Sublimes Sonhos escrita por Jonathan Loppes


Capítulo 7
O conflito - parte 1




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Ele me tirou do sono e envolveu meu pulso violentamente. Me arrastando escada abaixo sem fazer barulho na madeira oca, seu olhar não me encarava de forma alguma. Senti seu cheiro doce de erva molhada e fresca, Pedro não dava atenção aos sussurros que indagava procurando entender o mais rápido impossível o que estava acontecendo. O porquê de muita coisa ainda se resumia em apenas porquês. Pela primeira vez ele me fitou a alma, me segurando por uma mão o braço, e na outra enfiava chaves na fechadura a procura da correta. Senti meus pelos se aprumarem com a profunda tristeza sedutora que aquele olhar guardava, misturado a selvagem forma como segurava meu braço, me fez querer parar ali mesmo e experimentar o que é o amor. Em velozes segundos estavamos os dois nos degraus da varanda. Ele me segurou na cintura e seu novo toque me fez o desejar ainda mais, me ergueu no alto e me pôs montada em Rex. Observei depressa o quanto Rex era forte, bonito e sedutor, assim como o dono.

"O que está acontecendo?" Minha voz saiu mais fina do que de costume e mais tímida após pensamentos tão depravados não podia me impor diante da sua presença, apartir de agora eu só podia assentir.

"Eles veem te matar." Falou Pedro enquanto montava no cavalo.

"Eu não posso sair sem avisar a ninguém." Uma frase totalmente sem emoção.

"Você não está saindo. Está fugindo." Respondeu Pedro uma frase vazia de emoções como se fosse algo que se disesse todos os dias.

Em instantes como se tomasse consciência Rex saiu galopeando pela estrada de terra. Ver a minha casa, a minha família, minha mãe, se afastando cada vez mais, a cada trote do Rex me fez tremer de medo pelo o que ela estaria sentido. Meu coração batia forte e me fez pensar se ele estaria sofrendo tanto quanto todos nesta história, afinal nos últimos tempos ele não tem tido um minuto de paz.

"Pra onde agente vai?" Gritei enquanto o vento me cortava.

"Não sei." Senti o bafo quente dele na minha nuca, e experimentei diversas sensações.

Meu corpo estava tão próximo ao dele. Ele vestia a mesma camisa de um branco encardido de sempre, e quando roçava a cada trote do Rex seu peito másculo em minhas costas eu sabia que ele teria que ser meu um dia. E que se fosse para fazer algo que todas as garotas do último ano já fizeram exceto eu. Eu desejaria mais que tudo que fosse com ele. Por alguns instântes do silêncio cheguei até a pensar que valeria a pena ter a alma condenada por uma vez ao seu lado.

"Vamos ficar assim até que horas? Perguntei esperando sentir seu hálito de novo em minha nuca.

"O Rex sabe aonde parar." Assim que pedro falou isso Rex se desviou da estrada de terra que já quase saia da cidade e entrou em uma mata que se assemelhava a um clima temperado, as árvores eram altas e afastadas como se abrisse estradas entre elas. A floresta tinha um solo de níveis diferentes, o que fez com que Rex galopasse um pouco mais devagar.

   Pedro me segurou de novo em seus braços e me pôs em solo firme. O sol latejava em cima das árvores e os animais cantavam em seus ninhos.

"Fique aqui." Ordenou ele.

"Mas por que? Insisti

"Apenas fique aqui." Falou Pedro firme como um pai reprovando a filha desobediente.

  Pedro caminhou um pouco afrente e Rex relinchou nervoso. Pedro tirou a camisa e jogou o pedaço de pano ao lado de uma árvore. Aquela cena me causou um calor intenso, suficiente para me fazer soar. O ar se moveu novamente e as assas de Pedro cresceram imundas como o resto do seu corpo. Voltou a olhar em minha direção e sussurrou como se Rex pudesse lhe escutar e eu não. "Não dará tempo."  Fiquei tensa e apreensiva. Senti o moletom rosa com a Hannah Montana estampada na frente se encolher sobre o meu corpo.

"Tentaram te matar hoje de manhã." Afirmou Pedro se dirigindo a mim.

"Não sei. Acho que não."

"Facas cairam por cima de você, é vc acha que não." Disse em tom irônico. Sua personalidade segura, corajosa e agresiva diante uma beleza tão delicada, me fascinava.

Rex relinchou mais uma vez. E pedro assentiu.

"Não sais de trás de mim nunca." Pediu Pedro crescendo as assas enquanto me posissionava em suas costas.

   Os trotes vinham aos montes. Diversos cavalos trotavam cada vez mais perto. Até que por de trás das árvores uma cavalaria de cavalos fortes assim como Rex aparecera enfeitadas por anjos com assas imensas como as de Pedro porém alvas, de um branco ofuscante. Uma mulher vinha ereta em cima do cavalo como se fosse a líder daquele desfile. Ela carregava no corpo um vestido rosa de seda envolvido por uma renda finíssima. Sua pele era deslumbrante assim como a de Pedro. Corada levemente em um tom de rosa sobre a morenisse, seus cabelos formavam cachos perfeitamente moldurados nas costas. A sua esquerda e direita, havia uma beleza mais singular que a outra. Todos eram anjos. Mal podia pensar que o absurdo gritava na minha cabeça. Por momentos fiquei hipnotizada pela beleza que traziam, momentos depois me assustei ao lembrar do motivo que os traziam aqui. Uma anjinha em especial tímida em um canto como se estivesse ali por obrigação me gritou a atenção. Ela tinha uma sutil beleza que me arrancava um sentimento de ternura. Eles ficaram parados por alguns segundos, apenas observando. Eram muitos e muitos. E nós formavamos um anjo, uma sublime humana, e um cavalo. Nas costas das assas de Pedro senti que seu coração batia como o meu. Acelerado e medroso. Todos se encararam até que a líder disse em bom som com uma perfeita dicção.

"Meu filho querido. Por que nunca segue os meus conselhos?" Indagou fitando as topas das árvores e se referindo a Pedro.

E naquele instante eu parei de respirar. Filho. Eu estava completamente apaixonada pelo filho dela.






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