços.