Sublimes Sonhos escrita por Jonathan Loppes


Capítulo 2
Olhos d'alma


Notas iniciais do capítulo

Algumas certezas quase sempre não são certas, na verdade a maioria das vezes ainda é apenas obra dos nossos medos, a certeza que sempre tive sobre mim mesma desmoronou assim que enxerguei a luz em meio ao nada.



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Nunca busquei ser o ponto de referência em absolutamente nada, nunca fiz nada procurando ser reconhecida, ou dependendo de outros para que continuasse. Mas foi isso que me tornei, o orgulho da mamãe, a salvação para os professores, uma santa para os miseráveis. Sempre me tacharam como perfeita, como um anjinho que nunca comete pecados. Mas a verdade é que eu daria tudo pra ser um pouquinho parecida com Melanie, minha irmã, ela vive intensamente cada segundo, as loucuras e emoções que vive justifica cada emaranhado de mentiras em que se envolve. Sensações essas que nunca provei, como se fosse imune ao errado. Às vezes tudo o que eu desejo fazer é surtar, xingar um palavrão gigante e trocar o livro de matemática por páginas vazias de conteúdo do Facebook. A consciência me devora, mesmo que em alguns cause inveja, mau sabem que se há um pecado que carrego no sangue é a inveja por serem tão corajosos para gritar o que querem. Para serem o que querem.

Meu sono

"Não me acordem! Por favor, tudo o que eu não quero agora é acordar." Meus pensamentos gritaram dentro de mim. O cheiro de mata molhada invadiu meu olfato novamente, caminhei alguns curtos passos e senti a terra se movimentando sobre os meus pés, instintamente me lembrei da terra em que acordei há alguns dias atrás. Em algum lugar distante ouvi passarinhos piando, tateei algo e acabei agarrando um tronco espesso que sujava minha mão com pedacinhos de cascalho. Eu tinha a consciência de duas coisas: Primeiro sabia que estava em casa, provavelmente dentro da floresta de Del Selena, e como estamos em temporada de chuvas grande parte da cidadezinha carrega esse cheiro característico. E a segunda é que não faço ideia do que faço aqui. Tateando o mesmo tronco de antes fui me escorregando até conseguir me sentar, foi quando ouvi águas se movimentarem o que despejou na minha mente a lembrança do rio raso de Jenna. Mas era um tanto estranho a maneira como um outro barulho se imbutia dentro das águas. O cavalo. Como se meus sentidos no escuro estivesse a todo vapor, consegui ouvir nitidamente que havia o mesmos trotes do sonho anterior vindo cada vez mais forte em minha direção. Podia saber aonde estava, levando em consideração o rio Jenna, provavelmente estou longe de casa; tateando novamente o tronco no escuro foi me arrastando ao lado oposto, se os trotes viriam do rio correria ao oposto. Meio que me arrastando tateando o escuro enquanto os trotes não se cessavam segui em frente, com a esperança de encontrar luz no meio do caminho. Foi quando ouvi uma voz que parecia calar tudo a sua volta inclusive o Jenna.

"Hannah! Não tenha medo de quem lhe protege." Aquela voz me deu dor de cabeça, a paz que ela transmitia em meio aquele mundo morto era assustadora. O som abafado pela floresta era insuportavelmente envolvente e sedutor. Esbarrei com uma nova árvore e procurei fazer da mesma maneira que fiz com as anteriores, toquei procurando achar o lado oposto, foi quando no meio do nada o olhar mais incrível que já vira apareceu como uma luz no fim do túnel. Fiquei paralisada, tendo sensações impossíveis de serem descritas com perfeição. Eram de natureza pequenos, porém agora estavam arregalados e suas pulpilas estavam dilatadas, demonstrando de maneira explícita aquele verde que tomava banho de um azul lindo. Hipnotizada. Não sei por quanto tempo fiquei ali parada sem me mover, mas foi o suficiente para que me apaixonasse.

Por favor, venha novamente amor

Mal poderia esperar para sentir tudo aquilo de novo, sentir aqueles olhos vidrados em mim, que limpavam a min'alma, como se eu fosse o mar e ele a onda que leva toda a sujeira do meu coração embora. Acordei como previa, com os pés imundos e as mãos marcada por cascalhos e com uma leve poeira sob alguns dedos. Aqueles sonhos estavam me tornando dependente , como se aquele olhar fosse a minha droga. Mesmo não sendo corajosa o suficiente , sinto que ele voltará, todavia e se ele não vier o que será de um dependente sem sua dose diária do que lhe sacia.


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